Os Secretários
Tudo uma mentira
Encaro a porta branca me lembrando de cada momento que vivi aqui. De cada momento, que agora percebo que não é real.
- Você não vai sair daí? - pergunta a voz de Adisson.
- Hã... Sim. - digo suspirando.
Giro a maçaneta e vejo-o com o braço encostado na porta, os cabelos loiros bagunçados, olheiras nos olhos e um olhar aliviado.
- Achei que não iria acordar... - diz ele.
Pulo em seus braços, sem a menos importância de minhas roupas,resumidas em duas peças de roupas de baixo. - O que foi? - Ele ri. - Nossa, achei que estivesse dormindo, não sentindo minha falta.
Rio e olho para seus olhos.
- Achei que não fosse real. - digo. - Achei que tivesse voltado para o primeiro dia que estive aqui.
- Olha aqui mocinho! - grita Adisson do final do corredor. - Pare de correr de mim!
- Bonita roupa. - diz ele rindo.
Me cubro com as mãos e ele dá gargalhadas.
- Oh! Minha nossa! Ela está viva! - diz Adisson. - Agora sai daqui. - Acredite, eu vou fazer sua cara sumir em menos de dez minutos. E vai sair da mesa de cirurgia falando borboletas. Vai embora!
Ela dá um tapa na cabeça dele e sorri para mim.
- O que houve com você? Tive que construir sua cara inteira de novo. - Ela abraça minha cabeça. - Caleb não quis me contar. - Olho para o chão. - Não vai me contar também? Ele deixou uns envelopes na sala e disse para você vê-los. Você me conta lá. Ok?
Concordo com a cabeça.
**
Adisson me dá um dos vestidos e me sento na poltrona vermelha com as pernas cruzadas. Pego os envelopes e vejo os quadro.
Abro o primeiro e vejo minha ficha. Suspiro e rasgo em milhões de pedaços.
Abro o segundo e vejo a foto de Mike. Na verdade, é o contrario dele. Olhos esbugalhados e frios, olheiras, pele muito pálida, espinhas e corpo magricelo.
Dave Sanders.
Abro o outro e vejo a foto de uma garota de cabelo vermelho cereja, pintado metade dessa cor e metade preto, piercing na sobrancelha e no nariz, maquiagem pesada e preta, roupas escuras e olhar sombrio.
Anne Jonhson.
Abro o último envelope com o coração batendo a mil.
Vejo nada mais do que um papel de caderno.
Desculpe, não posse deixar que veja quem eu era de verdade.
Eu tentei deixar a ficha, eu juro, mas não consegui.
Se recupere.
Caleb.
Fale com o autor