Não sinto nenhuma dor no corpo.

Abro os olhos e vejo uma imagem minha, sendo distorcida até que ela some e vira o Mike, que cai no chão com uma manhca de sangue no peito. Vejo Candice com os cabelos nos olhos, suor na testa, olhar de raiva e a arma apontada para Mike.

- Não! - grito vendo Mike ficar com o olhar morto. Olly vem em minha direção e segura meu braço.

Candice cai de joelhos no chão, encarando a morte de Mike.

- Não! - grito balançando meu braço. - Me solta! - Ele segura meus punhos. Bato-os contra seu peito. - Me solta seu mentiroso! Seja um pouco conveniente e não deixe-o morrer.

- Nada mais pode salvá-lo. - Ele segura meus punhos com mais força. - Vamos.

Ele me puxa para um corredor branco que chega á queimar os olhos.

Me sacudo mais uma vez, encarando-o. Lanço meu punho fechado contra seu rosto, mas ele segura meu pulso e encara meus olhos.

- Acha que um soco vai me impedir de ficar com você?

Nego com a cabeça.

- Suas mentiras já fazem isso. - digo e volto para o lugar onde Mike deve estar dando seus últimos suspiros.

Ele segura novamente meu braço, mas desta vez não para me prender.

- Eu não menti.

Começo a rir e olho bem para sua cara.

- Depois de tudo o que você falou lá? É Oliver. Ou Caleb. Você não mentiu para mim.

Começo a andar novamente e embora ele não esteja segurando meu braço, seu suspiro me faz parar e encará-lo.

- Eu não menti. - repete ele. - Quer que eu explique? Se sim, quero que venha comigo. Não vai conseguir salvar Mike e vai saber porque. - Continuo encarando-o. - Por favor. Se eu estiver mentindo de novo, eu me deito no chão e você pode pisar em mim e me socar o quanto quiser.

Suspiro e mesmo sabendo que pode marcar minha morte, ando até ele, mantendo uma distância razoável.

- Pode começar. - digo encarando o corredor branco.

- Bem, primeiro, sou o Caleb e o Olly de sempre. Eu não menti para você. Quando éramos menores, achei mesmo que meus pais haviam morrido. Bem, foi o que você viu Andy. Nada mudou. - Ele suspira e me encara. - Segundo. Diana morreu.

- Eu já... Imaginava isso.

- Pois é. Ela era diabética e como foi sequestrada, não conseguiu levar o remédio.

- Ela morreu por falta de insulina? - pergunto parando de andar.

Ele concorda com a cabeça.

- Mike não queria mais viver sem ela e disse que faria de tudo para nos salvar. Eu juro que não sabia que ele viraria você e se mataria daquele jeito. Mas ele conhecia a Candice e sabia que ela ficaria louca com uma coisa dessas. Ele só disse para que eu dissesse que estive mentindo o tempo tudo. Candice é completamente maluca. Ela acredita em todas as vezes que alguém diz estar do lado dela. - Ele dá de ombros. - E então aconteceu o que você acabou de ver.

- Tá. - digo encarando seus olhos amarelos. - Então você sabia que eu ia sumir?

Ele nega com a cabeça.

- Mas Mike disse que quando acontecesse, o que era óbvio porque...

- Eu já sei porque.

Ele suspira e ri.

- Era para eu dizer isso então confiei. E deu certo.

- Tão certo que estamos neste lugar. - murmuro. Ele ri. - Aonde vamos.

- Para casa. - diz ele puxando meu braço para que dobremos o corredor. O branco começa a se tornar cinza e começa a ficar mais escuro até que o ambiente se torna preto. Chão, teto, paredes.

Caleb tateia a parede até bater em uma maçaneta. Ele abre uma porta que ilumina o lugar e mostra um outro lugar totalmente branco.

Quero dizer, as luzes não estão apagadas, mas o ambiente é preto e uma porta acabou de se abrir para a claridade.

- Vai você primeiro. - diz ele com a mão na maçaneta dourada.

O encaro e ele ri.

- Foi o pior erro da minha vida mentir para você.

Ele passa pela porta e depois eu passo por ela.

Vejo a claridade, o campo verde, as casas de madeira, prédios cinzas e velhos e sinto o cheiro de grama.

Estamos de volta á Greeneland.

O encaro e ele sorri.

- Acredita em mim agora? - pergunta ele.

Seguro a gola de sua camisa branca e pressiono seus lábios contra os meus. Ele segura meu pescoço e caímos na grama verde e úmida.

Ele começa a rir.

- Estamos de volta! - grito suspirando e rolando pela grama até parar no tórax de Olly. Ele sorri e eu o encaro. - Eu te amo.

Ele sorri e concorda com a cabeça.

- Eu também te amo. - diz ele me puxando para cima dele, beijando minha boca. - Aliás. - Ele me afasta. - Não se esqueça de que você é a Brianna.

- Mas vamos para casa. - digo.

- Seu pai não pode saber. - diz ele acariciando meu rosto. - Olha, você é a Brianna. Você não sabe sobre a Andy. Aliás, ela morreu. Está desaparecida. Você não sabe sobre ela. Ok?

Concordo com a cabeça, mesmo triste com isso.

É meu pai e meu irmão. Terei que mentir para eles?

É, me parece que sim.