O professor Smith passou a atividade - ler o primeiro capítulo, responder a atividade e tentar explicar para toda a sala o que tinha compreendido do capítulo.

Harry abriu seu livro e começou a ler o capítulo. Surpreendeu-se, porque não era um assunto chato como ele pensava que seria. Achava que Astronomia era basicamente "a lua de Marte vai inclinar-se e interferir em quem já teve uma unha do pé esquerdo cortada às três e quarenta e sete da tarde". Ok, talvez estivesse exagerando. Mas agora ele sabia que não era a mesma coisa que Adivinhação.

Surpreendentemente, quem levantou primeiro de sua carteira e entregou a atividade foi Julia.

Coisa que ele nunca tinha esperado e que estava certo em não esperar, naquele caso. Mas não ligou muito, simplesmente continuou sua leitura.

"Aposto que consigo bagunçar a sala em menos de vinte minutos na sala" ela tinha escrito na borda do pergaminho. O professor riu; sabia que ela estava irritada com ele, mas não imaginava que a esse ponto.

"Duvido" escreveu, embaixo do que a loira tinha escrito na borda.

A aula permaneceu normal em termos educativos pelos próximos cinco minutos, então as coisas começaram a saírem do controle.

A loira começou a batucar qualquer coisa em cima da mesa.

– Vocês se lembram da última música que escrevemos, Liv, Vic? - perguntou baixinho.

– Não. Você não vai fazer isso. - disse a loira, incrédula.

– Ah, vou sim.

– Não é porque uma briguinha aconteceu que você pode...

– Singing Radiohead at the top of our lung with the boom box blaring as we're falling in love...

(cantando Radiohead com toda a força dos nossos pulmões com a caixa de som retumbando enquanto nos apaixonamos)

– I got a bottle of whatever but let's get in this truck,...

(Tenho uma garrafa de sei lá o quê mas vamos entrar nesta picape)

– Singing "here's to never growing up"...

(Cantando "Um brinde para nunca crescermos")

– Ótimo, isso virou High School Musical agora?

– Não, não estamos improvisando.... - Ju parou de falar - tá, talvez estamos improvisando, mas quem liga?

– Call up all of our friends, go hard this weekend for no damn reason, I don't think we'll ever change... - continuou Lily.

(Chamamos todos os nossos amigos, enlouquecemos neste fim de semana sem nenhum motivo específico, não acho que vamos mudar um dia)

– É, virou High School Musical, só que sem a parte do High. - Vic terminou sua conclusão.

– Com licença, senhoritas, será que podem prestar atenção? - interrompeu o professor Smith. - Porque eu tenho certeza que sabem a resposta do porque a estrela Sirius tem esse nome, certo?

– Certíssimo. - respondeu Ju, e deu a resposta certa para a pergunta do professor, que bufou e voltou a explicar o assunto.

Sem que ninguém percebesse ou desconfiasse, as coisas na sala passaram mais rápido. As folhas pareciam voar para todos os lados, mas nenhum aluno percebia.

Além de Harry e as três garotas.

– Ju! - chamou Vic.

– Oras, só porque eu estava certa ele tem que usar os poderes dele?

– Ju!

– E ele fez a pergunta e eu respondi certo, isso deveria dar cinco pontos para a nossa casa, não?

– Ju!

– O que é, cois... - ela se virou para Vic. Os olhos dela estavam verdes, mas um verde quase venenoso de tão escuro.

– Ah, merda, merda, merda.

Julia levantou da cadeira, ignorando todos ao redor, e se ajoelhou aos pés da irmã. Incrível como uma aula divertida poderia virar aquilo.

~~~

A centenas de quilômetros dali, um homem de capa preta andava enfurecido para lá e para cá na sala da grande mansão, berrando com os outros comensais ali presentes.

– COMO PODEM TER PERDIDO-AS? - ele berrava - COMO PUDERAM TER PERDIDO-AS DE VISTA, SEUS ESTÚPIDOS?

– Mi-milo-lorde... - começou Lúcio, mas foi interrompido.

– DAS ORDENS QUE EU DEI, QUAL ERA A MAIS IMPORTANTE? - ele ergueu a varinha e o homem de cabelos brancos se contorceu de dor. - NUNCA. PERCA-AS. DE. VISTA!

~~~

Um grito preenchera o ar naquele dia. O grito de uma menininha. Mas era na cabeça de um dos homens ali presentes que aquele grito era lembrado. Ele lembrava de como a garotinha de tranças nos cabelos gritara e chorara o tempo todo, sob a maldição cruciatos. Ah, como queria não lembrar.

Deus, o que ele tinha feito com a própria vida? Melhor; o que tinha feito com as pessoas ao seu redor?

Observou Malfoy se contorcendo no chão sem nenhum remorso. Nenhum traço de que aquele homem era humano estava em seu rosto. Talvez ele não tivesse realmente um coração humano com a maioria das pessoas; com a maioria.

Voldemort continuava berrando insultos e dizendo o que os comensais tinham feito, mas o homem não ligava. Não quando já tinha perdido tudo.

~~~

E então, o mundo parecia ter parado. Harry olhou em volta. As pessoas estavam paradas, como se estivessem simplesmente esquecendo de como se mexiam.

Excerto por aquelas três.

– Mas que diabos...? – ele se perguntou.

– Vic! O que ele diz? – Julia tinha se ajoelhado na frente da irmã. – O que ele está procurando?

– Você sabe o que, não sabe? – ela olhou para seus tênis, evitando encarar qualquer um - Ele nos quer desde sempre, afinal.

Harry sentiu um frio na espinha. Victória o encarou.

– Precisamos protegê-lo.

Ju segurou a mão de Harry e desapareceu em sombras, exatamente como tinha feito da primeira vez que Harry a conhecera. Era uma pena que o mundo tivesse ficado preto para ele, o garoto iria gostar do "truque" se o conhecesse.

Os quatro - Harry, Julia, Victória e Lívia - apareceram no meio da Sala Precisa. Esta estava muito transformada, de modo que Harry jamais a reconheceria: Uma enorme estante de livros de vários tamanhos, capas e cores variadas. Um grande e fofo tapete azul estava estendido por todo o chão, vários sofás de aparência antiga estavam dispostos por toda a enorme sala. Tudo bem aconchegante.

– Bem vindo à formação original da Sala Precisa! – disse Lily, sorrindo.

– Estamos na Sala Precisa? Wow! Deixe Hermione ver isso!

Julia riu com a empolgação do menino.

– Harry, Harry... Essa sala esconde segredos inimagináveis... E perigos... Na verdade, as pessoas deveriam ter cuidado com os perigos da Sala Precisa. Muito cuidado.

– Perigos da Sala Precisa? - Harry perguntou, confuso.

– Sim. Você não os conhece, certo? - Julia andou e esticou a mão para a quinta prateleira. De lá, pegou um livro grosso, grande, de aparência antiga, e entregou a Harry.

– Hogwarts, Uma História? Sério? Hermione saberia se a sala ouvesse perigos, então.

– Eu acho que não. - Ju sorriu para Vic e Lily. Deu duas batidas no livro e o abriu, no último capítulo.

"A SALA PRECISA"

A Sala Precisa foi, provavelmente, uma das primeiras salas de Hogwarts a serem criadas, embora poucos alunos a conheçam.

Criada por Godric Gryffindor como presente para amada futura-esposa, Rowena Ravenclaw. Ela queria algo inteligente e ao mesmo tempo discreto, tinha o dito uma vez. Então, com a ajuda de Salazar (mesmo que a contra gosto, pois este também amava Ravenclaw mas era amigo de Gryffindor), criou uma sala que somente os mais inteligentes conseguiriam encontrar. Uma sala de presente para Rowena.

Infelizmente, Slyterin já ficara ressentido naquele tempo. Quando saiu de Hogwarts, além de criar a Câmara Secreta (que poucos também conhecem, geralmente descendentes de Slyterin), amaldiçoou a sala. Na verdade, apenas os descendentes de Salazar conseguem descobrir este fato e não serem afetados pela maldição.

O cérebro de Harry fez um loading.

– "Somente descendentes de Salazar Slyterin"? Vocês são...?

– É, somos sim. – dessa vez quem respondeu foi Vic, de forma um pouco bruta.

Mas não é só isso. Tem tantas coisas que você não sabe, Harry..., a loira pensou, mas não disse. Sabia que não era a hora.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.