Os Opostos Não Se Atraem - CIP

Capítulo Único - Os Opostos Não Se Atraem


Julie suspirou alto enquanto andava pelas ruas a caminho de casa, aquela estava sendo uma semana realmente muito exaustiva. Primeiro teve que aceitar perder o dia com a melhor amiga por causa de uma cara aleatório, então precisou aturar o incomodo de ficar segurando vela para Bia com aquele cara depois de descobrir o quanto ele era antipático e não tinha nada a ver com ela, após isso se forçou a dar atenção para Daniel na tentativa de manter o casal que não tinha nada a ver longe de seus pensamentos, o que até funcionou um pouco, mas só até passar pelo estresse da ceninha que o fantasma fez por causa da rivalidade boba e sem motivo com Nicolas.

Embora estivesse preocupada com o paradeiro do guitarrista, estava mais brava por ele ter sumido. E além do mais, ele já estava morto. O que de pior poderia acontecer com um garoto morto? De qualquer forma, tudo sobre Daniel sumiu de sua cabeça assim que chegou em casa e se deparou uma Bia que parecia estar muito nervosa.

— Eu preciso da sua ajuda! — Bia disse assim que viu a amiga, então a pegou pela mão e puxou para a casa ao lado sem nenhuma resistência.

— O que foi? — Julie questionou meio aturdida enquanto a outra posicionava alguns modelitos em cima da cama, então revirou os olhos ao entender o que estava acontecendo. — Já sei, vai sair com o Téo.

Sorrindo, a garota confirmou e indicou para as roupas. — Qual prefere?

Discretamente, suspirou entediada antes de perguntar. — Onde cês vão?

— No aniversário do amigo do Téo.

Mesmo desconfortável em ajudar de alguma forma num encontro do casal mais nada a ver do universo, Julie pensou por um segundo e sugeriu. — Vai de vestido. Tá calor.

não acha esse vestido meio curto? — Bia pegou o tecido, analisando-o com uma expressão cautelosa. — É que o Téo acha meio sem noção menina que usa vestido curto.

Julie teve que buscar forças do mais profundo de sua alma para não revirar os olhos até enxergar o próprio cérebro.

“É que o Téo acha sem noção isso, é que o Téo acha sem noção aquilo, pipipi popopó.”

— Então... Hm... Vai de blusinha e calça. Ou o Téo vai reclamar que seus braços estão à mostra? — ironizou aguardando o próximo comentário.

— Claro que não, né? — Bia sorriu, mas logo em seguida veio a reclamação. — Mas é que esse cinto...

— Vai sem cinto. — Julie rebateu, começando a ficar sem impaciência.

— Sem cinto? — sem aquele acessório, o look ficaria incompleto e muito sem graça, as duas sabiam disso.

— Bia, só sobrou essa. — mesmo tentando não transparecer, acabou deixando traços de irritação escapar em sua voz. — Tá decidido.

— É que esses brilhinhos... — Julie sentia vontade de socar alguma coisa só de pensar na próxima frase que passaria por aqueles lindos lábios. — O Téo acha meio sem noção.

— E você, Bia? O que você acha? — pela expressão de Bia, dava para perceber que a ficha estava começando a cair, então Julie arriscou se aproximar mais. — Sabe o que eu acho? Seu estilo é incrível. É arrasador e tão... Fofo ao mesmo tempo. — acariciou o cabelo da amiga de leve e baixou um pouco mais o tom. — deveria estar com alguém que consiga ver o quão maravilhosa você é, apenas sendo exatamente do seu jeitinho.

Julia colocou a mão na cintura de Bia e a puxou para perto de si, uniu sua testa a dela e uma podia sentir a respiração da outra acelerando, pois agora elas compartilhavam o ar. Julie deu um instante para que a amiga pudesse recuar se quisesse, mas isso não aconteceu, então a beijou com calma e ao mesmo tempo um desejo que há muito guardava no peito.

Bia não sabia o quanto queria, o quanto precisava daquele beijo até sentir a língua tão macia da melhor amiga deslizar sobre a sua delicadamente, fazendo todo seu corpo tremer em um frenesi que nunca experimentara antes.

Quando se separaram, ofegantes, as duas tinham olhares que brilhavam apaixonados. Nenhuma palavra precisou ser dita, seus sorrisos falavam por si. Logo elas voltaram a se beijar, dessa vez de um jeito mais intenso.

(...)

Julie estava deitada abraçando o corpo nu de Bia, ambas analisavam suas mãos unidas, uma brincando com os dedos da outra. O silêncio pós-sexo não estava ruim, na verdade, era bem confortável, porém uma lembrança de muito tempo atrás surgiu na mente da musicista e fez com que ela sentisse vontade de quebra-lo.

lembra da primeira vez que me pegou tocando violão e cantando? — sussurrou, não havia necessidade de falar mais alto que isso já que estavam coladinhas. — A gente devia ter, sei lá, uns doze ou treze anos por aí.

— Claro que eu lembro. Sua voz sempre foi tão... Perfeita. — Bia respondeu se virando para olhar o rosto de Julie.

— Eu te mostrei aquela música, deve ter sido a terceira ou quarta que eu compus. Era bem ruizinha e eu digo isso sendo gentil comigo mesma. — a musicista sorriu e deu um selinho na amiga. — Mas você disse que um dia eu ia ser a maior cantora do Brasil e que mesmo assim você ainda seria a minha maior fã.

— Ué, ainda é verdade. — retribuiu o sorriso e beijou-a mais demoradamente.

— Eu nunca te falei isso porque achei que ia soar meio tosco, sabe? Mas eu também sou sua fã, Bia. — Julie mordeu o lábio, meio envergonhada de expor seus sentimentos. — Dos seus sorrisos, suas piadas. Do seu estilo, frases, suas ideias malucas. De cada detalhe em você. É por isso que seria uma honra pra mim se aceitasse sair comigo. Já que não vai mais sair com o mala do Téo. Né?

— Claro que aceito. — Bia se empolgou e encheu o rosto da musicista de beijinhos. — E nem encana com isso, nunca mais eu saio com alguém tão... Sem noção.

Julie riu. — Então vou pra casa me arrumar e a gente se encontra, hm... As seis?

— Seis tá ótimo. Te vejo às seis. E eu vou me arrumar no melhor estilo Bia Leão.

— Mal posso esperar pra ver.

Despediram-se com um último beijo, Julie se vestiu e foi embora.

Bia permaneceu na cama alguns minutos, olhando para o teto com um sorriso bobo. Claro que nunca havia imaginado que seu “pequeno” crush secreto por sua melhor amiga era recíproco, que dirá que elas acabariam tendo aquele momento mágico e quente. Por isso seu coração estava explodindo de felicidade.

Depois de um tempo teve que levantar para se arrumar. Demorou um pouco, já que caprichou bastante para Julie, mas ainda assim estava pronta antes do combinado. Foi quando a campainha tocou, lembrando-a que não tinha desmarcado com Téo.

Na maior cara de pau, Bia foi abrir a porta com sua maquiagem pesada, sua camisa de brilhinhos, saia curta e coturnos.

— Mas o quê que é isso? — o garoto indagou horrorizado.

— Isso, Téo, sou eu. — ela respondeu de cabeça erguida.

— De jeito nenhum. — Téo olhou-a de cima a baixo mais uma vez. — Pode mudar.

queria que eu mudasse como eu sou? — Bia sorriu com um lindíssimo deboche. —Desculpa, infelizmente não vai dar.

— Mas eu não vou sair com você desse jeito. — Téo decretou sério como se fosse fazer alguma diferença.

— Não vai mesmo. — Bia teve que segurar a vontade de rir com a expressão confusa dele, incrível como alguns garotos não reconhecem um fora. — Como é que eu fui tão... Sem noção de sair com uma cara quinem você?

E, deixando-o parado com cara de paisagem, Bia bateu a porta na cara de Téo.

No caminho para lá, Julie o viu sair com uma expressão confusa e irritada, causando-lhe um enorme sentimento de satisfação.

— Sei que cheguei cedo, mas estava ansiosa. — disse assim que a melhor amiga abriu a porta. — E, caramba, como você tá incrível.

— Saindo como uma garota linda como você, eu não podia ficar por baixo, né? — Bia respondeu, abrindo um sorriso imenso.

— Engraçado, parecia que tinha gostado de ficar por baixo hoje mais cedo. — Julie brincou, sorrindo maliciosamente.

— Boba. — disse Bia rindo e beijando a musicista com vontade, então segurou a mão dela sem nenhuma vergonha do que as outras pessoas poderiam pensar. — Vamos?

Julie lhe retribuiu com um selinho e respondeu. — Vamos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.