Os Mistérios do Amor

A minha família


—Sammy.- Era Cameron. Ele atravessava o gramado, correndo em minha direção.- Sam, por favor. Me escuta. - Ele estava ofegante.

As gotas da chuva forte escorriam pelo seu rosto e suas roupas, deixando-o molhado. O olhar de súplica em seu rosto me fez parar. Fechei novamente a porta do carro e olhei para ele:

—Eu não sei o que você pode me dizer neste momento, Cameron. Eu estou indo conhecer a minha família. - Disse, me apropriando das palavras da minha mãe na noite anterior.

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Ele pareceu gostar tanto da frase quanto meu pai gostou na noite anterior, quando minha mãe as proferiu. Ele respirou fundo antes de continuar:

—Sua família está aqui, Sam. Emma, seu pai, eu, meus pais. Nós somos sua família.- Sério? Ele queria usar aquele termo comigo?

—Família, Cameron?- Eu praticamente cuspia as palavras.- Família que mente? Que omite? Que não cuida? Como você pode dizer que é minha família depois de tudo? - Eu via dor em seu olhar e parei. Por mais raiva que eu tivesse dele, eu ainda sentia em mim a dor que ele traspassava.

—Família também erra, Sam. - Ele gritou.- Família também erra. - Ele já estava ensopado a este ponto. Sem pensar, abaixei o guarda-chuva, e comecei a sentir as gotas de chuva caindo sobre mim. - Você está indo com ela, mas ela também errou. Ela foi embora.

—Cameron, eu…- Não sabia o que dizer. Ele estava completo de razão.

—Sammy,- Ele chorava, mas suas lágrimas se misturavam com a chuva em seu rosto. Eu também chorava.- eu não posso te prometer que eu não vou errar de vez em quando.- Ele bufou e passou as mãos pelos cabelos.- Eu sou humano, poxa. - Seus olhos verdes encontraram os meus. Ele segurou minhas duas mãos.- Mas eu posso te prometer que eu, assim como esse tantão de gente, - Ele se virou para trás, apontando para o meu pai e para sua família na porta da casa dele, encarando a cena.- vamos estar aqui por você e vamos te defender com unhas e dentes.

—Samantha, - Minha mãe se pronunciou, saindo do carro.- vamos perder o voo. - Dizia ela irritada.- Entre no carro.

—Promete? - Olhei no fundo de seus olhos, que mostravam desespero, buscando a verdade neles.- Promete que vai me considerar família, não importa o que aconteça?-Ele assentiu.

—Alguma razão existiu para eu vir morar na casa ao lado da sua.- Ele deu de ombros, como se percebesse naquele minuto o que estava falando.- Estamos juntos nessa, Sam. - Respirei fundo e me virei de volta para a minha mãe.

—Não, mãe. - Respondi sem pensar duas vezes. - Eu vou ficar.

—Jura? - Cam me olhava esperançoso, com um sorriso nos lábios.

—Eu ficarei ansiosa para conhecer meu irmão no verão. - Disse virando para minha mãe.- Se você ainda me quiser por lá.

—Tem certeza, Samantha? Já falamos sobre isso ontem. Você terá uma família e condições muito melhores. - Ela perguntou. Cam tirou o guarda-chuva da minha mão e segurou em cima de minha cabeça. Assenti.

—Eu estou em ótimas condições aqui, mãe. Além disso, não acho que uma transferência será favorável para a minha inscrição na faculdade.

—Tudo bem, minha filha. - Disse ela, suspirando cansada. Cam jogou o guarda-chuva no chão e me abraçou com força, passando a mão pelos meus ombros e me guiando para o coberto da casa. Meu pai me abraçou.

—Senhor Vermond, - Disse Cam quando meu pai me soltou. - você me ajudaria a tirar as malas do carro? - Eles saíram e minha mãe veio até mim, me abraçando em seguida.

—Avisarei Maxon que você estará conosco no verão.- Ela disse durante o abraço.- Meu marido também está ansioso para te conhecer. - Ela se afastou um pouco e segurou meus ombros.- E, se mudar de ideia, tem meu telefone. - Ela bufou, com lágrimas nos olhos. - Não quero me afastar de você outra vez. - Sorri para ela.

—Nem eu, mãe. Me avise quando chegar em casa, ok? - Ela assentiu e voltou para o taxi, falando algo para Cam e meu pai antes de partir.

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Meu pai entrou na casa e eu me virei para Cam na entrada. Ele levou sua mão ao meu rosto, afastando uma mecha de cabelo molhada. Ele desceu a mão para meu queixo, me fazendo olhar para ele.

Aqueles olhos verdes me hipnotizavam, seus lábios me chamavam. Ele estava tão lindo, com a água da chuva percorrendo seu corpo e fazendo com que a camiseta grudasse nela, deixando em evidencia seu abdome de atleta.

—Sammy, eu queria…- Ele não terminou a frase e começou a aproximar seu rosto do meu, lentamente.

Foi quando eu senti um impacto, nos afastando:

—Eu não acredito que você vai ficar! - Era Emma, me abraçando animada. - Eu estou tão feliz!- Ela me soltou e olhou para Cam.- Ainda bem que você criou vergonha na cara e pediu desculpa para a nossa amiga.

Amigos. Isso. Era exatamente isso que eu e Cam éramos. E Emma nos odiaria se fossemos outra coisa. Eu não aguentaria ficar se Emma me odiasse.

***

Naquela noite, eu e meu pai jantamos na casa dos Woods. Todos estavam animados e felizes. Diversas conversas paralelas aconteciam ao mesmo tempo. Eu não via meu pai feliz daquela forma há anos. E foi exatamente neste momento que eu tive certeza: Eu realmente já tinha um lar.