Os Meus 18 Anos

Ligações e conversas indesejadas,


Amy havia acabado de abrir seu novo livro: Cidades de Papel, até agora estava bom, na opinião dela. Sentou-se na sua cama, alternando a posição a cada nova parte do livro, tinha de ser John Green, ótimo Janus, ela riu, depois se lembrou de seu primo Jonah Wizard, fazia quanto tempo que eles não se falavam? Oh, nem ela se lembrava. E Hamilton? Havia se hospedado lá há três semanas, e foi embora uma semana depois. E os Kabra? Eram quatro anos se ver nenhum dos dois. Estava começando a ficar desconfortável. Deixou o pensamento de lado.

E quando havia chegado às últimas páginas, aconteceu algo que poderia dizer-se, que não era lá a melhor coisa da vida dela, mas também não era a pior: seu celular começou a tocar. Levantou-se a contragosto e atendeu.

Alô?”

“Alô? Com quem eu falo? Amy Cahill?”

“Ela mesma, quem fala?”

“Secretária do senhor Kabra”

“Ah, o que aconteceu agora?”

“Ele deseja falar com a senhorita, irei passar a ele essa linha, com licença”

“Claro...”

“Oi, Amy. Tudo bem com você? Tudo? Ótimo, perfeito. Seguinte: preci...”

“Olá para você também, Ian. Algum problema com os clãs Janus e Lucian?”

“Não, por quê?”

“Porque, aquela vez que conversamos, combinamos de apenas nos ligarmos para falar sobre esses clãs, está esquecido?”

“Ahn, não, não estou. Para sua infelicidade não é para isso.”

“Então...?”

“É que eu quero convidar você e o resto para meu aniversário de dezoito anos aqui em Londres; E bem, você em especial.”

“E...?”

“Eu quero que você seja meu par na festa.”

“Sério, hahaha?”

“É, e olha, você será a única ruiva da festa, cuidei muito bem para que isso aconteça.”

“Eu não acredito nisso, eu estou rindo disso, sabia?”

“Não duvido”

“E quando é?”

“Semana que vem, sábado. E então, você pode?”

Amy ficou algum tempo em silêncio, pensando na sua escolha.

“Certo, eu vou, mas com uma condição”

“Você vai deixar Dan usar qualquer roupa, e quando eu digo qualquer, estou falando qualquer, ta bem?”

“Claro, é festa á fantasia, ele poderá usar o que quiser.”

“Á fantasia? Perfeito. E então, outra condição”

“Diga”

“Eu irei escolher a minha própria roupa”

“Mas...”

“Mas?”

“Mas eu já tenho tudo planejado, Ames, que tal até a hora da dança você fica com a roupa que escolhi, e depois troca por qualquer uma? Por favor”

“Eu... Ah, só vou concordar porque estou de bom humor hoje.”

“Muito obrigado, você não sabe o favor que está me fazendo. O avião estará aí quarta-feira para te buscar, no aeroporto dos Cahill. Até quarta-feira, Amy.”

“Pera aí! Como assim quarta-feira?”

“Temos que te dar aulas de etiqueta, você precisa fortemente delas. Abraços”

Tum... Tum...

— Oh, Deus. – Murmurou – Eu concordei mesmo com isso?

— Concordou com o quê? – Seu irmão caçula, Dan, apareceu do nada no seu quarto. Agora aos seus quinze anos, já parecia mais um homem do que um pestinha, apenas de aparência, claro.

— Ahn, nada. Não te meta em assuntos de adultos, por favor, Daniel. Saia do meu quarto, agora! – Amy levantou-se, segurou seu travesseiro e tocou em Dan.

— Você acertou isso no Ninja Cahill, rata de biblioteca! – Gritou Dan segurando o travesseiro atirado nele – Vai ter sua vingança, rata! – Dan correu em sua direção e começou a bater em Amy com o travesseiro. Amy gritou, segurou outro travesseiro e saiu correndo para o outro lado do extenso quarto.

— Ninja Cahill não deixa nada barato! – E correu na direção de sua irmã. Algum tempo depois da guerra de travesseiros, Amy diz:

— Ok, ok Dan. Deu, agora. Pare! Pare, Dan! – Gargalhou. Dan parou e olhou para Amy sorrindo.

— Sério, Amy. Com quem você estava falando? – Ele disse sério.

— Com ninguém muito importante – Amy murmurou corando.

— Jake?

— Não – Amy ficou mais vermelha.

— Hum, Hamilton?

— Também não – Amy voltou a sua cor normal.

— Então... – Dan pensou um pouco – Ian Kabra?

— Dan! Não! Vai incomodar outro vai!

— Há! Sabia! Você anda falando com ele, que eu sei! – Gritou Dan em acusação, tropeçando no carpete.

— Não estou, não! Sai logo daqui, Daniel! – Amy berrou irritada, segurando Dan pelo ombro e o empurrando para fora do quarto. – Idiota! Pare de bisbilhotar minhas coisas.

Dan saiu rindo de Amy.

— Eu só vim avisar que o café já ia ficar pronto. – Dan berrou do outro lado do corredor.

Amy fechou a porta. Fechou os olhos e sorriu.

— Eu aceitei mesmo aquela coisa? – Sussurrou para si mesma.

— Garota! Ô Amy, o café da tarde da tarde está pronto! – Berrou Nellie do andar de baixo – Se demorar vou comer a sua comida!

Amy gargalhou.

— Pode deixar, Nellie! Já to descendo! – Amy gritou de volta, calçou suas pantufas e saiu do quarto em direção á cozinha. No caminho, passou pelo corredor, desceu as escadas, passou pela sala, atravessou o hall e enfim chegou à cozinha, que continha a maioria dos moveis cinzas, cor escolhida por Tio Fiske.

— Oi família – Amy cumprimentou.

— Olá garota, por que a demora? – Disse Nellie servindo a torta no prato de Dan – Você estava no seu quarto ou na sala?

— Eu estava brincando... – Nellie torceu o nariz – com o Dan, guerra de travesseiros.

— Por que não me chamaram? – Nellie soltou um muxoxo – Adoro guerra de travesseiros.

Amy riu.

— A Amy estava falando com Ian – Disse Dan se metendo. Nellie riu.

— Claro, claro que ela estava. – Gargalhou Nellie.

— Sério! Ela estava, Nellie! – Dan exclamou irritado.

— É eu estava – Amy disse se sentando. Nellie a olhou séria.

— Amy, eu sei que é brincad...

— Eu estava – Interrompeu Amy – Ele me ligou agora a pouco.

— Ah, pare de mentir, Cahill. – Nellie a olhou com o cenho franzido. – Não sei se acredito ou não acredito em você.

— Deus, Nellie – Amy pegou seu celular do bolso, ligou a tela e colocou no histórico de chamadas – Olhe aqui, Nellie. — Os olhos de Nellie arregalaram-se enquanto ela dava uma garfada na torta e a comia.

— Nhau pudi si – Ela falou com a boca cheia. – Eie ti igou puquê?

— Para nos convidar para o aniversário de dezoito anos dele, Nellie, sábado que vem.

— Tá, disso eu sei – Dan falou – Obvio que você aceitou outra coisa, afinal, quando eu cheguei ao seu quarto, você falou: eu não acredito que aceitei isso, ou alguma coisa assim. O que você aceitou, além disso?

Amy encheu sua boca e torta e refrigerante e então falou:

— Iâ i onbidô bâ sê u pâ deie – Dan gargalhou.

— Amy vai casar com Ian! Ian quer namorar a Amy! – Riu mais.

— Ah, isso... Entendi – Murmurou Nellie.

— Espere, seu primo lhe convidou para ser o par dele? E nos convidou para o aniversário dele sábado? Quer dizer que não precisarei comer o jantar feito pela Nellie? Então vamos – Disse Fiske adentrando a cozinha.

— Só tem um porém. – Todos a olharam – Será festa á fantasia, então nós teremos de ir com alguma fantasia.

— Ok, eu vou de punkeira que ouve músicas no ipod – Disse Nellie.

— Isso não vale - Disse Dan – você já é assim, normalmente. – Nellie torceu o nariz.

— Eu vou de Benjamin Franklin – Decidiu Fiske.- E você, Amy?

— Ainda não sei, Ian falou que as fantasias já estão decididas. Mas ele me deixou ir com outra coisa depois das cerimônias, acho que vou de professora. – Sorriu.

— Ta sorrindo, é? Eu sabia que você ainda gostava do Ian! – Dan riu.

— Eu... Ah, fala sério, Nellie, manda Dan calar a boca!

— Senhorita Amy, cuidado com o vocabulário. – Alertou tio Fiske.

— Desculpe – Murmurou, voltando a comer.

— Crianças, daqui três horas é o jantar, estejam aqui no horário exato, por favor – Avisou tio Fiske, terminando de bebericar o café e levantando-se. – Não é por nada, mas agora quero impor regras aqui, porque agora um garoto, anda dormindo ás três e meia da manhã.

Dan corou rindo.

— Não sou eu, juro, é meu corpo.

— Não tem graça, senhorzinho, espero que vá dormir mais cedo a partir de hoje. – Falou Tio Fiske o olhando irritado – E mande tirarem a televisão,o computador, o notebook, e o resto de eletrônicos do quarto do Mini Arthur, senhorita Gomez.

— Claro, eu mesma faço isso, começando agora. Passa o cel aí, DannyBoy.

— Não estou com ele.

— Está praticamente caindo do bolso do seu casaco. Passa agora, aí. – Nellie falou, estendendo a mão para ele. Dan fez uma careta e entregou o celular. – E o reserva também, da aí. – A careta de Dan piorou quando ele entregou outro celular. – E a carteira para não comprar um novo.

— Neeeellie... – Gemeu Dan.

— Passa aí, senhorzinho – Dan passou a carteira a contragosto para Nellie.

— Isso quer dizer que eu não vou poder assistir o novo filme que vai sair? Isso não é justo! Por que a Amy pode e eu não?

— Por que a Amy dorme mais cedo, DannyBoy – Nellie falou entregando o celular a Fiske.

— Mas...

— Daniel, sem mas, termine e suba para fazer suas tarefas escolares.

Dan levantou-e e seguiu o mesmo caminho de sempre.

— Bem, vou me retirar, - Amy disse – Tenho que fazer umas coisas.

— E eu vou pro curso de espanhol online – Disse Nellie – Tchau para os dois.

Nellie, Dan e Amy levantaram-se seguindo para caminhos diferentes.

— Nellie! — Dan gritou — Onde está Saladin?

— No mesmo lugar de sempre! Na lavanderia!

Amy sorriu.

Afinal, essa era a sua família, e ela já estava com saudades de ter uma.