Os Filhos dos Deuses

Capítulo 3 (Ou aquele que se arrasta pelo TDAH)


Eu estava em um beco. Como? Eu não lembrava direito. De vez em quando isso acontecia, eu dava de ombros e culpava o meu TDAH: alguns momentos se alongavam tanto que minutos pareciam horas; outros que eu estava na cama, corta, próxima cena, eu estava em algum lugar aleatório. O pior era que eu estava sendo perseguida, mas por mais que eu me virasse e fosse em direção à luz, o rosto do garoto (pelo modo como andava era claramente um menino) estava encoberto por uma sombra.

— Quem você pensa que é? - Perguntei assustada e erguendo o pedaço de madeira que eu encontrara ali para me defender dos seres humanos maus. Muitas vezes, piores do que os monstros.

— Quem é você? - Respondeu com uma pergunta a voz de um menino irritante, comprovando a minha tese, que me seguia pelos últimos três quarteirões até que eu entrasse no beco para tentar despistá-lo. O que, obviamente, falhara.

— Não te interessa! - Gritei frustrada enquanto dava uma guinada com o bastão.

— Se não interessasse, eu não estaria perguntando! - Respondeu com mais raiva o garoto, esquivando-se, de uma forma defensiva perfeita (o que confesso que me deixou um pouco impressionada).

— Droga, garoto. Se manda! Você é insuportável!! - Grite, correndo para fora do beco, que, até pouco tempo, tinha sido conhecido por ser minha estratégia de bater nele até que jurasse que não me seguiria mais.

Mesmo assim e abusando de todas as formas de esquivo que eu conhecia, ele era mais rápido, de um jeito furtivo. Parecia tão treinado quanto eu era. Que raiva! Espera, um pouco. Furtivo igual a coisa de ladrão. Ladrão igual a Lorde Hermes. Um semideus?

— Você é filho de Lorde Hermes? - Perguntei, de repente. O garoto que estava a ponto de revidar antes de deixar que eu escapasse, parou surpreso e caiu na poça de água suja na frente dele. Eu queria rir, se não fosse a confusão.

— Você quer dizer Mercúrio? - Ele, finalmente, saiu daquela sombra projetada e vi seu rosto...

Um som estridente me trouxe à realidade. Olhei assustada e desorientada (Oi, TDAH) para o lugar aonde estava: Um quarto de hotel barato, nem um pouco uma estrela. Eca. Vocês não merecem a descrição, sério. Respirei fundo. Aquilo não tinha passado de um sonho. William. Minha mente invocou seu rosto das profundezas de memórias trancadas, mas que agora estavam arrombadas. Aquele sonho era, na verdade, uma lembrança que deveria ter sido convidada após os acontecimentos da noite/madrugada anterior. O estranho foi ver o exato momento quando eu o encontrara tantos e tantos anos antes e, antes de ver seu rosto, não reparara que já tinha vivenciado aquilo. Uma lágrima saudosa desceu pelo meu rosto.

Apesar do meu pesar (que frase interessante!), o celular continuava com seu som de "Good Morning"... Com todo respeito, espero que você morra (não agora) e vá direto para o inferno dos celulares, onde haja muita água de privada, películas falsas, chão de granito e estações de rádio ruim. É isso. Parece meu pai com sua mania de acabar com os meus votos.

Com esse pensamento feliz e afastando os resquícios do sonho, olhei para a tela. A resposta de Caio piscava, alerta.

Feito. Dez dias.

Eu não tinha tantos dias assim.

Não. Preciso para antes. Cinco, no máximo.

Olhei a hora. Eu gemi, porque não dormira nem cinco horas completas: eram nove horas e nove minutos. Opa! Alguém deve estar pensando em mim! Como aquele apito não era da mensagem, que tinha sido enviada três horas antes, isso só poderia significar uma coisa. Monstros. Eles pensavam em mim... Essa constatação acompanhada da animada melodia que dizia: "Acorde ou você vai morrer", depois de um "Bom dia" do despertador fizeram com que eu pulasse da cama. Quanta consideração! Obrigada!

Abri o aplicativo. Além do meu caro sinal, um ponto vermelho estava parado não muito longe, presumi que uns quinhentos metros de onde eu me encontrava. Próximo ao rio da divisa entre países. Ai, Ai, Ai. Levantei, olhei para o vestido que ainda usava e percebi que não havia levado nada a mais para trocar de roupa (afinal, não era esse o plano), agora, parecia que eu vestia mais uma cortina de uma casa mal assombrada do que uma peça. Descendo rapidamente encontrei a entrada do hotel novamente. Eu tinha a vaga lembrança de um senhor de meia idade que me atendera na noite anterior, principalmente, das brincadeiras com um teor pornográfico que ele fizera, como eu não me importei e acordei sozinha, eu devo ter ensinado o seu lugar.

Ao invés dele, uma mulher na faixa dos cinquenta anos, cabelo loiro com alguns fios brancos, olhos castanhos, marcas de sol em todo o semblante e pesando uns oitenta quilos em todo o seu um metro e cinquenta olhou com uma cara ranzinza. Deve ter conversado com o homem.

— Posso ajudá-la? - Disse e cuspiu o que quer que estivesse mascando em um lixeiro próximo ao seus pés.

— Procuro um lugar que eu possa comprar uma roupa. Tem algum por aqui? - Perguntei um pouco insolente.

— A, claro. Não vê aquele shopping center logo ali na esquina, miss princesa? - Respondeu sarcástica. Por ser filha de Dioniso e ele ter sido um príncipe há uns cinco mil anos, as pessoas quando me xingavam ou diziam que eu não era capaz, sempre me chamavam assim. Eu, simplesmente, odeio quando me chamam de princesa. EU. NÃO. SOU. A. PORRA. DE. UMA. PRINCESA.

Sorri abertamente. A, eu queria ensiná-la uma lição... Ninguém se importaria seu eu a enlouquecesse um pouquinho... Realmente, não sabia se preferiria o velho ninfomaníaco ou a mulher antipática. Respirei fundo. Quanto mais tempo ficasse ali, mais demoraria para chegar no meu objetivo final.

Antes que fizesse qualquer coisa, saí do "hotel". No estacionamento, apesar de lembrar de mais, apenas o meu carro estava parado. O objetivo era deixá-lo ali, mas a atitude da mulher deixou claro que o meu maior problema não seriam os monstros, mas as pessoas. Entrei, pelo menos ninguém tinha tentado levá-lo (o que eu já considerava um milagre). Andei por algum tempo em círculos e me afastando da fronteira até meu estômago apontar que eu necessitava de comida e, assim como em um desenho animado, guei-me pelo cheiro até uma lanchonete dentro de uma loja de conveniência em um posto de combustível.

Quando entrei, a porta fez o som inconfundível daqueles sinos alertando a todos, que já olhavam para o carro estranho, que havia um novo freguês. Já disse que eu amo essas lojinhas no meio do nada? É verdade - sem sarcasmo. Tudo o que eu queria ali tinha. Encaminhei direto ao balcão da lanchonete, onde uma garota mais nova do que eu, olhava com os olhos arregalados.

— Bom dia. - Disse com um sorriso contagiante a ela. - Eu gostaria de um pão com queijo e salame, uma coxinha, um pão de queijo e um café preto, por favor. - Eu precisava de sustância, vá saber que horas eu voltaria a comer, não conseguia lembrar direito da minha última refeição.

— Cla..Cla..Claro! - Disse tropeçando nas palavras enquanto começava a preparar o que eu pedira. Voltei meu olhar para as peças. Rapidamente, escolhi uma calça cargo verde escura, afinal, bolsos são os segredos de um semideus feliz; uma camisa de manga comprida que, apesar do calor, me protegeria dos mosquitos; um boné simples, o sol pode matar (acho que Apolo já disse isso); e um tênis sem marca definida, mas que ajudaria demais (muito melhor do que os saltos destruídos que eu tinha agora).

— Volto já! - Disse à moça que preparava o meu lanche. Paguei um valor nem um pouco justo por elas, mas era o que tinha, e fui em direção ao banheiro. Rapidamente, me despedi dos destroços que um dia foram um belo vestido e me troquei. Não era perfeito, mas ajudaria até que eu pudesse me dispor de melhores condições. Antes que alguém fosse até o banheiro, voltei rapidamente à loja, entupi minhas veias com gordura e açúcar, paguei (agora um preço justo pela montanha de comida) e encaminhei ao meu Jeep. Decidira que ali o deixaria. Seria extremamente difícil e estressante tentar viajar sem poder dirigir, mas até que a minha licença saísse, era o único jeito.

No carro, joguei o que restava das minhas roupas e peguei tudo o que poderia me ajudar: balas e flechas extras, uma pederneira, pilhas para uma lanterna, um cantil com néctar, algumas ambrosias em cubos. Perfeito. Acionei o GPS para que alguém o encontrasse.

Larguei aquela pequena bagunça e pensei na obrigação que eu colocara na mão de Caio. Explicar para minha mãe que eu tinha sumido em direção à Bolívia. Ela se lembraria dos anos de incerteza se eu voltaria para casa. Quem sabe um dia eles me perdoassem?

Com o esboço de um plano traçado, caminhei pela principal via terrestre do estabelecimento até a fronteira. Em quinze quentes minutos, devo ter perdido o equivalente ao meu peso em água. Estava quente! Meu corpinho não estava mais acostumado a essa realidade de estresse total. Essa alfândega, diferentemente de muitas outras as quais eu já tinha passado, era apenas uma velha ponte de madeira sobre um rio em que uma fila de carros passava, um por vez. Nem um policial à vista. Estranho.Suspirei olhando a tela do aparelho. É claro que o problema estava logo a frente. Está tudo bem! Sorri confiante.

Eu deveria saber que não seria fácil, já deveria estar acostumada, jamais duvide do destino de um semideus.

Com certeza que a ponte que era simples para qualquer mortal fronteiriço atravessar, para mim transformou-se completamente. A minha frente, a névoa deixou de fazer efeito e, aos poucos, as tábuas de madeira se estreitaram e começaram a refletir a luz solar em um brilho de vários materiais metálicos que, a cada carro, o barulho característico soava alto e claro pela via. Ou seja, uma ponte inofensiva transformou-se em algo mortal, perigoso: uma ponte de "tábuas" feitas de espadas afiadas. Um velho mito esgueirou pela minha mente. Ele não datava da Grécia Antiga, mas era tão antigo quanto o velho mundo: A rainha Guinevere sendo raptada por Meleagant e salva por Lancelot. Uma história de amor impossível e tão fictícia, ou era o que achava, né? Comoções como essa têm que ser da imaginação apenas para mortais comuns, mas obras de uma certa deusa do amor.

Caminhei pesadamente. À placa, delimitando as fronteiras, parei. Uma miragem, também conhecida pelo nome "fantasma", esperava a minha pessoa.

— Aproxime-se, caso tenha coragem! - Disse a voz autoritária do ser. Fugi? Queria, não que eu tivesse coragem em sobra, mas aquele era o caminho para o meu destino.

— Eu sou Danielle. - Sorri com uma mesura.

— Seja bem-vinda, alteza. - O escárnio na voz sombria e morta era bem real. - Eu sou o melhor cavaleiro de meu rei, mas a carne é fraca e, hoje, eu devo guiar o caminho daqueles que acreditem ser um guerreiro razoável por meio do início do meu fracasso: a ponte de espadas. - Hora da pausa dramática. - Acredita ser digna dessa honra, Danielle, filha de Amélia?

Seus olhos inexpressíveis pela morte, não deixavam dúvidas que aquele momento, aquela decisão, seria tão difícil quanto o momento quando minha alma estivesse em pé ao juri dos mortos. Lancelot conhecia exatamente tudo o que eu me dignei a fazer, cada escolha, cada pensamento, cada erro. Mentir não era uma opção.

— Não, eu não acredito. - Pausei. - Eu sou o ser mais indigno que já tentou liderar um exército, eu deveria estar morta como os outros. - Respirei fundo. - Mas em todos os anos que eu os guiei, nunca quis ser uma líder, eu só queria ensinar os outros a serem seus próprios líderes. - Olhei diretamente para seu rosto. - Eu nunca fui digna da liderança, mas todos aqueles que eu treinei acreditavam que sim.

— Uma resposta política. - Olhou e me jugou. - Típica de alguém que esconde quem verdadeiramente é.

— Escondo, não minto. Mas a pergunta é: será que não é isso que me faz digna de tentar suportar o seu fardo?

— Eu permito que vá. - Disse simplesmente sumindo da sombra onde se projetava. Eu respirei fundo e caminhei, certa, para a morte.

A boa notícia: eu não morri. A má: aquilo doeu.

Fitei, cuidadosamente, casa passo que daria. Na beirada brasileira da ponte, tracei uma rota mental pelo caminho que me pareceu "menos pior". De longe, pensei desde o momento que li aquela velha fábula, que haveriam cabos onde seria possível pisar com relativa segurança e fora assim que o herói sobrevivera. Não, não tinham. Era como se todas as lâminas tivessem apenas pontas e no local onde estaria a empunhadura uma outra ponta saía.

Também, ingenuamente, pensei que teria apenas um caminho livre. Óbvio que não. Caso você já tenha assistido a Game of Thrones e visto o trono de ferro era algo tão medonho como aquilo. No meio, entre fendas, a ponta de diferentes armas medievais despontavam travando uma guerra com os seus calçados. Nada legal para quem andava descalço. Finalmente, tomando um pouco de ar, dei o primeiro passo. Erroneamente, pensei que nada mais poderia me surpreender ali. "HA HA" - é o que as Moiras devem estar pensando. No exato ponto onde meu necessário pé estava, uma arma surgiu para espetá-lo. Guiada pelos instintos de longos anos de treinamento, pulei e, com o pé direito, apoei-me na estrutura. Como se esperando esse movimento, a lâmina curva de uma khopeshnegra surgiu e tentou levar o meu tornozelo embora. Rolando por uns cinco metros pela superfície, desviei-me dela e acionei mais duas outras armadilhas: a fina e longa lâmina de um sabre, que fez um talho no meu ombro direito, e, como se jogadas por uma força invisível, as bolas duplas da Estrela da Manhã, o real significado que Lord Vader quis dizer, tentaram esmagar meu pulso e mãos.

A força do impacto das bolas espetadas na superfície foi tamanho que perfurou o metal da ponte solto e ricocheteou em meus dedos. Graças a tudo o que é mais sagrado, a parte sem espinhos afiados deve apenas ter me dado o deslocamento de três dedos, não o amputamento total. Tentando não fazer pressão em nenhum outro ponto com armadilhas não disparadas flexionei meus pés para (A) tentar uma corrida ou (B) pular. Olhei para a outra extremidade, o que antes era uma sólida ponte de madeira de dez metros, tinha se metamorfoseado em uma mortal armadilha de cinquenta metros de ódio a semideuses.

Assim, por mais que meus saltos fossem excelentes, eu ainda estava a, pelo menos, vinte e cinco metros de distância. Droga! Suor e sangue pingavam de mim e, assim, cuidadosamente levantei. Em uma finta, impedi que um imenso garfo militar (não é nada que possa imaginar de engraçado) me empalasse. Ao passo que respirei fundo e dei um passo para trás, as lâminas afiadas do Wolverine (alguma arma que eu não fazia a mínima ideia do que fosse) obrigaram que eu fosse ao chão fazendo um longo corte em meu peito. Aquilo ardia, mas com um golpe de judô/desespero, espantei-as antes que chegassem ao meu rosto. Vinte metros.

O som metálico de hélices fez com que eu pulasse com um impulso para a frente. Caí e tropecei virando o tornozelo. No momento que levei para me recuperar, um buraco de uns cinco metros surgiu nos últimos metros, separando totalmente as divisas. Os carros? Você como o meu cérebro devem estar pensando, passavam pelo lugar como se nada tivesse mudado. As vezes eu odeio os mortais. Sério mesmo. Uma criança até me deu um "tchauzinho" da janela traseira.

Respirei fundo. Todos os meus cortes ardiam para um diabo. Meu pé estava em chamas. Meu peito estava pesado pelo corte que não parara de sangrar. Só havia uma alternativa: pular como uma campeã olímpica, a qual eu não era. Mas para dar um gostinho ao destino, teria que dar um passo a frente e arriscar a me defender do que o destino me aguardava. É evidente que aquilo foi um erro.

O mísero meio metro me custou uma chuva de flechas que me obrigaram a ignorar tudo o que eu sentia e correr diretamente para o buraco. Incrivelmente, nenhuma outra armadilha foi ativada, ou fui eu não liguei para elas (TDAH!). Quando cheguei até a beirada do precipício, estanquei. Meu erro. Ao lado surgiu um tridente digno a Poseidon.

Instintivamente, segurei o cabo. Erro meu: um cabo que, aparentemente, estava frio, na realidade, parecia que tinha sido forjado há tão pouco tempo que o cabo queimou minha mão. Ignorei e com o impulso que peguei, joguei-me pela frente e atravessei o buraco caindo na fronteira boliviana.

— Interessante. - Disse uma voz. - Você sobreviveu!

— Sobrevivi? - Perguntei esparramada. - Você tem certeza?

Ele riu. Sim, ele riu da minha desgraça.

— Nem todos têm coragem de passar por aqui. - Pausa pensativa. - Muito menos terminar em apenas dez minutos. - A contragosto. - Parabéns!

Dez minutos? Oi? Para mim, pareceu quase que o meio do dia tivesse transcorrido.

— Obrigada? - Agradeci, enquanto todas as contusões me lembravam como eu estava machucada. - Você tem alguma dica do que fazer agora? - Olhei sobre o ombro. Estava conversando sozinha. Sempre assim.

Devagar. Sentei no chão ao lado da rodovia. Carona, com certeza era o que me tiraria dali. Porém, para isso, eu teria que estar o máximo possível apresentável. Afinal, quem abrigaria uma garota esfolada e toda ensaguentada?

Sorrindo de forma nem um pouco histérica, peguei o frasco de néctar e despejei cuidadosamente sobre os grandes talhos em meu peito. Aquilo ardeu, ardeu e um leve gosto de pipoca subiu ao ar. Eu sou completamente apaixonada por pipoca. Pensar nisso fez com que eu suspirasse lentamente, avaliando o estado dos meus pulmões. Tudo, ok. Com uma faixa de gaze embebida em néctar, apertei o tornozelo que já começava a inchar e passei pelos outros cortes do corpo. Ao invés de um horror, agora eu parecia uma múmia. Legal.

Olhei ao redor, um galho mais ou menos do meu tamanho não estava muito longe, peguei e o fiz de bengala para que conseguisse andar pelos próximos quilômetros ou caso alguma alma boa me desse carona.

Ergui um dedo para cima. Um carro parou. Um casal feliz sorriu como se fosse super normal encontrar uma mulher toda enfaixada no acostamento após a divisa de países. Como qualquer semideus que se preze, eu fiquei desconfiada.

— Olá, tudo bem? - Comecei devagar, logo, atuando. - Sabem, estava atravessando a ponte quando caí e torci o tornozelo. - Eles não precisavam saber que já estava quase curado. - Por isso acabei me arranhando toda. Poderiam me dar uma carona até San Matías? - Sorri irresistivelmente.

— Claro! - Respondeu a mulher super prestativa. Inegavelmente que eu estranhei um pouco mais. - Também somos mochileiros, sabemos exatamente o que é sofrer um pouco em sua viagem... - A mulher começou a tagarelar, enquanto eu sorria e me levavam até meu próximo destino.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.