Seis Meses Atrás

Ter a prima de volta foi uma das melhores coisas que aconteceu a Arkyn naquela semana, mas tão bom quanto ter ela por perto é ver a família toda reunida de novo. Por isso, pela primeira vez em muito tempo ele estava retirando o lixo do bar e levando-o até uma das áreas de recolha com ânimo.

Após perder a mãe ainda criança, a primeira pessoa da família de seu pai que ele conheceu. Não que ele tivesse conhecido o seu pai, apenas ouviu falar dele várias vezes.


Virando em mais uma viela do gigante labirinto comercial que é Knowhere o loiro percebeu que alguém o estava seguindo, alguém alto e de pele azulada, mas até aí ele não era tão diferente das pessoas que frequentavam aquele lugar. Além disso, não se pode esperar um alto padrão de pessoas numa cabeça de celestial morto.

— Oi garoto Arkyn — Cosmo, o cachorro com roupa de astronauta terrestre, cumprimentou o loiro.

Esse cão estava ali há muito tempo e se tornou amigo do garoto, pois esse o alimenta. O animal passou deixando o garoto só, foi nesse momento que algo bateu forte contra sua cabeça, o golpe foi forte o suficiente para deixá-lo atordoado, mas não o bastante para desacorda-lo.

Então ele sentiu uma picada em seu pescoço e aos poucos foi perdendo a consciência. Dois homens se aproximaram do corpo carregando a criança até uma nave e imediatamente partindo do local.

Apesar de não ter visto o ataque, Cosmo viu quando Arkyn foi colocada na nave, desacordado. Então o animal correu até o Bar "Star's Blood" onde Arkyn vivia com os primos, pelo fato do local estar fechado significa que Henno, o dono, está dormindo.

Como qualquer cão normal faria, Cosmo retomou seus instintos primitivos latindo sem parar até alguém aparecer.

Quando a porta se abriu, o labrador deu um salto usando seu poder e psíquicos dados a ele pela a cabeça do celestial aonde estavam, um golpe de machado foi a primeira coisa que surgiu quando a porta se abriu seguida por uma garota morena descalça usando uma camiseta comprida.

— Tesla, não sabia que tinha retornado — Cosmo disse abanando o rabo — fico feliz.

A morena suspirou vendo o animal flutuando na frente de sua porta — Oi Cosmo.

— Podemos conversar uns minutinhos?

Tenho escolha? ela se perguntou abrindo espaço para o animal entrar. A pedido do mesmo, ela acordou o primo arrastando-o até o bar.

— Então Cosmo o que aconteceu? — a Henno perguntou.

— Bem, Cosmo viu Arkyn ser levado por uma nave grande.

— O quê? — Os jovens perguntaram ao mesmo tempo.

— Cosmo viu Arkyn ser levado por uma grande nave — o animal repetiu.

Tesla olhou para o primo, e dentro de seus olhos azuis ela reconheceu a preocupação com o garoto. Arkyn é o mais novo entre eles, e o único com poderes que não controla também.
Henno não hesitou em começar a procurar os itens necessários para fazer um feitiço de localização. Tesla procurou pelas armas do lado de dentro do balcão. Quem quer que tenha sequestrado o mais novo iria pagar com a vida, e já que Henno se recusa a matar, seria Tesla a sujar as mãos novamente.
Cosmo se sentou próximo ao balcão da taverna e ficou assistindo os movimentos dos jovens. Henno e Tesla usando os seus poderes para localizar Arkyn.

Knock Knock Knock

Três batidas na porta chamou atenção dos três, era comum que alguns bêbados inveterados aparecessem tão cedo, mesmo com o bar ainda fechado em dias normais, porém esse dia já não era mais normal.

Henno caminhou até a porta com um machado em uma das mãos, mesmo não matando pessoas, o moreno sempre abria a porta com um machado para assustar qualquer possível bandido.

— Estamos fecha...

Henno voou para dentro do local batendo contra uma mesa, e caiu no chão gemendo de dor pressionando o lado direito das costelas.
Tesla pulou sobre o balcão enquanto mirava sua faca contra o homem que entrou pela porta. Cosmo correu até Henno, permanecendo ao seu lado enquanto Tesla lutava contra o invasor.

— Eu não faria isso se fosse você — mesmo com o rosto encoberto, Tesla reconheceu a voz da pessoa.

— Como você sobreviveu?

— Oras Tesla achou mesmo que a tropa vermelha iria tentar me matar?

— Você a matou — Não era uma pergunta que os dois sabia.

— Ela nunca nos foi útil — ele respondeu — não como você.

— Nada que diga me fará voltar — Tesla desafiou.

Ele sorriu — eu não preciso falar.

Ainda sorrindo ele mostrou um holograma refletido em seu escudo. Um homem de pele verde azulada tinha os braços em volta do pescoço de um garoto mais novo de cabelo louro.
A imagem faz o sangue dos jovens ferver, Henno xingou ao ver o primo, e xingou outra vez ao notar Tesla se usando como escudo para ele.

Aquela morena teimosa, provavelmente uma maldição da família deles, porque a teimosia estava no sangue. E ela nunca se prendeu a própria vida também. Henno respirou fundo enquanto se sentava, as costelas com certeza tinha se quebrado e mesmo o fator de cura levaria um tempo para restaurar ele.

— Solte-o — A morena respirou fundo tentando controlar sua vontade de acabar com aquele cara — e eu vou com você.

— Admirável — ele diz abaixando o capuz revelando os olhos dourados — mas não é o bastante.

— Heiko — ela disse com tom de advertência.

A única razão dela não ter explodido a cabeça dele a essa altura é por causa de Arkyn, e ambos sabiam disso.

— Realmente acredito que você irá comigo, porém se eu soltar o menino, nada te impedirá de me matar, e eu não sou um idiota.

Eu não vou tentar — ela se virou levemente para olhar para Henno — Nem ele.

Aquele maldito olhar de "Deixe comigo, eu resolvo" sempre deixou Henno furioso, porque ela não precisava fazer tudo sozinha, não precisava se sacrificar por ele ou por Arkyn, eles eram uma família, eles protegiam um ao outro. Mas ele nunca venceu uma discussão com ela.

— Não mesmo, porque se tentarem eu mato o garoto e a você — ele apontou para Tesla com um olhar assassino — agora vamos.


Atualmente

A nave pousou no centro do jardim, logo descendo com o piso entrando no esconderijo das naves. O hangar inferior está movimentado como sempre que há uma missão importante ou um ataque.

Heiko desceu de sua nave ignorando os soldados que conseguiram fugir com ele, o garoto de pele vermelha caminhou por todo o hangar até o elevador, subindo por vários andares até a enfermaria.

Uma enfermeira terrestre cuidou de seus ferimentos, dando pontos nos cortes e cobriu com gaze. Heiko assistia através de uma televisão notícias esperando que sua incursão seja noticiada.

— Saia — a voz grossa e firme assustou Heiko que pulou da maca, encarando o homem que acabara de entrar na sala.

A enfermeira fez uma leve reverência antes de sair, assim como as outras pessoas que estavam ali trabalhando. Heiko observou o homem adulto com o rosto semelhante a uma caveira com pele vermelha, o pai era um homem assustador e imponente.

— Majestade, meu pai — Heiko disse colocando as mãos nas costas — a missão foi...

— Um fracasso — ele interrompeu o filho — assim como você.

Heiko recuou um passo, sempre tentou ter a atenção do pai, fazer o grande rei se orgulhar dele, mas sempre que conseguiu, falhou em manter.

—Perdoe-me.

— Que diferença fará, você não conseguiu nem mesmo matar os gêmeos e agora revelou sua existência a eles.

Heiko abaixou a cabeça ouvindo os passos do pai pela sala, vendo os pés do homem à sua frente o fez tremer, mas ele tentou manter-se firme. Seu pai levantou seu rosto apertando o polegar na bochecha ferida, fazendo a dor retornar, forçando olhar para cima.

— É por isso que sou eu que mando aqui — o homem falou.

O rosto de Heiko foi solto quando um dos soldados entrou na sala, o homem baixo disse:

— Meu senhor, ela está de volta, com a encomenda — o Rei concordou dispensando o soldado.

— Quem me dera ela ser minha filha em vez de você, seu inútil — ele falou saindo da sala, deixando Heiko machucado de diversas formas para trás.

Heiko tinha muita culpa e cometeu erros, mas ele foi o único que conseguiu a confiança dos gêmeos, confiança essa que agora não existe mais, o que lhe sobrou foi uma cicatriz causada por um humano desprezível.

Sua missão de recuperar um item antigo e poderoso que está guardado no cofre dos Vingadores, ele não pediu autorização a ninguém, apenas reuniu alguns soldados e partiu. Nenhum deles nem pensaram em questionar o filho do rei, então ele não teve grandes problemas até chegar na sede dos "heróis". Se não tivesse sido gravemente ferida, eu teria conseguido. Heiko saiu da sala seguindo até a sala de reunião, o rei estava lá com a garota idiota.

Deveria ter te matado, ele pensou vendo a garota entregando uma caixa ao rei.

Da caixa o rei retirou um livro de capa negra e folhas acinzentados.

— Muito bem executora, pode ir.

Ela se curvou rapidamente e se dirigiu para a saída. Heiko a encarou, os olhos vermelhos dela e um sorriso de deboche. Ela saiu da sala sem dirigir a palavra ao príncipe.

— Entendeu agora? — o rei disse virando se ao filho — suas falhas são inúmeras, as dela são nulas.

Heiko engoliu mais uma ofensa, saindo da sala indo para seu quarto.

— Um dia Tesla, um dia eu te mato — Ele murmurou quebrando objetos de seu quarto, jogou os livros contra a parede e quebrou o abajur e abriu um buraco na parede — Um dia, todos estarão mortos e eu serei rei.

— Patético — ele ouve uma voz feminina.

— O que faz aqui? — Heiko perguntou ao ver a jovem morena de olhos vermelhos na porta de seu quarto — FORA.

— Gritar não faz diferença, lembre-se quando o rei estiver te dizendo o quão inútil você é, e o quão boa eu sou — ela sorriu perversamente — Lembre-se que estou aqui por sua culpa.

Heiko jogou o peso de papel contra ela, que desviou saindo do cômodo, deixando-o furioso.

Maldita hora que foi atrás da cadela do rei. Deveria ter matado ela como matou aquela tola da Makha. Com uma nova e brilhante ideia.

Vou ensiná-la a como tratar um príncipe.