— Não chega perto de mim — o grito quebrado deixa sua garganta de forma áspera, mas não faz nada quanto ao homem que se aproxima dela.

— Não precisa esconder seu lindo corpo — a voz cheia de malícia revirou o estômago.

Só então ela percebeu que estava tentando esconder seu corpo com os braços.

— Não me toque— ela gritou, ao ver a porta se fechar e o homem se aproximar.

Alto, musculoso, com barba mal feita enfeitando o horroroso rosto cheio de cicatrizes. O bolo que se formou em sua garganta subiu até sua boca quando o homem ficou próximo o bastante para que pudesse sentir o ar quente de sua boca em seu rosto. Ayla tentou se afastar, ordenou aos seus membros a se servir, mas o pânico tomou conta de seu ser e ela não podia se mover.

Ao sentir a mão áspera contra a pele de seu braço ela abriu a boca para gritar, mas o som não saía. Nada além do silêncio enquanto Ayla força seus pulmões. O suor molha o cabelo escuro, colando os fios em sua testa e as lágrimas brotam em seus olhos quando o tecido que cobre o corpo da morena é rasgado.

— NÃO

— Ayla — seu nome era nojento na voz daquele homem.

Ela recuou tentando achar uma fuga, mas ela estava presa no lugar.

— Ayla — a voz se tornou mais feminina, seu nome sendo repetido com mais urgência.

— Ayla — a voz de Skaar a faz se debater mais ainda, tentando lutar contra tudo o que estava ao redor.

Algo tocando sua pele, como garras se fechando contra seu braço, e ela pulou.

— Ayla acorde.

Sentando-se na cama abruptamente e ofegante, sua visão embaçada não reconhecia o lugar onde estava, mas a claridade do ambiente já era um grande contraste com onde ela estava.

Duas sombras ao seu redor, formas distintas, uma mais alta com e outra mais esguia.

O ar queimando enquanto tentava recuperar o fôlego. Sua respiração saindo em lufadas inconsistentes, sua cabeça latejando e seu estômago embrulhado.

Ayla engoliu em seco recostando novamente no colchão, as lágrimas queimando no cantos de seus olhos. Fechando-os, ela luta para não chorar.

Os dias que se seguiram à perda de controle de Skaar foram complicados, e os gêmeos notaram isso. Nick Fury mandava mensagens e agentes constantemente para falar ou prender os dois, enquanto Bruce e os outros vingadores tentavam ajudar de certa forma.

Eles conseguiram quartos separados mas que eram vizinhos, o que não mudou o fato de normalmente eles estarem sempre juntos, exceto enquanto dormiam. E isso fez com que os pesadelos de Ayla tivessem mais força. Mesmo tentando evitar que o irmão descobrisse seus atuais problemas, essa não é a primeira vez que ele e outro vingador a acordam e salvam-a de sua própria mente.

Da última vez foi a ruiva que chamam de Natasha que ouviu seus resmungos e gritos. Hoje é a outra, Wanda, que a encara com grandes olhos verdes muito preocupados para o gosto de Ayla.

Seu irmão está do outro lado da cama, sua expressão estranhamente neutra. Nunca é uma boa coisa quando ele fica assim. É quando ele está preocupado, confuso e com raiva, combinação que SEMPRE acaba em caos.

— Você está bem? — o moreno de aparência frágil, com tom de preocupação tenta novamente tocar o braço da irmã.

Sem conseguir falar, ela apenas balança a cabeça suavemente, enquanto a consciência afasta devagar às lembranças do pesadelo do qual acabará de acordar. O tremor em seu corpo ainda persiste enquanto ela tenta inútilmente se convencer de que realmente estava bem e que as lembranças não a afetaram.

Durante as últimas duas semanas, durante sua fuga e tentar convencer a seu irmão de que realmente estavam a salvo e que nada do que aconteceu naquele último dia de suas vidas em Sakaar não importava mais do que o fato deles estarem vivos e finalmente com o Hulk. Durante esse tempo muitas coisas rodeavam a cabeça de Ayla, coisas o bastante para esmagar o que aconteceu naquele quarto escuro. Mas agora, na segurança de um quarto completamente diferente, com a sensação de não estão tentando matar eles, ali naquele momento Ayla se desmanchou em lágrimas nos braços do seu irmão gêmeo, enquanto os soluços faziam o corpo tremer sem parar, ela podia ouvir mesmo que sem prestar atenção às vozes, ela não pode se sentir mais segura do que ali naquele quarto, nem mesmo se tivesse uma espada nas mãos e toda magia do mundo. Nada poderia ser mais tranquilizante e acolhedor do que aquele quarto naquele momento com seu irmão.

[...]

— Ela dormiu? — Bruce pergunta a Skaar quando esse saiu do quarto.

Cerca de uma hora e meia se passou desde que a morena começou a gritar, fazendo com que Bruce, o filho e Wanda pulassem de suas camas e corressem para o quarto da garota. Seja o que tenha sido o pesadelo, foi ruim e assustador o bastante para que Ayla não conseguisse falar, apenas chorar.

— Sim, ela dormiu — o garoto olhou para o pai, e em seus olhos Banner pode ver que ele também estava confuso e preocupado com Ayla.

— Ela não está bem — Wanda diz ainda encostada na parede ao lado da porta — ela parece exausta.

Skaar virou ligeiramente a cabeça para o lado, evitando o olhar daquela mulher, seus dedos batendo na pedra de seu colar escondida sob a camiseta. É mais um fato do que qualquer coisa que Ayla não estava bem, mas quão mal ela estava e ele, seu próprio irmão não conseguiu ver. Ela é sua gêmea, eles estavam juntos desde antes de nascerem, em um mundo cruel e perigoso que tentou matá-los a todos os passos do caminho de suas vidas, ainda assim eles estavam juntos, tendo um ao outro eles poderiam sobreviver a tudo. Ele deveria conhecê-la melhor do que qualquer um, mas claramente ele não sabia de tudo.

— Amanhã vamos conversar — Bruce diz com um suspiro cansado — sobre tudo.

Wanda se virou para Skaar, quando Bruce saiu. O garoto parecia preocupado com a irmã, encarando a porta fechada.

— Ela vai ficar bem ? — ele deixou escapar em um murmuro.

— Ela tem você — Wanda respondeu, Skaar se virou para encarar ela.

— Ela sempre terá a mim, mas como sabe que isso vai ajudar em algo?

— Experiência própria — diz ela — Também sou gêmea, e também perdi meus pais jovens, e só tivemos um ao outro por muito tempo. Você parece ser muito parecido com meu irmão. Você já estando do lado dele é o mais importante.

— Quem é o mais velho?

Wanda sorriu novamente.

— Pietro, não que eu tenha me importado muito com isso.

— É — ele se virou para a porta novamente, um singelo sorriso — ela também nunca ligou para eu ter nascido primeiro.

[...]

O tempo em Sakaar não foi o melhor de sua vida, porém ele ou melhor Hulk viveu muito bem como o Campeão do Gran Mestre. Todavia pelo pouco que ficou sabendo apesar de serem guerreiros/gladiadores os dois não viviam tão bem, estavam mais para escravos.

Sem conseguir voltar a dormir, Bruce decidiu dar uma volta pela base, um pouco de ar fresco talvez ajude a limpar sua mente.

Pode ter se passado quase uma semana desde a chegada dos gêmeos, e Bruce ainda não conseguiu ter uma conversa com eles, muito menos sabia algo real sobre eles, apenas especulações e teorias.

Os únicos fatos que ele realmente sabia é que ambos eram Gêmeos, filhos de Caeira — uma suposta ex amante de Hulk — eles foram gladiadores ou algo do tipo, e eles fugiram de lá com uma nave. Seus nomes são Ayla e Skaar, e apenas o garoto se transforma em Hulk por alguma razão, e é claro, Ayla tem pesadelos.

Sete fatos, é tudo o que ele sabe, nem a idade deles Bruce sabe a essa altura. E foi Bucky quem descobriu o nome deles primeiro. Que tipo de homem não sabe nada sobre seus filhos.

Tudo bem que nesse mesmo dia na semana passada ele não tinha filho algum, ou pelo menos não sabia que tinha, mas ainda assim.

Bruce respirou fundo o ar fresco, o céu começando a clarear sem nem mesmo ele notar. As coisas estavam completamente fora do seu controle, e ele tem que consertar isso, não dá para continuar levando um dia de cada vez e torcer pelo melhor.

Quando já estava amanhecendo, ele encontrou Clint na cozinha já fazendo café. Não era sempre que o arqueiro estava por perto, ele começou a passar muito mais tempo com a família desde o nascimento do Barton mais novo.

— Bom dia — Bruce disse entrando no cômodo — Sempre achei que só o Steve e a Wanda soubessem cozinhar por aqui.

— Pensei que seria o único a assaltar a geladeira — ele sorriu para o amigo — ouvi a sua filha gritar, ela está bem?

— Ela voltou a dormir, acho que foi algum pesadelo — o cientista suspirou — Não faço a mínima ideia do que fazer.

— Bem vindo ao clube Bruce — Clint falou abrindo os braços antes de voltar ao que estava fazendo — nenhum pai sabe o que fazer a maior parte do tempo.

— Para você é mais fácil, você tem uma esposa que te ajuda com as crianças — Bruce dizia enquanto brincava com uma maçã no balcão — eu os conheci a cinco dias, e eles já são adolescentes. Eu mal me lembro da mãe deles.

Essa foi a primeira vez que ele admitiria isso em voz alta, nunca sentiu esse medo antes nem quando começou a se transformar no outro cara, nem enquanto era caçado pelo ex sogro e metade do exército americano.

— O que eu faço?

Apesar de ser um tanto infantil de vez em quando, Clint é o único dentre os Vingadores que tem filho e no caso dele são três crianças, o mais novo nasceu pouco depois da luta em Sokovia contra Ultron, há uns quatro anos atrás. Então pedir ajuda para esse homem não é uma completa loucura.

— Para começar é importante sempre ouvir o que eles têm a dizer, mesmo que seja algo que você não queira ouvir e manter a calma.

— Certos e quando eles não quiserem falar mas eu preciso fazer perguntas?

— Pergunte sem forçar demais ou eles vão se fechar — o arqueiro disse — eles vão falar quando se sentirem prontos e confiarem em você.

Clint coloca no balcão uma caneca de café e um pedaço de torta que estava escondida na geladeira. Os dois comeram em silêncio enquanto Banner refletia sobre essa conversa. Aos poucos as pessoas começaram a entrar na cozinha procurando o que comer, antes de partirem para missões ou treinamento.

[...]

— O que aconteceu ontem? — Skaar perguntou depois de um longo tempo.

Eles estavam acordados há um bom tempo, ambos se limparam e sentaram no quarto dela até alguém avisar que o café estava pronto, como normalmente acontecia.

— Foi só um sonho ruim — Ayla disse sem levantar o rosto para olhar o irmão.

— Você realmente acha que eu não notei? — Skaar falou virando-se na cadeira ao lado da cama, sua irmã respirou fundo antes de encará-lo — sei que você não está dormindo muito bem.

As definições de "bem" para os dois é diferente da maioria das pessoas. Por exemplo, comer bem para as pessoas normais é algo gostoso, para ele é ter algo para comer. Dormir é algo que, para eles, não dura a noite toda, são apenas algumas horas de descanso que ambos revezam para ter. Ter um bom dia é não ter que lutar pelas suas vidas, ter boa saúde é só não estar com dor ou sangrando.

Ela não estava bem, mas ela também não está pronta para conversar sobre isso, suas noites mal dormidas e os pesadelos estavam começando a cobrar seu preço sobre ela.

— E isso é desde que fugimos — ele diz.

— Esperava que eu conseguisse dormir bem depois de tudo o que aconteceu naquele dia? — ela queria gritar e jogar na cara dele o que tinha sofrido, mas não o fez, por medo ou por vergonha ela não tinha certeza — E quem é você para falar qualquer coisa sobre meu sono?

Skaar a encarou tentando manter a calma, o pesadelo que a irmã tivera a abalou o bastante para ficar na defensiva. Isso não era um bom sinal.

—Não fui eu quem quase destruiu uma cidade por lembranças ruins.

—Então você admite que o seu pesadelo e gritaria são culpa de memórias! — Skaar cutucou o ombro da irmã.

Ayla pegou a mão do irmão, batendo-a contra a mesa de cabeceira e antes que pudesse piorar a situação ou machucar o irmão, a porta do quarto se abriu, era Wanda que foi chamá-los para comer.

[...]

— Sentem-se — o cientista pediu aos gêmeos,

Ayla caminhou até a mesa e sentou enquanto Skaar murmurava em outra língua, seguindo ela. Eles se serviram com a comida que estava sobre a mesa, enquanto Bruce observava eles começarem a comer.

— O que aconteceu com Sakaar? — essa conversa teria que começar de algum lugar.

Os gêmeos se encararam, Skaar recuou e deixou a irmã falar.

— Depois do Gran Mestre perder seu poder, o planeta viveu em paz por alguns anos.

— Um dia — Skaar prosseguiu a história — surgiu um homem de pele vermelha que supostamente salvou alguns vilarejos de um ataque. Ele tinha um bom papo e acabou se tornando o rei de Sakaar, não sei direito como éramos muito pequenos na época. Ele era chamado de Rei Vermelho.

Nossa mãe ficou doente e quando ela morreu os soldados do rei nos levaram para o palácio junto com várias outras crianças órfãs. Lá, o rei escolheu nossos destinos, alguns foram vendidos, outros viraram guerreiros e futuros soldados do rei, e alguns como nós dois se tornaram os primeiros gladiadores. Fomos treinados e alimentados para lutarmos contra criaturas de outros planetas dentro da arena.

— Ayla e eu nos tornamos os maiores campeões de todo, ganhamos alguns poucos privilégios. Depois de vários anos, mais duas pessoas se juntaram a nós, Makha uma garota um pouco mais nova que a gente e Heiko um cara da nossa idade. Nós quatro nos tornamos meio que uma equipe para lutar em determinados eventos que o rei criasse. Isso durou até fugirmos

— Como vocês conseguiram escapar? — Bruce perguntou quando Skaar parou de falar.

— Teve um evento — Skaar retomou a fala — Nós dois tivemos que lutar com dois irmãos que tinham os corpos constituídos por pedras, por isso eram chamados de Irmãos Rochas. A luta aconteceu...

— E nós perdemos feio — Ayla interrompeu o irmão — bem, tecnicamente tomamos só uma surra, mesmo assim foi ruim.

— Fomos levados a uma cela para nos recuperarmos. Quando acordei o planeta estava sendo destruído.

— Aparentemente um emissário apareceu e avisou que Sakaar deveria ser evacuada mas o rei não deu ouvidos ao que o cara disse e o planeta estava para ser destruído, Tesla abriu nossa cela sair da cela depois as de Makha e Heiko . Então corremos para o hangar onde as naves de batalhas estavam.

— Tivemos que enfrentar alguns soldados do rei no caminho — Skaar disse se levantando para pegar mais torta — não muitos pois a maioria estava com medo e também estavam querendo fugir.

— Pegamos duas naves, já que cada uma só cabiam duas pessoas — Ayla explica enquanto o irmão trazia-lhe outro pedaço de torta — Skaar e eu entramos em uma, Makha e Heiko em outra, Tesla disse que ia segurar o máximo possível as portas abertas para escaparmos. Quando conseguimos ligar aquelas coisas e começamos a sair do planeta, uma frota do rei apareceu atrás da gente.

— Atiraram nas naves — Skaar disse sentindo o ódio tomar conta de si — A Cadela do Rei, Tesla, atirou e explodiu a nave de Makha e Heiko . Aquela traidora desgraçada matou-os pelas costas. Se eu pudesse...

— Ela morreu junto com o planeta e o rei — Ayla disse, e por algum motivo que deixou Bruce desconfiado, ela não tinha tanto ódio na voz quanto o irmão.

"Ela está escondendo algo" Hulk disse dentro da mente de Bruce.

Sim, ela estava, na verdade os dois irmãos omitiram detalhes dessa história.

— Quem é Tesla?— Bruce perguntou.

— A cadela do rei — Skaar rosnou — era a executora do rei e ainda lidava com os escravos e os gladiadores.

— Ninguém gostava dela.

— Então por que vocês confiaram nela? — a pergunta era óbvia, se a odiavam por quê confiar.

— O planeta ia ser destruído, e ela matou alguns guardas na nossa frente para nos salvar — Ayla disse.

— E nos soltou, então fomos idiotas.

A admissão dessas palavras só faziam Skaar ficar mais zangado, se pudesse ele teria matado Tesla com as próprias mãos. Ela não só matou seus únicos amigos, ela matou o amor que foi apresentado a ele, a única coisa que fazia o tempo naquele lugar suportável, a única razão pela qual ele ia treinar sem reclamações, era só para vê-lo e agora Heiko está morto.

[...]

A lua ainda estava visível no céu quando Ayla e Makha treinavam juntas monopolizando o centro da sala de treinamento. A dois meses Makha aparecerá para ser um membro de uma nova equipe formada por Ayla e eu, e mais uma pessoa.

A garota tem pele roxa e o cabelo é azul, ela é espirituosa não tem como negar, além de ser otimista perante a tudo que nos aconteceu.

O barulho dos bastões se chocando enquanto elas desviavam, defendiam e atacavam uma à outra é o único som no lugar. Ainda jogado em um canto Skaar estava enfaixado as mãos antes de começar a treinar, quando a porta do lugar é aberta por um dos guardas que estão aqui para nos vigiar.

Tesla Skyler entra, ela é o executor do rei e em geral aparece para infernizar a vida deles com besteiras tentando os tirar do sério. Ao contrário do normal, quando ela aparece, dessa vez seus olhos estão pretos. Ayla comentou comigo uma vez, que os olhos dela mudam de cor dependendo do humor e do momento o jovem nunca notou. De qualquer forma, ela nunca é uma boa vista.

Logo atrás dela tem um garoto, ele é alto e tem olhos dourados lindos.

Skaar se levanta e isso chama a atenção das garotas que se viram para os visitantes.

— Esse é o novo e último membro da equipe — Tesla informa olhando para as garotas.

— Oi — o cara disse tímido, não deve ter mais de treze anos.

— Treinem — ela ordenou se virando para ir embora.

— Ela nunca está de bom humor — Makha diz vendo a porta se fechar, ela encara o novato — Oi, sou Makha.

— Meu nome Heiko — ele diz exibindo um pequeno sorriso.

Foi aí em que tudo começou, cada dia que passava Heiko se tornava mais parte da família. Sempre brincando ou consolando depois de algum problema.

De uma hora para outra ele se tornou importante para todos, e em especial para Skaar, tão importante quanto a sua vida ou a de Ayla. Mas o sentimento, esse é diferente, a vontade de estar ao lado dele é forte, protegê-lo, ver ele feliz e saudável.

Um dia Skaar se pegou pensando em algo que nunca fazia, o futuro, num futuro confortável e seguro, feliz, livre e com sua irmã, e lá estava Heiko no meio desse futuro com aquele sorriso e os olhos dourados, um sorriso só para Skaar. Isso o assustou muito na primeira vez, mas com o tempo deixou de ser estranho e se tornou apenas um desejo que ele lutaria para tornar realidade.

Foi antes de uma vitória particularmente difícil que ele recebeu um colar de Heiko, um que o garoto nunca tirava. O garoto vermelho disse que era para lhe dar sorte.

Numa noite quente depois de um treino cansativo e o aviso de que uma luta fora marcada para dali a duas semanas, Skaar sentado perto de uma parede quando Heiko sentou ao meu lado, passando alguns minutos conversando antes dele colocar a mão direita no rosto de Skaar passando o polegar pela têmpora e ao lado de sua orelha.

Heiko diminuiu a distância entre eles, parando a centímetros de distância, eles podiam sentir sua respiração do outro em seu rosto, um segundo antes de Skaar acabar com a distância de seus lábios. Aquilo foi a coisa mais apavorante, doce e prazerosa que eu já tinha feito.

E foi a primeira vez de muitas.

— Skaar?

O garoto se assustou ao olhar para a irmã. Ela e seu pai estavam conversando até alguns minutos atrás, quando ele se perdeu em pensamentos.

— Tudo bem? — Bruce perguntou, sua única resposta foi a cabeça do garoto balançando — Seu rosto está meio vermelho.

Bruce se esticou sobre a mesa para tentar ver se o jovem estava com febre, Skaar se inclinou para trás, longe da mão dele.

— Eu estou bem — respondeu olhando para longe — só estava distraído.

— Vermelhinho — Ayla disse cutucando a bochecha do irmão.

Skaar recuou novamente, e quase caiu da cadeira tentando desviar da provocação da irmã.

Ayla riu, sem lembrar da última vez que viu o irmão com uma cor além de cinza em sua pele.

— Posso fazer uma pergunta — pediu Skaar. Bruce concordou dando atenção ao filho —alguém se feriu naquele dia?

— Nada muito grave, mas sim, algumas pessoas se machucaram ontem.

Skaar abaixou a cabeça, ele andou pensando muito nisso nas últimas horas, não devia ter se descontrolado daquela forma. Não é como se ele fosse o rei do auto controle, ainda assim ele tem que melhorar sobre isso.