Culpar os seu primo pelo sequestro Arkyn foi inútil, na verdade quase destruiu o resto da família que os três construíram. O pior ainda foi descobrir quem era a culpa. Ela estava ali porque não conseguiu ser forte o suficiente, não conseguiu proteger sua família. Então ela voltou de cabeça baixa para servir ao desgraçado que mantinha seu primo cativo.

—Meu rei —Tesla disse adentrando a nova sala do trono do Rei Vermelho.

O homem cujo o rosto se assemelha a uma caveira com pele vermelha, estava recostado na última cadeira no final de uma enorme mesa com outras várias cadeiras vazias, a não ser por Heiko o filho do rei.

Heiko estava com um sorriso de deboche na cara, coisa comum para o fedelho, sorriso esse que Tesla adoraria arrancar juntamente com a cabeça do mesmo Duas horrorosas cicatrizes enfeitam o rosto dele, uma que vai da orelha direita até o canto da boca e outra que desce do olho direito até o pescoço cruzando com a primeira.

Uma coisa positiva sobre os tais vingadores é que foi um deles que fez essas cicatrizes. pensou Tesla.

— Quero vê-lo — a morena exigiu, recebendo olhares de desprezo e raiva em resposta.

— Você não cumpriu sua missão — Heiko falou — tem sorte de que não o matamos.

— Estou falando com rei, não com você.

Heiko se levantou irritado com as palavras da garota, ele deu a volta na mesa até chegar bem perto da morena. Com as mãos fechadas em punho prontos para uma briga.

— Meu filho pode lhe dar dois socos pelos seu comentário e depois você poderá vê-lo

— Mas pai — Heiko tentou falar, porém o rei levantou a mão o impedindo de continuar.

O garoto deu o primeiro soco no estômago de Tesla, trazendo de volta a dor lancinante que ela sentiu assim que acordou. Ainda com o corpo dobrado, ela recebeu o segundo soco, dessa vez no rosto. O desejo de quebrar o pescoço de Heiko nunca foi tão forte quanto agora, mas ela controlou a vida do primo ainda estava nas mãos do rei e ainda não havia uma maneira segura de tirá-lo daquele lugar.

Ainda não. ela pensou, tentando manter seus olhos na cor natural de verde. Não deixaria que eles percebessem que podem afetá-la.

Quando sua postura se tornou ereta novamente ela apenas olhou para o rei com falso desinteresse para o que o homem tinha a dizer. Um dos cientistas do rei entraram na sala com uma pasta nas mãos ignorance a presença de Tesla e Heiko , que apesar de ser filho do manda chuva da organização não tem a menor credibilidade com eles, principalmente depois de falhar em conseguir o Tesseract, uma fuga humilhante e trazer consigo um alvo na costa.

Testa mesmo tendo falhado na missão ainda tinha uma aparência humana o bastante para conseguir se esconder ao contrário de Heiko e seus olhos dourados brilhantes.

— Na verdade — o rei falou enquanto lia — Levem na ao sala de treino.

Dois soldados a seguraram pelos braços, não fazia sentido lutar afinal a vida de Bry ainda estava em risco, e se precisasse passar por uma sessão de tortura para mantê-lo vivo assim o faria.

Sala de Treino é para onde Tess é mandada para ser torturada pelos jovens soldados ou pelo próprio Heiko , disfarçado de treinamento.

Mesmo lutando todos os dias para não se tornar como seus pais, mas agora Tess realmente gostaria de arrancar a cabeça do rei e de seu filho.

[...]

Arkyn não sabia ao certo a quanto tempo estava ali, desde que foi tirado de sua casa em Lugar Nenhum e arrastado até a Terra, eram aplicadas a cada poucas horas uma injeção que impedia seus poderes de se manifestar, não que ele tivesse algum em especial como Henno e sua magia, ou Tesla e sua manipulação dos mortos, mas ele tinha uma força maior do que os moradores daquele planeta, menor do que os dos primos mas ainda algo significativo, mas aquelas injeções, seja do que forem o deixava exausto o tempo todo, sem força alguma para qualquer coisa.

Ele ficou tão feliz quando Tesla voltou para casa, ela tinha estado longe por meses, bem para ela se passaram anos, mas não fazia diferença, ela estava igual ao momento que saiu. Até Henno estava mais animado, e ele nunca mostrava muita animação, apenas preocupação e irritação.

O sons do lado de fora da cela está ficando cada vez mais alto, tirando o garoto de seus pensamentos. Normalmente aquele corredor era mais silencioso, mais barulhento quando os chamados enfermeiros apareciam.

O barulho da tranca e em seguida a porta se abre e algo é jogado para dentro, no meio da cela o faz levantar um pouco a cabeça do travesseiro. A porta se fecha de novo, diminuindo a luz do ambiente.

O murmurou irritado da pessoa pode, para ela parecer baixo, mas está bem mais alto.

Ele nota o longo cabelo preto antes dos olhos mudarem de branco para verde, e então os hematomas, os inchaços e o sangue seco por todo o rosto.

— Tesla — ele chama, saindo da cama e cambaleando até ela

Ela o olha nos olhos, antes de se levantar sobre os joelhos e o abraça.

Perder a noção do tempo ali dentro é muito fácil, por isso ele não sabia a quanto tempo ele estava cativo, ou a quanto tempo tinha a visto desde a última vez.

— Você está bem ? — ela perguntou, afastando-se um pouco, e analisando seu rosto por alguns segundos.

Ele assentiu lentamente e Tesla a puxou de volta para seus braços. Para alguém que não ligava para contato físico, a morena se deixava admitir que gostava de abraçar seus primos. Saber que eles estavam vivos e ao seu alcance a acalmava mesmo que minimamente.

Agora ela só precisava descansar, seu corpo ainda completamente dolorido pela luta com os Vingadores e pelas torturas na sala de treino. Aquilo não ia matar ela, mas a cansaram e desgastaram com o tempo.

— Você o viu? — Arkyn perguntou sentado no chão, deixando-a com sua cama.

Ela havia resumido o que tinha acontecido em sua missão mal sucedida, e tudo no que Arkyn se apegou foi no fato dela ter conhecido Thor e Loki.

— Eles não são grande coisa — a morena disse enfaixando o tronco na altura da costela.

O loiro se virou para a mais velha mirando seus olhos, ao contrário de Tesla, Arkyn nunca conviveu com qualquer descendente de Odin sendo ele um de seus pais ou tios, e quase tudo relacionado a eles o impressionava, como uma criança ouvindo sobre um herói antigo.

— O que faremos agora? — ele perguntou quando ela se deitou em sua cama.

— No momento, não sei.

Tesla fechou os olhos, estava tão cansada por todas as lutas, estresse, preocupações e demais problemas. Mas num lugar bem profundo em seu peito, ela estava feliz por ter conseguido salvar os gêmeos, quem sabe um dia eles não poderiam lhe ser útil.

A morena adormeceu rápido, sua mente se ocupando de imagens antigas.

Como sempre, em seus sonhos havia muito sangue que nunca era dela. A crueldade e brutalidade pareciam estar gravados em seu dna, desde de seu avô, seus pais e agora ela mesmo não conseguiu fugir disso por mais que tentasse.

As mãos dela estavam tão sujas de sangue que ela desistiu de levá-las a muito tempo.

Algumas vezes, certas pessoas merecem a crueldade. A frase surgiu em sua mente no momento que conheceu Heiko .

Sua mãe ficaria orgulhosa ao ver o que ela foi capaz de fazer em Sakaar ao matar dezenas de soldados fiéis ao Rei. Talvez seu pai ficasse decepcionado tendo a como fraca por não ter matado mais.

Que 'família' problemática eu tenho

Tesla poderia rir disso, afinal a família é muito estranha. Seu avô, O grande Odin, baniu todos os seus filhos em algum momento de suas vidas. Seus pais gostariam de dominar a galáxia e não tem menor problema em matar metade dela, por isso, tios problemáticos que têm filhos e largam eles por aí.

Tão irresponsável quanto Zeus a piada ficou famosa entre os quatro netos de Odin.

...: Tesla! — A imagem de um jovem aparecer em sua mente como se fosse um sonho.

Tesla: Henno

Henno: Como vocês estão? — dava para ver a preocupação nos olhos azuis dele.

Tesla: Vivos, frustrados e eu estou com uma pequena tendência assassina — o moreno riu.

Henno: Já tem um plano ?

Tesla: Preciso do Tesseract.

Henno: Por quê?

Tesla: Vai ser útil

Henno: Como exatamente ter seu pai atrás de você pode ser útil?

Tesla: Estou na Terra, ok? Acredite eu não quero meu pai atrás de mim, mas posso usar os nosso tio e a equipe dele para nós ajudar

Henno: Thor? Jura que seu plano envolve um dos itens mais perigosos existentes e o imbecil do nosso tio?

Tesla: Louco né? Minha loucura pode fazer grandes coisas.

Henno: Espero que consiga, porque seu plano é uma merda.

Tesla: Muito obrigado Henno.

Tesla abriu os olhos cortando a comunicação com seu primo. Henno podia ter um fundo de razão, afinal Thor nunca foi conhecido por sua inteligência e colocar a vida dos dois primos presos na Terra nas mãos do loiro não é exatamente a ideia ideal. O lado bom é que Tesla não estaria esperando ser salvo pelo tio, mas sim usá-lo para conseguir a liberdade.

Uma coisa de cada vez, primeiro ela precisava que seu corpo terminasse de regenerar. Depois teria que aguentar mais duas ou três missões antes de conseguir ter a chance de dar uma escapada longa o bastante para falar com aquele idiota.

Não valia a pena tentar falar com ele da última vez, aquilo só iria fazê-los dar-lhe mais atenção do que precisava. Arkyn ainda precisava dela mais do que ela precisa de ajuda.

Tesla viu no rosto do 'rei' a mesma expressão que antes era dirigida exclusivamente a Heiko , uma falha pode sujar seu nome de várias formas ali, mas ela nunca desejou estar ali, muito menos ser fiel ao rei. O que lhe resta é esperar e torcer para que nada pior aconteça com seu primo.

Os dois primos eram a única família que ela considerava, ainda tinha seus tios e pai, seus avós e a mãe estavam mortos e mesmo se estivessem vivos ela continuaria longe deles. Odin teve um dom todos os seus filhos além de banidos pelo próprio pai, ainda abandonaram os filhos em algum momento.

Irresponsáveis, é isso que todos os herdeiros de Odin são, incluindo ela mesmo.

Eles vão me pagar pelo o que me fizeram, todos eles Tesla pensou ouvindo a risada maníaca de seu pai em sua mente.

Ela abriu os olhos novamente sentando-se na cama, dobrou as pernas e as abraçou. Sentia vontade de gritar que nunca será como ele, mas ainda assim a vontade vinha e tudo o que podia fazer era resistir ao impulso.

[...]

Ayla estava em seu quarto fugindo novamente da maldita conversa sobre seu passado, a qual Natasha continuava tentando ter. A morena pegou um livro que encontrou na grande biblioteca a qual aparentemente só ela é Steve frequentavam. Aprender a ler não foi difícil para ela e o irmão como a maioria pensou, em duas semanas eles já conseguiam ler a maior parte das palavras.

Skaar abriu um pouco a porta do quarto da irmã colocando a cabeça para dentro.

— Podemos conversar? — ele questionou ainda do lado de fora.

— Vai insistir no último assunto ? — Ayla retruca sem desviar os olhos do livro.

— Já entendi, você não quer falar sobre aquilo ok eu aceito — ele responde com cara de derrota — é sobre outra coisa.

— Entra então — ela fechou o livro deixando-o de lado — mas esteja avisado, toque naquele assunto novamente e eu te coloco pra dormir pelo resto do mês.

Concordando, Skaar entrou no cômodo e se sentou nos pés da cama, o moreno coçou a nuca por um momento antes de começar a falar.

— Tava pensando por que a Tesla veio aqui.

— Roubar o Tesseract — Ayla respondeu dando de ombro. Já que foi isso que os adultos disseram depois que ela fugiu.

— Essa é a parte óbvia — Skaar disse, ele esticou a perna sobre a cama — mas porque ela precisaria disso?

— Skaar, o Rei Vermelho está vivo e na Terra. Ela é fiel a ele.

— uhm — ele recolheu a perna pensando sobre o que a irmã lhe disse — talvez você esteja certa.

Ayla arqueou a sobrancelha diante a palavra 'talvez', mas seu irmão a ignorou. Com uma despedida rápida ele

foi embora.

Talvez eu esteja certa? Eu estou certa, ela pensou retomando a leitura. Então porquê ela te salvou? A pergunta que nunca se calou, ou foi respondida. Por quê?

O quarto escuro, iluminado apenas por duas tochas que impedem que a morena tropece enquanto vasculha o lugar. Há uma grande cama com um lençol vermelho sangue bem no meio do cômodo, e uma janela cujo o vidro vai do chão até meio metro do teto.

Num canto perto da porta trancada tem uma mesa com garrafas com líquidos escuros que quase fez Ayla vomitar ao cheirar.

Bem o que a morena realmente queria é uma roupa para cobrir melhor o corpo, pois o vestido de cetim branco não passava da metade de suas coxas, e as alças finas fazia lhe sentir um frio estranho.

Por mais que tentasse encontrar algo, seja uma saída ou uma arma para se defender de seja lá o que pudesse acontecer ali e com ela. Apesar de sua força ser bem maior do que a da maioria das mulheres daquele planeta, a incerteza de o que poderia acontecer com ela principalmente com aquela conversa que teve com Tesla no começo da semana antes de ser presa no Silence Room.

"Se você não for mais capaz de satisfazer os desejos de distração nas arenas, será usada para satisfazer desejos primitivos dos nobres."

Isso ainda lhe causa arrepios muito ruins.

O som de metal contra a fechadura da porta, a fez saltar e ficar cem por cento alerta. A luz do corredor emergiu no quarto, foi aí que ela percebeu. Deveria ter lutado menos, obedecido mais as ordens de Tesla e dos outros.

"Não! Tudo que fiz foi sobreviver a esses desgraçados. Se tivesse abaixando a cabeça antes, se tivesse obedecido cada ordem como um cão seria igual a Tesla, ou estaria aqui a muito mais tempo?"

— Não precisa esconder seu lindo corpo — a voz cheia de malícia revirou o estômago.

Só então percebeu que estava tentando esconder seu corpo com os braços.

— Não se aproxime — ela quase gritou, ao ver a porta se fechar e o homem se aproximar.

Alto, musculoso, com barba mal feita enfeitando o horroroso rosto cheio de cicatrizes. O bolo que se formou em sua garganta subiu até sua boca quando o homem ficou próximo o bastante para que pudesse sentir o ar quente de sua boca em seu rosto. Ayla tentou se afastar, ordenou aos seus membros a se me servem, mas o pânico tomou conta de seu ser e ela não podia se mover.

Ao sentir a mão áspera contra a pele de seu braço ela abriu a boca para gritar, mas o som não saía. Nada além do silêncio enquanto Ayla força seus pulmões. O suor molha o cabelo escuro em sua testa e as lágrimas brotam em seus olhos quando o tecido que cobre o corpo da morena é rasgado. A mão dele se aproximou de seu seio, ela sentiu nojo, ordenou a seu corpo para reagir mas não funcionou.

Com um alto estrondo, a porta veio ao chão chamando a atenção do homem. Uma silhueta era tudo que deu para ver enquanto alguém entrava no quarto.

— Quem é você? — ele gritou ao perceber a espada na irregular em sua mão.

Uma espada em formato de raio.

— Tesla — Ayla sibilou.

O homem recuou arrancando um punhal apontado para a morena. Ayla não precisava olhar nos olhos da outra para saber que ela estava com raiva, uma energia negra fluía sobre seu corpo e podia ser sentida mesmo de longe. O homem puxou Ayla com o objetivo de usá-la como escudo, mas não conseguiu. Como se fosse uma mão algo o puxou para longe da garota.

Tesla caminhou calmamente até o homem caído do lado oposto do quarto. Ele tentou se levantar mas uma das pernas quebrou com o impacto. Tesla guardou a espada, abaixou e pegou a cabeça do homem, ele gritou agarrando as mãos dela enquanto a mesma apenas apertava lhe a cabeça.

Ayla permaneceu paralisada e em choque até ouvir os ossos se quebrando, olhando para a mais velha, a morena pode vê-la esmagando a cabeça do homem, um segundo antes de explodir, espalhando sangue e cérebro pela parede.

Tesla se afastou e tirou o casaco sujo que vestia. Ela jogou o no chão antes de caminhar até a cama e arrancar o lençol vermelho e jogou o sobre Ayla.

Quando sentiu o tecido em contato com seu corpo, ela despertou, piscando algumas vezes e finalmente mirando o rosto de Tesla.

— Vou te tirar daqui — Tesla disse esticando a mão e esperou que a mais nova a pegasse.

Ayla olhou para a mão e depois para o rosto da mulher à sua frente. Por tanto tempo ela odiou Tesla e agora ela não sabia mais de nada.

Agora ali estava Ayla, num quarto confortável próxima ao seu irmão, ao seu pai, e a pessoas que não querem machucá-la. Ainda assim, a pergunta persiste: por que ela me ajudou?