Os Filhos De Carlisle Cullen

Capítulo 2 - Os Harper e os Vulturi Tem Uma Conversa Amigável


Helen pousou suavemente no chão logo atrás de Harry que conversava com os vampiros fazendo diversos gestos com as mãos. Ela se aproximou deles de maneira lenta e silenciosa, seus olhos os fitavam com curiosidade. Harry não demorou para perceber a presença da mais nova a chamou para se juntar à eles.

A mulher mal teve tempo dar alguns passos, quando um corpo grande e forte se chocou contra o seu e braços musculosos a rodearem na forma de abraço bem apertado que a tirou do chão em um rodopio rápido.

— Oi, para você também Felix. — disse ela, correspondendo o abraço.

— Raio de Sol... — sussurrou ele, abraçando-a ainda mais forte. — Você não tem ideia de como é bom ver você.

— Me agrada vê-lo também, velho amigo. — falou, se desvencilhando do abraço assim que seus pés tocaram o chão novamente. — E por favor, não me chame de Raio de Sol.

— Desculpe Rory, é o costume sabe? — esclareceu ele, meio desajeitado passando a mão atrás da cabeça.

— Tudo bem, eu entendo. — assegurou, com um pequeno e sincero sorriso.

— Helen... — murmurou Demetri, chamando a atenção dela que desviou o olhar para ele de imediato.

— Demetri. — disse ela, de maneira seca com uma leve expressão de nojo. — Você parece muito bem! Como andam as coisas na Volterra?

— Você também me parece muito bem. — analisou. — As coisas na Itália estão mais agitadas do que eu gostaria, mas estamos conseguindo lidar bem tudo.

— Isso é muito bom. — concluiu.

Um silêncio constrangedor se instalou no local por alguns minutos, os qual Demetri não perdeu tempo e usou para examinar melhor a Harper.

Assim como seu irmão, ela não mudara nada em sua aparência física, continuava a mesma jovem de antes, não muito alta com um corpo "ampulheta". Seu tom de pele era pálido e brilhante como o de qualquer vampiro, mas ela não era tão branca quanto seu irmão, seus olhos cintilavam na coloração de um vermelho-vibrante. Sua face serena compunha de um nariz fino e lábios cheios cobertos por um brilho labial que os deixava levemente rosados.

Seu cabelo se encontrava solto e com uma tiara preta simples no topo da cabeça, ele era cheio e ondulado da cor de chocolate-amargo, além de medir pouca coisa abaixo dos ombros. Ela vestia botas escuras de cano curto, uma calça legging preta e na parte superior do corpo uma cropped preto de gola alta composta por mangas tão longas que se estendiam até a metade das palmas da mão dela e envolviam o polegar com o tecido.

Suas unhas estavam pintadas de branco e suas orelhas eram enfeitadas por um par de brincos com pedras azuis alongadas, Helen também usava colar com um pingente com outra pedra azul em formato de gota alongada e com os símbolos de olhos entalhados nas bordas e na base do acessório.

No dedo médio direito havia um anel grosso prateado com figuras de flocos de neve e uma lápis-lazúli escura e oval em um ótimo estado na parte superior do objeto, enquanto no médio esquerdo havia outro anel também grosso e de prata com um pedra oval vermelha e algo muito parecido com diversas chamas desenhadas no metal.

Já no anelar direito havia o mesmo acessório prateado, porém sem pedra alguma, apenas com desenhos de várias bolinhas interligadas por linhas em todo a superfície enquanto o anelar esquerdo se encontrava com outro dos mesmo tipo contudo com detalhes em espiral.

— Okay! — pigarreou. — Que tal nós entrarmos para discutirmos o motivo de vocês do clã Volturi estarem aqui?

— Eu apoio essa ideia. — afirmou Helen, indo até a porta da casa e a abrindo. — Os negócios sempre vem em primeiro lugar. Venham, podem entrar cavalheiros.

— Primeiro as damas. — replicou Felix.

Helen apenas deu de ombros e entrou na casa sendo seguida pelos dois Volturis e Harry atrás deles. Eles subiram as escadas da casa sem pressa rumo a pequena biblioteca particular dos Harper.

O cômodo tinha três grandes estantes de livros, uma em cada parede, no centro na sala havia um tapete retangular com uma mesinha circular em cima. Havia um porta canetas e um vaso de flores repleto rosas brancas no centro da mesa e ao redor haviam dois sofás de dois lugares nas laterais e um sofá de três lugares virado para varanda todos da cor bege.

Ao lodo dos sofás haviam mesas de cabeceira brancas com um abajur em cada uma delas, as luzes deles estavam acessas dando um tom de iluminação quente para o local. Por último, haviam duas poltronas ao lado de ambas as luminárias dos sofás pequenos. Sem mais de longas, eles se acomodaram e iniciaram sua reunião.

— Então nos digam, o que os traz aqui afinal? — indagou Harry.

— Bom, de forma resumida Aro precisa que vocês sejam testemunhas de um crime. — esclareceu Demetri.

— E qual crime seria esse? — perguntou Helen, acomodando-se melhor na poltrona bem ao lado do sofá onde seu irmão havia sentado.

— E quem o cometeu? — acrescentou Harry.

— Um clã cujo o líder já pertenceu aos nossos, quebrou uma das mais importantes regras de nossa sociedade e criou uma criança imortal. — explicou Felix.

— Tem certeza disso? — interrogou Harry, inclinando-se um pouco para frente.

— Absoluta! — afirmou Demetri. — Segundo nosso mestre, os pensamentos da testemunha não mentem.

— Uma criança imortal é, isso pode ser um problema. — refletiu Helen, cruzando os braços e as pernas. — Entretanto, sei que os Volturi tem total capacidade de lidar com uma situação como a essa, então por que vocês estão aqui.

— Bom, em uma situação normal, sua suposição estaria correta. — constatou Demetri.

— E o que teria de anormal nesse evento? — questionou Harry.

— Ao que parece, o líder do clã tem muitos amigos espalhados pelo mundo e os está reunindo para nos confrontar. — respondeu Felix.

— E quem seria esse homem com tal audácia, a ponto de desafiar a realeza do mundo vampiro dessa maneira? — interpelou com um toque de ironia em sua voz.

— Um vampiro chamado Carlisle Cullen e seu clã, são aqueles que estão ousando nos desafiando. — declarou Demetri.

Por alguns minutos, o silêncio apossou-se da sala em que estavam, nenhum dos gêmeos proferiu uma palavra, eles apenas trocaram olhares sugestivos, chocados e de certa forma preocupados com um toque de desconfiança. Eles haviam ouvido direito o que o rastreador do outro lado da sala havia dito? Carlisle Cullen havia criado uma criança imortal? "Absurdo!", foi o que pensaram. Pelo que conheciam daquele homem, ele fazer algo assim era impossível.

— Perdão? Acabou de nos dizer que Carlisle Cullen, um ex-membro dos Volturi que só bebia sangue animal, porque se recusava a matar seres humanos e ainda por cima era médico com a única e exclusiva intenção de ajudar as pessoas, criou um ser tão instável e perigoso como uma criança imortal? — indagou Helen descrente.

— Não esqueça da parte que ele também está reunindo um batalhão para nos enfrentar e defender a criança! — acrescentou Felix.

— Desculpe, mas isso beira o absurdo! — exclamou Helen, incrédula.

— Pelo o que Marcus nos contou sobre ele no tempo em que estivemos na guarda, essa cara não era tipo um santo em pele de lobo? — perguntou Harry.

— Aparentemente, ele não é tão santo quando Marcus pensava! — comentou Helen ainda meio atordoada pela informação que recebera.

— Sim, por isso viemos até vocês. — declarou Demetri. — Apesar de nossas diferenças e desavenças passadas, os metres gostariam de pedir que aceitassem a proposta de serem testemunhas desse crime e se juntassem a nós na ida a Forks para punir os Cullen e seus aliados.

Os gêmeos não estavam nenhum pouco surpresos com o convite que receberam, já haviam feito parte da guarda antes, por isso sabiam dos procedimentos feitos por Aro e seus irmãos. Procurar uma plateia para acompanhar o caso estava entre os primeiros itens da lista deles, mas o que martelava na cabeça dos Harper era o motivo de terem vindo justamente até eles.

Ambos se perguntavam se a justificativa de tal ato era algum plano de Aro para fisga-los e os prender a guarda de alguma forma. Talvez, eles tivessem finalmente descoberto como furar o escudo de Helen e a proteção de um dos anéis de Harry e liga-los à eles. Era difícil saber, quando o assunto era os Vulturi tudo era possível.

— E por que deveríamos aceitar? — inquiriu Harry, arqueando uma sobrancelha. — Não me entenda mal Demetri, mas da última vez em que eu estive na Volterra, Caius parecia não querer me ver nunca mais! Nem mesmo pintado de ouro!

— Sim, é verdade. Mas, — ele foi interrompido por Harry.

— E devido aos acontecimentos com a minha irmã no período em que me ausentei nos Volturi, o que o faria pensar que nós aceitaríamos ajudar vocês nisso? — perguntou sério, encarando as duas figuras em sua frente friamente.

— Eu disse que eles recusariam. — sussurrou Felix para Demetri, que estrava sentado no sofá ao lado de sua poltrona.

— Se sabiam que recusaríamos sua oferta, por que vieram até nós? — interrogou Helen. — Tem algo que não estão nos contando que deveríamos saber?

Os dois frios se entre olharam e Demetri disse:

— Se querem mesmo saber...

— E se for o preciso para que aceitem vir conosco, — continuou Felix — contaremos o que for necessário.

— Começando pelo motivo de termos vindo até vocês. — terminou Demetri.

— Muito bem, podem começar não temos a noite inteira. — declarou Harry.

— A princípio, nós não tínhamos a intenção alguma de vir até vocês, então como ordenado, eu, Felix e Afton fomos atrás de Jack Harper, seu criador. Fizemos à ele o mesmo pedido, contamos sobre Carlisle, sobre o batalhão e sobre o nosso conflito com os Cullen, porém ele recusou a proposta e disse para virmos até vocês. — contou.

— Por que? — perguntou Harry.

— Bom, ele falou que estava sem tempo para tratar desse assunto e também disse que nossa situação interessaria mais a vocês, já que gostam de um drama acompanhado por uma boa luta! — acrescentou Felix, divertido. — Palavras dele, não minhas. — Ergueu as mãos na altura da cabeça com as palmas viradas para frente como se estivesse se rendendo. — Nós mal tivemos tempo de contradize-lo e ele havia ido embora da ponte onde o encontramos. Então, Afton foi informar os mestres sobre o ocorrido e eles nos enviaram uma carta dizendo para fazer o que Jack sugeriu, por isso viemos.

— Entendo. — assentiu Harry. — Contudo, tem algo que não nos contou ainda.

— E seria? — indagou Demetri.

— Qual é o drama entre vocês e os Cullen? — perguntou Helen com curiosidade.

Por alguns segundos nenhum dos dois disse nada, até que Feliz tomou a frente e respondeu de maneira vaga:

— Digamos que essa não é a primeira regra que o clã de Carlisle quebrou.

— Ah não? Então eles tem um certo histórico com vocês. — disse Harry.

— De fato. — concluiu Demetri.

— Conte-nos mais. — pediu Helen.

— Um dos filhos de Carlisle, Edward Cullen se apaixonou por uma humana chamada Bella Swan. — contou Felix com desgosto. — Ele se recusou a transforma-la, o que infringi a primeira de nossas regras sobre manter a invisibilidade de nosso mundo.

— E quando Edward pensou que sua amada estivesse morta, ele veio até nós querendo morrer também, mas o mestre se recusou a mata-lo pela crença de que a humana estivesse morta e o problema terminado. — continuou Demetri.

Os gêmeos prestavam extrema atenção em cada palavra dita pelos vampiros, já fazia muito tempo que eles haviam decidido esquecer e apagar qualquer ligação que tivessem com Carlisle, por isso não sabiam praticamente nada sobre sua vida atual e estavam de certa forma intrigados com os presentes acontecimentos.

— Mas adivinhem só? Ela não estava morta! — disse Felix com empolgação.

— Não diga! — falou Helen em tom de surpresa, descruzando os braços e levando as mãos a boca.

— Pois é! Na verdade ela viajou de Forks, a cidade onde ela morava, e foi até a Itália para impedir que ele se matasse. Aí pronto, a casa caiu e eles foram levados a julgamento. — contou com uma animação excessiva. — Foi então que descobrimos que Edward era um telepata, mas por algum motivo não conseguia ler os pensamentos da namorada, dessa forma Aro tentou ler os pensamentos dela e também não conseguiu, aí Jane tentou usar o dom dela e também falhou! E aí, — Felix fora interrompido por Demetri.

— Basta, Felix! — ordenou.

— Ah qual é! Agora que a história ia ficar boa! — disse ele, claramente decepcionado por ter sido cortado pelo amigo. — Eu estava quase chegando na parte em que dou uma surra naquela calopsita reluzente!

Demetri revirou os olhos e os Harper riram com o apelido dado por Felix ao telepata.

— Fascinante! — exclamou Helen encantada com o breve resumo de Felix. — Por acaso ela se tornou vampira?

— Pelo que sabemos sim. — respondeu Felix.

— Esse me parece um motivo aceitável para Aro ter ordenado que vocês viessem até nós. — refletiu Harry consigo mesmo, colocando a mão no queixo. — Já que ela é vampira agora, é bem provável que seu dom seja algum tipo de escudo bem poderoso, já que se tornou imune aos dons de Aro e Jane, além de não sabermos a real extensão de seu poder. Isso realmente pode dificultar as coisas...

— Correto. — concordou Demetri.

— Do batalhão, eu imagino que vocês Vulturi poderiam dar conta deles sozinhos, mas com essa garota no meio, sua vitória não é tão certa. E creio que se esqueceram do pequeno detalhe de não saberem quem são os aliados dos Cullen, pode ser que eles tenham dons poderosos ou não. — acrescentou Helen. — Isso me parece uma nuvem de mistérios.

— E nós somos o trunfo dos Volturi caso esses mistérios revelem-se perigosos o suficiente para tirar as coisas do controle. — analisou Harry soltando um riso sarcástico.

— Essa é uma forma de ver as coisas, mas se eu fosse você não me superestimaria tanto assim Harry. — alertou Demetri.

— E por que não? — perguntou ele. — Eu, nós somos poderosos Demetri, e seus líderes sabem disso e sabem do erro que cometeram quando nos destrataram na última vez que nos viram.

— Não seja tão arrogante Harry! — advertiu Helen. — Mas, eu concordo com ele. Nós somos fortes. Nossas habilidades e objetos mágicos, nos permitem fazer coisas incríveis.

— Sei bem disso Helen. — falou Demetri. — Isso é tudo o que eu tenho a dizer a vocês, agora me digam virão conosco ou não?

Helen olhou para Harry e colocou sua mão sobre a dele.

"Diga á eles que vamos pensar a respeito por algumas horas! Temos algumas coisas a discutir sobre essa situação", ela transmitiu seu pensamento por meio do que para Harry que assentiu concordando com ela.

— Nós precisamos pensar Demetri, por pelo menos algumas horas. — estabeleceu. — Eu e minha irmã temos algumas coisas a discutir sobre esse assunto.

— Enquanto fazemos isso, você e Felix podem se alimentar na região. Devem estar com fome da longa viajem que fizeram até aqui, e tem uma cidade não muito longe, eu e Helen estávamos lá pouco tempo antes de vocês chegarem aqui. É fácil de encontrar, basta seguir as luzes e o cheiro de sangue-humano. — sugeriu Helen, com um sorriso mínimo.

— Parece bom para mim! — declarou Felix levantando-se e se espreguiçando. — Eu estou mesmo com fome! E quanto a você Demetri?

— Essa não parece uma ideia ruim. — concordou.

— Ótimo! — exprimiu Helen, levantando-se rapidamente e batendo palminhas. — É melhor irem logo! Quanto mais rápido forem, mais rápido eu e Harry discutiremos e mais rápido tomaremos nossa decisão.

— Eu os acompanho até a porta. — disse Harry levantando-se.

— Felix, pode ir na frente. — disse Demitri. — Tem uma coisa que eu gostaria de falar com Helen... — ele deu uma pausa. — em particular.

Harry arqueou a sobrancelha e o encarou com desconfiança. Por sua vez, Helen apenas colocou a mão sobre o ombro do irmão e fez um sinal como se disse "Está tudo bem, pode ir" e o mais velho assentiu, ele e Felix se retiraram da sala conversando abertamente sobre os velhos tempos.

— Eu também gostaria de falar com você Demetri. — admitiu, e os olhos do vampiro brilharam. — Tenho perguntas sobre o caso.

— Ah, claro. — concordou. — Eu imaginei que tivesse.

Ouvindo os passos e as vozes de Felix e seu irmão, ela presumiu que eles já estivessem no andar de baixo, saindo da casa, então Helen segurou o colar que estava em seu pescoço e depois disse:

— Felix não pode nos ouvir agora.

— O que você fez?

— Eu causei a ilusão de silêncio, portando ele não pode nos ouvir. — explicou.

— O velho e bom colar ilusório de Helen Harper. — ele riu. — Devo admitir que é sempre muito bom.

— E muito bonito também. — acrescentou mexendo na peça.

— Então... — pigarreou. — Sobre o que quer falar?

— Quando meu tio falou para que viesse até nós, você apoiou a ideia? — perguntou parando com a mão quieta no colar e olhando para um ponto qualquer entre o chão e a parede atrás de Demetri.

— Sim. — respondeu.

— Por que? — Virou-se e andou em direção a porta de vidro que dava para a varanda parando bem perto dela.

"Porque eu queria ver você", foi o que ele pensou em responder, mas não foi o que saiu de sua boca.

— Porque eu suspeito que a criança dos Cullen não seja vampira... — contou. — Pelo menos não totalmente.

— Sendo o único membro da guarda Volturi que sabe sobre a minha espécie, eu imagino que tenha chegado a essa conclusão considerando o histórico dos Cullen, correto?

— Bom, eu não sou idiota. Um vampiro que se apaixonou e casou-se com uma humana e de repente surge evidências de uma criança como poderes de vampiro, então eu pensei "Quais seriam as chances?". — explicou ele.

— Fez bem em vir até nós Demetri.

— Eu sei, e acho que viria de qualquer jeito ou mandaria uma carta pelo menos. Sei como preservar o segredo da sua espécie é importante para você.

— Obrigada. — agradeceu.

— Se essa criança, for mesmo uma híbrida o que vocês farão? — indagou.

— Isso é algo que cabe a meu irmão e eu discutirmos. — respondeu ríspida.

— Imagino que sim.

— Poderia chama-lo para mim?

— Sim, claro. É só que...

— O que Demetri? — revirou os olhos.

— Ainda está muito brava comigo?

— O que você acha?

— Eu acho, Raio de Sol, que você poderia no mínimo me olhar nos olhos enquanto falamos! — exclamou.

Helen virou-se de supetão e andou até Demetri o encarando.

— Quer que eu o olhe nos olhos? Tudo bem! — concordou irritada. — Em primeiro lugar, para você é Helen! Em segundo, eu estivesse em uma sala com você, Caius que é um dos vampiros mais odiosos, desprezíveis e egoístas que eu já tive o desprazer de conhecer, Adolf Hitler e eu tivesse uma arma com duas balas junto a um isqueiro, eu com certeza atiraria em você duas vezes e ainda te queimaria você vivo, porque balas não matam um vampiro! E em terceiro lugar, vai para o inferno Demetri!

— Se já acabou o seu discursinho, eu acho que você poderia parar de agir como uma criança birrenta e lidar com as coisas como uma adulta madura.

— Estranho, eu não me lembro de ter perguntado a sua opinião.

— Viu! É disso que eu estou falando!

— Foi você quem entrou com esse assunto totalmente desnecessário para começo de conversa! — acusou apontando o dedo na cara dele.

— Porque eu pensei que pudéssemos resolver nosso assunto pendente direito, já que da última vez que nos não — ele foi cortado.

— Não temos nada para resolver! Você deixou tudo bem claro da última vez! E eu também!

— Raio de Sol, eu-

— Não nos vemos a mais de 20 anos, não me trate por esse apelido idiota que você criou nem como se tivéssemos algum tipo de intimidade!

Demetri baixou a cabeça e disse:

— Como você quiser, Helen.

— Ótimo, porque essa conversa acabou! — finalizou. — Saia desta sala e chame meu irmão...

Ele tentou contestar, mas recebeu um olhar frio e cortante sendo sucedido por um estrondoso "Agora!" da mulher. Sem mais demora, ele apenas saiu do cômodo e avisou Harry seguindo o pedido de Helen antes de partir como Felix para poder se alimentar.

— Pediu para me chamar irmã?

— Sim, nós precisamos conversar. É urgente!

— Uou, o que aconteceu? Tem algo de errado? Você está nervosa? — interrogou.

— Nervosa? Eu? Por que eu estaria nervosa? — questionou freneticamente.

— Bom, você não para de mexer no seu colar. — apontou. — Você normalmente faz isso quando está exaltada, nervosa ou estressada, então o que foi dessa fez?

Helen suspirou e tirou a mão do colar se dando por vencida.

— Aquele idiota do Demetri. — admitiu.

— Ah o que ele fez?

— Abordou um assunto desnecessário, que me trouxe lembranças e sentimentos desagradáveis. — disse ela, sentando-se no sofá mais próximo.

— E você lidou bem com isso? — Sentou-se ao lado dela.

— Bom, eu mantive a cabeça em pé e os nervos sobre controle. — deu um sorrisinho. — Na medida do possível é claro.

— É assim que se fala. — sorriu de volta e tocou o queixo da garota. — Agora me diz, o que mais além de Demetri está te deixando nervosa.

— É sobre a criança.

— O que tem ela?

— Você sabe. — falou. — Eu sei que também cogitou essa possibilidade, essa criança ela pode- — Helen travou a fala.

— Pode ser uma de nós. — concluiu.

— Sim...e essa possibilidade me deixa... — A híbrida passou as mãos no cabelo em sinal de nervosismo.

— Assustada? Nervosa? Com medo de que algo de ruim possa acontecer?— perguntou e ela assentiu. — Mas ao mesmo tempo feliz? Feliz, por não ser apenas nós contra o mundo? Feliz por não estar sozinha?

— Eu nunca ficaria sozinha. — replicou o encarando. — Eu tenho você.

— E eu tenho você.

— Mesmo assim... — começou.

— Mesmo assim você odeia o fato de termos tanto uma ligação psíquica quanto emocional, a qual é o motivo de eu conseguir saber suas emoções antes de você me contar. — completou ele.

— Eu acho que eu deveria ocultar o meu elo de vez em quando sabe? Para te dar um pouco de paz das minha emoções.

— Ah não esquenta com isso irmã.

— Eu acho muito interessante que esse negócio do mito que gêmeos sentem o que o outro sente no nosso caso seja real! — comentou sorrindo. — Eu sei que as vezes pode ser chato e meio cansativo, mas ainda assim é muito legal!

— É, é legalzinho. — disse. — Vamos voltar ao assunto principal, a criança.

— Por acaso você teria alguma ideia do poderíamos fazer para resolver esse problema?

— Bom, nós poderíamos recusar os Volturi e ir até os Cullen oferecer nossa ajuda. — sugeriu.

— O que? Não! De jeito nenhum!

— Calma, foi só uma sugestão!

— Uma péssima sugestão!

— Ah é? Então o que você sugere hein espertão? — disse Helen, cruzando os braços.

Harry parou por alguns momentos e analisou suas possibilidades, ir até o Cullen ou aceitar a proposta dos Vulturi, não existia meio termo ou quem sabe exista.

— Já ouviu o ditado mantenha os amigos perto e os inimigos mais perto ainda?

— Os Volturi não são nossos inimigos.

— Considerando as circunstâncias, eu diria que eles são sim. Por isso, eu sugiro que aceitemos o convite deles para que possamos ficar por dentro de seus planos e saber a melhor maneira de agir.

— Certo, até aí tudo bem. Contudo, ainda precisaremos saber se a criança é uma híbrida ou não, e ir até os Vulturi não nos trará essa resposta.

— Eu sei, mas-

— Não existe esse "mas", Harry nós precisamos dessa resposta! Eu estou de acordo com o seu plano, porém antes de tudo temos que pensar em nós mesmos e saber pelo o que estamos nos arriscando e se vale mesmo a pena fazer isso. — falou cruzando os braços e levantando-se. — Eu sei que a probabilidade dela ser como nós é extremamente alta, porém se existe uma pequena possiblidade de estarmos errados temos que saber!

— É você tem razão. — disse abaixando a cabeça em ressentimento. — E eu sei que você está certa e que a única maneira de confirmarmos nossa teoria é conhecendo aquela criança, ou seja indo até ele.

— Oh então esse é o problema, você não quer vê-lo. — Helen abaixou-se na frente de seu irmão.

— Bom, sim. Não sei se estou pronto para encara-lo. Você já encontrou antes, como ele era? — Harry levantou a cabeça para encarar a gêmeos.

— Ele era... — ela deu uma pausa como se tentasse se lembrar da única vez em que viu seu pai pessoalmente, a pouco mais de vinte anos atrás. — Um homem loiro, alto, gentil e educado de aparência um pouco mais velha que a nossa, com um esposa bonita e doce, tinha filhos... — Helen engoliu seco e seus olhos começaram a ficar marejados. — E uma família...ele tinha uma família feliz.

— E nós não estavamos incluídos no pacote, não é mesmo. — soltou um riso sem graça. — Não sei se estou pronto para isso, vê-lo, olhar nos olhos dele, ajudar o homem que virou as costas para nós e nos abandonou quando estávamos apenas no ventre de nossa mãe. — Harry cerrou os punhos.

— Harry, me escuta. — Helen segurou as mãos de Harry e as juntou. — Nós não estamos fazendo isso por ele, estamos fazendo por nós, pela nossa espécie e pela criança que não tem culpa de nada do que aconteceu conosco. E para que tenhamos sucesso nessa missão eu preciso pedir irmão. — Helen deu uma pausa e Harry levantou a cabeça para encara-la. — Não fique remoendo o passado, irmão. O que aconteceu, já aconteceu e nós não podemos mudar isso, mas podemos mudar o futuro, juntos."

— Então está decido, vamos misturar os dois planos. — declarou. — Nós vamos nos juntar aos Vulturi e também vamos conhecer os Cullen.