Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya

Sétimo Sentido! A Essência do Cosmo


A fúria despertada pela morte de Xiaoling incitou os ânimos de todos, de modo que jogaram-se na face do inimigo sem qualquer ideia do que esperavam. Marcharam decididos e resolutos para uma armadilha terrível; um terrível engano, talvez. Cega de ira e enganada por um presente misterioso, Saori caiu aos pés da Casa de Áries atravessada por uma Flecha de Ouro.

Seu corpo esparramado no chão com seu vestido branco e seus membros enfaixados. Alice ajoelhada segurando sua mão, enquanto seus olhos retorciam-se de qualquer que fosse a dor que lhe feria o espírito. O maravilhoso Báculo de Ouro, que não era outra senão a manifestação de Niké, permanecia ereto sem apoio algum ao seu lado.

Assim a deixaram, com o peito pesado; quatro jovens que dependiam uns dos outros para poderem seguir adiante e cumprir uma missão enorme: salvar Atena.

Seiya, Shun, Hyoga e Shiryu desataram a correr por escadarias largas monte acima. Colunatas se erguiam dos dois lados das escadas enquanto subiam até um Templo que se assomava adiante.

Shiryu podia sentir a frustração de seus amigos e, em particular, de Seiya, que pisava duríssimo nas escadas recortadas na pedra. O que poderia ter sido um reencontro feliz, imediatamente havia se afundado na desgraça; primeiro com o falecimento da pequena Xiaoling e agora com a queda de Saori.

— O primeiro templo é a Casa de Áries. — anunciou Shiryu para seus amigos. — Temos uma poderosa aliada ao nosso lado.

As escadarias eram mais longas do que imaginavam e, embora o Templo estivesse à vista, perceberam que as curvas que faziam no monte eram mais distantes do que pensaram antes. Saltaram adiante para ganhar tempo e em breve chegaram todos à um platô em que as escadarias se acabavam; adiante, um templo enorme se levantava.

Diferente das ruínas do Santuário e até mesmo das escadarias que subiam, aquele Templo era absolutamente imaculado; uma construção antiga, ainda com todas as suas colunas preservadas, uma fachada aberta e um bonito domo de cristal no alto.

Seus passos irromperam pelo interior da Casa ecoando no mármore brilhante desenhado em mosaicos no chão. Colunas seguravam um teto altíssimo onde, em seu centro, reinava um domo maravilhoso de puro cristal. E a luz do sol que vigorava no exterior iluminava aquela área central do templo de maneira belíssima. Havia também cantos escondidos na escuridão, pois o templo era enorme.

Ao chegarem debaixo do domo de cristal, no entanto, não encontraram absolutamente ninguém. Estava vazio.

— Não há ninguém aqui, Shiryu. — comentou Seiya e, de verdade, até mesmo Shiryu parecia perdida.

— Mestre Mu! — gritou Shiryu, ecoando sua voz pelo templo.

Shun olhou para Seiya confuso, pois eles conheciam Mu de Jamiel.

Enquanto procuravam na escuridão do templo a presença de qualquer pessoa, Seiya tornou-se impaciente.

— Não podemos perder tempo aqui, vamos seguir adiante. — falou Seiya.

Mas nesse instante, no centro do Templo, onde a luz do sol iluminava com força atravessando o domo de cristal, uma manifestação de ouro surgiu, distorcendo a matéria ao redor. E, quando piscaram, surgiu ajoelhada uma figura imponente de ouro refletindo a luz do sol.

A armadura brilhante, com detalhes curvilíneos em tons de um ouro mais claro por toda a proteção dourada. Uma capa branca nas costas espalhadas pelo chão, mas o detalhe mais distinto daquela Armadura eram dois chifres dourados de carneiro que ornamentavam ao redor de seu pescoço.

A Mestre Mu usava seu elmo de ouro, adornado de um penacho rígido no topo, mas cascateando seu longo e grosso cabelo preso ao final do comprimento. Shiryu chamou por seu nome, adivinhando que ela havia retornado, mas, com assombro, Seiya viu que dos seus dois lados estavam dois corpos: Saori e Alice.

— Mii! — correu Shun até ela.

— O que aconteceu? — perguntou Seiya.

A Mestre Mu levantou-se e ele pôde ver suas duas marcas na testa; sua voz falou com calma.

— Assim que as deixaram no sopé das Doze Casas elas foram atacadas. — virou-se, jogando a capa para trás, e novamente desapareceu diante dos olhos de todos.

Seiya imediatamente ajoelhou-se, sentindo-se terrível.

— Não acredito que deixamos elas lá. — culpou-se ele.

— Droga. — reclamou Hyoga consigo mesmo.

A Mestre Mu retornou com uma urna prateada, da qual tirou alguns utensílios para cuidar do ferimento de Alice, que havia sido trespassada pela flecha de ouro.

— Digam-me, em detalhes, o que foi que aconteceu. — perguntou ela olhando-os nos olhos enquanto preparava um emplastro para cuidar de Alice.

E diante daqueles dois corpos, Seiya e seus amigos deixaram a culpa de lado para contar exatamente como havia sido o ataque daquele Cavaleiro de Prata. A Flecha de Ouro.

Finalizado o que podia fazer com o ferimento de Alice, Mestre Mu, com sua linda Armadura de Ouro, não ousou tocar a seta fincada no peito de Atena, mas percebeu que não era uma flecha qualquer.

— A Flecha de Atena. — balbuciou ela antes de se perguntar. — Como um Cavaleiro de Prata pôde ter em mãos essa relíquia?

— O Cavaleiro de Prata disse que esse era um presente do Camerlengo. — falou Seiya. — E que somente ele seria capaz de retirar a flecha.

Mu olhou de Seiya para as garotas deitadas à sua frente. Ela tinha o semblante preocupado. Em sua mente haviam muitas perguntas a serem feitas, mas o fato era que Atena estava à sua frente entre a vida e a morte. Suas perguntas não importavam.

— Não posso tirar a Flecha de Ouro, mas posso lhe dar mais tempo. Tempo para lutar contra seu destino. Contra a morte. — falou ela, muito severa. — Enviarei seus Cosmos para um lugar profundo dentro de si, de modo que isso poderá retardar sua marcha para o mundo dos mortos. A Cavaleira de Golfinho poderá voltar se seu Cosmo brilhar, mas quanto à Atena…

Mu calou-se, pois mesmo seu cosmo de Cavaleira de Ouro não poderia operar o milagre necessário.

— Isso não vai impedir a flecha de entrar no peito de Atena. Mas ela deve ter mais tempo para poder lutar contra isso.

A Cavaleira de Ouro colocou cuidadosamente as duas garotas desacordadas lado a lado e uniu suas mãos; o Báculo de Ouro permaneceu de pé entre elas. O Cosmo de Mu então manifestou-se com uma aura dourada que refletiu lindamente pelo mármore daquele templo. Ela colocou uma mão no baço de Alice e a outra no peito de Atena. Todos viram como os dois corpos deitados foram invadidos pela aura dourada, como se o Cosmo de Mu se expandisse por elas.

Até que se apagou.

— Está feito. — disse ela.

Shiryu lembrou-se de que ela havia feito algo parecido com ela, quando doou quase todo seu sangue para reparar as Armaduras. Sabia que agora dependia das duas resistirem à morte e retornarem como ela havia voltado.

— Vistam suas Armaduras. — ordenou ela quando se levantou e dali sumiu outra vez, teleportando para algum lugar.

Os Quatro Cavaleiros de Bronze puxaram as correntes de suas Urnas manifestando suas proteções e as vestiram, prontos para lutar. Mu retornou sem sua Urna prateada e olhou fundo nos olhos de cada um deles.

— Protejam Atena. — pediu ela. — Eu irei até o altar do Camerlengo e o trarei até aqui.

— Mas Mu, foi justamente o Camerlengo que mandou nos atacar antes. — falou Shiryu.

— Não acredito que tenha sido. Talvez seja alguém se passando por ele. De qualquer forma, eu irei até o seu Templo e descobrirei a verdade. — disse ela gravemente.

Apontou para os dois corpos deitados e desacordados no chão.

— Elas foram atacadas por lacaios no sopé da montanha. Normalmente eles jamais se atreveriam a subir as Doze Casas, mas esse ataque mostra que as coisas aqui já não são como deveriam ser. — falou Mu com gravidade. — De qualquer forma, vocês são mais do que capazes de lidar com eles caso subam para essa Casa. Protejam a Casa de Áries. — pediu ela. — Protejam Atena. — suplicou, enfim.

Os quatro Cavaleiros de Bronze assentiram gravemente.

Mu de Áries então virou-se e correu para a saída da Casa de Áries, quando um mal-estar terrível se apoderou dela fazendo com que parasse sua marcha decidida e estacasse a poucos metros da saída.

Silêncio. Os Cavaleiros de Bronze entreolharam-se.

— O que aconteceu, Mestre Mu? — perguntou Shun pelos amigos.

Silêncio.

Sua respiração profunda.

— Algo terrível. — disse ela, misteriosa, de costas.

O que nenhum deles pôde sentir e que apenas ela tinha capacidade para tal era uma presença nefasta. Uma presença além das compreensões daqueles meros Cavaleiros de Bronze. Um Cosmo que finalmente fez Mu compreender o que estava para acontecer.

— Já entendi. — disse ela para si.

Sua cabeça caiu de desânimo e, como se lutasse contra si mesma, finalmente tomou uma decisão. Virou-se para os Cavaleiros de Bronze e marchou séria até eles, atingindo-os com seu punho de ouro para desespero de Seiya e seus amigos.

Suas Armaduras simplesmente deixaram seus corpos para remontarem seus totens, repousando à frente de Mu: o Pégaso, a Andrômeda, o Dragão e o Cisne. Os quatro totens diante dela.

Ela seguiu sua marcha dura e foi até a entrada de seu templo; olhou para as escadarias que adiante desciam.

— Pode sentir, não pode, Shiryu? — perguntou ela.

Shiryu realmente podia: havia uma sensação desconfortável que ela não sabia precisar muito bem o que era. E julgou, de maneira incorreta, que poderia ser apenas o cosmo premente naqueles templos. Aparentemente não era.

— O que está acontecendo, Mu? — perguntou Seiya, finalmente.

— Vejam. — disse ela.

A Mestre Mu manifestou seu cosmo de ouro e seus braços elevaram-se, levantando do chão um paredão de cristal que cobriu toda a entrada daquele Templo. A Muralha de Cristal parecia viva, pois uma luz de ouro lentamente movimentava-se por sua face, como se fosse feita de lava no líquido quente.

Adiante do Templo, Seiya e seus amigos viram algo inacreditável através da Muralha de Cristal. Algo que, sem dúvidas, estava ali à espreita.

Um exército de fantasmas encostados nas margens da escadaria, deixando-a toda livre, mas amontoando-se nas pedras e colunas.

— Mas o que é isso? — perguntou Seiya observando aqueles vultos.

— São do Exército de Éris. — adivinhou Hyoga.

— Isso é um desastre. — falou Mu com gravidade. — Uma batalha entre Cavaleiros e Cavaleiras no Santuário. Atena entre a vida e a morte. Essa é a receita perfeita para a ressurreição de Éris. A Discórdia irá se alimentar do que está prestes a acontecer aqui. Algo inevitável.

— Mas Éris foi selada. — comentou Seiya, quando finalmente deu por si de um erro terrível.

Seus olhos fecharam-se, pois ele não havia selado o Templo de Éris, tendo confiado na palavra de Shaina. Pois o Templo não estava selado. A culpa o cegou, seus ouvidos zuniram e seu peito perdeu o ar.

A Mestre Mu deixou a entrada e outra vez desapareceu, apenas para reaparecer com outra Urna da qual tirou pó e materiais para trabalhar no reparo das Armaduras de Bronze.

— Mu, perdoe-me, mas você não tem tempo para reparar nossas Armaduras. — falou Shun, desesperado.

— Talvez não seja evidente, mas suas Armaduras estão muito danificadas após tantas batalhas travadas. — disse ela espalhando um pó dourado em cada uma delas. — Ainda que elas possam se regenerar lentamente em descanso, vocês terão de travar batalhas que sequer imaginam daqui em diante. Essa é uma forma de lhes dar alguma chance.

O tom de voz de Mu era grave e Seiya compreendeu, pois se tivessem de batalhar contra todo aquele exército de Éris, suas chances seriam mínimas com Armaduras naquele estado. Levemente bateu contra a Muralha de Cristal, odiando-se pelo erro cometido.

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Mestre Mu ocupou-se de reparar as quatro Armaduras em silêncio e, podiam ver, trabalhando o mais rápido que podia. Os Quatro Cavaleiros de Bronze sentaram-se ao redor de Saori e Alice, deitadas e convalescentes.

— Que droga. — amaldiçoou-se Seiya. — Isso é culpa minha, eu deveria ter selado o Templo de Éris. Mestre Mayura tinha confiado em mim.

— Não diga isso, Seiya. — falou Shun. — A batalha que travaram foi terrível e, além do mais, era preciso cuidar de Shiryu.

— Não é só isso. A Discórdia é traiçoeira e talvez tenha tramado tudo isso desde o começo. De modo que o Templo jamais seria selado propriamente de um jeito ou de outro. — falou Hyoga, mais sério. — Quem quer que esteja por trás desse ataque à Atena teria destruído o selo, pois no fundo o que essa pessoa precisa para vencer é justamente esse caos em que estamos.

Os Cavaleiros de Bronze olharam para Hyoga. Sua face era muito preocupada com a situação; de todos eles ali, Hyoga era um estrangeiro, pensou Seiya. E estariam juntos dali em diante.

O momento triste foi interrompido por Saori, que reagiu às dores no peito e seu rosto contorceu-se enquanto sua boca deixou escapar alguns gemidos de dor. Ela sofria. Shun pegou em sua mão e a manteve aquecida enquanto estivesse ali.

— Era uma armadilha. — falou Shun, segurando a mão de Saori. — Atacaram Palaestra porque sabiam que viríamos dessa forma. Sabiam que matariam Atena e dariam força para Éris. Quem quer que esteja por trás disso, me parece estar ao lado de Éris. — falou ele, muito sério.

— Mas não matou Atena. — falou Shiryu. — Ela ainda está viva e eu tenho certeza de que vai lutar.

— Nós também iremos. — concordou Seiya.

O templo amplo e iluminado tinha seu silêncio cortado pelo clangor metálico das ferramentas contra as Armaduras de Bronze; por vezes, ouviam a Mestre Mu salgar as Armaduras com um pó dourado, que brilhava em lampejos bonitos pela luz do sol que entrava debaixo da abóbada de cristal.

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— Está pronto. — falou a Mestre Mu, levantando-se finalmente.

Os Cavaleiros de Bronze levantaram-se e viram como debaixo daquele domo de cristal, reluzindo contra a luz do sol, suas Armaduras pareciam ressoar com um brilho próprio e maravilhoso. E assim que se aproximaram, cada totem mitológico passou a queimar uma aura colorida e iluminada que tomou seus respectivos corpos.

As quatro Armaduras de Bronze repartiram-se no ar e protegeram seus Cavaleiros com esplendor.

Havia de fato uma sensação maravilhosa ao usá-las, como todos experimentaram assim que as colocaram; talvez fosse a luz do sol que invadia aquele templo pelo domo de cristal, mas suas proteções brilhavam como pérolas.

— Que incrível. — comentou Shun.

— A Armadura está cheia de vida. — disse Hyoga.

— Seria um absurdo, mas quase dá para escutá-las respirando. — ponderou Shiryu.

Com efeito, as Armaduras haviam sido restauradas completamente de todas as suas cicatrizes de batalhas anteriores; com justiça, perceberam inclusive que estavam mais protegidos com essas novas Armaduras.

— Elas estão ressoando umas com as outras. — comentou Seiya ao sentir como as Armaduras pareciam comunicar-se entre si, seus cosmos enormes.

Então se apagaram.

— Muito obrigada, Mestre Mu. — agradeceu Shiryu.

— Nós iremos defender a Casa de Áries com todas as nossas forças.

Mas a Mestre Mu tinha o semblante sério.

— Eu sinto muito, Cavaleiros de Bronze. — começou ela. — Mas a batalha de vocês não está aqui.

— Já entendi. — adivinhou Seiya. — Nós é que iremos subir as Doze Casas.

Ela assentiu com um menear da cabeça.

— Tem certeza, Mu? — perguntou Shun.

— Sim. Aquele exército é apenas a primeira onda dessa invasão. Não são eles que me mantém aqui, mas aquela que vem depois. — falou ela com gravidade. — De todo modo, é melhor que seja assim.

— O que quer dizer com isso? — perguntou Shiryu.

— Eu sou uma Cavaleira de Ouro. E se um Deus aparecer em meu templo poderei pará-lo. Mas não tenho o que é preciso para atravessar nem mesmo a próxima Casa desse Santuário. Somente vocês têm o que precisa para passar pelas Doze Casas.

Os quatro jovens olharam-na, curiosos sobre aquele grande segredo.

— O coração fechado com a Deusa Atena. A fé naquela garota.

Saori ainda sofria as dores de uma Flecha de Ouro fincada em seu peito quando Mu colocou a mão no ombro de Seiya.

— A esperança de Atena reside em vocês. — falou ela.

— Nós iremos conseguir, Mu. — falou Seiya.

Ela assentiu.

— Mas não se enganem. Será preciso lutar. Os Cavaleiros de Ouro não serão convencidos de que lutam por Atena. — a Mestre Mu olhou para Saori convalescente. — Talvez, se ela estivesse apta a lutar, teriam uma chance. Com sua queda, no entanto, não acredito que os Cavaleiros de Ouro acreditarão em vocês. Terão de lutar. E, se vão lutar, existe algo muito importante que precisam saber.

Seiya percebeu como os olhos da Mestre Mu perderam sua cor e sua matéria, de modo que olhar para ela era na verdade afundar-se em um vasto universo.

— A essência do cosmo. — disse ela, com sua voz ecoando pelo universo. — O Sétimo Sentido.

Não sabiam mais onde estavam e certamente não era debaixo daquele domo de cristal iluminado pelo sol, pisando no mármore polido de um templo maravilhoso. Mas flutuavam ao redor de Mu de Áries.

— Os Cavaleiros de Ouro são guerreiros diferentes. Não falo apenas de sua gigantesca velocidade e poder. — começou ela.

Cada um dos Quatro Cavaleiros de Bronze reviveu naquele universo criado por Mu o que haviam experimentado da enormidade da presença e do poder dos Cavaleiros de Ouro que haviam enfrentado. O horror do poço dos espíritos em Rozan, a presença paralisante nas Ruínas da Discórdia, o perfume terrivelmente reconfortante ao pé da montanha e o lampejo mortal em um bosque distante. Em todas essas memórias havia um ponto em comum: a enormidade do Cosmo do Cavaleiro de Ouro.

Como era enorme também a presença de Mu. Mu de Áries.

Retornaram ao templo, o cosmo dourado ao redor de Mu extinguiu-se.

— Não julguem seus inimigos baseado nas lutas que tiveram até aqui. — falou ela. — Mas lembrem-se de que o brilho de ouro pode ofuscar e maravilhar, mas a força verdadeira vem de seus Cosmos e não da cor de sua Armadura.

E, olhando para cada um deles, escolheu bem as palavras, pois lhes seria extremamente importante.

— Aquele que mais elevar o Cosmo dentro de si poderá vencer. Os Cavaleiros de Ouro são incrivelmente fortes por compreenderem e dominarem a essência do Cosmo. Dominarem o Sétimo Sentido.

— Além dos nossos cinco sentidos. — comentou Shiryu.

— Há o sexto sentido, que aprendemos ser a nossa intuição. — comentou Shun.

— Então existe algo além. O Sétimo Sentido. — comentou Seiya, pensativo.

— Sim. — concordou Mu. — E o Sétimo Sentido é exatamente a compreensão plena do Cosmo.

Os olhos jovens a observavam com fascínio.

— Vocês tem uma vaga ideia do Cosmo. — pontuou Mu. — Talvez achem que o Cosmo nasça a partir de seu espírito e do seu talento individual. Apenas uma extensão dos sentidos que conhecemos. Mas não se trata apenas disso. O Cosmo é a manifestação da explosão primordial, da qual todos nós fazemos parte. E o Sétimo Sentido é compreender-se parte dessa explosão. Pois então poderá estar em qualquer ponto que desejar. Poderá ver o que quiser, como se estivesse parado. Poderá manipular relâmpagos e dimensões.

— Se não pudermos alcançar o Sétimo Sentido, não poderemos vencer os Cavaleiros de Ouro. — refletiu Seiya.

— Correto. — concordou Mu. — E ninguém poderá ajudá-los. Precisarão compreender o Sétimo Sentido sozinhos. Não basta se esforçar e lutar, precisam se lembrar da essência do Cosmo.

Os quatro Cavaleiros de Bronze estavam finalmente prontos para a maior batalha de suas vidas.

— Eu cuidarei do corpo de Atena. — falou a Mestre Mu. — A minha técnica a manterá viva até o cair da noite, mas a Flecha de Ouro alcançará seu coração fatalmente. Vocês têm doze horas para voltarem aqui. — disse ela, com a voz pesada. — A esperança de Atena agora está em suas mãos.

Eles assentiram.

— Agora vão!

E foram.