Proteja Atena.

Atena.

As luzes frias de um teto esterilizado. Um teto branco. As paredes brancas. Nenhuma janela. O piso branco. Sua roupa branca. Levantou-se da maca, retirou os monitores colados no corpo e encontrou sua roupa surrada e suja em um canto sobre uma cadeira.

Uma cortina também branca arrastou no trilho e Shun apareceu para ajudar Seiya.

Novamente os cuidados médicos tão frequentes na vida de Seiya. Viu seu amigo Shun cheio de curativos pelo corpo, pois ainda não havia tratado com seriedade as queimaduras de sua batalha no bosque das montanhas quando precisou lutar novamente.

Havia, no entanto, uma ferida no peito de Seiya que remédio nenhum poderia curar.

Sua Mestre profundamente envergonhada dele.

Ele faria tudo para que ela sentisse orgulho dele novamente.

E a resposta talvez estivesse em suas costas quando partiu sem olhá-lo nos olhos: proteger Atena.

— Vamos. — chamou Shun.

— Vamos aonde, Shun?

— Qualquer lugar que não seja esse quarto. — disse ele.

Fora do quarto, sentada em um banco no corredor, estava Shiryu. Ela se levantou ao ver os dois amigos saírem pela porta.

— Disseram que vocês já estão bem. — disse ela.

Shun e Seiya sentaram ao seu lado.

Estavam em um corredor curto e vazio; muitas outras portas próximas para outros quartos hospitalares.

— Saori nos espera no Salão Comunal. — disse Shiryu.

Desanimado, Seiya seguiu os amigos pelo corredor, por entre escadas de um lugar sem uma janela sequer. Um ambiente opressor e escondido. Sentia-se como um rato fugindo no esgoto; tão acostumado com a liberdade da terra, dormir à luz das estrelas, correr debaixo do sol, aquele lugar lhe causava um enorme desconforto. E notava o mesmo em seus dois amigos.

Entraram por uma porta dupla no que claramente era uma sala improvisada com alguns sofás, tapetes e mesa. As garotas todas estavam ali e levantaram-se quando eles entraram.

— Estão melhor? — perguntou Saori.

— Sim. — respondeu Shun; Seiya apenas acenou com a cabeça e deixou-se afundar no primeiro sofá que encontrou.

O desânimo de Seiya invadiu o Salão e todos amuaram-se. Seiya era esse tipo de garoto, sua valentia e o seu sorriso contagiavam todos ao seu redor. Sua tristeza não era diferente. Justamente por ser alguém sempre tão vibrante, vê-lo afundado no sofá com o olhar perdido daquela forma era desconcertante.

— É isso? — perguntou Shiryu, que de todos ali era a pior para consolar qualquer pessoa. — Você vai desistir?

Seiya olhou para sua amiga, confuso.

— Shun contou que você venceu um Cavaleiro de Prata. — disse ela.

— Ele estava sem sua Armadura. — justificou Seiya.

— Você também! — falou Xiaoling, mais alto.

— Isso não importa. — disse Seiya. — Nada disso importa.

Levantou-se e saiu do Salão Comunal, deixando o constrangimento para trás com todos dentro da sala.

—/-

Dois dias passaram-se em que Seiya se ocupava de sua alimentação, de seus treinamentos em um ginásio montado dentro do complexo subterrâneo e então se isolava nos escombros da Arena na superfície do Coliseu.

Enormes blocos de pedra desabados das paredes mais altas, o aço retorcido do teto que havia cedido. Embora a Fundação tivesse feito o possível para limpar o lugar dos destroços, algumas colunatas e estruturas maiores acabaram ficando para formar esse cenário de ruína a que Seiya estava muito mais acostumado de seus anos de treinamento na Grécia.

O fato daquele Coliseu imitar os estilos antigos predominantes no Santuário chegava até a confortá-lo.

Colocou a mão em cima da Urna da Armadura de Pégaso, que tinha ao seu lado, como se tentasse lembrar suas noites de glória.

Lembrar-se do Santuário em que havia treinado e crescido. Onde havia vencido oponentes valentemente e conquistado aquela Armadura Sagrada. Um guerreiro do Santuário de Atena.

Atena.

Proteger Atena.

Essa era a sua resposta.

Era assim que ele teria o respeito de sua Mestre novamente. Não, muito mais do que isso. Era isso que ele precisava fazer para cumprir seu destino como um Cavaleiro de Atena.

Olhou para o céu noturno e pouco estrelado daquela parte da cidade, graças ao ataque que desabou o teto retrátil da construção. Que falta lhe faziam as estrelas.

Ouviu passos e lamentou ter de ser consolado por seus amigos mais uma vez. Foi surpreendido por algo enorme sendo jogado no seu rosto, deixando-o cego por um instante; ele tirou de sua cara e encontrou um casaco branco de peles muito grosso e remendado.

— É um presente de Jacó. — falou uma voz.

Seiya levantou-se e viu sua visita de braços cruzados.

— Hyoga! — surpreendeu-se ele.

— Disse que é pra você usar e não passar tanto frio como passou na Sibéria. — sua voz era séria.

Seiya olhou para o enorme casaco e lembrou-se do pequeno Jacó. Olhou de volta para Hyoga e seu peito esquentou.

— Como estão todos? — perguntou Seiya.

— Ficarão bem. — limitou-se a dizer Hyoga. — Você não parece bem.

Seiya emudeceu, mas lembrou-se da sina dura de Hyoga. Ele também havia desapontado sua Mestre e, pior, teve de matá-la. E ali estava ele novamente. Colocou também sua Urna ao lado da de Seiya.

— Por que voltou, Hyoga? — perguntou Seiya.

— Porque aqui é o meu lugar. — disse ele, críptico. — Ouvi dizer que foram atacados por alguns Cavaleiros de Prata.

Seiya olhou para ele e viu seus olhos decididos e tranquilos.

— Cisne! — exclamou a voz de Saori.

Os escombros da Arena não estavam mais vazios, pois chegaram todos para dar as boas-vindas ao Cavaleiro que retornava. Seiya achou estranho, mas Saori usava sandálias e um vestido branco longo.

— Senhorita. — cumprimentou Hyoga a Saori, ao que ela imediatamente protestou.

— Não. Me chame de Saori.

Hyoga titubeou.

Xiaoling foi em Seiya e tocou no casaco de pele que ele segurava.

— Que quentinho! Quem te deu? — perguntou ela.

Seiya, muito sem graça, apontou para Hyoga.

— E pra mim, trouxe o quê, Cisne? — perguntou ela.

— Hyoga.

Todos olharam para ele.

— Podem me chamar de Hyoga. — disse ele, finalmente, e todos sorriram.

— Eu preferia Cisne. — comentou Xiaoling baixinho com Seiya. — Escuta aqui, esse casaco de pele aqui é de urso de verdade?

— Sim. — respondeu Hyoga.

— Eu não acredito que você matou um urso pra dar um casaco pro Seiya! — protestou ela.

Hyoga ficou imediatamente sem graça e negou a história toda; contou que aquele era um antigo casaco de pele herdado por Jacó. E que o garoto quis que Seiya o tivesse para que não se esquecesse dele.

Seiya olhou novamente para o casaco de pele e seu peito encheu-se de alegria, como há alguns dias não sentia.

—/-

A noite era agradável e, portanto, ficaram todos sentados nos escombros, próximos, mas cada um em uma pedra ou reentrância diferente. Falavam amenidades; Xiaoling tinha muitas dúvidas sobre a Sibéria, portanto alugou a paciência de Hyoga por alguns minutos. Saori tinha um semblante preocupado, enquanto Shiryu parecia confusa. Foi Shun quem fez uma pergunta a Xiaoling, tentando livrar Hyoga das milhares de questões que ela tinha.

— Xiaoling, sua Mestre fica na direção do refúgio, não é mesmo? — perguntou ele e ela confirmou.

— É lá que a Ikki está. Quer visitá-la? — perguntou ela, deixando Hyoga e sentando-se voltada para todos.

— Não. — disse Shun. — Lembro de Marin dizer que tinha uma missão para completar nas Montanhas e eu acho que ela estava indo até lá. — Seiya imediatamente olhou para seu amigo.

— Acha que a Mestre está em perigo? — perguntou Xiaoling.

— Não. — respondeu Seiya, imediatamente. — Marin sabe que tem algo de errado com o Santuário.

— Acha que a Mestre nas montanhas pode saber? — perguntou Shiryu.

Shun confirmou.

— Talvez possamos fazer uma nova visita à Mestre e perguntar a ela, o que acham? — disse Shiryu.

— Uma nova visita? — perguntou Saori, sem saber que eles haviam fugido certo dia.

Olharam para ela como se tivessem sido pegos em flagrante.

— Eles fugiram e foram até a Mestre. — disse Alice. — Foi no dia seguinte que o Seiya te viu pela janela.

— Mii!

Seiya quis se afundar nos escombros, pois todo mundo imediatamente olhou para ele segurando a risada.

— Agora entendi porque você saiu correndo.

— Fica quieto, Shun! — o amigo segurava o riso.

Todo mundo segurou o riso, enquanto Seiya e Saori experimentavam uma vergonha enorme.

— Bom, então podemos fazer isso. Vamos visitar a Mestre nas montanhas e perguntar sobre o Santuário. — disse Shiryu.

Ficaram em silêncio; parecia um bom plano e, principalmente, um plano em que não precisavam se colocar muito em risco, afinal, a Mestre estava com Ikki. Talvez fosse o lugar mais seguro da terra. E Seiya podia ainda entender o que Marin queria nas montanhas. E o que significava proteger Atena.

— O que foi, Seiya? — perguntou Shun, vendo o amigo emudecer novamente.

— Tem uma coisa que Marin disse ao ir embora que eu tenho pensado desde então. — começou ele, finalmente compartilhando com todos a sua angústia. — Não sei se você se lembra, Shun…

— Eu lembro. — disse logo o amigo e Seiya percebeu nos olhos do garoto que dentro dele também borbulhava a mesma dúvida.

— Ela disse que eu era um Santo Guerreiro de Atena. — disse ele, com gravidade. — E que meu dever era protegê-la. Proteger Atena.

Todos olharam para ele. Alice e Saori entreolharam-se, nervosas.

— E eu fico pensando no que ela quis dizer com isso.

— Todos nós aqui nos tornamos guerreiros santos para lutar pelo Santuário e proteger Atena. — lembrou Shun.

— Será que Atena existe? — perguntou-se Shiryu. — Meu Mestre também me treinou a vida toda e sempre me dizia que o dever maior de um Cavaleiro era proteger Atena. — disse ela. — Mas então pediu que viesse para o Torneio por causa da Armadura de Ouro. — completou.

— Sim. Atena existe. — disse Seiya, para assombro de todos. — Ela está na Grécia. No Santuário ao lado do Camerlengo.

— Como sabe disso, Seiya? — perguntou Alice, sobressaltada.

— Quando o último Pontífice veio a falecer, o Camerlengo Mestre Arles caminhou pelos vilarejos vizinhos do Santuário para garantir que tudo ficaria bem. E na Arena, onde mais tarde eu ganharia minha Armadura, falou a todos que estavam lá sobre os grandes feitos do antigo Papa Sião. De como era uma imensa tristeza para todos que ele havia falecido, embora já fosse muito velhinho. E, nesse dia, Atena estava ao seu lado. Era uma mulher adorada pelas pessoas. Mas também muito temida.

Profundo assombro nos escombros.

Olhando para o chão como se tentasse ter certeza dos detalhes que contava, Seiya não viu algumas bocas abertas ao seu redor.

— Se há mesmo um mal no Santuário, — continuou ele — talvez a gente precise resgatar Atena do Santuário. Eu acho que é isso que a minha Mestre Marin quis dizer.

Shun, Seiya e Shiryu olharam-se confusos com uma tarefa tão hercúlea quanto impossível.

A voz de Hyoga interrompeu o delírio naquele momento.

— E se Atena não estiver no Santuário da Grécia? — perguntou ele, calmo.

— Cisne! — censurou Alice.

— O que quer dizer com isso? — perguntou Seiya para ele, levantando-se.

— Talvez essa mulher que você viu não seja realmente Atena.

— Ora, Hyoga. O próprio Camerlengo a apresentou como se fosse Atena. — disse Seiya. — E a presença dela naquela Arena… — continuou ele. — Eu não posso explicar, mas era… diferente.

O garoto deixou a todos suspensos no ar.

Saori então levantou-se da pedra em que se sentava e olhou para Alice ao seu lado. A garota sentiu-se confusa ao ver sua amiga com a expressão decidida, quando dentro dela havia uma imensa dúvida. Saori arrumou o vestido que usava, deu a volta na pedra e subiu alguns degraus em ruínas. Alice deu-lhe as mãos para que se apoiasse; seus olhos estavam apreensivos enquanto Saori subia. Ela queria que todos a vissem. Ela precisava que todos a vissem.

Hyoga caminhou para próximo de Alice e Xiaoling também levantou-se.

Seiya, Shun e Shiryu não entendiam o que estava acontecendo, mas viram como Saori, do alto daquela pedra, olhou para eles e logo depois fechou os olhos, respirando profundamente. Ainda estava de mãos dadas com Alice, quando finalmente a soltou.

E assim que aquelas mãos se soltaram, todos ali sentiram seus cosmos aflorando dentro de si contra sua própria vontade.

Seiya colocou a mão em sua Urna de Armadura e a sentiu levemente ressoar.

— O que é isso? — perguntou ele.

— E se Atena não estiver no Santuário da Grécia? — tornou a perguntar Hyoga.

— E onde mais poderia estar? — perguntou Shun.

Saori então abriu os olhos e eles brilhavam levemente.

Imediatamente, ouviu-se naquela Arena o eco de um sino que fez surgir o universo que havia dentro deles; seus Cosmos ressoavam com Saori em uma aura brilhante ao redor de seus corpos e as próprias Urnas de Armaduras também brilhavam, quentes.

— Não é possível! — disse Seiya.

Levantaram-se todos diante da fabulosa figura de Saori, iluminada por uma aura linda, seus cabelos lentamente movimentando-se, delicados, pois de dentro dela manifestou-se um Cosmo terno e confortável que invadiu a todos.

E, à frente de Saori, uma esfera dourada materializou-se na luz para tomar a forma da linda Urna da Armadura de Ouro, que ali repousou.

— Ao lado da Armadura de Ouro. — comentou Shiryu ao ver Alice se ajoelhar.

— Saori… — disse Shun, e ao seu lado Xiaoling e Hyoga estavam de joelhos.

— É Atena.

Maravilhou-se Seiya.

—/-

QUINZE ANOS ATRÁS

Noite na Grécia. O céu imenso pontilhado de estrelas muito brilhantes; um velho homem caminha entre templos arruinados pelo tempo e há muito abandonados pelos homens e Deuses.

Uma câmera fotográfica no pescoço, os olhos deslumbrados enquanto tira fotos de ângulos diversos e de detalhes específicos de colunatas e pisos quebrados.

Não havia mais ninguém com ele, pois sua equipe havia ficado na base do acampamento fazendo a triagem da mais recente escavação.

Conforme avançava em território jamais explorado por ele, o velho homem apurou os olhos e deixou de tirar suas fotografias para ouvir melhor os sons daquela noite.

Um bebê chorava ao longe.

Guardou sua câmera na mochila que trazia, tirou a lanterna e caminhou pelas ruínas guiado pelo choro daquela criança.

Chegou à uma grota precedida por uma trilha estreita entre a pedra, iluminada por uma fonte de luz ambarina e muito fraca. Seguiu pela breve trilha até chegar na pequena reentrância entre as pedras, onde encontrou algo extraordinário.

Uma criança de pouco menos de um ano sentada na terra chorando, o cabelinho sujo caindo-lhe nos olhos, o enxoval branco manchado de terra em seu corpo. À sua frente, encostado na pedra, o corpo de um rapaz desacordado e terrivelmente ferido; seu peito dilacerado por um profundo corte diagonal do ombro à cintura.

O velho acudiu a criança e a tomou em seu colo; imediatamente lhe vieram lágrimas aos olhos.

— Quem abandonaria uma criança nesse lugar? — perguntou-se ele.

Olhou para o corpo do rapaz ferido e viu ao seu lado uma Urna dourada iluminada por um lampião fraco, pois seu óleo já se esgotava.

O velho com a criança no colo adiantou-se para melhor ver o que era aquele tesouro, quando notou que o rapaz se moveu, ainda vivo. Ele se ajoelhou com a criança no colo e tirou um cantil de água que trazia. Fez com que o rapaz ferido bebesse um gole e ele finalmente abriu os olhos.

Assim que seus olhos viram a criança nos braços do velho homem, imediatamente ele começou a chorar.

— Fique calmo. — disse o velho. — Minha equipe está próxima daqui, vamos te ajudar.

— Não. — falou a voz do rapaz. — Me escute…

O velho se aproximou para melhor ouvir aquele jovem. E ele falou com dificuldades:

— O Santuário foi tomado pelo mal.

— Um Santuário? — perguntou o velho.

Nos olhos daquele rapaz que padecia instalou-se então um desespero fatal; não porque morria, mas porque diante dele estava alguém que não sabia. Que não conhecia os segredos. Era, portanto, sua esperança mais remota.

— O Santuário de Atena foi tomado pelo mal. Aquele que devia zelar pela vida de Atena tentou matá-la. — disse o rapaz com dificuldades. — Proteja e cuide dessa criança. — disse ele segurando a mãozinha pequena do bebê. — Ela é a reencarnação da Deusa Atena que aparece na Terra quando o Mundo está em perigo. Ela é Atena.

O velho Kido olhou para a criança e seus olhinhos brilhantes não lhe deixaram nenhuma dúvida de que tinha realmente nos braços a reencarnação de uma Deusa.

— Leve a Armadura de Ouro. — disse o jovem empurrando a urna para a luz. — Ela estará sempre ao lado de Atena e será o farol para que Guerreiros no futuro se unam à ela para combater o mal do Santuário e da Terra.

Kido olhou novamente para a criança em seu colo e pensou que tinha nos braços o maior tesouro que poderia encontrar. E que, dentro de si, não sabia se tinha o que era preciso para dar conta daquela responsabilidade.

Ao olhar novamente para o rapaz, querendo entender o que poderia fazer, viu que seus olhos haviam se fechado para sempre. Seu corpo colado à Urna de Ouro.

O velho Kido percebeu um fenômeno, pois o corpo do rapaz foi coberto por uma energia dourada, quente e reconfortante, que pouco a pouco tornou-se brilhante, mas tão brilhante que ele precisou fechar os olhos para não se cegar.

E, quando olhou novamente na grota, o rapaz não estava mais lá.

Apenas a Urna da Armadura de Ouro queimando dourada.

— E foi assim que o velho Kido me encontrou nas ruínas do Santuário. E a Armadura de Ouro.

Falou a voz de Saori enquanto todos escutavam.

— Aioros. — falou Seiya.

Olharam para ele.

— Esse homem que o velho Kido encontrou se chamava Aioros. — disse ele. — Conta-se no Santuário que esse homem tentou matar Atena quando ela era ainda um bebê. E que foi punido por sua traição com a morte.

Seiya, Shun e Shiryu ainda estavam chocados, mas ao mesmo tempo começavam a compreender muitos mistérios que os deixavam acordados algumas noites.

A Armadura de Ouro. A caça do Santuário. As batalhas. Seus destinos.

— Por que não nos contou antes? — questionou Seiya, olhando para ela.

— Você teria acreditado? — perguntou Saori, magnífica, seu cosmo abrandado já dentro de si. — Que o Santuário onde você havia treinado todos esses anos estava corrompido? Que a garota mimada da sua infância era Atena?

Seiya não teria acreditado. Entendeu naquele momento que foi preciso tudo que havia acontecido com ele e seus amigos para ele compreender que o Santuário estava manchado. Lembrou-se novamente de Marin e se perguntou se ela já sabia.

"Proteja Atena."

— E agora? — perguntou ele.

— Tem outra coisa que precisam saber. — disse Saori.