–Se vocês puderem se dirigir a saída agora, receberam um kit básico de ikebana das pessoas da minha equipe. Muito obrigada por assistirem à palestra. - Uma bela mulher vestindo um kimôno japonês, em pé em cima de um palco, se despede das pessoas que estavam assistindo à sua palestra. Logo todos vão embora, ansiosos pelo kit que iriam receber, a não ser por quatro adolescentes, eram esses: Haruhi, Kazuki, Reina e Bara.

–Agora que nós já passamos duas horas ouvindo um monte de besteiras que eu já expliquei um milhão de vezes, podemos ir logo pra casa?

–Mas é claro que não! - Bara era o mais animado dos quatro. Por mais que fosse apaixonado por toda garota que conhecesse, sua maior paixão era a famosa florista da televisão, Kyoumouji Akane, mãe de Haruhi, a mesma que acabou de dar uma palestra e se retirou para seu camarim. - Eu PRECISO conhecer Akane-sama!

–Nem ferrando, seu pervertido! Se vira! Eu é que não vou te ajudar!

–Por favor - Reina se intrometia, - Haruhi-chan. Quero muito conhecê-la...

O apelo de Reina, que jogava com seus olhos mais fofinhos possíveis, deixava o coração de Haruhi um pouco mais flexível, mas mesmo assim, não foi o suficiente.

–D... Desculpe, Reina-chan, mas... Não posso, não mesmo...

–Tudo bem, tudo bem... - Bara parecia desistir. - Já que não terei chances mesmo com a Akane-sama, irei lutar para conquistar minha outra paixão, - nesse momento, ele agarrava a cintura de Reina, deitando seu corpo sobre seu braço e, com sua mão livre, acariciava o rosto da garota, - Reina-chan, você é simplesmente a garota mais maravilhosa que eu já vi...

Reina alcançava o rosto de Bara com suas duas mãos, correspondendo ao seu movimento ousado. - Bara-kun, eu nunca notei antes, mas, você é tão bonito, e seus olhos --

–TÁ BOM! Tá bom, tá bom! Eu levo vocês, só parem com esse teatrinho idiota!

–Yay! - Os dois comemoram, desfazendo prontamente a formação, como se tivessem ensaiado esse teatro por meses, e exibem sucesso em suas expressões, enquanto Haruhi se dirige para o lado oposto daqueles que sairam da sala de palestras.

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–You kids can't enter right now! - Um homem vestindo alto e negro, terno e óculos escuros, guardava a porta do camarim de Akane. Quando os quatro heróis tentaram entrar, ele os barrou, dizendo algumas palavras em inglês.

–Ei, Reyrei-chan... O que ele disse? Isso foi inglês, né? Você sabe inglês? - Kazuki fala pela primeira vez no capítulo.

–Er.. Acho que sim, mas não entendi nada...

–É, eu também não...

–Ele disse que não podemos entrar, - Bara explica para os dois confusos.

–It is me, Bill. - Haruhi responde, com seu inglês que era falado com um sotaque quase bom, mas com um pouco de sotaque forte.

–Who are you?

–Reina-chan... - Haruhi suspirava e colocava as mãos dentro da mochila de Reina.

–Haruhi-chan, o que você...?

Haruhi retira dois lacinhos cor-de-rosa de dentro da mala dela e ajusta-os, prendendo seus próprios cabelos, formando duas "maria-chiquinhas". O homem nota na hora.

–Oh! It is you, "Haruhi-chan"! - Ele pede para que os garotos esperem um pouco e entra no camarim. Do lado de fora pode se ouvir. - Miss, your daughter is here! - O homem então pede para que entrem e sai da sala, deixando os quatro jovens a sós com Akane. Enquanto Kazuki morria de rir e Reina não entendia nada, Bara admirava a vasta beleza de Akane e mal conseguia pronunciar palavras.

–Haruhi! -Akane saudava sua "filha" - minha filhinha! Vem cá com a mamãe!

Haruhi com a cara mais azeda do mundo vai em direção da mãe com passos lentos, mas é interrompido por Kazuki que, segurou um pouco o riso, e o puxou atrapalhando sua trajetória, e perguntando pra ele ao cochichar. -Ei, cara. Sua mãe não sabe que você é um garoto?

–Sim, ela sabe... ugh... Ela só é louca...

–... Mas..

–HARUHINHA! Venha cá, deixa a mamãe fazer trancinhas nesse seu lindo cabelo!

Haruhi não parecia lutar contra as ações esdrúxulas de usa mãe, dava para perceber que ele já estava acostumado com sua mãe agindo assim. Ele sentou-se na frente de sua mãe, jogou seus lacinhos para Reina e deixou que sua mãe, sentada também no chão, brincasse com seus cabelos. Os outros três também sentaram-se ao chão, observando a cena.

–Então... - Akane sorria brilhantemente. Estava feliz em conhecer os amigos de Haruhi, enquanto fazia tranças em suas madeixas louras. - Qual de vocês dois, garotos.. - Ela se referia a Bara e Kazuki, - será o noivo da Haruhi?

–ÊEE?! - Todos tiveram uma reação digna de uma pergunta tão inesperada.

–Noivo?!

–Haruhi-chan... Você...

–Não... Não é nada disso, Reina-chan!

Haruhi levantava e começava a gritar com sua mãe, como, aparentemente, era costume.

–Droga, mãe, eu sou homem! Por que você não entende isso?!

–Que engraçado você falando isso, enquanto tem duas lindas trancinhas em sua cabeça. - Kazuki fazia questão de apontar.

A calma de Akane se esvaía de uma vez só e ela parecia quase estar caindo em prantos. - Por que você não é gay, Haruhi?! Meu sonho é te ver em um vestido de noiva! Escolha um desses rapazes e se case com ele, eu irei te apoiar!

–Que tipo de mãe é essa que obriga o filho a ser gay? Você é maluca? Eu não quero me casar com esses idiotas!

A disputa de gritos continuava entre os dois que já estavam mais do que acostumados a brigar. Enquanto isso, Reina estava ocupada observando uma fileira de formigas na parede e não ouviu nenhuma das palavras da briga.

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–Todas as antepassadas da minha mãe, minha avó, minha bisavó, tataravó, etc etc..., tiveram duas filhas, inclusive minha tia, irmã de Akane. Quando minha irmã nasceu, minha mãe estava muito feliz por poder dar continuidade à tradição, mas um tempo depois, eu nasci homem e ela ficou muito frustrada. Até hoje ela não conseguiu aceitar isso. - Os quatro estavam sentados no banco de trás de uma limosine, enquanto Akane estava sentada na parte da frente, separada por uma parede, daquelas que sobem e descem. Haruhi explicava para seus amigos o comportamento estranho de sua mãe, enquanto Reina ficava brincando com as tranças que Akane fez questão de deixar na cabeça de sua "filha". - Agora, minha mãe acabou nos convencendo de irmos até nossa casa... bem... - ele suspirava. - se preparem pra mais gente estranha...

O carro para e todos descem dele. Os três garotos se impressionam com a casa enorme, protegida por um muro e um portão. Apesar de gigantesca, não era nada parecida com uma mansão e lembrava mais a estrutura de um dojô. Um porteiro abre o portão para eles e, acompanhados de Akane, eles passam pelo jardim e jogam à entrada da casa, porém, antes de entrarem, ouviram passos pesados, alguém se aproximando.

A porta de madeira se abre e quem está no outro lado é uma garota de cabelos roxos curtos, numa altura um pouco acima dos ombros, e bagunçados, com a franja tampando o lho esquerdo. O seu olho direito tinha uma cor roxa mais avermelhada que a do cabelo e era cheio de um brilho um pouco amedontrador. Ela veste uma calça jeans e camisa preta, descalça. Após dá uma boa analisada em todos presentes, ela sauda seu irmãozinho, cheia de sarcasmo:

–Olá, HA-RU-HI-CHAN.