Os membros do laboratório de gadgets do futuro trabalhavam incessantemente. Kurisu fazia complicados cálculos no quadro de acrílico do laboratório, Daru lia livros de linguagens de computação e também sobre hardware de computadores, Okabe lia no computador sobre teorias de viagem no tempo e físicas de partículas no @channel.

Mayuri entrou no laboratório com as compras. Ela fechou a porta, olhou para todos trabalhando e decidiu não interromper os trabalhos, mas Okabe girou a cadeira rotatória e olhou para a garota que chegava.

Okabe: Mayuri, você cozinha dessa vez?

Mayuri: Sim, Okarin, não pretendo interromper o trabalho de vocês e, se eu cozinhar, vou poupar tempo para vocês.

Daru e Okabe suspiraram de ar alívio. A péssima culinária de Kurisu realmente não seria uma grande ajuda nessa hora de intenso trabalho. Mayuri tirou alguns utensílios do armário da cozinha e começou a preparar alguns sanduíches.

Depois de alguns minutos, Kurisu tampou o pincel e repousou-o junto com a prancheta na mesa.

Kurisu: Terminei!

Daru, Okabe e Mayuri olharam para a cientista ruiva sem entender a exclamação. Kurisu, eufórica, virou, olhou para Okabe e disse:

Kurisu: Acredito que eu tenha feito todos os cálculos teóricos necessários para a construção da maquina do tempo.

A cientista olhou novamente para o quadro de acrílico com os olhos brilhando.

Kurisu: Agora eu só tenho que reunir essas anotações com as outras, rever os cálculos, checar os postulados e, depois que conseguirmos fundos, começar a fazer a planta da máquina.

Okabe fez um olhar soturno para Kurisu, o que deixou a garota assustada, logo em seguida, ele levantou rapidamente da cadeira e exclamou:

Okabe: Muito bem, assistente, agora podemos começar nosso trabalho! Mas antes, tenho que comer um desses sanduíches deliciosos da Mayuri.

Mayuri, que ainda recheava algumas fatias de pão, olhou para Okabe e sorriu em agradecimento ao elogio e para animá-lo.

Kurisu virou para Okabe com um semblante de irritação.

Kurisu: Quantas vezes eu já te disse que não sou sua assistente!

Okabe se aproximou da prateleira da cozinha e pegou um dos sanduíches que já estava pronto.

Okabe: Vamos discutir a continuidade do projeto depois do jantar.

Daru se levantou do sofá e também foi pegar um sanduíche, já Kurisu pegou a prancheta novamente para começar a revisar os cálculos. Okabe pegou outro sanduíche e um guardanapo e levou até a Kurisu. A ruiva olhou para Okabe erguendo um sanduíche para ela e comendo o dele com a outra mão. Ela baixou a prancheta, pegou o sanduíche sorrindo e esquecendo a irritação.

Kurisu: Obrigado.

Okabe: Trabalho só depois do jantar, assistente.

Okabe se sentou de maneira bem relaxada no sofá e comeu seu sanduíche. Kurisu também comeu seu lanche e depois limpou a boca com o guardanapo. Daru já comia o seu terceiro sanduíche.

Okabe, pensativo, olhou para o teto do laboratório. Já eram oito horas da noite.

Okabe: Já faz 61 dias que agente recebeu a mensagem do futuro. Será que agente vai receber mesmo a mensagem desse tal de "N"?

Kurisu: É bem provável...

Okabe: Você vai querer outro sanduíche?

A garota enrubesceu um pouco ao pensar que Okabe já estava se preocupando demais com ela.

Kurisu: Ah, não, obrigado.

Okabe: Legal... Sobra mais para mim!

Kurisu, contrariada, olhou para Okabe.

Kurisu: Então você... Ah! Nada.

Todos no laboratório começaram a rir. Mas o riso não durou muito, pois o clima no laboratório estava tenso desde que o Okabe do futuro enviou a mensagem sobre a operação Heindall. Todos pensavam que a situação não devia ser das melhores para que ele pudesse ajudar só através da mensagem em vídeo.

***

Nos últimos dois meses, os membros do laboratório trabalharam no projeto da máquina e pesquisaram sobre as pessoas que foram citadas pelo Okabe do futuro.

Do investigador "L", só encontraram algumas coisas sobre a vez em que ele usou uma transmissão de televisão ao vivo para conseguir enganar o assasino do caso "Kira", outras informações não eram confiáveis ou relevantes para a investigação.

De Oe Kintaro, eles encontraram alguns dados pessoais, como o fato de ele ter abandonado o curso de direito na universidade de Tóquio, apesar de ter terminado todo o trabalho que o curso exigia. Sobre sua localização, acharam uma notícia quase cômica de um jornal de 14 de maio de 1996, que dizia que um homem de 26 anos chamado Oe Kintaro havia sido encontrado em estado de confusão mental, ele estava usando uma espécie de máquina de realidade virtual que, aparentemente, criava uma ilusão de ele estar fazendo sexo, pois as calças deles estavam cheias de seu sêmen, Oe Kintaro foi levado para um hospital conhecido da cidade de Kogane. Ou seja, os membros do laboratório tinham uma boa noção de onde encontrá-lo. O grupo de Okabe só achou estranhas as condições que ele fora encontrado.

Kurisu: Será que nós vamos atrás de mais um pervertido?

Okabe: Você e o Kintaro terão muito o que conversar, não é, minha assistente pervertida?

Kurisu: Para de me encher!

Daru virou para Kurisu com um olhar pervertido.

Daru: Será que você poderia repetir a última frase... Mais lentamente.

Kurisu: Meu Deus! Que mente pervertida!

Daru: Será que esse Kintaro vai ter dados sobre essa máquina?

Kurisu: Já imagino para que você quer.

Okabe: Você tem uma grande imaginação pervertida.

Kurisu: Ah! Não consigo conversar com vocês. Vamos logo pesquisar sobre essa Kyoko Tachibana.

De Kyoko Tachibana, encontraram que ela se formou em Harvard, no curso de economia e gestão de negócios. Ela também fazia parte da notícia do jornal de 1996, foi ela quem chamou a ambulância que levou Kintaro para o hospital.

Okabe: De acordo com Okabe do futuro ela e Kintaro devem estar próximos um do outro. Provavelmente ela deve estar no hospital também.

Kurisu: Sim...

Os membros do laboratório também refizeram o telefone micro-ondas e enviaram algumas mensagens, que não alterariam a linha do tempo, para testar o funcionamento do aparelho. Talvez o D-mail pudesse vir a ser uma ferramenta útil.

Nesses dois meses, também ocorreu outro fato curioso, Okabe sentiu diversas vezes a linha do tempo sendo modificada, algumas vezes, várias alterações aconteciam seguidamente, o que deixava com mal-estar.

***

Após comerem os sanduíches, os membros do laboratório se reuniram. Kurisu e Mayuri estavam no sofá, Okabe em pé e Daru sentado na cadeira do computador.

Kurisu: Então, como a gente vai levar o projeto daqui para adiante?

Daru: Depois de revisar os cálculos, nós vamos precisar de material para fazer os experimentos.

Okabe: E para comprar os materiais nós precisamos de dinheiro... Muito dinheiro.

Ninguém falou nada por alguns segundos.

Okabe: Nós estamos dependendo desse tal de "N" afinal, o máximo que podemos fazer é terminar de revisar os cálculos e torcer para que ele nos contate logo.

Mayuri: Será que a Feyris não podia ajudar?

Okabe: Eu não pediria isso para ela... Ela pode querer investir, mas eu não sei até que ponto ela vai poder gastar com o projeto.

Kurisu: Agente também não pode procurar investidores de fora...

***

Enquanto isso, Near fugia no helicóptero com apenas mais dois membro da SPK vivos, mexia com um helicóptero e um soldado de brinquedo. Lester pilotava e Gevanni estava ao seu lado.

Near: Gevanni, ligue para o Watari. Peça pra que ele crie uma conexão externa hosteada na Wammy House entre meu computador e ao qual irei me conectar.

Near ligou o computador que havia no helicóptero. Colocou sua senha, e um programa com banco de dados apareceu. Digitou um número e ligou o microfone e a webcam.

De repente, o computador do laboratório de gadgets faz um barulho estranho, todos olham na direção da tela e observam que um programa começou a ser carregado. Daru se aproximou para tentar descobrir o que acontecia.

Daru: Tem um computador que está fazendo uma conexão com o nosso.

Okabe pensou no pior.

Okabe: (Será que é o SERN)?

Daru: Eles conseguiram uma conexão!

Gevanni: Conexão obtida.

Watari: O que foi L? Por que me pediu isso?

Near: Roger Ruvie, eu estou sendo perseguido no momento e acredito que não tenho muito tempo extra de vida.

Watari: Como assim?

Near: Não tenho tempo para explicar, apena preste atenção.

N largou o boneco e puxou uma mecha de cabelo e a torceu em seus dedos.

A tela do computador de Okabe ficou preta e quando voltou, começou a transmitir as imagens captadas pela webcam de Near. A transmissão revelava um jovem com cabelos brancos, com olheiras pequenas, porém profundas, vestindo algo que parecia um pijama branco.

Near: Watari grave essa conversa e envie para o Okabe quando eu terminar, e depois, apague tudo dos nossos bancos de dados que o SERN teve acesso.

Watari: Certo.

Near: Onde está Okabe Rintaro? Preciso falar com ele imediatamente!

Daru caiu no chão. Mayuri assustou-se e Okabe foi em direção ao computador. Mas antes que Okabe pudesse falar, o garoto prosseguiu.

Near: Eu sou Near, ora conhecido como N, mas também como L. Estou lhe falando agora, pois creio que só posso depositar minhas esperanças em derrotar o SERN em você.

Okabe: Mas o que?

Near: Eu estava investigando o caso do Jellyman, e por alguma razão sua imagem veio a minha mente como se no futuro nós lutássemos contra um inimigo em comum. Acredito que Masamunse Kongoji seja o atual líder do SERN. Eu sei que você tem alguma experiência com viagens no tempo, então preciso que me diga. O que você é capaz de fazer?

Okabe: Bem... Meu eu do futuro criou...

Near: Rápido, meu helicóptero pode explodir a qualquer segundo!

Okabe: Meu eu do futuro me mandou criar uma máquina do tempo. E atualmente nós sabemos mandar mensagens de celular para o passado contendo até 36 caracteres se soubermos o número que irá recebê-la.

Near: (36 caracteres... No que o L acreditaria? E qual seria uma boa data pra ele receber a mensagem? Wammy morreu no dia 5/11/2004, então o L morreu nesse dia também. Se eles prenderam Higuchi no dia 28/10, a melhor data seria...).

Near: Já tenho a mensagem. Mande para o dia 3/11/2004! Pegue o celular do antigo Watari com o Watari que está no outro lado da conexão.

Near digita a mensagem e ela aparece no computador do laboratório Gadgets do futuro.

Near: Façam isso para salvar o L original. Quando terminarem a máquina do tempo vocês devem resgatá-lo na Wammy´s House no dia 5. Esperem por ele lá. Watari, dê o suporte financeiro que eles precisarem.

Watari: Certo. Mas não entendi seus planos perfeitamente.

Gevanni: Acho que escapamos deles.

Near olha para trás bem a tempo de ver um homem ao longe com um lança míssil. Ele pega o seu boneco de soldado aponta para a tela e diz:

Near: Derrotem Masamune Kongoji!

Okabe: Pode deixar, Mr. Cabelos brancos, eu o cientista louco Hououin...

Mas antes de terminar a frase ouviu-se uma explosão e a conexão com N foi cortada. Enquanto os membros do laboratório de Okabe estavam estupefatos com o que viram. Uma letra W apareceu no computador.

Watari: Near depositou as últimas esperanças em vocês. Para entrarem em contato comigo liguem para o número a seguir.

Apareceu uma mensagem com um número no computador de Okabe.

Watari: Também mandarei uma cópia do vídeo da conversa que tivemos com Near a pouco tempo.

Com isso a letra desaparece, e o arquivo de vídeo é recebido. Do outro lado do computador Roger Ruvie põe as mãos na cabeça e fala com um semblante de desespero.

Ruvie: Será que é uma maldição? Aqueles que portam o nome de L sempre devem morrer jovens?

No dia seguinte, Okabe e sua equipe já tinham assistido mais algumas vezes o vídeo de Near, e decidiram que era a hora de agir:

Kurisu: Vamos ligar para o Watari e pedir financiamento para constuir a máquina do tempo.

Okabe: Boa ideia, minha assistente!

Dito isso, eles ligam para Watari, conseguem o número do Watari antigo e são informados que devem dizer ao W o nome dos produtos que desejam que ele arrumará um jeito de mandá-los para os locais de testes sem que o SERN desconfie. Eles receberam os documentos falsos, pois caso o SERN ficasse sabendo de algum nome, melhor que não fosse o verdadeiro.

Passada uma semana, Okabe pega seu celular e envia a mensagem de Near para o número que lhe foi informado. Ele espera aquela sensação de mudança no tempo, porém não a sentiu.

Okabe: Mas o que aconteceu? Não funcionou? Será que o L passado não acreditou?

Okabe sentiu uma pontada de desespero.

Kurise: Acalme-se, lembra que o Near disse que deveríamos resgatá-lo? Se não contruirmos a máquina do tempo acredito que não seja possível que esse “L” possa chegar vivo em 2011.

Okabe: Você está correta... Então, vamos logo começar a montar a máquina do tempo e fazer os experimentos.

***

Watari forneceu um galpão afastado da cidade, com toda a estrutura e as peças necessárias para que o grupo de Okabe pudesse trabalhar. Okabe, Daru e Kurisu passaram meses testando as teorias, corrigindo os erros e aperfeiçoando o projeto.

Okabe passou esse tempo todo com medo, medo que o projeto fracassase, medo do SERN ir atrás de Mayuri ou dos outros membros. A competência da equipe de Near o tranquilizava, toda aquela operação havia se dado da maneira mais discreta possível, mas até quando eles poderiam se esconder da organização? Se até Near havia caído na armadilha deles... Mas uma coisa dispersava esse medo, quando Kurisu tirava os óculos protetores e sorria para ele... Eles nunca tiveram a chance de ficar juntos, Kurisu só voltou dos EUA pouco antes dessa confusão acontecer, durante todo esse tempo, ele não tirava o pensamento da cientista ruiva.

Algumas vezes, Okabe sentia mais alterações na linha de tempo. Ele se perguntava o que estaria causando tantas alterações, ele provavelmente não poderia descobrir sozinho, então continuou trabalhando em busca das respostas.

Durante todos esses meses de trabalho duro, Okabe sentiu saudades de Mayuri e seus cosplays, da energia de Feyris, das conversas com Rukako e até do jeito estranho da Moeka. Mas começo do mês de novembro de 2011, o primeiro grande fruto do trabalho dos membros do laboratório apareceu, a máquina do tempo estava pronta.

O dispositivo tinha uma forma cilíndrica, era apoiado por três amortecedores na parte inferior, e a parte superior do cilíndro tinha um formato esférico. A máquina tinha três lugares, podia viajar para o futuro ou para o passado e era alimentada por poderosas baterias. Porém, um teste preventivo não poderia ser feito, algum dos membros do laboratório teria que se arriscar, viajar no tempo e comprovar a funcionalidade da máquina.

Okabe decidiu ser a cobaia, ele relembrou todas as intruções de como operar a máquina, informou para os amigos para que tempo queria viajar, sentou numa das três cadeiras, se despediu de Kurisu e Daru e ajustou os parâmetros para viajar para 12 de agosto de 2006, durante o Summer Sonic Festival em Osaka. Okabe programou as coordenadas para aterrissar na momento e no teto do local que acontecia o show da banda Daft Punk.

Ao iniciar a viajem, Okabe pôde presenciar novamente as luzes brilhantes que pairavam dentro da nave, Suzuha havia dito que eram fragmentos de tempo. A nave tremeu até que ele finalmente chegou ao destino.

Apesar de estar no teto, o cientista louco ainda pôde ouvir o remix frenético da banda. A música que tocava era "Around the World / Harder, Better, Faster, Stronger", o refrão fez Okabe se lembrar dos últimos meses que passou montando a máquina do tempo.

"Work it harder, make it better, do it faster, makes us stronger. More than ever hour after our work is never over".

Okabe repetia consigo o refrão.

Okabe: Trabalhe mais duro, faça melhor, faça mais rápido, faça-nos mais fortes. Mais do que nunca, horas depois, nosso trabalho nunca termina.

Okabe refletia sobre aquelas palavras.

Okabe: (Se for pelos outros... Pela Kurisu... Eu nunca descansarei, todo o tempo do universo não será suficiente enquanto eu não tiver salvo quem eu amo).

Depois da música, Okabe foi para a máquina do tempo e voltou para a sua linha de tempo. Daru e Kurisu estavam ansiosos pelos resultados, quando viram a máquina do tempo voltando e Okabe saindo do dispositivo intacto, os dois exclamaram de alegria.

Daru: Funcionou!

Kurisu: Muito bem Okabe!

Okabe saiu da máquina, ficou de frente para os outros dois e falou:

Okabe: Eu, o cientista louco Hououin Kyouma, e juro, que não descansarei até acabar com os planos do SERN!

Kurisu: Então quer dizer que a música te motivou.

A garota sorriu para Okabe.

Okabe: Pode ter certeza, que o seu sorriso me motiva muito mais do que qualquer outra coisa.

Kurisu surpreendeu-se e enrubesceu após a declaração do outro.

Okabe: Agora vamos dar início a uma nova fase da operação Heindall, o resgate de L.