Assim que Felicity saiu do quarto, o celular de Diggle tocou.

“Alô?” disse ele.

“Alô? Alô? Vai me dizer que você não sabe de nada?”

“Não sei de nada o quê?”, perguntou ele, colocando o telefone no viva-voz e fazendo-se de desentendido.

ELA está nesse hotel! ELA está aqui, em Starling! Não venha me dizer que você não sabe. Ela não voltaria para cá sem falar com você!”

“ELA quem, Oliver?”

“PELO AMOR DE DEUS, DIGGLE! FELICITY MEGHAN SMOAK ESTÁ AQUI!” Oliver gritou e desligou.

Um silêncio estranho caiu sob o quarto, com Emma, Liv e Diggle se entreolhando abismados. Diggle quebrou o clima tenso com uma risada divertida.

“Porque o silêncio mortal?”, Ruth perguntou. “Não entendi nada”, disse ela.

“Não foi nada. É que... essa foi a primeira vez em que ele disse o nome dela em 11 anos”, falou Diggle.

Até aquele momento, Oliver achava que Felicity se tratava de uma alucinação. Era muita coincidência pra ser verdade. 11 anos sem contato nenhum. Nenhuma nota, carta, e-mail, nada. E agora, no dia em que ele ia conhecer os pais de sua noiva, ela tinha aparecido bem no mesmo hotel e no mesmo fim de semana.

Ele deveria ter subido com sua noiva para a suíte de lua de mel, como ela tinha sugerido. Mas ele não conseguiu. Ao invés disso, lá estava ele, vagando pelo hotel, procurando-a em cada canto dele, como se fosse algum tipo de psicopata.

Ele já tinha procurado nos elevadores, na recepção e em vários andares do hotel. O último lugar no qual ele ia procura-la era na piscina. Se ela não estivesse lá, ele disse a si mesmo, ele voltaria para a suíte onde sua noiva estava e de lá não sairia.

Espreguiçadeiras estavam alinhadas ao redor da piscina, e havia um quiosque ali perto. Infelizmente para sua sanidade, ele não conseguiu vê-la em nenhum desses lugares. A beira da piscina, ele podia ver que Emma tinha, por algum motivo, trocado de roupa. Via também Diggle, flertando escandalosamente com uma morena simpática de biquíni. Finalmente, ele suspirou. Mas ela... Felicity ele não via em lugar nenhum. Talvez seria melhor desistir. Era só estresse, ele tentou enganar a si mesmo.

A mãe de Jennifer chamando seu nome em voz alta o tirou de seus pensamentos. Ela apontou a espreguiçadeira ao lado dela e ele sentou-se.

“Procurando por alguém?” ela perguntou.

“Não, não. Só analisando as instalações”, disse ele.

“Ótimo! Eu também estava. Quantos convidados você acha que devemos esperar da sua família?”, perguntou a mãe de Jennifer.

“Convidados do quê?” perguntou ele, totalmente distraído, olhando de um lado para o outro tentando encontrar Felicity e um modo de fugir dali ao mesmo tempo. Do lado esquerdo de onde ele estava, ele viu a porta que dava para a recepção do hotel se abrir.

Merda, foi seu primeiro pensamento. Ela não era uma alucinação. Os funcionários do hotel não piscariam e sorririam para uma alucinação, não é? Ela era uma cliente de carne e osso. Vivian, a mãe de sua noiva, continuou a tagarelar a distância, agora com seu próprio marido. Oliver observava sua alucinação, agora usando óculos escuros, descer suavemente um par de escadas, enquanto ele ainda estava sentado em uma das espreguiçadeiras ao redor da piscina. Ele ficou surpreso e maravilhado ao ver o quão bem ela tinha envelhecido, se é que ela o tinha mesmo. Seu cabelo estava mais curto do que da última vez em que eles se viram e ela ainda era a mesma mulher estonteante que sempre tinha sido. Isso o aliviava e o enfurecia ao mesmo tempo.

Ele levantou em um flash. Deixando seus futuros sogros falando sozinhos, ele continuou a andar ao redor da piscina, sem por um segundo desviar o olhar de Felicity. Suas mãos estavam inconscientemente abrindo mais um botão da sua camisa, e de repente aquele look verão despreocupado que ele tinha montado parecia ridículo para ele. Ele começou a passar por vários grupos de jovens ao redor da piscina, batendo-se em alguns, murmurando automaticamente com licenças e me desculpem para quem os quisesse ouvir. Ao contrário dele, ela deslizava entre grupos rapidamente, e ele, louco que estava para alcança-la, adiantou seu passo e seguiu em frente.

Infelizmente, na cegueira de sua determinação, ele se tornou um pouco alheio a tudo o que o rodeava. Ele se tornou especialmente alheio ao membro do hotel que rapidamente avançava em direção a ele carregando uma bandeja com duas bebidas. O membro da equipe achou que Oliver ia lhe dar passagem, e quando percebeu o quão distraído ele estava, já era tarde demais. Os dois corpos colidiram e o equilíbrio de Oliver, se é que ele ainda tinha algum, foi perdido. Diggle gritou. Emma gritou. Até mesmo a loira, de óculos escuros, que desfilava alegremente pela piscina, gritou. Era tarde demais. Oliver já estava cambaleando para o lado, batendo os braços como se tentasse voar, caindo na piscina. Ele demorou um pouco para subir até a superfície. Que situação ridícula, ele pensou. E se eu ficasse aqui para sempre? Ele logo viu que esse pensamento era o último que ele poderia ter tido. De repente, um dos hóspedes do hotel gritou “Homem caiu na piscina! Homem caiu na piscina!” e um forte negro, identificado como salva-vidas do hotel, caiu para agarrá-lo e salva-lo, como se ele fosse uma donzela em perigo. Ele teria rido, se não fosse uma situação tão trágica e se ele não estivesse pagando todo esse mico na frente dela.