One More Night

Um domingo em família


O sol já havia nascido, os passarinhos cantavam alegremente e pequenos raios de sol adentravam pelas frestas das cortinas do quarto. Regina foi despertando aos poucos, rapidamente sentindo braços fortes lhe rodeando a cintura, estava na posição de conchinha com Emma. Sorriu, sentindo uma felicidade e paz tão grande de estar ali com a mulher que amava, a mulher que sempre amou e tudo que desejava era eternizar esse momento. Iniciou um carinho nos braços da amada, enquanto pensava em tudo que já haviam vivido até ali. Sentia-se vitoriosa de conseguir o privilégio de uma nova chance com a loira, sabia que abrir seu coração novamente tinha sido a melhor decisão que tomou nos últimos anos. Amava tanto Emma, para que continuar se negando algo que era tão forte e devia ser vivido plenamente? Desta vez não deixaria nada e nem ninguém atrapalhar o seu relacionamento. Mordeu o lábio inferior, ainda acariciando os braços da loira, pensando o quanto gostaria de acordar todos os dias assim. Será que era muito cedo para convidar Emma a voltar para casa? Decidiu deixar para pensar nisso depois, era melhor aproveitar o momento. Se virou nos braços da loira, distribuindo beijos pela face dela, que sorriu em resposta.

— Estou sonhando? – Emma questionou com a voz rouca de sono. – Se sim, não me acorde.

— Acho melhor acordar. – Regina lhe deu um selinho. – A realidade pode ser melhor que sonho.

— Com você? – Emma abriu os olhos, olhando para os olhos castanhos que lhe diziam tanto. – Não tenho dúvida nenhuma.

Regina sorriu e capturou os lábios rosados a sua frente em um beijo tão carinhoso, que Emma sentiu que podia se derreter de amor, o beijo foi longo e ainda com os lábios grudados, Regina fez a loira deitar de costas na cama, subindo por seu corpo, as mãos de Emma rapidamente se apossaram da cintura da namorada, segurando firmemente.

— Bom dia, Emma. – Regina sorriu e lhe deu mais um selinho.

— Bom dia, amor da minha vida. – Emma sorriu e fez carinho nas bochechas da morena, colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha dela. – A realidade realmente é muito melhor.

— Pode apostar que sim.

Regina voltou a beijar a loira, ficaram longos minutos assim, trocando beijos e caricias. Até a morena convidar Emma para um banho de banheira, aonde fizeram amor mais uma vez. Estavam recuperando o fôlego, Regina entre as pernas de Emma, com a cabeça encostada em seu ombro.

— No fim você não me falou o que tinha conversado com a Robin.- Regina lembrou, fazendo carinho nas coxas da namorada.

— Ah, sim. – Emma riu. – Acho que temos mais um membro da família para o movimento.

— Como assim? – Regina virou a cabeça para olhar nos olhos verdes. – Movimento?

— Sim, meu amor. – Emma sorriu. – Robin está gostando de uma menina.

— Sério? – Regina arregalou os olhos. – Por essa eu não esperava.

— Seríssimo. – Emma lhe deu um selinho. – Ela estava chateada com os rapazes que Ingrid lhe apresentou, pois disse ter notado que a megera queria que ela se envolvesse com algum deles.

— Eu odeio essa mulher. – Regina bufou. – Sabia que ela tinha alguma agenda oculta em levar Robin nessa festa.

— Pois é. – Emma negou com a cabeça. – Então a Robin me perguntou sobre e se sua escolha fosse diferente do que esperávamos, lhe garanti que só queríamos a felicidade dela e ela me perguntou quando eu soube que gostava de meninas.

— Uau. – Regina sorriu. – Com certeza ela vai ter todo o nosso apoio.

— Sem dúvidas. – Emma concordou. – Uma menina nova na escola lhe despertou interesse. O nome dela é Alice, pelo o que eu já observei é uma boa garota. A família dela veio para cidade porque o pai dela foi transferido para a policia daqui.

— Já aconteceu algo entre elas?

— Ainda não. – Emma sorriu. – Quase se beijaram, mas foram interrompidas antes que acontecesse.

— Isso me lembra o nosso primeiro beijo. – Regina sorriu. – Também fomos interrompidas.

— Ah, sim. Até você me arrastar para o banheiro, nos trancando lá e tendo a certeza que não seriamos mais interrompidas.

— Fala como se não tivesse gostado. – Regina riu. – Pobre Emma, arrastada indefesa para o banheiro.

— Nunca disse que não gostei. – Emma mostrou a língua. – Mas com certeza você se aproveitou da minha ingenuidade.

— Claro que sim. – Regina foi irônica. – Me aproveito até hoje, não é?

— Exatamente.

Emma sorriu e puxou a morena para um beijo.

— Se aproveita demais.

— Emma, fique calada e me beije apenas.

Após mais uma longa sessão de beijos, as duas mulheres saíram da banheira, Regina emprestou umas roupas confortáveis para a loira e se vestiram, descendo para a cozinha, aonde Robin já estava.

— Finalmente. – Robin sorriu. – Achei que ia morrer de fome aqui.

— Lindinha, você sabe muito bem se virar na cozinha. – Emma beijou a testa da sobrinha.

— Não sei fazer panquecas. – Robin revirou os olhos. – Essa é a especialidade da Tia Regina.

— Já resolvo esse problema. – Regina beijou a testa da sobrinha também. – Dormiu bem?

— Como um anjo. – A loirinha sorriu. – Nem preciso perguntar de vocês duas, não é? Pelos sorrisos estampados nas suas caras...

— Ei. – Emma interrompeu. – Nem mais uma palavra, mocinha.

Robin e Regina gargalharam de como Emma ficou com as bochechas vermelhas de envergonhada. Regina fez as tão esperadas panquecas e tomaram café da manhã em um clima familiar gostoso. Após o café da manhã, Robin pediu licença, se retirando para fazer um trabalho escolar, enquanto Emma ajudava a morena a lavar as louças.

— Eu estava pensando. – Regina quebrou o silêncio. – Com certeza Cora e os Hood-Gardener vão nos culpar pela sexualidade de Robin.

— Pensei nisso também. – Emma concordou. – Apesar de não ter nada haver uma coisa com a outra.

— Nós sabemos disso, mas eles vão afirmar o contrário. – Regina secou as mãos no pano de prato. – Aposto que Jefferson vai querer usar isso para requerer a guarda.

— Nenhum juiz pode tirar ela de você por causa disso.

— Ah, Emma. – Regina suspirou. – Um juiz comprado pode.

Emma terminou de secar os pratos e abraçou a morena pela cintura, lhe olhando no fundo dos olhos.

— Ninguém vai tirar a Robin daqui. – Emma afirmou. – Eu te garanto isso, Regina. Pode confiar em mim.

— Eu confio, Emma. – Regina respondeu. – Eu realmente confio.

— Ótimo. – Emma lhe beijou os lábios.

— Passa o dia conosco? – Regina propôs.

— Estava só esperando que me convidasse. – Emma sorriu. – Claro que passo.

— Não precisa mais de convites, Emma. – Regina lhe deu um selinho. – És mais do que bem-vinda aqui.

O resto da manhã passou rapidamente, as três almoçaram entre risos e conversas leves. De tarde ficaram na sala assistindo filmes. Regina e Emma aninhadas uma na outra no sofá, enquanto Robin deitou com almofadas no tapete. Depois que terminaram de assistir o último que tinham combinado, Regina desligou a televisão e pediu que Robin sentasse ao seu lado, pois queria conversar.

— Eu acho que sei o que quer me falar. – Robin sorriu sem jeito. – Tia Emma lhe contou, não foi?

— Sim, meu amor. – Regina concordou. – Eu reafirmo o que Emma lhe disse, você terá todo o nosso apoio e quero que saiba que não precisa esconder nada de ninguém. Não tem nada de errado sentir o que você está sentindo, tenha certeza disso.

— E se qualquer pessoa lhe falar algo ruim, queremos que nos procure imediatamente e nos conte, pois resolveremos isso, está bem? – Emma acrescentou.

— Eu sabia que teria o apoio de vocês, eu sempre tenho. – Robin sorriu. – Obrigada por isso, vocês são as melhores.

— Somos mesmo. – Emma piscou e recebeu um tapa de Regina.

— Deixa de ser besta, Emma. – Regina riu. – Mas me conte, meu amor, quero saber da menina que você está interessada.

— Ah, Tia. – Robin ficou vermelha rapidamente. – Eu fico sem graça de falar sobre.

— Não precisa, querida. – Regina sorriu compreensiva e apertou as mãos da sobrinha em apoio. – Eu e Emma já passamos por isso. E a época era outra, era muito mais difícil de as pessoas compreenderem. Foi bem complicado, primeiro para nós mesmas aceitar que estávamos nos gostando mais do que como amigas, que estávamos apaixonadas uma pela outra.

— E quando começamos a namorar, fazíamos escondidas, com medo que nos proibissem de estarmos juntas. – Emma suspirou. – Até sermos descobertas e expostas a todos.

— Bom, não preciso dizer que Cora não aceitou bem, não é? Mas meu pai sim e ele fez a Cora se segurar. – Regina contou. – Já Mary e David nos aceitaram prontamente, nos defendiam de todas as formas que podiam e sempre pudemos contar com o apoio deles. Assim como quando você estiver pronta, eles também te apoiaram, sem dúvida nenhuma.

— Eu imagino que foi complicado para as duas. – Robin suspirou. – Na realidade, Alice me contou que os pais dela sabem e aceitam que ela namore garotas, eles vieram de uma cidade grande, aonde a mente das pessoas é bem mais aberta.

— Então ela já namorou meninas antes? – Emma questionou.

— Não, não chegou a namorar, pois ela gostou de uma que era hétero e não quis nada com ela. – Robin falou mais baixo. – Sorte minha, eu acho.

— Sorte das duas. – Regina sorriu. – Eu e sua Tia Emma também fomos a primeira uma da outra.

— E única, devo acrescentar. – Emma riu. – Mas sim, acredito que descobrir juntas é melhor. Poderão se apoiarem a cada passo dado, isso significa muito, acredite.

Robin concordou e a conversa seguiu, com Regina e Emma contando sua história e fazendo a sobrinha se sentir mais à vontade para se abrir com elas. Anoiteceu, após a janta, Regina acompanhou Emma até a porta de casa.

— Confesso que não queria ir. – Emma enlaçou o pescoço da morena.

— E eu não queria que você fosse. – Regina encostou sua testa na da loira. – Mas combinamos de ir com calma, lembra?

— Sim, não queremos que nenhuma pressa ou afobação nos atrapalhe. – Emma deu um beijo longo e carinhoso na namorada.

— O que acha de almoçarmos juntas amanhã? – Regina propõe.

— Excelente ideia. – Emma sorri amplamente. – Posso ir até o seu escritório, o que acha?

— Combinado então.

Regina sorri e beija a namorada mais algumas vezes, antes de se despedirem a contragosto.

A segunda-feira inicia, após deixar a sobrinha na escola, Regina dirige rumo a livraria, estava lotada de trabalho lhe aguardando. Ao passar pela loja, estranha uns olhares que recebe pelo meio do caminho, indo direto para seu escritório. Não poderia ter ficado mais surpresa de encontrar sua mãe sentada em seu lugar, com uma expressão dura na face.

— Bem, você não acreditou que eu deixaria você me destratar daquela forma na festa e ficaria por isso mesmo, não é, Regina?