Once Upon a Time - New Adventures

Brigas de Bar na Floresta Encantada


Todos foram jogados no chão duro de uma floresta, e, dessa vez, ninguém desmaiou.

Eles se levantaram, olhando ao redor, até que perceberam onde estavam.

— Floresta encantada. — Neal disse, sorrindo. — Ótima escolha.

Os seis sorriram e se entreolharam, sabendo que pensavam na mesma coisa; todos os seus pais, em algum momento de suas vidas, já haviam passado por aquele lugar.

— Então. O que iremos fazer? — Luke perguntou. Ele estava hesitante com as idéias que aquele bando de adolescentes — que já haviam se provado bem irresponsáveis — poderiam ter sobre “diversão”.

— Eu quero ir a um bar, para falar a verdade. — Neal disse, se levantando e se alongando. — Oops. Taverna, certo? Deus! Acho que estou ficando velho de mais para isso.

Melody fez um som com a boca fechada, como se estivesse com pena, mas claramente era sarcástico.

— Nosso próprio idoso. — a morena disse em seguida, ainda no mesmo tom.

— Para amar e chutar. — Gideon completou, sorrindo para o amigo.

— Até que a morte nos separe. — Neal disse conformado, e o resto do grupo riu.

Ninguém se opôs a ideia de Neal de uma bebida gelada, e o grupo passou a caminhar pela floresta, a procura de uma taverna.

— Espera! Não vamos… sei lá, procurar por uma aventura? Não foi “para isso que vieram aqui”? — Perguntou Luke, fazendo aspas com os dedos e falando a ultima frase em um tom debochado, já que havia sido Melody que havia dito aquilo a ele quando chegaram a Camelot.

— Está brincando? — perguntou Gideon, sorrindo animado. — Aqui é a Floresta Encantada! Não precisamos procurar por encrenca com o sangue que corre em nossas veias. Ela nos encontra facilmente, Lukas. — o castanho fez questão de dizer o nome do moreno no final, e lançá-lo uma piscada.

Luke revirou os olhos e continuou a andar com o grupo por algum tempo, até encontrar civilização.

E onde se tem civilização, obviamente há pessoas, pessoas casadas, pessoas infelizes, e, consequentemente, tavernas. Foi que Melody pensou, e estava certa.

Eles entraram no estabelecimento e todos ao redor os olharam. Claro que olharam, estavam vestindo roupas que simplesmente não eram daquele reino.

O grupo usava roupas relativamente parecidas. Calça jeans e camiseta, cada um com cores diferentes, e estilos diferentes, seus detalhes que lhes faziam eles mesmos.

Lylla sorriu e resolveu ir na frente, até o atendente, e pediu uma bebida.

— Você tem ao menos idade para beber? — o homem perguntou, a olhando de cima a baixo.

Gideon apareceu e se pôs ao lado da morena, sorrindo para o homem ao dizer:

— Talvez sim, talvez não. Quem se importa? E como exatamente ela poderia provar que tem idade? Vocês não têm carteira de identidade aqui, tem?

O homem fez uma careta e começou a colocar cerveja em um copo.

Lylla olhou para o Gold, agradecida, e logo desviou o olhar, constrangida. Aquilo era um pouco estranho, afinal, ele ainda era o garoto que havia tentado matar sua mãe, há pouco mais de 17 anos atrás, e, apesar de agora ela dever algo a ele, já que o garoto a trouxe a onde ela sempre quis ir, a Jones ainda não tinha certeza se podia perdoá-lo. Mas ao menos iria ser legal com ele, já que ele parecia ser uma pessoa decente.

Logo todos se juntaram ao grupo e decidiram se sentar em uma mesa redonda por ali.

Não demorou para que eles estivessem tomando suas bebidas, com um silêncio constrangedor estando presente ali.

Eles sabiam o motivo do silêncio. Eles eram grupos separados. Melody, Gideon e Neal eram melhores amigos, e tinham sua própria forma de pensar e agir, enquanto Robin, Luke, e Lylla tinham uma totalmente diferente. Ninguém havia realmente percebido, até aquele momento, o quanto aquilo parecia estranho, viajar com pessoas que eram desconhecidas para você. O único laço entre eles era Neal, e, sabendo disso, o loiro tentou fazê-los se conhecer.

— Então, Melody. Você sempre gosta de falar, por que não está falando agora? — ele perguntou, sorrindo forçado. Não tinha nenhum assunto, então decidiu deixar sua amiga escolher, mas a mesma o olhou com um olhar mortal, e indicou os três do outro lado da mesa, sem se importar em ser discreta e disfarçar a sua inconformação em ter os gêmeos e a ruiva ali com eles. Neal assentiu conformado. — Bom, então… e você, Luke? Quer dizer algo?

O garoto levantou a cabeça para encarar tio. Estava distraído em pensamentos, e bebendo sua cerveja quente tranquilamente. Quando o moreno levantou a cabeça, ninguém pode segurar a risada.

— O que? — o gêmeo perguntou, em confusão.

Todos riram mais.

O garoto não havia notado que havia ficado um “bigodinho” da cerveja, e quando percebeu limpou com as costas da mão, e se limitou a corar.

Logo todos pararam de rir e o diálogo morreu. Então o silêncio reinou novamente.

Foi um bom momento, e então acabou, e eles perceberam que não se davam bem novamente.

Melody, cansada daquele silêncio, tirou o celular da mochila que havia trazido consigo, e conectou nos fones de ouvido, dando play em uma música aleatória, felizmente, a música certa.

— Right right, turn off the lights. We're gonna lose our minds tonight. What's the deal yo? — ela começou a cantar em voz baixa, mas foi um suficiente para Neal ouvir a letra da música, e reconhecer no mesmo momento.

— I love when it's all too much. 5am turn the radio up. Where's the rock and roll? — ele continuou, e todos os outros na mesa ouviram.

— Party Crasher. Panty Snatcher. — Robin cantou, começando a dançar, sentindo o ritmo da música, mesmo sem som.

— Call me up if you a gangsta. — Lylla cantou, após a amiga.

— Don't be fancy, just get dancy. — Gideon continuou a letra, também dançando um pouco.

— Why so serious? — Luke foi o último a se juntar a turma, e logo — no refrão — todos cantavam juntos.

— So raise your glass if you are wrong, in all the right ways! All my underdogs. We will never be, never be anything but loud. And nitty gritty dirty little freaks. Won't you come on and come on and raise your glass! Just come on and come on and raise your glass! — eles cantaram todos juntos o refrão. Assim como o resto da música.

Estavam tão entretidos cantando a música, dançando uns com os outros, batendo na mesa, e batendo os pés, que nem ao menos viram que todos os encaravam, em um silêncio mortal.

Após cantarem a letra inteira, dançando e sorrindo, eles pegaram seus corpos e fizeram um brinde simples. Ninguém disse uma palavra, mas eles sabiam que era em homenagem a um início de, talvez não de uma amizade, mas pelo menos de uma relação respeitosa.

Quando pararam de rir, eles finalmente perceberam o estranho silêncio no lugar, e observaram ao redor.

Todos estavam em silêncio intercalando os olhares entre o grupo de jovens na mesa redonda, e um adolescente que estava parado na porta da taverna, os encarando como se o grupo tivesse o desafiado.

O adolescente tinha cabelos negros como eles nunca haviam visto, sua pele era achocolatada e refletia um pouco de luz, por o garoto estar com uma leve camada de suor sobre si, dando-lhe um ar... Aventureiro.

Ele andou lentamente até a mesa dos seis. O lugar estava silencioso, e o único som que eles ouviam, era o barulho das botas do garoto batendo no chão de madeira, e um tilintar das correntes nas roupas de couro do moreno. Ele usava uma calça escura de couro definitivamente apertada, uma blusa branca de tecido leve aberta de cima para baixo até o umbigo, e um grande casaco preto de couro jogado por cima da blusa. O cabelo bagunçado o dava um ar de misterioso e perigoso

Robin não pode deixar de reparar na beleza do garoto, mas apenas aquilo, pois ela não achava que ele fazia seu tipo. Robin era mais do tipo, Good Guy. Não Bad Boy. O bonzinho, o quieto, o Nerd. Essa era sua área, com a única exceção de Chris, seu ex.

Melody também observou discretamente, tendo certeza de que seus amigos não conseguiriam ver, pois se vissem a chamariam de menininha, etc. Mas quando se virou para olhar para seus amigos, percebeu que estavam ocupados demais para perceber o olhar dela sobre o moreno.

Neal o encarava como se ele fosse um competidor. Um inimigo mortal que ele estava prestes a destruir se chegasse mais perto.

E Gideon. Ah, ela já deveria ter esperado. Gideon quase babava encarando o moreno a sua frente, o olhando como se estivesse preparado para puxá-lo para um canto e… Melody sacudiu a cabeça forte com esses pensamentos, e logo se sentiu enjoada com sua imaginação. Não queria a imagem de seu melhor amigo no meio de uma situação dessas nem em sua mente.

Luke o observou, mas não viu nada que o atraísse ali. O garoto era bonito? Muito. Mas ele não conseguia pensar em nada mais do que isso. E, além disso, o olhar de Robin, Melody e Gideon sobre o garoto fazia Luke se sentir enjoado.

Lylla observou o garoto, mas não tirou os olhos de seu rosto. Para ela, ele era um adversário, assim como para Luke e para Neal. Ela conseguia ver a espada que ele carregava no cinto, e não tirou sua atenção daquele ponto, percebendo que ele nem havia se incomodado em tocar a espada, como se eles não fossem uma ameaça tão grande.

— Uma música… interessante, vocês cantaram. — ele se pronunciou, apoiando as mãos na mesa, segurando firmemente nas bordas, e invadindo o espaço pessoal de Lylla.

— Obrigado. — Luke respondeu, friamente.

O garoto sorriu.

— E quem são vocês? São claramente novos por aqui. — ele disse sorrindo como uma cobra; prestes a atacar a qualquer momento.

— Não irá se apresentar primeiro? — Gideon teve a ousadia de perguntar, dando um de seus melhores sorrisos ao garoto.

— Minhas desculpas. — ele disse, percebendo que havia esquecido. — Capitão Kyle Black. — ele sorriu charmoso.

— Eu sou Gideon. — o moreno se apresentou, ainda sorrindo maliciosamente ao capitão.

O grupo todo o encarou como se ele fosse um traidor; Estava flertando com o inimigo.

O Gold deu de ombros e abaixou o olhar.

Luke se sentiu com raiva. Então era assim que Gideon funcionava? Um cara bonito aparecia e ele não hesitava em simplesmente dar em cima dele? Há menos de dois dias ele havia quase o beijado, e no dia “anterior”, Luke havia o beijado, — por causa do poder de manipulação da Jabberwocky. — E agora estava flertando com aquele pirata bem na sua frente?

— Meu nome é Luke. — O Jones disse sorrindo forçadamente ao pirata a sua frente, e se levantando. — Essa é minha irmã, Lylla. E esses são Robin, ela atira muito bem, com arco e flecha. Esse é Neal, é bom com arco, espada, e cozinha. E essa é Melody, ela é… agressiva. Mas é linda. — o moreno indicou cada um ali, como se fizesse uma propaganda. Algo como se dissesse “Todos são opções. Exceto por Gideon”.

Melody encarou Luke, confusa pelo que ele havia dito. Não havia entendido o motivo de tê-la chamado de linda, mas não pode evitar corar. Ela não se lembrava de ninguém tê-la chamada de linda em sua vida toda contanto que não fossem seus pais. Alguns garotos até chegavam perto dela para tentar puxar assunto, mas ela nunca se interessava por nenhum deles, e Neal e Gideon acabavam aparecendo e os expulsando.

— Só diga logo o que você quer. Capitão Black. — Melody disse, se levantando, impaciente.

— Oh, certo. Eu não sei quanto tempo pretendem ficar, mas… — ele começou a dizer, mas foi cortado.

— Vamos ficar quanto tempo seja necessário, capitão. — Neal disse, com a intenção de ser rude.

O pirata assentiu com arrogância.

— Então precisam saber as regras.

— Que regras? — Robin perguntou, desconfiada.

— Ao pôr-do-sol, eu venho aqui, tomar uma cerveja geladinha. E, geralmente, gosto de silêncio. Mas hoje, quando cheguei, encontrei a cantoria de forasteiros. Só queria dizer que não tolerarei mais isso. Apenas o fiz dessa vez, pois são novos, tudo bem? — Kyle disse como se explicasse algo a uma criança. Como se fosse um Bully no primeiro dia de aula de um calouro.

— Já ouviu a frase "os incomodados que se mudem"? — Lylla perguntou pela primeira vez ali.

— Temo que já ouvi… Hannah? — ele pergunta, mordendo o lábio inferior.

— Lylla. — ela responde, pausadamente, sentindo a raiva borbulhar dentro de si.

— Sim. Bom, querida Lylla, essa frase não funciona comigo. Esse lugar é meu. Eu sou mais do tipo “Me incomode, e seja chutado para fora”.

Ele se virou, andando até sua mesa lentamente, sabendo que havia ganhado a discussão.

— Não pode nos impedir de ficar aqui! — Lylla gritou, se levantando por impulso.

Ele sorriu, e se virou para a garota, desembainhando a espada, e apontando para morena.

— Quer mesmo fazer isso, garotinha? — ele perguntou, e ela viu metade do bar se levantar para entrar na briga. Parece que Kyle era popular por ali.

Lylla respirou fundo, e sorriu. Ah como ela queria, mas a mão de seu irmão segurou a sua.

— Lylla, eles são muitos. Não vale a pena. São apenas piratas orgulhosos. — ele explicou, pedindo com olhar que ela não fizesse nada imprudente.

Ela observou o resto do grupo. Neal, Gideon, e Melody estavam prontos para entrar na briga, mas Luke e Robin a davam um olhar reprovador.

Novamente, ela observou o pirata, suspirou, e se sentou, em silêncio.

— Foi o que eu pensei. Puta. — ele disse voltando a sua mesa.

Lylla segurou sua raiva, fechando os olhos com força, mas logo ouviu o barulho de vidro quebrando, e os abriu novamente.

Ela observou ao redor, e viu seu irmão, em pé, com uma expressão raivosa.

Ela viu cacos de vidro perto dos pés do pirata, e o Black se virou, encarando Luke com raiva. Não foi preciso muito esforço para saber que Luke havia jogado a garrafa no moreno.

Após alguns segundos de silêncio, o lugar se tornou um caos. Pessoas brigando aqui e ali, magia do grupo sendo usada para defenderem uns aos outros.

Ali, todos possuíam magia. Exceto por Melody e Robin, mas a morena sabia lutar e atacou os homens com toda sua força. A ruiva não era tão boa em luta corporal, mas distribuía uns bons socos nos piratas ao redor. Ela também havia ficado com raiva de Kyle quando havia chamado Lylla daquela palavra, e agora descontava a raiva.

Lylla os jogava na parede, e os desmaiava rapidamente. Assim como Luke.

O gêmeo estava tão entretido com um grande homem barbudo, que gritava em sua direção, que não viu a garrafa sendo jogada em sua direção, mas Gideon viu.

Quando o mais velho percebeu, já havia se jogado em cima de Luke, o fazendo cair no chão, desviando da garrafa. Ele puxou o Jones para baixo da mesa, por precaução.

Gideon acabou por cima do moreno, que arfava com o susto.

— Nada mal para um primeiro encontro, certo? — o Gold sorriu.

Luke ficou indignado.

— Primeiro encontro? Estava flertando com aquele pirata idiota até dois segundos atrás! — ele exclamou nervoso, e Gideon o encarou em confusão pela reação do moreno, até uma lâmpada se acender em sua mente.

— Está com ciúme? — ele perguntou, sorrindo incrédulo.

— Claro que não! — Luke exclamou, e tentou voltar à luta que acontecia ali, mas o mais velho o segurou forte.

— Está sim, Lukas! Não há ponto em mentir para mim. — Gideon continuou sorrindo, e se aproximou do mais novo, deixando sua respiração bater no rosto do Jones.

Luke não pode evitar se sentir com medo e ansioso. Mas era uma boa sensação para ele. Principalmente quando Gideon se aproximou mais e roçou seus lábios nos do gêmeo.

Suas respirações se aceleraram. Mas Luke ainda estava bravo, e não deixaria a si mesmo cair nesse truque novamente. Usando sua magia, fez o mais velho voar para longe dele, batendo as costas na parede, e voltou para a luta.

Todos brigavam com todas as suas forças, mas sua magia se cansava rapidamente, mas felizmente, conseguiram terminar aquela batalha. Ao terminar, olharam ao redor, procurando por Kyle, mas ele não se encontrava por ali.

Um silêncio se instalou ali, enquanto o grupo tentava recuperar o fôlego. Quando já estavam um pouco descansados, antes que qualquer um pudesse dizer algo, passos foram ouvidos do lado de fora, e em seguida, homens vestidos de couro entraram no lugar. Piratas, provavelmente a mando de Kyle.

O grupo olhou ao redor; havia muitos deles, e sua magia estava cansada. Não havia o que fazer.

Antes que qualquer um deles pudesse pensar, Melody empurrou um armário de bebidas entre os grupos, os assustando.

— Corram! — ela exclamou, e nenhum deles pensou duas vezes.

Os seis correram com uma grande vantagem dos piratas que tentavam alcançá-los. Eles não percebiam, mas a maior parte dos homens já estava velha demais para aquilo, e perderam os jovens de vista rapidamente, quando eles adentraram na floresta.

Após correr pela floresta, sem direção de para onde ir, e apenas esperando que tivessem despistado os piratas, os adolescentes pararam, tentando recuperar o fôlego.

— Uma pena termos ido embora tão cedo. — Neal disse ofegante. — Ainda gostaria de uma bebida gelada.

Os outros riram. Não pela piada sem graça que o loiro havia feito, mas sim pelo que haviam acabado de passar. Luke havia quebrado uma garrafa na cabeça de um capitão de um navio pirata, e eles haviam entrado em uma briga de bar. Era tão conto de fadas que chegava a ser idiota, e engraçado.

— Bom. Não íamos ter como pagar a conta de qualquer forma. — Gideon comentou sorrindo.

— Sabe… eu acho deveríamos acampar aqui. — Lylla disse observando ao redor.

— E eu acho que deveríamos encontrar pelo menos um rio, porque eu estou com sede e fome. E já que não podemos pegar comida, quero pelo menos tomar algo. — Melody disse, também observando ao redor.

— Quem disse que não podemos pegar comida? — Gideon perguntou, sorrindo com a ideia de mais uma aventura naquele dia.

— Deveríamos nos separar. — Robin disse, observando os amigos. — Dois vão buscar água, dois vão buscar comida, e os outros dois ficam esperando aqui e acendem a fogueira.

— Bom, eu não sei vocês, mas uma aventura está bem por hoje. Vou ficar aqui e fazer a fogueira. — Luke disse se sentando em uma árvore caída bem ali, que nenhum deles havia percebido.

— Ah, bom. Eu vou procurar por água. — Lylla mencionou. — Robin vem comigo.

— Não. — Gideon se pronunciou. — É melhor de dividirmos o grupo. Não apenas para começar a nos conhecer melhor, como para a segurança. Vocês são os cérebros e nós somos os músculos. É seguro que vá, um cérebro e um músculo.

— Acha que não sei me defender? — Lylla perguntou ofendida. — Não viu o que eu fiz com aqueles piratas há momentos atrás?

— Não digo isso, Lylla. — Gideon continuou, e Luke reparou que ele não a chamava pelo nome inteiro como fazia com ele. — Eu apenas digo que é mais seguro. Melody vai com Lylla, buscar água, e Robin com Neal, pegar comida. Eu fico com Lukas.

Ninguém discorda, afinal, Neal não tinha nenhum problema em ir com Robin, não havia tido tempo de irritá-la nem uma vez desde que pularam no primeiro portal, os outros, apesar de não gostarem da ideia, sabiam que deveriam se conhecer melhor; era um plano até mesmo estratégico.

Luke se sentiu incomodado com a ideia de ficar ali com o Gold, mas não ousou dizer nada.

Lylla e Melody apenas assentiram e recolheram as garrafinhas dos amigos, que estavam surpreendentemente vazias. Os guardas deveriam ter as esvaziado quando eram prisioneiros em Camelot.

Elas adentraram na floresta, mesmo percebendo que já estava anoitecendo.

Após alguns minutos de silêncio, Lylla não suportou, e resolveu quebrá-lo.

— Então… quantos anos você tem, mesmo? — a morena perguntou, sorrindo simpática.

— Não pergunte como se você se importasse. — Melody respondeu ríspida.

— Eu… — Lylla tentou falar, mas fora interrompida novamente.

— Não. — a outra respondeu rápido. — Pergunte logo algo que você realmente queira saber.

Lylla parou e se perguntou: o que eu gostaria de saber sobre a garota ao meu lado? A resposta lhe veio imediatamente.

— Você realmente viveu trancada naquela casa durante 12 anos? Sem poder ir ao mar? — Lylla perguntou curiosa.

— Sim. — Melody respondeu em um tom sombrio. — Eu amava o mar. Sabia que pertencia a ele, mas nunca podia nadar ali. Eu via as outras crianças indo à praia, nadando no mar, e sentia inveja deles. Não só por terem liberdade para fazer o que eu sempre quis, mas por… terem amigos também.

Lylla observou a outra com pena, e Melody sacudiu a cabeça, percebendo que já havia revelado muito a uma estranha.

— Então eu conheci Gideon. Ele era um excluído, não tanto como eu, mas era. “Quem gostaria de ser amigo do filho do Dark One?” ele me perguntou quando nos conhecemos em uma de minhas escapadas ao mar, bom, obviamente, eu me voluntariei. Tornamos-nos amigos rapidamente, isso antes de toda a situação de descobrir que era metade sereia. Minha mãe manteve esse segredo de mim para me proteger. — a garota estava claramente triste ao mencionar a mãe, mas logo ela maneou a cabeça e voltou a contar. — Após tudo o que houve com meus pais... E... Eu passando a morar com Regina, o que era estranho no inicio, já que eu mal a conhecia, mas isso não importa agora. Então veio a escola. A primeira vez que eu fui para uma escola. No primeiro dia de aula da 5° série, eu fui com Gideon, e lá conhecemos Neal, que tinha tudo para ser o garoto mais popular da escola. Atlético, bonito, e filho de dois dos maiores mocinhos da história. Mas mesmo assim, ele preferiu andar conosco. Assim já você e seu irmão, já estudavam lá, eram a sensação do colégio, os gêmeos mais populares da história.

Melody riu, sem um motivo real para tal.

— Por que você nos odeia?

— Odeio todo mundo.

— Mas não Neal e Gideon.

Melody concordou com a cabeça.

— Então por que odeia todo mundo?

A Castle riu amarga.

— Vocês, ignorantes narcisistas, com suas vidinhas perfeitas sem nunca ter que se preocupar com nada e mesmo assim conseguem reclamar de tudo.

Lylla se surpreendeu com a resposta e se sentiu um pouco irritada.

— Do você está falando? Você é filha da Ariel! A pequena sereia! A história de seus pais é tão clássica quanto a dos meus! Você foi adotada por Regina! A nossa prefeita! O que, exatamente, faz você pensar que é melhor que nós?

Melody, que até aquele momento andava na frente, de costas para Lylla, parou e se virou para encarar a Jones.

— Eu sofri na minha vida! Eu tive perdas! Eu quase morri! Podem ter dito que foi uma coisa heróica e bonita quando eu fugi para o mar, mas não foi assim! Foi idiota, egoísta e infantil! Pessoas morreram por minha causa. Meus pais… — a Castle fez uma pausa ao começar a frase e deu um suspiro falho, e logo abriu a boca para continuar a frase, só que agora mais calmamente. — Meus pais morreram por minha causa. Não foi um conto de fadas.

E com isso, voltou a andar.

Lylla engoliu em seco com a resposta da morena. Ela não gostava de receber gritos de alguém que ela mal conhecia. Fazia-a sentir-se pior do que tudo, de alguma forma. Mas a coisa estranha era que Lylla não se lembrava do funeral de Ariel e Eric, por isso, muitas vezes até esquecia que eles estavam mortos. Por que não me lembro do funeral?

Havia acontecido logo após… aquilo. Logo após aquilo que houve com Robin. Lylla se lembrava de estar no hospital segurando a mão de sua amiga, que agora estava sedada, enquanto os acontecimentos dos últimos dias passavam por sua mente. Por quê? Ela pensava. Por que a deixei sozinha bem naquele dia? Por que fui idiota o bastante para deixar minha amiga desprotegida sabendo o quão ingênua ela poderia ser? Lylla pensava e se responsabilizava pelo que houve com a ruiva. Se algo houvesse acontecido ela iria se culpar para sempre. Então seus pais e Luke entraram no quarto. Eles abraçaram Lylla e desejaram melhoras a Robin. Mas a Jones se lembrava vagamente de eles saírem mencionando que iriam a um funeral. Lylla nem ao menos prestou atenção para saber de quem era. Apenas sabia que sua amiga precisava dela e a morena não podia prestar atenção em qualquer outra coisa naquele momento.

Eric e Ariel. O nome apareceu em sua mente naquele momento e a gêmea lembrou-se da frase inteira de seus pais.

Lylla. Eu sei que tem muita coisa na sua mente agora, mas… lembra-se de Ariel e Eric? Fomos à festa de aniversário da filha deles, Melody, alguns dias atrás. Bom, eu não queria te contar isso agora, mas acho que vai ter que ser assim. Eles morreram. As circunstâncias em que isso aconteceu não são importantes. O importante é que iremos ao funeral dele agora, ok? Nós temos que ir prestar nossos pêsames. Eu sei que está preocupada com Robin então vou deixar você ficar aqui, tudo bem?

Logo um peso de culpa caiu sobre os ombros de Lylla.

— Melody… Eu… eu não sabia.

A Castle riu.

— É. Você foi a única pessoa na cidade que não compareceu ao enterro. Você e Robin. O que houve? Tiveram que estudar para a recuperação? Não? Então tiveram que assistir algo que estava passando na TV, ou fazer qualquer outra coisa? — Agora Melody parecia bem irritada, mas ela apenas respirou fundo e continuou. — Quer saber? Não me importo. Ambas sabemos que foi por algum motivo egoísta, mas a queridinha da cidade nunca seria julgada por isso, não é mesmo?

— Não ouse supor motivos para eu não ter ido! Tivemos motivos! — Lylla respondeu com a raiva de volta.

— Sério? O qual? — Melody perguntou, e Lylla estava pronta para lhe ignorar, mas Melody parou e encarou Lylla, como havia feito antes, ela parecia realmente querer uma resposta.

— Nós… Nós… — Lylla começou, mas não pode terminar. Havia jurado a Robin que não diria aquilo para ninguém, eles haviam mantido aquilo em segredo para com todos na cidade exceto pela família de Lylla e de Robin.

Melody deu mais uma de suas risadas amargas e voltou a andar.

Após alguns minutos de caminhada Lylla voltou a falar.

— É por isso que nos odeia? Por que não aparecemos no funeral de seus pais?

Antes que Melody pudesse responder, elas perceberam que haviam andado de mais, e para a direção errada. Estavam na praia.

O lugar estava estranhamente movimentado, havia pessoas andando por ali, apenas passeando, e outras carregando coisas, voltando do trabalho, e elas até reconheceram alguns piratas de momentos atrás.

— Deveríamos ir. — Melody diz friamente, se virando e entrando na floresta.

— Espere! — Lylla sussurra, observando quando um dos piratas anda até um navio que ela conhecia muito bem. Havia ouvido incontáveis descrições sobre ele, além disso, seus pais haviam a mostrado em um filtro dos sonhos. Mas a maior prova era o que estava escrito na popa do navio: “Jolly Rogers”. — Não é possível. — a Jones sussurrou sem reação.

— O que? — Melody perguntou impaciente.

— É o navio meu pai. Estava com Barba Negra de acordo com ele. — Lylla explicou.

— Talvez ele tenha perdido o navio para aquele garoto. Podemos ir agora?

— Talvez. Mas… e se ele for filho do Barba Negra? — Lylla disse intrigada. — Kyle Black. Faz sentido!

— E daí? Por que isso importa?

— Por que o navio de meu pai está em mãos erradas, deveria pelo menos estar em mãos de pessoas honradas. — Lylla comentou, fitando o navio com determinação ao tomar uma decisão. — Melody. Eu vou pegar o navio de meu pai de volta.