P.O.V. Kalique.

É incrível! Ver isso, estar presente num momento como esse.

—É lindo.

—E aquela coisa de colheita? Rituais da colheita são proibidos.

—São?

—Sim. São.

—A Terra é uma fazenda e vocês são só gado para nós.

—Me chamou de vaca?! Perai que eu vou mostrar uma coisa aqui pra você olhar.

Ela começou a tirar os brincos.

—Peraí qual é o problema?

—Essa sua amiga ai, fica chamando a gente de gado! Isso é igual a chamar a gente de vaca.

—Ela não é daqui. Ela é de outro planeta, mas eu falo com ela e eu explico beleza?

—Beleza. A gente não veio mesmo pra brigar tá ligada!

Ela pegou os enormes brincos de argola das mãos da outra e saiu.

—Você não deve falar isso pras pessoas. Faz se sentirem ofendidas.

—Mas, é a verdade.

—Pra você. Pra essa gente não é.

—As pessoas desse planeta são nada para quem tem a vastidão do espaço.

—Mas, elas são importantes pra mim! Eu uso a minha magia por elas e para elas! Mas, o que você sabe sobre ser amorosa, gentil ou caridosa? Nada. O que o exterior de uma pessoa diz sobre ela? Nada. Você pode ser linda por fora, mas por dentro... você é horrível! A sua alma está manchada com o sangue dos inocentes.

—O que você sabe sobre a minha alma bruxa?!

—Tudo. E posso mostrar. Espelhos!

Elas viraram todos os enormes espelhos para nós. a bruxa deitou no chão e começou a falar.

Ela fez um feitiço e quando eu me vi refletida nos espelhos eu soltei um berro.

—Olha pra ela. Olhe pra si mesma! Veja como você é feia!

Ela me forçou a olhar. Aquela criatura horripilante. Parecia uma múmia, era velha, a carne era cheia de vermes que a comiam.

—Não! Isso é horrível!

—Isso é você. O que você vê é o que você é.

Balem entrou no meio dos espelhos e ele foi pego de surpresa também.

—Horrível. Que demônio é esse?

—É você, Lorde Balem.

Ela prestou uma reverência debochada.

—Não! É um de seus feitiços!

—É. O feitiço do verdadeiro eu.

Ela tinha algumas cicatrizes, mas era quase imperceptível.

—Você é linda. Tem algumas poucas cicatrizes, mas é linda.

De todos nós, Titus era o menos feio.

—Uma de suas cicatrizes acaba de sumir irmão.

—Porque está se tornando mais homem que monstro. Adam!

Esse era feio. Mas, refletido no espelho ele era lindo.

—Você é tão feio por fora, mas tão belo por dentro.

—Moça, eu sou feito de oito pedaços de oito cadáveres diferentes. Trazido, forçado de volta a vida por um louco, mas tudo mudou quando conheci a Ivete. Ela me completa.

—Ivete?

—Sim. Minha noiva Ivete. Feita somente pra mim. Pela Doutora Emily Mcgarret.

—Emily fez a sua parceira?

—Sim. Do mesmo jeito que Viktor Frankenstain me fez, ela usou o diário dele para me fazer uma parceira. Ela cumpriu a promessa que o meu criador me fez. E eu já não estou mais sozinho.

—Como acha que eu ganhei a cicatriz? Fazer a Ivete vai contra as leis da natureza, eu traí a natureza quando a criei e foi devidamente castigada. Depois dela eu prometi que nunca mais faria nada igual a isso. Eu só o fiz porque Adam é meu amigo e eu não podia suportar a ideia dele passar a eternidade sozinho.

—E serei eternamente grato por isso.

—Eu sei.

—Vamos dançar.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.