Oculto

Capítulo 15 - Yin e Yang


Era manha de uma sexta feira, eu e Danilo levantamos cedo para irmos andar um pouco e ate mesmo ver o amanhecer do sol. Pegamos uma cesta de café da manha e partimos para o penhasco Joes ; que era o ponto mais alto da cidade. Entramos no carro e fomos. Eu ligo o radio que tocava 21-guns do Green day. Isso me faz ter ainda mais certeza de que, aquele dia seria incrível. Eu não posso me conter e começo a cantar a musica, Danilo me acompanha pois essa era uma de suas musicas preferidas.

- One, 21 guns... Lay down your arms Give up the fight! One, 21 guns... Throw up your arms into the sky, You and I... - Cantamos juntos enquanto ele acelerava numa pista reta e lisa. O vento batia em meus cabelos na janela aberta. Ele segurava minha mão e eu o olhava atentamente pra não perder nada daquele rosto lindo.

Chegamos ao penhasco Joes. Faltava pouco para o sol aparecer pois o céu já começara a ficar alaranjado. Estacionamos o carro bem de frente para onde o sol surgiria. Setamos no capo e aguardamos. Danilo se vira para mim e me olha nós olhos.

- O que foi? - eu disso baixinho.

- Só não consigo intender como uma garota me dominou como você me domina. Como...

- Se arrepende por acaso?

-Está brincando? Você é melhor coisa que já me aconteceu. Com chulé e luto - ele ri

- Eu não tenho chulé!! - eu digo rindo. Ele se projeta em cima de mim. - Como você consegui transformar uma arvore seca e morta, em uma arvore frutífera e viva?

-Talvez eu saiba como adubar a terra.

-Explique. - digo, Ele encosta seu nariz no meu.

- Você só precisava de alguém que parece de te criticar, e buscasse a cura. Eu simplesmente deixei você falar ao invés de te cortar. Deixei você ser você mesma, e, lhe dei amor, ninguém vive sem amor. - ele diz ainda com seu nariz colado ao meu.

-O teu amor me alimenta. - disse eu, ele me beija de vagar e com um jeito carinhoso que, só Danilo sabia demostrar. Ele se deitou novamente de frente para o céu. Lá estava ele, o sol. Algo tão incrível. Olhei para Danilo e ele estava de olhos fechados, parecia absorver cada raio. Ele abriu os olhos e disse.

- Bom dia pai.

-Porque disse isso? - eu disse baixinho

-Meu pai me chamava de sol quando criança, sempre que olho para ele, - ele aponta para o sol - Me lembro do meu pai. O sol é a fonte de energia e poder dos Flamejantes, somos dependentes dele como você depende dos mares. As vezes me sinto fraco, a poluição dos humanos afeta a camada que protege a terra dos raios mais fortes, isso me deixa sobrecarregado e me fez passar mal.

-Isso também já aconteceu comigo. As vezes me sinto fraca e tonta. Mas nunca soube a causa.

- Isso é porque os humanos agem como porcos num chiqueiro. - ele se senta - Jogam lixo nas ruas, depositam esgoto no mar e quando vão as prais... Simplesmente deixam seus restos na areia e a mare os suga.

-Como podem fazer isso com o próprio planeta? - Digo me sentando e com um tom de indignação.

-Não sei. Acho que nem eles sabem ao certo. - O vento mexia com seu cabelo e o tom alaranjado do sol que nascia, fazia seus olhos ficarem mais castanhos e sua pele, adquiria um tom único. - Mas, deixemos os humanos e suas burrices para trás. - ele se estica ate a Janela do carro e pega nossa cesta. - Vamos tomar cafe la em baixo? - Logo abaixo de nós havia a praia Carpe Diem. Areia branca e o mar de fundo. Danilo e eu descemos por uma escada longa e cheia de areia que ficava próxima da onde o carro estava.

Assim que pisei na areia e senti o geladinho e as partículas do mar no ar, me senti tão viva e tão em casa. Relaxada como nunca havia me sentido. Danilo solta minha mão para arrumar a toalha no chão. Ainda estava um pouco escuro pois o sol ainda não teria saído por completo. Pego algumas pedras grandes para que a toalha não se embole com o vento. Danilo se sentou e eu me sentei no meio das pernas dele, me encostando em seu peito, ele me cheirava ; eu sempre amei isso.

-Me sinto tão bem aqui... - eu disse

-Eu também.

-Mas o mar... Você não deveria estar meio fraco? - pergunto.

-A praia é a junção dos dois mundos Ally. Logo a cima o sol nós rege, e logo a frente o mar dos presenteia com brisas suaves. É aqui onde nossos poderes se completam.

-Por isso me sinto tão bem aqui? contigo e o mar?

-Exatamente - Ele sorri. Depois de um tempo observando o sol subir sob o mar, tomamos cafe da manhã ali mesmo. Pães, queijos, leite, rosquinhas e é claro, meus amados Bolypólons. Quando Já havíamos devorado tudo, vamos até a beira do mar, Danilo dobra suas calças e gentilmente se abaixa para dobrar as minhas. Estamos caminhando sem rumo pisando na água. O contato dos meus pés com a água me da uma sensação tão incrível.

- É como se o mar soubesse que eu estou aqui, e que... Ele me quisesse por perto.

-Ele quer, afinal, você é a filha dele. - ele me olha. Danilo estava com as cesta de pique nick pendurada em um dos baços e com as mãos dentro dos bolsos de sua blusa de moletom, calças dobradas e pés descalços; ele havia colocado os tênis dentro da cesta vazia, junto com os meus. Eu segura um de seus braços e andávamos tranquilos pela praia. O vento batia em meus cabelos cumpridos e a brisa me fazia fechar os olhos para sentir.

-Eu amo esta aqui - digo de olhos fechados, quando Danilo para e vai até minha frente.

- Eu amo você - ele beija minha boca com tanto amor que quase sinto meu corpo derreter. - Agora, eu duvido que você consiga me pegar, e não vele tropeçar ! - ele sai correndo.

-Não é justo! eu tenho pés de pato! - eu saio correndo meio atrapalhada atras dele. Consigo num surto de aranha me pendurar nas costas dele. Ele me gira, estávamos tão felizes que nem notamos o tempo passando. As pessoas já começavam a chegar a praia e como não gostávamos muito de gente...

- Estão chegando... Vamos antes que comessem a falar. - eu digo olhando para frente.

-Esta certa, vamos dar o fora. - Danilo me responde, eu ainda estava nas costas dele, ele me levou escada a cima e quando chegamos no carro ele me colocou no chão.

-Puxa, como você é forte, e nem suou.

- Como se você fosse pesada não é magrela. - ele cutuca minha barriga.

-Olha, isso é Bulliyng!

-Não, é amor - ele fala ao meu ouvido e esfrega sua testa no meu pescoço.

- Você ama de um jeito estranho sabia? - eu digo sorrindo e olhando aqueles olhos.

-Isso é porque eu sou um garoto estranho, e, você se amarra nesse estranho aqui, não? - eu rio e nós beijamos. Entramos no carro e fomos pela estrada. No radio, tocava Led Zeppelin - When the Levee Breaks. Danilo batucava no volantes, acho que se lembrando do ritmo pois ele é baterista, eu imaginava os acordes porque tocava guitarra. Tocávamos juntos as vezes, era incrível. A musica acaba e atrás dela, outra incrível começa, All Apologies - Nirvana. Danilo era louco por Nirvana, cantávamos juntos como fizemos na vinda.

-What else should I be? All apologies!! What else could I say? Everyone is gay! - Cantávamos felizes. O rock era só mais uma qualidade que ele tinha, além do bom gosto, ele tocava como ninguém, e essa paixão nós compartilhávamos.

Danilo pegou o que ele dizia ser um ''atalho''.

-Você errou a entrada- disse eu

-É só um atalho.

-Sei - eu ri. Demoramos algum tempo para chegar em casa, pois o ''atalho'' nós fez dar a volta na cidade. Chegando perto de casa, eu avisto o que parecia ser uma cesta abandonada na beira da estrada perto do portão da propriedade, estava se mexendo então resolvi olhar.

-Dã, espera pare aqui.

-O que vai fazer? - diz ele parando enquanto eu já abria a porta.

-Olha - eu me abaixo, - venha ver !

-O que é? - ele da a volta no carro para ir ate mim.

-São filhotes! - digo passando a mão na cabeça de um deles. - Quem abandonaria filhotes?! Monstros!

-Vamos leva-los para dentro, acho que estão com fome.- ese diz, eu pego a cesta com meus anjinhos. Eu estava preocupada com a saúde dos filhotinhos, pareciam ter por volta de uns 20 dias e pareciam famintos! Eram 2 filhotes de labrador, um preto e um branco e eram a coisa mais fofa!

Danilo estacionou o carro na garagem e eu saltei para fora com pressa para ir ate a cozinha. Lá, peguei duas das mamadeiras que Marta estava guardando, coloquei leite e entreguei uma para Danilo, peguei um filhote no colo e lhe alimentei. Ele sugava o leite como se aquilo fosse salvar sua vida e bom... ia.

- Uou, esteja esta com muita fome - disse Danilo.

-Os dois estão - eu digo olhando para o meu filhote com os olhos iluminados. - Podemos ficar com eles? - digo com voz de criança pedindo algo para os pais.

-Claro! - eu sorrio aliviada - Qual nome quer dar ao seu?

-Hmm... Acho que é 'sua', esta é fêmea e branca então se chamará Yin! e o seu?

- Bom, é macho e preto então, Yang. - ele me diz sorrindo e eu sorrio de volta. - São lindos! - Ficamos ali babando nos novos integrantes da Família.

-Amor, aonde sera que estão Marta e Marcelo?- eu pergunto

-Não sei, acho que não estão la em cima, esta quieto. - quando ele termina de falar o telefone toca, estávamos sentados no sofá da sala, eu estico o braço e atendo.

-Alô?

-Ally? Eu sou pai Ally! Eu sou pai!