Voldemort observava a guerra acontecendo do lado de fora pela janela da sala enquanto Nagini ficava ao seu lado, também observando tudo. Harry entrou em silêncio pela porta e permaneceu com sua varinha apontada para Voldemort.

– Harry... Esperava mesmo que viesse – iniciou Voldemort.

Harry se surpreendeu. Não esperava que fosse ser notado pelo seu inimigo.

– Estou aqui – respondeu o garoto.

– Podemos evitar que os outros se machuquem... Apenas largue sua varinha e me deixe te matar sem empecilhos – disse o Lorde, enquanto se virava para ele.

Harry não respondeu à provocação de Voldemort, apenas o olhou com um olhar extremamente desprezível.

Expelliarmus! – conjurou Harry para Voldemort.

Voldemort ricocheteou o feitiço sem problema. Harry correu dali e saiu da casa, correndo no meio do fogo cruzado estabelecido no jardim.

– Cuidado, Harry! – gritou Hermione para ele e entrou na sua frente, estuporando um comensal que ia em sua direção.

– Obrigado – Harry abriu um sorriso para Hermione.

O singelo momento foi interrompido por um estrondo vindo da porta da frente. Voldemort havia “bombardeado” a porta e seguia furioso em direção ao jardim onde o conflito se realizava.

– Vamos, Harry... não torne as coisas mais difíceis – gritou Voldemort.

Antes que fosse localizado pelo lorde, Harry correu em direção à estátua previamente vista e examinada no jardim naquele mesmo dia.

– Preciso pensar no que vai abrir isso aqui – pensou consigo mesmo.

Atirando em um inimigo aqui e em outro ali, Hermione conseguiu fugir daquela bagunça e foi encontrar Harry perto da estátua.

– E então? – perguntou, a menina ofegante escondida atrás da estátua.

– Não consigo imaginar o que vai conseguir abrir isso – apontou para estátua.

Hermione o olhou com um olhar de desconfiança. Caminhou agachada até a frente da estátua e leu:

– Aquilo que não lhe pertence, será aquilo que lhe dará o que queres – repetiu algumas vezes olhando atentamente para a fechadura num formato redondo.

– Viu? – indagou Harry, tendo certeza de que a bruxa também teria achado aquilo impossível.

– Não é óbvio? – disse ela, arfante.

Harry apenas olhou e fez uma expressão de confusão.

– Aquilo que não é seu... Buraco redondo... Você precisa roubar uma varinha! – exclamou Granger.

Harry fez uma expressão de surpresa.

– É mesmo! Por que não pensei nisso antes? Mas... você não acha que se me emprestasse a sua isso faria abrir a estátua?

– Não – ela demonstrou certo cansaço – Com certeza isso deve estar coberto de magia negra. Somente algo roubado poderá abrir isso. Se pegasse com consentimento, com certeza não funcionaria.

Um “expelliarmus” acertou a estátua e os dois se jogaram no chão, olhando para trás e vendo que o tiro fora um ricochete da batalha e não direcionado aos dois. Se recompuseram e retomaram a discussão.

– Será que qualquer varinha roubada poderia abrir isso? – indagou o moreno.

– Possivelmente – disse Hermione com incerteza.

– Já imagino que vai dizer que por via das dúvidas devo conseguir a varinha do... – ele suspirou.

– É melhor do que tentar com qualquer varinha, dar errado e nos pegarem – ela não parecia satisfeita.

– Tudo bem – ele se levantou e limpou as mãos nos jeans que usava – Vamos lá.

Hermione também se levantou e abraçou seu amigo.

– Me desculpe por tudo – sussurrou a menina de olhos fechados.

– Não se preocupe, eu entendo vocês... está perdoada – respondeu Harry, apertando o abraço.

– Obrigada – ela pausou – cuidado.

– Ah, se eu contasse quantas vezes já ouvi essa palavra hoje... – ele riu e ouviram um estrondo.

Quando os dois se soltaram e olharam para trás de Harry, viram Draco parado em suas costas, havia acabado de conjurar um Protego para ricochetear um Estupore de Belatriz.

– Draco?! O que você está fazendo?! – perguntou Belatriz, enfurecida.

– Vai, Potter! – ordenou Draco, olhando para Harry e segurando o escudo mágico.

– Mas, Draco...

– Vai! – disse Malfoy irredutível.

Harry encarou Draco por um segundo, suspirou, apertou a mão de Hermione e saiu correndo enquanto Draco duelava com Belatriz.

Harry guiou Hermione pelo jardim e soltou sua mão.

– Preciso fazer isso sozinho. Junte-se aos outros e se proteja.

Hermione o olhou com insegurança e lhe deu mais um breve abraço.

– Estaremos lá pra te apoiar – respondeu.

– Fale para Ron que vai ser agora – disse.

Hermione apenas assentiu.

Os dois se separaram e Harry seguiu para a frente da casa, enquanto Hermione se juntou os outros que lutavam ao redor de toda a casa.

Lentamente, Harry caminhou até ficar próximo da porta de entrada e visualizar Voldemort parado perto dali, possivelmente esperando que ele reaparecesse.

– Estava me procurando? – ironizou.

– Não, eu sabia que você viria até mim – sibilou o milorde.

– Acho justo que duelemos e que vença o melhor – comentou Harry, com sua varinha apontada para o inimigo.

– Você não tem chance contra o meu poder – gabou-se – porém, acho justo e cabível que seja derrotado de uma maneira formal – finalizou com uma risada cruel.

Harry caminhou até ficar exatamente na frente do outro. Obviamente, não perto o suficiente para que pudesse ser golpeado de surpresa.

– Comecemos – afirmou Harry.

– Ah, Harry... sempre se esquecendo das boas maneiras, não é mesmo? – comentou o bruxo maligno.

Voldemort conjurou momentaneamente o feitiço Imperio e obrigou Harry a reverencia-lo.

– Tenho a sensação de que já vivi este momento – e soltou outra risada cruel.

Assim que se soltou, Harry procurou não perder tempo e ataca-lo antes que perdesse a oportunidade. Um fecho de luz vermelho começou a sair da varinha da Harry Potter e outro verde saía da varinha de Voldemort. Ainda que o duelo principal estivesse ocorrendo, a batalha pelo terreno da mansão dos Malfoy não havia perdido sua energia. Estavam lutando pela ordem: Ron, Tonks, Moody, Lupin, Fred, George, Arthur, Gina e Neville – fora Hermione e Luna que já estavam lá. O duelo dos dois estava acirrado, uma vez o poder de Harry se sobressaía e outra vez o poder de Voldemort.

Em um segundo, Dumbledore havia aparatado para a mansão e estava ao lado de Harry.

– Harry, agora! – ordenou Dumbledore.

Dumbledore manteve o duelo das varinhas enquanto Harry se desligou da luta. Correu para longe e olhou para trás. Na mesma hora, Ron apareceu em sua vassoura e entregou uma outra para o moreno. Voldemort estava possesso de raiva e dera o poder máximo que poderia – o que era inútil, pois a varinha – e o poder - de Dumbledore era infinitamente maior que o dele. Então, o poder de Dumbledore venceu Voldemort e deixou-o cansado por alguns segundos, tempo suficiente para que Harry pudesse agir.

Expelliarmus! ­­– conjurou Harry na mão de Voldemort.

Em poucos segundos, a varinha de Voldemort estava na mão esquerda de Potter. Voldemort gritara de ódio, mas não conseguiu intimidar o bruxinho. Ele se virou rapidamente e guiou-se para a frente da estátua do bruxo, inserindo a varinha do rival na mesma. Voldemort tentara alcança-lo, mas foi impedido por Dumbledore. Por isso, simplesmente sumiu atrás da casa. Talvez tivesse ido pegar a varinha de algum outro Comensal para retomar o combate.

Vendo a aparente derrota de Voldemort, todos os seus seguidores se retiraram do local. Todos os membros da Ordem se dirigiram para a frente da estátua e foram acompanhar o processo de abertura da mesma. A estátua abaixou sua varinha e abriu uma espécie de capa que ficava em suas costas. Ela retirou de seu bolso um anel, estendeu sua mão e deixou o anel em sua palma. Todos olharam abismados, meio que sem entender do que se tratava. Harry, que já havia descido de sua vassoura e olhava para a estátua juntamente com os outros, deu um passo à frente e pegou o anel de sua mão. A estátua recolheu sua mão e voltou a sua posição original.

– O que é isso? – perguntou Luna, curiosa.

– Não sei exatamente – respondeu Harry.

– Isso, meus jovens, é um objeto coberto de magia negra que nos ajudará a derrotar o mal – respondeu Dumbledore.

De repente, era possível ouvir uma gargalhada aguda e descontrolada vindo da entrada da casa.

Belatriz vinha caminhando com uma varinha apontada para o pescoço de Draco, com uma legião de Comensais atrás de si. Lúcio e Narcisa estavam contidos por outros Comensais. Aquilo era a prova de que nada e nem ninguém realmente teria valor para aquela bruxa. Nada e ninguém, além de sua lealdade a Voldemort.

– Solte-o! – gritou Harry.

– Quer dizer que eu estava certa, não é mesmo? – gargalhou Belatriz – Parece que o nosso querido Draquinho nos traiu.

Todos os Comensais pareciam um pouco surpresos com aquilo.

– Belatriz, você não precisa fazer isso! – gritou Narcisa.

– Cala a boca! – mandou e conjurou um feitiço silenciador na bruxa.

– Para que seu amiguinho fique bem, quero duas coisas – propôs Belatriz.

Ninguém respondeu, apenas olharam para ela.

– O garoto pela varinha do lorde e o anel – falou.

– Não faça isso, Harry – gritou Malfoy.

– Cala a boca você também! Crucio!

Draco foi jogado ao chão e se contorcia de dor. Gritava, mas gritava muito, muito alto. Era possível ver a dor nos olhos de Draco. Lúcio e Narcisa tentaram se desvencilhar dos outros Comensais, porém seu esforço foi inútil. Belatriz ria ironicamente enquanto via o loiro rolar de dor na sua frente.

– Não! – exclamou Harry.

Harry tentou se dirigir ao bruxo jogado no chão, mas foi impedido por Ron e Hermione que o seguraram.

– Tá bom, tá bom – disse Potter.

– Não ouvi – falou Belatriz.

– Eu disse que eu entrego tudo pra você! – gritou Potter.

Belatriz deixou Draco sofrer por mais alguns breves segundos e suspendeu o feitiço. Puxou o garoto para si de novo e colocou a varinha em seu pescoço mais uma vez.

– Vocês sabem que eu não teria problema nenhum em matar alguém – sibilou Belatriz – Então, não tentem me fazer de idiota.

Harry pegou a varinha da estátua e retirou o anel do bolso. Andou até a metade do caminho até a bruxa e esperou que ela viesse até ele. Belatriz, por sua vez, caminhou desconfiada até Potter e manteve a varinha apontada para o pescoço de Draco Malfoy. Harry fez sinal para que ela o soltasse antes de entregar os objetos para ele.

– Não, os objetos primeiro – disse, sendo agressiva.

Relutante, Harry colocou os objetos no chão e puxou Draco pela mão. Belatriz pegou os objetos e aparatou junto com os outros Comensais.

Harry abraçou Draco com força e todos se aproximaram dos dois.

– Quer dizer que o Draco está do nosso lado? – perguntou Lupin confuso.

– Nunca imaginei que isso poderia acontecer de alguma maneira – completou Tonks.

– Agora as coisas ficarão mais sérias – comentou Dumbledore.

– O que era aquele anel e por que ele era tão importante pra eles? – indagou Neville.

– Moody, nossas suspeitas estavam corretas – disse Alvo.

Moddy assentiu.

– Meu caro Neville, aquilo se trata de uma Horcrux – respondeu Moody.

Murmurinhos começaram a se formar.

– Percebo que não sabem do que se trata – comentou Olho-tonto - Em linhas gerais, posso lhes dizer que é um objeto coberto com uma das piores e mais pesadas magias negras existentes. Aquilo contém um pedaço da alma de quem a fez.

– E para que isso nos seria útil? – perguntou Harry.

– Eu já li algo sobre isso – comentou Hermione - Só é possível matar alguém que fez uma Horcrux, se destruirmos a Horcrux antes mesmo da pessoa.

– Exatamente – assinalou Dumbledore.

Todos pegaram suas vassouras e começaram a se guiar em direção à casa da Ordem.

Mais tarde, na casa da ordem, Harry e Draco dividiam o mesmo quarto. Ninguém, além de Ron, Hermione e Luna, sabia do que realmente se passava entre os dois. Com exceção, talvez, de Dumbledore. O bruxo era sábio demais para não perceber que algo especial estava acontecendo entre os dois.

Todos tinham acabado de chegar e estavam se arrumando para descansar e seguirem com os planejamentos do dia seguinte. No quarto, existiam duas camas, um grande armário e uma cômoda. Draco mexia em sua mala enquanto Harry estava sentado na beira de sua cama, de costas para Draco.

– Me desculpe – sussurrou Harry, enquanto tirava os tênis.

– Te desculpar? – Draco parou de mexer na mala e apenas ouvia o outro.

– Por hoje – prosseguiu.

– Você não fez nada – comentou Malfoy.

– Exatamente, eu não te protegi – respondeu Harry, visivelmente alterado.

Harry se levantou e olhou para Draco, que continuava ajoelhado em frente à sua mala.

– Não foi culpa sua – continuou – Isso poderia ter acontecido com qualquer um.

– Mas você sofreu por minha causa – Harry já estava vermelho – não suportei te ver daquele jeito. Se eu tivesse te protegido, talvez não tivessem te pego e eu não precisaria ter entregado tudo para Belatriz.

Draco se levantou e parou na frente de Harry, segurando suas mãos e olhando em seus olhos. Nessa altura, Harry já havia deixado que as primeiras lágrimas corressem seu rosto e estava chorando levemente.

– Você tem que parar de se culpar por tudo o que acontece no mundo – consolou, Draco – não podemos tomar conta de todo mundo o tempo todo. Eu sabia o risco que corria desde que decidi ajudar vocês todos com isso.

Potter abraçou Malfoy e deixou que um soluço escapasse de sua boca. Apertou-o fortemente em seus braços e disse:

– Não conseguiria me imaginar sem você. Não posso te perder. Só de pensar que isso poderia ter acontecido, eu me sinto um verme desprezível.

– Eu te amo e te prometo que nada vai acontecer com nenhum de nós.

Os dois apertaram mais o seu abraço e deram um longo e intenso beijo. Poucos momentos depois, os dois já estavam sem camisa, rolando na cama e curtindo um o corpo do outro. Ficaram assim por longos e longos momentos. Murmuravam “eu te amo”, “preciso de você” e demais coisas apaixonadas um para o outro.

Foram interrompidos por um bater na porta.

Harry? – ouvia-se a voz de Hermione do outro lado da porta.

– Só um minuto – gritou Harry do outro lado.

Os dois, ainda que relutantes, deram mais um beijo e levantaram-se da cama. Harry levantou-se e abriu a porta, porém, esqueceu-se de um único detalhe: os dois estavam suados e sem camisa.

– Eu... eu... – iniciou Hermione.

Harry olhou para dentro do quarto e viu Draco sentado na beira de sua cama, vermelho e suado – assim como ele.

– Estávamos indo tomar banho – disse Harry, sem-graça.

– Não precisa explicar nada – disse Hermione com um sorrisinho no rosto.

– O que foi? – desconversou Harry.

– Dumbledore disse que precisava falar com você – ela apontou para o andar de baixo.

– Certo – ele voltou, colocou uma blusa e saiu do quarto, fechando a porta.