Oblivion

I - Prólogo - O Esquecimento


Obliviate!

"Que sensação estranha" pensou Harry Potter. O bruxo estava sentado na sala comunal da Grifinória, lia algo sobre o preparo de poções para a prova do dia seguinte. Ele estava uma pilha de nervos, principalmente levando em consideração a volta do Lord das Trevas. E também... E também o quê? O jovem bruxo sentia que algo mais o perturbava, mas não sabia dizer o que era. "Devo estar com a cabeça cheia" pensou novamente.

Ao se virar, percebeu a senhorita Granger parada, atônita, olhando para a porta. Potter voltou sua direção para a porta e não viu nada. Tornou seus olhos para a amiga e perguntou:

– Você está bem, Mione?

Hermione permaneceu quieta, com lágrimas nos olhos. Ela não conseguia dizer absolutamente nada, apenas o olhou com remorso. Harry, preocupado com sua amiga, levantou-se do sofá onde estava sentado, caminhou até a mesma e segurou em seus ombros.

– Ei, eu falei com você. O que aconteceu? - indagou Harry, enquanto acariciava os ombros de Hermione com os polegares.

– Nada, Harry... - respondeu a garota, desviando o olhar. - Acho que estou sentindo saudade dos meus pais. Estou preocupada com eles.

Harry, que sempre foi um bom amigo, abraçou-a e começou a acariciar seus cachos.

– Você precisa ser forte - sussurrou - em breve tudo isso estará acabado, você verá.

Hermione apenas o abraçou e começou a chorar, sentindo-se culpada pelo que havia feito. No fundo, ela sabia que aquilo era o que ela deveria fazer... ou pelo menos achava que deveria.

Enquanto isso, Malfoy descia as escadas em direção à sala comunal da Sonserina completamente sem chão. Ao fim do interminável lance de escadas, ele murmurou a senha e entrou na sala. Goyle se aproximou, fazendo um comentário banal sobre qualquer coisa, quando:

Silencio! - disse o menino loiro, enquanto apontava sua varinha para o amigo, que por sua vez, ficou mudo no mesmo instante.

Goyle, ainda sem conseguir emitir nenhum som, olhou assustado para o amigo, que seguiu enfurecidamente para seu quarto.

Colloportus! - conjurou o bruxo. Ele não queria que absolutamente ninguém o incomodasse. Ele estava destruído demais para aguentar qualquer idiota ou bajulador naquele momento. Afinal, eram meses de alegria, jogados fora. Todo o trabalho, toda a luta, tudo... tudo incinerado com o balançar de uma varinha. Ele não esperava ver aquilo acontecer sem poder tomar nenhuma atitude. Mas, ainda sim, sabia que foi o melhor a ser feito. Sabia que assim, Harry estaria menos exposto, correria menos perigo.

Malfoy correu pelo quarto, retirou seus sapatos de uma vez e se jogou na cama, esmurrando seu travesseiro:

– Maldita sangue-ruim! Como eu a odeio! - suas palavras saiam afiadas como navalhas, carregadas de ódio e dor.

Ron chega à sala comunal e vê Harry abraçado à Hermione no centro. "Já foi feito" pensou o jovem ruivo. Lentamente, ele se aproximou dos dois e se junto ao abraço. Hermione olhou para Ron com seu olhar culpado, entretanto, o mesmo apenas a encarou com um olhar sério. Ron se sentia mal, mas também sentia que uma tarefa havia sido cumprida, por mais difícil que isso fosse. Harry observou os dois e continuou sem entender o que se passava.

Algum tempo depois, já era noite. Potter estava inquieto na cama, virava de um lado para o outro. Ron também estava acordado, porém, não se mexia, apenas encarava o teto.

– Ron, está acordado? - disse Harry, num sussurro.

– Estou - respondeu o ruivo.

– Você sabe o que aconteceu com a Hermione hoje de tarde? - seu tom era suave.

Ron permaneceu quieto alguns segundos.

– Ela não te disse nada? - respondeu Ron, sem jeito.

– Disse que estava com saudade dos pais - disse Harry, incrédulo.

– Deve ser isso - Ron se virou para a parede e ajeitou seus cobertores. - Boa noite.

– Boa noite.

No dia seguinte, Harry se levantou cedo e foi tomar seu café da manhã antes de seus amigos. No caminho, ele encontrou Luna, que o acompanhou ao salão principal. Harry, apesar de incomodado com o estado emocional de Hermione, não se lembrava do ocorrido naquele momento. Ele estava mais preocupado com a prova que Snape aplicaria naquele dia e com a volta de Voldermort. E também com alguma coisa que ele não sabia dizer o que é.

Harry estava fazendo sua refeição ao lado de Luna, enquanto a mesma contava o quanto gostava de testrálios. De repente, Harry viu Malfoy entrar na sala, sozinho. Por um momento, ele se desligou do que Luna falava e foi como se o mundo tivesse parado por alguns instantes. Draco também havia notado Harry no ambiente e parou na entrada do salão, completamente atordoado, pois não sabia qual seria a reação do moreno. E foi assim que ficaram por longos dez segundos.

– Harry? Você está bem? - disse Luna, passando a mão na frente dos óculos de Harry.

– Hm... Ah, estou! - ele desviou o olhar para ela. - Do que falávamos?

– Estranho - ela olhou para a porta e não viu nada - O que você estava olhando?

Harry olhou para a porta e o loiro não estava mais lá. Na verdade, o loiro não estava no ambiente. Ele havia ido embora. "Estranho. Ele era simplesmente o Malfoy de sempre. O arrogante de sempre. Por que isso aconteceu? Ele deve estar tramando algo e quando me viu, recuou." pensou.

– Não sei, acho que apenas me distrai com meus pensamentos - disse o grifinório.

No mesmo instante, Hermione e Ronny entraram na sala e se juntaram aos dois.

– Bom dia - disseram juntos. Luna e Harry também responderam em sincronia.

Hermione estava mais radiante que no dia anterior, porém, Ron aparentava estar um pouco mais sério que de costume.

– Como está se sentindo hoje, Mione? - disse Harry, passando a mão pela de sua amiga.

– Melhor - respondeu, visivelmente envergonhada.

– Que bom - sorriu Harry e virou-se para o amigo - E você? Por que essa cara emburrada?

Ron olhava para o prato de comida e mexia com alguns pãezinhos, quando ouviu o amigo e o olhou.

– Ah... - pausou - Acho que estou preocupado com a prova do Snape. Você sabe que as provas dele nunca são fáceis, muito menos divertidas.

– Verdade - suspirou Harry - também estou preocupado.

– Que nada pessoal, vocês são bem inteligentes e se darão bem na prova - disse Luna, sorridente. - Principalmente você, senhorita Granger.

Hermione sorriu para Luna, que retornou a comer e parecida distraída com seus pensamentos. A refeição seguiu silenciosa, com Hermione olhando sempre para a porta e Harry com sua angustia injustificada. O que estava acontecendo? Harry precisava urgentemente de respostas e estava decidido a procurar por elas sozinho.

Malfoy encarava o lago negro de cima da torre de astronomia. Desistira de comer, pois ao ver Potter, havia perdido toda e qualquer fome. Na verdade, ele só sentia uma coisa nesse momento: torturar e matar o pobretão Weasley e a sangue-de-lama Granger. Ainda que acreditasse que aquilo fosse o melhor para o escolhido, não aceitava o fato de tudo ser feito sem sua consultoria e, sobretudo, às escuras. Ele procurou esvaziar sua mente daquilo, pois se continuasse a alimentar seu desejo por sofrimento e vingança, acabaria se tornando aquilo que ele nunca quisera - um comensal da morte. Afinal, a principal característica de um é querer o sofrimento daquele que lhe causou sofrimento.

Antes que pudesse se atrasar, o loiro decidiu descer e seguir para a sala de poções, pois hoje haveria prova da matéria e ele não queria encrencas com Snape - já havia muitos problemas ocorrendo em sua vida agora.