Caipira é uma fodida da cabeça, mas o que mais acontece é eu pegar minha mente fodida pela dela. No começo a via somente como uma crentelha idiota que eu gostava de zoar com a cara, mas hoje eu sei que me importo pra porra e de verdade com essa desmiolada geniosa. Talvez ela nem perceba o quanto. Nossa, Big Boo, você está parecendo uma garotinha sentimental é o que digo para mim mesma nestas horas. E garotinha sentimental é tudo o que eu não sou e nem gostaria de ser, mas sei lá, que vida fodida esta da Dogget, acho que ela viveu ainda mais na merda que eu, coisa barra pesada. Não é por acaso que essa vadia não bate bem das ideias. Coitada.
Muitas vezes as pessoas pensam que eu sou só uma bofinha típica e desajeitada. E quer saber, eu sou sim uma bofinha típica e desajeitada, mas isto não quer dizer que eu não possa ser profunda. Meu jeito, minha personalidade não estão anulando em nada a profundidade que tenho e que é pouco explorada, só que quando se passa uma vida toda lutando para não ser invisibilizada, sendo incompreendida e por isso rejeitada uma casca é criada para autoproteção automaticamente. Porra, é foda. Fácil sair falando para as pessoas demonstrarem amor quando qualquer sentimento que possuem só as sabota e você fica de fora, sem se afetar.
De qualquer modo, só sei que essa vadia da caipira sabe me encher de dúvidas mesmo que sem querer e sem perceber. Quem é realmente a Dogget? Será que um dia a entenderei?

–E aí, Big Boo. Ela diz para mim alegremente enquanto nos encontramos no corredor.
–Tudo beleza sua caipira fodida?
–Um pouco na paz por ter resolvido o meu lance, mas nem tanto na paz assim porque tenho medo de que ele abuse de outra pessoa. Acho que a gente deveria procurar um jeito de impedir.
–Tenho certeza de que devemos procurar um jeito de impedir, mas contar ao Caputo não vai resolver nada porque são todos uns putos desgraçados aqui. Infelizes, se eu pudesse detonava com todos estes vermes malditos.
–E eu te ajudaria, sou uma ótima atiradora.
–Por isto está aqui, né desmiolada? Eu bem sei que é. Dou risada, paro por um tempo e decido colocar para fora algo que está desde o dia em que soube do tal estupro entalado na minha garganta. -Sabe, Dogget, eu realmente queria ter uma conversa contigo. De companheira de prisão pra companheira de prisão.
–Que conversa?
–Não quero parecer uma colega intrometida e irritante que fica no pé relembrando feridas, mas pô, não posso fingir que não continuo indignada pela maneira como você se culpou e até tentou passar um pano no que o porco nojento tinha te causado aquele dia. Sei que o que passou passou e não há como voltar no tempo para impedir, infelizmente não há, mas queria te falar que se eu te ver se submetendo a este tipo de situação novamente vou te encher de porrada. Você é interessante, realmente interessante, tem algo de diferente por mais demente que este algo seja, nem você nem ninguém merece o que te ocorreu e se voltar a dizer que a culpa foi sua vou te dar um cacete, sua caipira doida.
–Essa é sua forma de dizer que se importa comigo? Ela dá uma risadinha.
–É sim, Dogget, me pegou, eu me importo com você.
Ela olha para o nada e fica assim por um momento, parece que está pensando em coisas sérias.
–Boo, obrigada. Ninguém nunca se importou comigo.
–Isso corta o meu coração. Vem cá para eu te dar um abraço.
Ela se aproxima e nos abraçamos.
–Você não está sozinha, eu estou aqui.
–Obrigada mesmo, Big Boo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.