Quarenta e oito horas. Foram exatamente esse tempo que passei esperando que Steve acordasse de sua internação. Mas nem sinal de sua sobrevivência. Os médicos disseram que ele ficaria assim por pelo ou menos setenta e duas horas, e que apenas uma pessoa poderia acompanhá-lo, Ethan insistiu pra que ele ficasse, mas eu chorei tanto que ele acabou desistindo. Eu saí apenas uma vez, só pra tomar banho e trocar de roupa. (

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A cada segundo que passava a agonia aumentava, mas ele continuava lá, dormindo. Ao menos era o que parecia. Ele estava muito pálido, recebendo soro pelo braço esquerdo, com um curativo na testa, usando aqueles roupões esquisitos de hospital, e com os lábios rosados semi-abertos. Ele parecia estar num sono profundo, sonhando com coisas boas. Meus pensamentos foram interrompidos pelo meu celular.

– Alô? – falei, confusa. Ninguém tinha meu celular por aqui.

– May? – falou, a voz de Ethan.

– Er... Sim... Ethan? Como conseguiu meu telefone?

– Seu pai me deu.

– Ah...Tá.... Porque você está me ligando? – falei, intrigada.

– Seu pai e minha mãe foram viajar, só vão voltar daqui a dois meses. – falou Ethan, parecendo um pouco decepcionado. Eu fiquei estática. Remoendo aquelas informações na minha mente. Meu pai sempre foi assim.

– Mas.... As aulas.... Começam daqui a uma semana. – eu falei, indignada com a situação. Steve internado, as aulas começando, e o idiota do meu pai resolve viajar com aquela vadia.

– Eu sei, eu sei. Também pensei nisso. Quer que eu vá aí pra você descansar? – Ethan falou, parecendo preocupado.

– Não. Eu estou bem. Cuide da Tiffany e não deixe que ela faça besteira.

– Ok. Tenho que ir. Beijo.

– Outro, tchau. – falei e desliguei. Olhei novamente para Steve e senti pena dele. Achei melhor ficar mexendo no celular, antes que eu começasse a chorar de novo. Eu estava jogando Fruit Ninja, quando ouvi uma voz rouca me chamar.

– May...? – olhei para o lado e vi que era Steve. Ele havia acordado!! Saí da poltrona e fui até a maca, ele cheirava a sabonete e a shampoo.

– Steve, você acordou! – falei sussurrando, estávamos tão perto um do outro que não tinha necessidade de falar alto. Os olhos verdes e brilhantes de Steve me olhavam com um ar de admiração. Acariciei seus cabelos negros e macios, que a cada dia ficavam mais espessos. E bonitos. Ficamos nos encarando por um longo tempo. Ele era tão lindo.

– Vou chamar a enfermeira pra cuidar de você esta bem? – falei ainda sussurrando.

– Não faz isso.

– Porque não?

– Porque eu quero que você cuide de mim. – ele falou. Acho que deram remédio demais pra ele.

– Steve, acho que deram remédio demais pra você. – eu falei. Ele sorriu. E com a mão direita, pegou na minha cintura e me fez chegar mais perto. Estávamos tão perto, que eu podia sentir a sua respiração.

– Acho que eu quero ser baleado mais vezes. – Steve falou, ainda sorrindo.

– Porque?

– Pra você continuar perto de mim.

– Mas eu estou sempre perto de você.

– Mas eu não quero que seja assim. Eu quero que seja assim – ele falou, me puxou e me beijou. Eu não sei como descrever isso. Não foi como o beijo de Mike, foi um beijo calmo,mas cheio de paixão. Seus lábios roçaram nos meus, macios e quentes. Um beijo sincero. Ficamos assim por um longo tempo, nos beijando. Foi incrível. Só nos afastamos por falta de ar. Foi aí que eu lembrei da festa. Dele e da garota misteriosa.

– Olha, eu vou chamar a enfermeira, e o Ethan. – falei rapidamente. Ele ia falar alguma coisa, mas eu saí correndo. Ok. Isso pode parecer insensível da minha parte, mas, eu não sei o que pensar. Primeiro ele dorme com uma completa estranha, e depois vem me beija e dizer essas coisas pra mim. Chamei a enfermeira e falei que ele havia acordado, ela saiu correndo para ajudá-lo. Liguei para o Ethan e pedi pra ele vir ficar com Steve. Ele não fez perguntas, acho que é porque ele pensa que eu estou cansada. Fiquei sentada naquelas cadeiras desconfortáveis, observando os médicos e as enfermeiras passarem apressados por todos os lados. Finalmente o Ethan chega. Levanto e vou correndo dar um abraço nele. Não sei bem o porque, mas isso me acalma. Eu sou muito baixinha e bato um pouco acima do peito dele. O cheiro dele, é bem diferente do Steve, é meio cítrico. Como limão. Ele passa a mão no meu cabelo. E beija a minha testa.

– Vai ficar tudo bem. Eu sei que vai. – ele fala pra mim, sussurrando. Eu saio daquele hospital e decido ir pra casa andando. Estava ventando, e parecia que ia chover. Imagina. Na Califórnia. Chuva. Tudo o que eu conseguia pensar, era que eu tinha beijado o Steve. Aquele olhar, aquele cheiro.. Tudo nele era hipnotizante. Ele era perfeito. Era uma mistura de sentimentos. Amor, ódio, ciúme, e mais amor. Porque eu era tão vulnerável? Porque?! De agora em diante, eu não vou ser mais assim. Não vou.

Agora eles vão ver a verdadeira May.