Antes mesmo que eu pudesse avisar Ralf sobre meu pai, ele bateu fortemente em sua nuca, fazendo o desmaiar. Herdoc, veio em minha direção, já com uma expressão de desespero:

— Anne, minha filha, esse monstro tocou em você? - Como se ele fosse o verdadeiro monstro.

— Não, pai. Ele apenas queria saber como eu estava. - Mesmo com a minha tentativa de acalmá-lo, ele se demonstrou muito mais furioso.

— O que? Você falou alguma coisa, com esse...

— Apenas disse meu nome. - No mesmo instante, meu pai bate fortemente no meu rosto, até senti o gosto do meu sangue, na minha boca.

— Eu não te eduquei, pra conversar com esses porcos, Anne! Só porque você, quase morreu, eu não vou castigá-la da maneira que você verdadeiramente merece.

Por sorte, consegui conter as lágrimas que estavam brotando em meus olhos, eu sabia que se chorasse, dessa vez, ele não teria pena de mim.

Quando ele saiu do meu quarto, pegou Ralf pela cabeça e começou o arrastar. Eu sabia pra onde ele iria, para o seu fim. Para o matadouro.

Sinto minha cabeça dilatando de dor, minha nuca e minhas costas estão queimando de dor. Custo abrir meus olhos e começar a distinguir o que está em minha volta. Luto para tentar ao menos identificar uma coisa que me lembre de algo, mas antes de disseminar as ideias que ver a minha mente, sinto algo queimando em minhas costas. Grito enlouquecidamente, por socorro, e assim que grito ouso uma voz familiar, atrás de mim:

— Grite por piedade, vamos grite mais alto, seu porco imundo! Você e toda a sua espécie vão sumir, mas antes vão agonizar!

— O que eu fiz pra vocês? - Solto sem pensar nas consequências, e as sinto destruindo a minha alma.

— Cale a boca! Você não pode calar essa sua boca antes, agora vai sofrer. Uma pena, pois eu queria era te destruir, mas infelizmente não tenho homens o suficiente, então reze agradecendo esse Deus, que você idolatra, porque ele te salvo da morte, mas não de mim.

A dor agoniza cada vez mais, meu corpo já não responde aos meus impulsos. Posso ver a luz ao meu redor.

Meu triste quarto, é de frente para o matadouro, ao menos uma vez na semana, acordo de manhã com gritos desesperados por socorro e xingamentos do meu pai em resposta. Agora posso ouvir e sentir o desespero, o medo, a raiva e o ódio daquele garoto, por mim e por toda a minha família. Até hoje, não consigo ver a minha diferença, comparada a deles, não me vejo, sendo de uma outra raça superior, como minha 'querida família' se vê, diante deles. Aonde, estão os porcos? Aonde? No andar debaixo dessa casa comendo, conversando, rindo, com a morte bem a sua espreita.

De repente, a porta do matadouro se abre, meu coração se vê triste, principalmente, porque dessa vez foi por minha culpa. Meu pai sai arrastando o corpo de Ralf, ou o que restou dele, mas se vê ao longe que ele não foi mutilado, dessa vez, apenas queimado. Suas costas foram marcadas para sempre, suas entranhas foram dizimadas pelo fogo, sua alma foi limpada pelo calor dos arianos, com diz Herdoc. Mas se ele sentisse ao menos um dia a mesma dor, ele não pagaria nem a metade dos seus pecados, mas eu ao menos me vingaria, pelas almas de todos que ele destruiu.

— Ele está vivo... - Meu pai não o matou, ele o colocou sentado no chão, ele permaneceu ali quieto, mas sentado. Daqui posso ver as suas lágrimas e a sua dor. De repente, meu pai grita para ele se levantar, e ele se coloca em pé com muito custo.

— Se levante!

Meu corpo obedece, mesmo estando dizimado. Por que eu fui me importar com aquela garota? Por que? Agora estou morto.

— Você vai pedir desculpas a minha filha, agora!

Começo a caminhar, ou melhor, a me arrastar em direção a casa deles, mas vejo o rosto dela me observando, aparentemente admirada. Ela é linda... Um lindo anjo negro, que eu irei me vingar, ainda.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.