Sua vontade era deixar o celular tocando até a bateria acabar enquanto continuava sonhando que estava se casando com Cole. Porém um longo suspiro indiciou que isso não seria possível, visto que Cole estava distante, ela não sabia nem em que parte do mundo e haviam os rumores, ela não podia arriscar que seus comandantes começassem a investigá-los e descobrirem sobre o Animarium, o lugar onde ela foi tão feliz por tanto tempo, principalmente porque foi o lugar onde conheceu o amor. Ela também experimentou um flerte quando o guardião de prata e quantum ranger Eric, em sua visita, insinuou que poderia haver algo entre eles. Eric era charmoso, ela realmente gostou dele e sentiu uma faísca nos primeiros momentos, porém o que fazer se seu coração já havia escolhido por ela há muito tempo. Para dizer a verdade, ela soube que amava Cole com todas as suas forças no momento em que recebeu a notícia de que o garoto das selvas se encontrava desmemoriado e desaparecido.

Claro que ela não demonstrou aos outros, mas sozinha deixou as lágrimas escorrerem, consolou Alyssa que se sentia culpada pelo ocorrido enquanto mascarava o seu próprio sofrimento e medo de perder a única pessoa que a havia ensinado o que é amar incondicionalmente.

Uma raiva subiu em seu peito quando viu o garoto das selvas rindo feliz com uma fazendeira. Milhões de pensamentos invadiram sua mente. Será que ela o faria feliz? Será que Cole seria capaz de amá-la se fosse o caso? Naquele instante tudo que ela queria era entrar naquele lugar e dizer ao seu amor tudo que ela sentia, mesmo que ele não se lembrasse de como a havia consolado alguns dias antes, de como eles apresentavam uma sincronia incrível não só nas batalhas quanto nos momentos felizes e de tristeza.

Por sorte, Alysa a impediu de fazer uma besteria. Porém a ranger branca em seguida disse algo que quase fez o coração da águia amarela parar: Sugeriu que eles deixassem Cole ali. Pela primeira vez ela quis gritar com um de seus colegas. Como a ranger branca poderia sugerir algo assim? Contudo ela apresentou seu argumento, havia acabado de descobrir sobre a suposta morte dos pais que o leão vermelho tanto sonhava em encontrar.

O coração de Taylor doeu ao imaginar o quanto Cole sofreria lendo aquele pedaço de papel, porém ao mesmo tempo, ela não podia mais viver sem ele, mas do que isso, Cole era uma pessoa única, maravilhosa, membro da equipe e o amor de sua vida. Ela não podia permitir que ele vivesse uma vida alheia sem conhecer seu passado. Além do mais ela estaria ali para consolá-lo e sentir a dor com ele. Afinal, quando Cole sofria, ela sofria. Por isso mesmo, quando o temido momento chegou. Como esperado, Cole derramou lágrimas. Taylor não suportou vê-lo tão triste, queria beijá-lo dizer que estava ali para o que precisasse que poderia ser seu conforto, porém tudo que sua mísera coragem permitiu fazer, foi dar ao companheiro um pouco de esperança, sugerindo que seus pais poderiam ter sobrevivido, visto que Ele estava vivo e tanto na notícia quanto no túmulo, constava seu nome como um dos óbitos.

Durante essa sugestão, seu rosto ficou tão próximo de seu amado que ela pode sentir sua respiração quente e ofegante, nem é preciso dizer que seu coração virou uma bomba, por sorte a miséria distância entre eles, não permitia que o garoto das selvas percebesse o efeito que tinha sobre ela.

Taylor novamente foi arrancada de suas lembranças pelo alto som de seu celular que insistia em lembrá-la da dura realidade.

Contra seu desejo, ela apertou o botão de aceitar e logo em seguida ouviu uma voz grossa, que nem de longe a fazia sorrir como a que costumava escutar dentro do megazord.

— Oi meu amor, está tudo bem? Você parecia bem abatida hoje. Fiquei preocupado.

Taylor se amaldiçoou mais uma vez seu coração idiota por não permitir que ela amasse Daniel como ele merecia.

— Oi, está tudo bem sim. Eu já descansei e estou bem melhor! Pronta para o trabalho amanhã! — Afirmou tentando acreditar nas próprias palavras.

— Fico feliz em ouvir isso , porque eu tenho um convite para te fazer.

A águia amarela engoliu seco ao imaginar onde aquilo acabaria.

— Ah é? Que convite? — Ela se fez de desentendida.

— Tem um restaurante novo no centro da cidade que meus amigos falaram que é incrível! Eu fiz uma reserva pra hoje à noite. O que me diz?

Nem quando pilotava, Taylor se sentia sob tanta pressão. Era o seu futuro que estava em jogo sua felicidade. Ela sabia muito bem que não estava ao lado de Daniel e sim do único que ela já amou de verdade e o único que amaria com todas as suas forças até o fim de sua vida. Contudo, ao mesmo tempo, ela não podia se dar a esse luxo, não podia correr o risco de expor o Animarium por causa de boatos idiotas a seu respeito. Seria egoísmo de sua parte. Por mais que doesse, no fundo ela sabia que se Cole estivesse ao seu lado, diria o mesmo. Era chegado a hora. A hora de sacrificar sua felicidade por uma causa maior. Não poderia ser tão ruim, afinal Daniel era educado, esperto, um exímio piloto, ela poderia aprender a amá-lo com o tempo, não como amava Cole, mas quem sabe pelo menos um terço disso? Já seria muito.

— Claro, eu aceito. Vai ser ótimo!

— Perfeito então te pego às oito e vista seu melhor vestido!

— Pode deixar! — Afirmou não se esforçar em parecer entusiasmada.

Estava feito. Nessa noite, ela ficaria noiva de Daniel e seu destino estaria selado. Ela viveria uma vida sem amor. Sem seu melhor amigo companheiro de todas as horas, sem sua alma gêmea. Esse era o preço a se pagar para manter Animarium seguro. Um motivo nobre. Então porque ela se sentia tão miserável? Em um ato de desespero, ela abriu a primeira gaveta de seu criado e retirou o que considerava o bem mais precioso que possuía, não era uma jóia, nem ouro, mas sim uma simples pulseira, o melhor presente que já havia ganhado.

Colocá-la em seu pulso era tudo que poderia fazer para sentir o garoto das selvas mais perto.

— Ah Cole. Eu queria tanto que tivesses feito isso. Se eu não fosse covarde, se eu tivesse dito como eu me sentia e o quanto eu te amo… Será que essa noite seria feliz? Ao invés de tortura? Como eu queria sentir o seu cheiro, ouvir sua voz pelo menos por uma última vez, antes de dizer eu aceito para alguém que não amo.

Agora essa pulseira realmente vai ser tudo que me resta de você. Mas eu juro que vou guardá-la para sempre , até porque ela vai ser a única coisa capaz de me manter viva daqui para frente.

Enquanto olhava para o objeto, a loira deixou que as lágrimas escorressem. Era engraçado, todas as mulheres prestes a serem pedidas em casamento sempre davam pulos de alegria, porém este estava longe de ser o caso de Taylor, visto que o homem que pediria sua mão, não era com quem ela gostaria de passar o resto da vida.

— O que é isso? Se recomponha Taylor, você não sabe onde o Cole está, isso é só uma fantasia, o Daniel é a realidade. Ele vai ser seu futuro marido e te tratará como uma rainha. Não há motivos para chorar- Afirmou em frente ao espelho tentando fazer seu coração acreditar naquelas palavras, contudo não era uma missão fácil.

Olhando em seu armário, ela escolheu um vestido de alcinha amarelo, ela nem lembrava a última vez que o havia usado. Ao colocá-la em seu corpo, uma sensação estranha a invadiu, é como se não fosse ela ali dentro. Quem dera estivesse usando o vestido de cetim que viu em seu sonho…. Não, ela precisava esquecer tudo isso. Precisava apagar aquele sonho idiota de sua mente. Ela precisava esquecer o sorriso de Cole esperando no altar, os votos tão reais e principalmente o gosto de seus lábios, tão doces, como os de Daniel nunca seriam.

— Acorda! — Berrou para si mesma enquanto jogava água fria em seu rosto.

— Tudo vai ficar bem!

Para completar seu pescoço nu, Taylor optou por um colar de diamantes, este presente de Daniel no primeiro dia dos namorados que passaram juntos. Era um belo colar, brilhante, valioso, porém se dependesse de sua vontade ela o arrancaria e colocaria em seu lugar a simples pulseira que guardava na primeira gaveta. Enquanto penteava os cabelos, Taylor olhou no relógio. eram sete e meia, ela tinha meia hora para se recompor e aceitar seu cruel destino, quanto exagero, se casar com Daniel não seria nenhum sacrifício, ele era bonito, esperto e tinha uma boa conversa e a tratava bem. Então porque a ex ranger amarela sentia como se estivesse a caminho de um funeral?

As oito em ponto a piloto viu de sua janela o carro preto no qual já havia entrado várias vezes ser estacionado em frente a sua casa.

Enquanto seus dedos rastejavam pela janela, ela deu um longo suspiro na tentativa de acalmar o coração.

— Chegou a hora. — Afirmou antes de descer as escadas.

Ao vê-la Daniel abriu um enorme sorriso, Taylor se esforçou para fazer o mesmo.

— Poxa, você está linda! Ainda mais com esse colar.

— Obrigada! — Agradeceu sem se preocupar em parecer empolgada.

— Essa vai ser uma noite muito especial meu amor! Mal posso esperar!

— Eu também. — Mentiu.

Daniel abriu a porta do banco de carona. Depois de agradecer a gentileza, Taylor se sentou de maneira desajeitada.

— O que está acontecendo? Você já entrou nesse carro várias vezes.? — Indagou Daniel percebendo o desconforto da namorada.

— Eu sei que eu estou um pouco nervosa! — Admitiu enquanto esfregava os dedos, se segurando para não revelar o verdadeiro motivo de seu comportamento.

— Tudo bem, eu entendo, mas não precisa você está linda. Essa jóia foi feita para o seu pescoço, por isso a comprei para você.

— Eu sei e agradeço por isso.

— Só tenta se acalmar, afinal hoje é um dia importante e não quero que nada dê errado. Está bem… O tom de Daniel não soou agradável aos ouvidos de Taylor. O que ele queria dizer com plano? Será que ele tinha medo que ela dissesse não. Ah meu deus. Será que os boatos de que ela não aceitaria haviam chegado aos seus ouvidos. Bom, essa era uma possibilidade bem possível já que um quartel da força aérea era um antro de fofoca tão grande ou até mesmo maior do que qualquer salão de beleza. Isso era terrível, Daniel durante todo esse tempo nunca a havia questionado sobre seu passado, porém não significava que ele não tinha curiosidade. Seu namorado era doce e gentil, contudo já havia dado pistas de sua ambição. Portanto, não podia nem sonhar sobre a existência do Animarium. Claro que a garota confiava em Daniel, mas não nesse tipo de assunto, afinal ele não era Cole com quem ela podia falar sobre tudo. Não, o garoto das selvas não podia invadir sua mente, não naquela noite.

O caminho até o restaurante foi silencioso, com Daniel dirigindo sem dizer uma única palavra.

O letreiro do lugar era mais brilhante do que as luzes exiladas por Animus quando assumia sua forma real. Na entrada ela só via pessoas chiques entrando, na porta havia seguranças de cara fechada. Ah que saudade ela sentia de fazer uma simples refeição em volta da fogueira com seus amigos. Ela não duvida que a comida de Alyssa fosse melhor do que a daquele lugar.

— Chegamos! — Exclamou Daniel já descendo do carro.

Mais uma vez Taylor forçou um sorriso enquanto seu namorado abria a porta para ela. De mãos dadas os dois entraram juntos. Taylor tentou fingir costume, mas a verdade é que nunca havia estado em um lugar tão chique. As mesas eram forradas por toalhas de cela e em seu meio velas as enfeitavam, provavelmente uma tentativa de deixar o clima mais romântico, essa possibilidade fez a garota se sentir ainda mais desconfortável.

— Aquela é a nossa mesa. — Apontou Daniel.

Evitando olhar para os outros clientes do local, a ex -ranger amarela se sentou de frente para Daniel com os olhos arregalados.

— E então o que achou? – Daniel indagou como se estivesse no lugar mais incrível do mundo.

— Bom parece ser bem legal, a comida aqui deve ser uma delícia, mas eu tenho uma amiga que cozinha muito bem também, se ela não fosse professora, aposto que seria uma chefe de cozinha.

A fala fez Daniel rir, mas não de um jeito gentil e sim de uma maneira esnobe que Taylor nunca havia presenciado.

— Ah, querida por favor. Você não pode comparar a comida de uma professora com a de um chef renomado. Por favor. O que sua amiga sabe fazer macarrão com queijo.

Taylor ficou sem fala enquanto um nós se formava em sua garganta.

— Bom é … mas.

— Eu sabia. Mas de agora em diante você vai ver o que é uma comida de verdade!

Aquilo não dava para aguentar.

— Minha amiga é uma pessoa incrível e ela cozinhava para gente com todo amor do mundo! — Seu tom era sério.

— Tudo bem, não precisa ficar brava.

— Eu não estou brava só que eu não gostei nada do seu tom.

Antes que discussão continuasse, um homem elegante em seu smoke e com l cabelo coberto de gel apareceu:

— Boa noite senhores. Meu nome é Martin, eu sou o dono do restaurante e vim lhes dar as boas vindas.]

— Muito prazer Martim! — Taylor tentou parecer simpática.

— Espero que seu cozinheiro esteja a natura do que meu paladar está acostumado. — Afirmou Daniel dessa vez soando ainda mais esnobe o que não agradou nada a águia amarela.

— Nossa equipe dará o seu melhor senhor.

— Assim espero!

— Se me der licença vou chamar o garçom que irá atendê-los.

A tentativa de mostrar o quão insatisfeita havia ficado com aquela atitude, Taylor fechou a cara.

— O que foi? — Indagou Daniel como se não tivesse feito nada demais.

Aquilo havia sido um erro, Talvez Daniel tivesse outras faces que ela ainda não conhecia e nem gostaria de conhecer. todavia quando ela ia dizer que não estava se sentindo uma voz familiar da qual ela jamais se esquecia disse:

— Boa noite. Meu nome é Cole e eu serei seu garçom essa noite!

O coração de Taylor deu um salto ao ver o garoto das selvas ali em sua frente.