Os raios de sol penetravam com intensidade as cortinas brancas daquele quarto de hotel. Anahí se recusava a abrir os olhos apesar de já estar acordada. Não era por sentir sono que ela adiava levantar-se da cama o que ela realmente queria era adiar mais um pouco aquele dia, aquele “grande dia”!

Seria realmente um dia cheio, cansativo, emocionante e provavelmente também triste. Aquele dia que ela tanto temia havia chegado. Procurava forças para levantar-se e encarar as coletivas, seção de fotos, entrevistas na rádio local, encontro com alguns fãs e se apresentar pela última vez ao lado de seus companheiros do RBD. Ela ainda não compreendia o por que do fim, Pedro Damián havia lhe dito que havia chegado a hora de cada um seguir seu próprio caminho, seguir seus próprios planos, viver sua própria vida. Bom, mas aquilo era a sua vida! O RBD fazia parte da vida de Anahí, eram sua família e agora Pedro queria que ela aceitasse com facilidade o fim. Era tão triste. Como seria agora?

Só de pensar que depois desse último show, cada um seguiria um caminho solitário. Só de pensar que depois daquele show não iria mais conviver casualmente com seus amigos como vivia dava-lhe arrepios. Depois de tantas confusões, gritarias, abraços, beijos, depois de tanto amor e carinho compartilhado entre eles havia chegado ao fim. Infelizmente naquele momento Anahí podia entender o significado daquela frase clichê “Nada é para sempre!”, gostaria de cair em um sono profundo e quando acordar que tudo aquilo sobre o fim do RBD não tivesse passado de um sonho ruim. Mas não dava. Era uma dura realidade e ela tinha que levantar-se para enfrenta-la. Era difícil, mas ela sabia que o RBD sempre estaria com ela, no seu coração. Ela sentia que aquele sentimento, aquela felicidade, aquele amor...tudo aquilo que ela havia aprendido em tão pouco tempo, em quatro anos levaria para sempre! Ninguém, nem nada, poderia arrancar aquele amor que ela cultivou dentro de seu coração.

Sentou-se na cama ainda vendada com aquela máscara rosa que ela sempre usava para dormir, retirou a máscara e a pôs de lado, passou a encarar os móveis do quarto de hotel, levantou-se com preguiça e espreguiçou-se, tudo parecia muito calmo. Ninguém ainda tinha vindo acordá-la barulhentamente como já estava acostumada a ser acordada por seus companheiros, talvez aquele amanhecer estivesse sendo difícil para todos. Caminhou até a varanda do quarto e foi recebida pela gritaria vinda de fãs que acamparam em frente ao hotel para ter a oportunidade de vê-los, ela pôs o cabelo atrás da orelha e acenou por alguns segundos para a multidão que exibia faixas, placas, fotos, com homenagens e mensagens de carinho para a banda. Algumas pessoas a fotografavam, queriam guardar um pedaço daquele momento para sempre. Anahí ficou mirando aquelas pessoas gritarem incansavelmente e enviou-lhes beijos invisíveis, para eles isso era muita coisa. Ela era tão grata a cada uma daquelas pessoas que estavam ali e não pôde deixar de pensar no quanto todas aquelas pessoas, toda aquela gritaria, todo aquele amor lhe faria falta “EU AMO TODOS VOCÊS!”, gritou da varanda, agitando ainda mais a gritaria.

Voltou para o interior do quarto e olhou seu reflexo no grande espelho fixo na parede, seu cabelo estava um pouco desorganizado, mas ainda se mantinha em um rabo de cavalo relaxado que ela na maioria das vezes fazia antes de dormir. Ligou a televisão sem objetivos de assistir a algo específico e se deparou com a imagem de milhares de pessoas protestando na rua contra o fim da banda RBD, ela sentiu um calafrio e aumentou o volume da TV para ouvir a narração da repórter que nesse momento entrevistava uma garota de aproximadamente dezesseis anos “Porque você está chorando?” “Porque o RBD é minha vida! Eu amo eles –Seu rosto estava manchado de tantas lágrimas que chegavam a apertar o olhar da garota –Eu não vou saber viver sem eles, eles são meu tudo! Olha aqui...-Ela mostrou uma tatuagem no braço desenhado o nome da banda –Eu não consigo! RBD por favor, por favor –Ela aumentou o choro”, Anahí desligou a TV, não podia fazer nada e aquilo chegava a ser torturante. Ouviu batidas na porta e apressou-se a abrir, provavelmente seria algum dos seus amigos. Ela precisava de alguém.

-Poncho –Ela o olhou nos olhos e lhe disse tanta coisa que as palavras não podiam dizer, ele compreendeu a dor, a falta antecipada que ela já sentia de tudo e de todos. A puxou e a envolveu em seus braços em um confortável abraço, ela realmente precisava tanto daquilo e ele perfeitamente a entedia. Os dois juntos se completavam, eram almas gêmeas, destinados a ficarem juntos pelo resto da vida, mas sempre separados por algo. Agora finalmente estavam juntos e o RBD iria acabar, mas eles prometeram a eles mesmos que os dois nunca mais se separariam. Porque era exatamente dessa forma que deveriam continuar. Juntos.

-Any –Ele segurou o rosto de Anahí com as duas mãos fazendo com que aqueles olhos azuis inundassem seu coração de paz –Meu coração me pediu para vir te ver –Os olhos dele se lubrificavam enquanto ele falava –Eu nem sei o porquê, eu não tenho nada para te dizer. É que eu senti um medo tão grande hoje quando eu acordei. Eu fiquei com medo de te perder...depois de hoje! –Ele olhou para o lado e respirou fundo para não chorar –Estou parecendo um maluco vindo no seu quarto para te falar coisas sem sentido, mas eu quero que você saiba: Que eu não posso mais ficar sem você. Então me prometa que mesmo depois de hoje nós continuaremos juntos para sempre!

-É assim que tem que ser Poncho. Eu não vou te perder! Eu juro.

O casal se abraçou mais uma vez, é que quando se abraçavam tudo parecia estar no lugar. Era o tipo de amor que só se encontra uma vez na vida. Era um amor tão intenso que chegava a doer no peito só de imaginar perder o outro. Um era destinado a encontrar a felicidade no outro! Anahí não sabia o por que amava Poncho, Poncho não sabia porque amava Anahí. Apenas amavam e eram felizes assim. Mas isso não surpreende, todos sabem que o amor é assim: não obedece a razão, alguns até consideram o amor louco demais!

Por uma razão oculta, Any e Poncho ainda não haviam assumido seu relacionamento para as pessoas, com exceção dos integrantes da banda, ninguém mais sabia sobre a veracidade do casal. Apesar de que as pessoas já desconfiavam, enxergavam o amor fluir de um para o outro em perfeita sintonia e até torciam pelo casal. Eles estavam prontos para assumirem o relacionamento após o fim dos últimos shows com o RBD. Poncho preferia assim, não queria que as pessoas confundissem seu amor por Anahí com fantasia. Ele realmente a amava e não queria que chamassem isso de jogada de marketing!

Ah! Não há nada melhor que um amor correspondido!

Poncho entrou no quarto e sentou na cama de Anahí, ela caminhou até ele com os braços cruzados sobre o hobby e os olhos um pouco inchados. A partir do dia seguinte, Poncho não iria bater mais na porta do quarto de hotel em que ela estava hospedada. Não seria tão fácil contatar os amigos como era naquele momento, porque não seria possível caminhar até o quarto seguinte e ser recebida por Dul, Mai, Chris ou Ucker.

-Meu amor –Poncho puxou Anahí desanimada pelo braço e a fez sentar sobre uma de suas pernas –Não fica assim. Não pode ficar triste, vivemos tantos momentos intensos...

-Poderíamos viver mais.

-E quem disse que não viveremos? –Ele alargou os olhos parecendo animado e conseguindo retirar um leve sorriso de Any –Vamos estar sempre juntos, essa nossa união com nossos amigos não vai morrer! Eles vão estar sempre presentes em nossas vidas. Como por exemplo, no dia do seu aniversário surpresa que eu vou preparar futuramente eles vão estar lá! –Anahí riu - No dia que você precisar arranjar uma nova casa, sabe, uma casa maior para que caiba toda nossa família, eles vão escolher com você! No dia que você for escolher o vestido de noiva também estarão lá –Ele remexeu no bolso enquanto Anahí ria distraída com as palavras dele –E no dia do nosso casamento vão ser os padrinhos!

-Ai, Poncho –Anahí levantou-se em direção a estante do seu quarto onde ela tinha deixado uma foto que ainda não guardara no álbum que ela estava preparando noite anterior enquanto chorava –Mas quando vai ser isso? De quanto em quanto tempo? Uma vez no ano? –Indagava decepcionada com as respostas que vinham em sua mente.

-Daqui a três meses –poncho levantou-se da cama com uma mão ocupada escondida atrás de seu corpo, segurava alguma coisa.

-Como assim? –Anahí olhou para ele curiosa –O que vai ter daqui a três meses? –Ela pensou um pouco –Não é aniversário de nenhum de nós.

-E quem disse que é aniversário?

-Então, o que é?

Poncho manteve o silêncio enquanto aprofundava seu olhar na imensidão azul contida nos olhos de Anahí, ela estava visivelmente curiosa e movimentava as mãos tentando fazer com que Poncho acabasse com o mistério.

-O nosso casamento.

-O que? –Ela havia entendido perfeitamente, mas pensou que seria brincadeira de Poncho.

-Você quer casar comigo? –Ele revelou a mão que estava escondida atrás de seu corpo. –Por favor aceite –Ele continuou com a mão estendida mostrando um anel dentro de uma caixinha –Aceite porque eu não consigo mais me acostumar longe de você.

Ela olhou para Poncho boquiaberta e parecendo surpresa, não esperava por um pedido de casamento. Não agora! Mas ela o amava mais que tudo. Seu coração disparava, sentia sua respiração alta, seus sentidos aguçados, um gosto diferente nos lábios. As pernas fraquejavam mesmo estando parada, se apoiou na estante pois presumia que acabaria caindo a qualquer instante

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.