Um dos homens de meu pai se aproximou lentamente de mim, mas antes que pudesse chegar a menos de dois metros do meu corpo, Zorn saltou de cima da cama, pousando a minha frente, o pequeno dragão mostrou suas presas com fúria para o engravatado, o homem recuou dois passos, tentando acalmar a fúria do pequeno dragão.
Zorn recuou um pouco para perto de mim, sem tirar seus olhos azulados dos homens de terno logo a nossa frente. Eu continuava tentando me mover, em vão, mas podia sentir a magia se dissipando aos poucos, o homem que me mantinha paralisado estava tendo dificuldades em manter a ordem.
Só mais um pouco, Pensei. Algo dentro de mim estava me dizendo o que fazer, não era Zorn, nem outra pessoa... Era eu, meu passado, me falando como agir.
Fechei meus olhos lentamente, curiosamente aquilo eu podia fazer, provavelmente era a magia perdendo a sua força. Respirei fundo, e então concentrei um pensamento único em minha mente: Losna.
Forcei minha mente com aquele pensamente único, e senti um corpo caindo para trás, de cabeça contra o chão, logo após isso dei um salto, apontando o revolver, que ainda estava em minhas mãos para o homem a direita de meu pai, mandando a bala contra a cabeça do mesmo, matando-o na hora. Ao mesmo tempo Zorn saltou contra o homem a sua frente, mordendo seu pescoço com brutalidade, matando-o na hora. Com isso, três dos sete homens de meu pai já haviam ido, se contássemos o desmaiado.
Puxei o cão do revolver, apontando-o para a cabeça de meu pai, enquanto respirava fundo, tentando recuperar toda a energia que me fora sugada durante o uso da magia sem a utilização da língua antiga.
— Vejo que recuperou uma bo...
Parei a fala de meu pai, virando o braço para o lado esquerdo do mesmo, pressionado o gatilho com velocidade, atingindo o nariz do homem loiro, matando-o.
— Por algum acaso eu te autorizei a falar?
Voltei a mirar em James, puxando o cão.
— Certo... — O homem levantou as duas mãos, assim como seus amigos.
— Então... Se eu não contar você e o seu amigo babaca pai daquele esqueleto inútil... — Indiquei o corpo de Andrew com a cabeça — Sobraram três guarda-costas que não conseguem nem mesmo desviar projéteis.
Willian deu um passo para frente, mas parou ao ver a rápida reação de Zorn que já estava pronto para pular em seu pescoço.
Zorn vou contar até três, quando chegar no três pegue o mais alto, eu mato os outros dois. Pensei, e em troca recebi um pensamento de concordância, vindo do pequeno dragão.
— Um... — Movi a mira lentamente para o lado esquerdo, focando bem entre os olhos de um de um homem careca. — Dois...
Pude sentir Zorn se preparar para saltar, assim como seu alvo, o mais alto do grupo, recuar lentamente, enquanto procurava algo dentro de seu terno.
— Três. — Pisquei enquanto falava, e então puxei o gatilho, mandando a bala contra a cabeça do alvo. Ouvi o alvo de Zorn gritar de dor, enquanto o sangue jorrava rapidamente de seu pescoço, manchando todo o chão do quarto de vermelho. Mudei a mira para o último homem, apertando o gatilho com velocidade, atingindo-o no coração, matando-o.
— Oro abr vindr! — Willian gritou ao lado de meu pai, e então senti algo invisível fincar em meu ombro, soltei um grito, enquanto recuava, com sangue escorrendo lentamente.
Encostei minhas costas contra a parede do quarto, lançando o revolver, já descarregado, longo, enquanto tentava estancar o sangue.
— Uma flecha... De ar? S-sério mesmo?
— Tsc...
Zorn planou até mim, com suas escamas brancas agora avermelhadas, por causa do sangue, mostrando suas presas para Willian, tentando assustá-lo.
— Agora... — Disse meu pai — Vamos ver o quanto sua mente é resistente.
Forcei um sorriso e estiquei minha mão até Zorn, me desculpando com ele antecipadamente.
— Jierda!
Usando um pouco da energia de Zorn, gritei o comando na língua antiga, partindo as pernas de James e de Willian, fazendo-os cair para trás.
Respirei fundo, com a visão trêmula, tentando não cair para o lado e desmaiar.
— V-você ai fingindo estar desmaiado, levanta-se logo. Ou será o próximo.
O homem, que anteriormente havia me paralisado se levantou, com receio, recuando alguns passos.
— Vamos fazer uma troca... — Falei, sorrindo.
— Uma... Troca?
— Sim. Cure meu ferimento, e me traga todos os cristais de energia que tiverem ai com vocês agora. Em troca te darei sua vida.
— Você mal consegue se mover, se eu me negar como irá tirá-la de mim?
Zorn saltou, batendo suas asas logo a minha frente, ficando com os olhos na altura dos do inimigo, assustando-o.
O homem correu até o corpo de seus amigos, tirando um cristal vermelho das vestes de cada um deles, e então caminhou até meu pai e Willian, tirando os anéis dos mesmos, ambos tinham rubis em seu topo. Meu pai tentou conter o homem, em vão.
O guarda de meu pai se aproximou de mim, colocando as oito pedras, contando com a dele, e os dois anéis ao meu lado, e então aproximou suas mãos de meu ombro.
— Qualquer tentativa de enganação, ele te mata. — Indiquei Zorn com a cabeça.
O homem concordou com a cabeça, e então fechou os olhos, se concentrando na língua antiga.
— Waíse Heill!
O corte em meu ombro se fechou lentamente, e então o homem se afastou lentamente, ficando com a cabeça baixa, logo a minha frente.
Movi meu ombro algumas vezes, checando se ele realmente estava curado, por fim dei um pequeno sorriso, colocando os dois anéis no dedo do meio da mão direita. Coloquei os oito cristais na cama, checando a energia armazenada nos mesmos.
— Não é muita coisa...
Fechei meus olhos, transferindo a energia armazenada nos cristais para um dos anéis, guardando toda a energia no mesmo.
Retirei a camiseta, caminhando até minha mochila, pegando a última que restara limpa na mesma, colocando-a, por fim, puxei uma blusa de frio preta do guarda-roupa do quarto colocando-a. Levei minha mão até a gaveta, abrindo-a, encontrando dois pares de tênis de três pares de cordas.
— Você venha até aqui.
O homem correu até o meu lado, olhando para a gaveta.
— Pegue dois pares de corda, e prenda-os.
O homem recuou alguns passos, pronto para correr para fora do quarto, mas algo atrás dele o impediu disso, era a cabeça de Zorn, que estava encostada nas costas do engravatado.
Ele então abaixou a cabeça e respirou fundo, pegando as cordas e caminhando até meu pai e seu amigo, Willian.
Peguei um dos pares de tênis de dentro da gaveta, virando-me bruscamente para os corpos no chão logo após isso, sentindo um algo em minha cintura. Ergui a camiseta e a blusa, lembrando que havia colocado uma das pistolas no local.
Puxei-a para fora, apertando o botão que desprendia o pente, soltando-o, olhei o interior do mesmo, vendo que ainda estava cheio de munição, o prendi novamente à arma, mirando-a no homem que prendia James e Willian com as cordas, enquanto colocava os tênis, pouco folgados, sem utilizar as mãos.
Quando os dois finalmente estavam bem amarrados e com as bocas tapadas, o homem se levantou, e caminhou lentamente até a porta.
— Desculpe cara... Sem testemunhas.
Apertei o gatilho da pistola, mandando a bala diretamente contra a cabeça do alvo, matando-o.
Caminhei lentamente até James e Willian, abaixando-me a frente dos mesmos, com a pistola em mãos, apontando o cano para a coxa de Willian.
— Isso pode ser feito da maneira fácil... Ou da maneira difícil, mas isso quem vai escolher não sou eu...
Levei minha mão ao pano que estava na boca de Willian, puxando-o, permitindo a fala do mesmo.
— E você disse que ele seria útil, estúpido.
Pressionei o gatilho da arma, mandando a bala na direção da coxa de Willian, fazendo-o gritar de dor enquanto o sangue escorria pelo buraco feito em sua pele.
— Não me lembro lhe ter deixado falar.
Willian mordeu a própria língua, e ficou parado, sem fazer movimento algum, enquanto me encarava.
— Muito bem, agora me devolva minha memória.
— Haha... Acha mesmo que isso é possível?
Revirei os olhos, aproximando o cano da arma do ombro esquerdo do homem.
— Minha memória, agora.
— Isso é impossível, não posso reverter uma magia daquela magnitude.
Pressionei o gatilho pela segunda vez, fazendo com que a bala atravessasse o corpo de Willian, parando apenas ao atingir a parede da suíte.
— Não adianta atirar em mim, isso não muda o fato de que é impossível te devolver sua memória idiota.
— Muito bem...
Me levantei lentamente, apontando a arma para James, atirando três vezes consecutivas contra o mesmo, perfurando a coxa esquerda, o braço direito e o chão ao seu lado, respectivamente.
Por causa do pano em sua boca, meu pai não conseguiu gritar, mas eu podia sentir seu sofrimento, a dor causada pelas balas atravessando seu corpo. Willian, por sua vez, desviou o olhar, aparentemente era muito doloroso para ele ver seu amigo de infância e líder sofrer daquela maneira.
— Você pode evitar tudo isso, apenas devolva a droga da minha memória.
— Nunca.
Respirei fundo, abaixando-me a frente do homem novamente, fixei meu olhar em seus olhos, e avancei minha mente em sua direção, iniciando um combate mental pelos segredos da mente de Willian, que já havia erguido uma barreira para se defender. Eu esperava que aquilo durasse algum tempo, mas as dores que o amigo de meu pai estava sentido eram demais para que pudesse se concentrar totalmente em se defender, e por causa disso, consegui ultrapassar suas defesas em pouco mais de dez minutos, tendo acesso total a mente do mago.
Minhas memórias, pensei.
Sem sucesso algum, me distanciei da mente de Willian, voltando a apontar a arma para a cabeça do mesmo.
— Como recupero minha memória?
— Acha mesmo que eu sei?
— Tenho certeza que sabe.
Willian mordeu a língua, virando o rosto para o lado esquerdo, dando de cara com Zorn, que o olhava com as escamas encharcadas de sangue, pronto para saltar contra sua face.
— É provável... — O homem começou a falar — Que algum elfo, ou cavaleiro consiga te ajudar com isso.
— Obrigado. — Apertei o gatilho, fazendo a bala atravessar completamente a cabeça de Willian, matando-o.
Levantei-me e me posicionei a frente de James, chutando-o para trás e colocando meu próprio pé em seu tórax, fazendo o sangue jorrar de seus ferimentos com maior velocidade, sua pele já estava bem pálida, alertando-me de que pouco tempo me restava.
Tirei o pano que o impedia de falar, e Zorn avançou até a cabeça de meu pai, olhando-o fixamente.
— Quem é meu pai biológico?
James tossiu algumas vezes, e diferente de Willian, falou sem problema algum.
— Seu pai é um humano nobre de Alagaësia, já faz anos... Não lembro seu nome. Porém, recordo-me que seu antepassado de maior prestígio é Roran, Martelo Forte.
— Entendo... Sou um parente distante de Eragon... Isso é estranho. Como chego à Alagaësia?
— Nós esperávamos que você nos ajudasse com isso algum dia, nenhum de nós sabe como... E achamos que apenas um humano fora de lá sabe. Esse mesmo humano é um mago bem poderoso que escreveu livros relatando a história de Eragon.
— Se não sabem chegar lá... Como eu cheguei aqui? Nasci lá, não?
— Sim você nasceu. Há alguns anos, um pequeno grupo de humanos veio para fora, dentre eles uma criança de nove anos. Matamos quase todos do grupo e roubamos a criança, logo após descobrirmos que você é um nobre.
James tossiu mais algumas vezes, cuspindo sangue para fora, faltavam poucos minutos para ele morrer.
— Quantos de vocês ainda estão vivos? E o que o presidente sabe sobre tudo isso?
— Uma centena... O plano original era descobrir onde Alagaësia fica e então invadir, com um exército cheio de armamento militar pesado, um grupo de magos e caças. Iríamos matar a maioria da população e dizimar os cavaleiros, até sobrar apenas os ovos, e então encontrar pessoas dentre nós compatíveis com os ovos, e liberar os dragões pelo mundo, como deveria ser. O presidente é um mago, é claro.
— Entendo... Então o que tenho que fazer é matar o presidente e encontrar Christopher Paolini, e por fim, ir para Alagaësia, terminar meu treinamento como cavaleiro. Bem... Adeus.
Apontei a arma para a cabeça de James, apertando o gatilho, matando-o assim como o resto de seus homens.
Ouvi um barulho alto vindo de fora, e então caminhei até a janela do quarto, olhando para baixo, avistei cinco viaturas policiais e um helicóptero pouco acima de mim, focando a luz nos policiais.
— Droga... Vamos Zorn, os policiais já estão aqui.
Corri pelo quarto, arrumando uma mochila com algumas roupas de James e trocando minha calça jeans suja de sangue por uma nova, coloquei toda a munição e armas dentro da mochila, e arrumei meu cabelo, fitando Zorn por alguns segundos.
O pequeno dragão virou sua cabeça para mim e então saltou na direção da janela, voando para longe de prédio, tentando manter-se longe da visão das pessoas dentro de helicóptero.
Vá para o monumento de Washington, me espere lá. Ordenei para o pequeno dragão, enquanto corria escadaria abaixo, tentando sair do hotel o mais rápido possível.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.