No aeroporto, Eliza abraçou Arthur e disse:

— Isso foi a coisa mais linda que você já fez por mim, mas...

— Mas?

Eliza olhou para Jonatas e se aproximou do rapaz:

— Você foi e sempre será muito importante para mim, eu nunca deixei de te amar, mas o amor se transformou. Eu tive muitas dúvidas sobre o que sentia de verdade por cada um de vocês – olhando também para Arthur – Mas, hoje, com as circunstâncias me obrigando a tomar uma decisão definitiva que vai impactar a minha vida nos próximos anos, as coisas ficaram mais claras para mim...

— O que você quer dizer com isso, ruivinha? – questionou Jonatas.

— Eu te amo, Jonatas, mas como amigo! Já você, Arthur, é o homem da minha vida! Eu fiquei muito chateada por você não ter confiado em mim, mas, agora que a mágoa passou, entendo que você foi tão vítima da Carol quanto eu, e que, talvez, eu também tivesse acreditado que você me traiu se eu visse o que você viu. Então, se você ainda me quiser, Arthur, é com você que eu quero ficar.

Lágrimas brotaram dos olhos de Arthur:

— Isso era tudo o que mais queria ouvir, meu amor! Nem sei se mereço tanto!

Eliza abraçou Arthur e disse:

— Merece sim, meu amor! Você se transformou num homem mais digno, generoso, de bom coração e a olhos vistos. Abrindo mão do seu amor por mim, por pensar que assim eu seria mais feliz, me fez ter certeza do seu caráter e do seu amor maior do mundo!

Eliza beijou os lábios de Arthur, que prontamente correspondeu. A última chamada do vôo com destino a Paris foi anunciada, mas ela nem ligou.

Gilda, Natasha e Jojô aplaudiram, chamando a atenção dos demais presentes no aeroporto. Jonatas saiu discretamente.

Arthur e Eliza embarcaram juntos no vôo do dia seguinte.

O casal já estava há 6 meses em Paris, no apartamento de Arthur. Voltaram ao convívio constante de Estelinha e Murrice. Eliza até se divertia com as pequenas confusões dos sogros.

Murrice parabenizou o filho logo que o viu chegar com Eliza em clima de romance. Estelinha ainda estava resistente, mas, aos poucos, aceitou o inevitável e se empenhou em tornar a nora ainda mais refinada, agora nos padrões europeus. Juntas compraram novas roupas, conhecerem museus e galerias de arte, cafés culturais, etc.

Certo dia, Eliza voltou exausta de uma sessão de fotos na Catedral de Notre Dame. Encheu a banheira de hidromassagem e mergulhou dentro. Arthur entrou no banheiro da suíte do casal e admirou a cena, estendendo uma taça para ela, enquanto segurava outra:

— Champanhe, ma cherie?

— Obrigada, amor! Brindaremos o quê?

— São tantas coisas, vejamos: Seu sucesso em Paris? Seu aniversário de 22 anos que se aproxima? Nosso amor?

— Prefiro brindar o nosso amor.

— Então, um brinde a nosso amor, tin tin.

Ambos tomaram um gole de uma deliciosa champanhe francesa.

— Sua família vem para o seu aniversário, né meu amor? – indagou Arthur.

— Vem sim! Minha mãe com o Sr. Hugo e meus irmãos e meu pai com a Lili e meu irmãozinho.

— Ótimo! Seria o momento perfeito para nos casarmos.

— Casar?

— É, por que não? Já vivemos como marido e mulher mesmo. Você até atura seus sogros – rindo.

— Eu sei, mas casar no papel é um passo muito importante. Acho que ainda sou muito nova...

— Você tem dúvidas dos seus sentimentos ou de que eu posso ser o melhor marido do mundo pra você?

— Claro que não!

— Quanto à idade, que sorte a sua ter encontrado o amor tão cedo. Eu passei mais de 40 anos sem saber o que era isso, até encontrar você!

Os dois se beijaram. Eliza decidiu:

— Você tem razão. Estou certa de que te amo, de que nos entendemos bem. Já é a segunda vez que moramos juntos. Amo seus pais e a minha enteada e sei que você também ama a minha família...

— Principalmente seu pai – disse ele, ironicamente.

Eliza deu um tapa molhado no braço dele:

— Para, seu bobo!

Ele riu:

— Não temos mais por que esperar, certo?

— Certo! Mas, e a Jojô? Eu quero que ela esteja presente no nosso casamento.

— São férias escolares... Vou ligar para a Natasha e pedir para mandá-la pra cá. Nós já tínhamos combinado que ela passaria as férias comigo.

— Perfeito!

Arthur e Elisa casaram-se na Catedral de Notre Drame e festejaram ao ar livre, num belo parque, em frente à Torre Eiffel, com os seus familiares presentes, transmitindo ao vivo pela internet aos seus amigos do Brasil.

Max assistia empolgado em meio a um ensaio com uma modelo em parceria com a Bastille e a Totalmente Demais. Lu e Adele também olhavam interessadas. Carol percebeu o movimento e se aproximou:

— Estamos no meio de um trabalho, acabou a hora do recreio! – puxando o celular da mão de Max – O que é isso?

— É o casamento Arliza! – Max fez questão de falar – Chique demais! Deu até uma inveja, mas, no meu caso, branca, claro! Imagina, Carol, que sonho casar em Paris!

Carol ameaçou jogar o celular longe, mas Max a conteve:

— Se quebrar o meu celular, vai ter que me dar um novo de última geração, já tô avisando.

Ela devolveu o celular a ele e saiu pisando duro, engolindo a raiva.

Mais 6 meses se passaram, Arthur e Eliza retornaram ao Brasil. Foram direto ao apartamento dele na Barra da Tijuca, que agora era dos dois.

Jojô foi a primeira visita, vindo para passar a semana, como nos velhos tempos. Durante o jantar em família, a moça, agora com 14 anos, anunciou:

— Pai, eu tenho uma coisa para te contar.

— Diga, minha filha.

— Eu estou namorando.

Arthur engasgou com a comida. Eliza precisou se levantar e bater nas costas dele.

Recomposto, ele perguntou:

— Como assim namorando? Você é uma criança!

— Não, pai! Eu sou uma moça! O senhor não percebe, porque não quer. Minha mãe já conhece ele e o aprova. Foi ele que me disse que o certo era te contar.

— Quem é o folgado?

— André, um colega do colégio.

— Um colega do colégio, um garoto sem futuro, que nem saiu das fraldas, igual a você, querendo se divertir com a minha filha...

— Pai, ele não é você!

Arthur se levantou:

— Por eu saber como pensa um adolescente, quero te proteger!

Eliza se levantou e fez Arthur se sentar:

— Calma, Arthur, conheça o rapaz antes de julgar. A Jojô já é uma moça e esperta, certamente fez uma boa escolha. Dá um voto de confiança pra ela.

— Eliza, não sei o que seria de mim sem você – agradeceu Jojô.

— Está bem, já vi que sou voto vencido. Traga o garoto aqui qualquer dia desses.

Arthur conheceu André e viu que ele fazia o estilo nerd, até tímido, ficou mais sossegado e aos poucos foi permitindo as visitas dele em sua casa.

Certo dia, Arthur sumiu, saiu sem dizer a Eliza aonde ia. Não atendia o celular. Ela ligou para a agência e ele não estava lá. Ficou apreensiva durante todo o dia, até que ele apareceu:

— Onde você se meteu o dia todo? Eu já estava preocupada, pensando que tinha sofrido um acidente, sido sequestrado ou sei lá...

Ele a beijou nos lábios contente e disse:

— Foi por uma boa causa.

— Poderia ter me comunicado essa boa causa antes.

— Eu não queria estragar a surpresa.

— Que surpresa?

— Reverti a vasectomia, quero ter um filho com você!

— Mas, eu nunca te pedi isso! Quem queria isso era a Carol!

— Você não gostou? Pensei que você queria ser mãe!

— Mas, você quer ser pai novamente? Se quisesse, não teria feito vasectomia.

— Eu não queria antes de me casar com você. Eu quero ser o pai do seu filho, meu amor.

— Você tem certeza disso? Ser pai e mãe envolve muita responsabilidade, eu mesma nem sei se estou pronta pra isso e ainda tem o meu trabalho que só aumenta e me exige muito tempo...

— Não precisamos ter um filho agora, mas, conversei com o meu médico e não dava mais para esperar para reverter a vasectomia, mais um pouco e seria irreversível. Já fiz há anos! Vou respeitar o teu tempo, mas já eliminei um obstáculo. Quando chegar a hora, estaremos prontos. Está bem?

— Sim – concordou Eliza, sorrindo e abraçando Arthur.

O momento certo veio dois anos depois. Eliza estava na sala de parto, sentia contrações há horas, nunca imaginara sentir tanta dor, nem quando doou parte do fígado para Jonatas. O médico dizia que ainda não havia dilatação suficiente. Ela gemia, suava, apertava as mãos de Arthur, que estava pálido como se pudesse desmaiar a qualquer momento.

Ele se recordou que nem tivera coragem de acompanhar o nascimento de Jojô e Natasha entrou na sala de parto acompanhada de sua mãe. Não quis repetir o erro, queria estar dando todo o apoio a Eliza, mesmo que sentisse o sangue lhe fugir das faces e uma tontura constante.

O médico anunciou:

— Já temos a dilatação, comece a empurrar Eliza.

Eliza fazia força, gritava sentindo os ossos da bacia se abrirem e as contrações ficarem mais fortes. Arthur já nem sentia mais a mão que Eliza apertava em desespero. Ambos suavam frio. Ela já nem tinha mais noção do tempo que estava ali de pernas abertas, sentindo aquela dor e fazendo o máximo de força possível. Até que o médico anunciou:

— Tá vindo! Já dá para ver a cabecinha, mais um pouco de força, Eliza! Estamos quase lá!

Eliza juntou as últimas forças que lhe restavam e deu à luz.

Arthur não conteve as lágrimas ao ver o bebê, logo ouvindo seu choro forte ecoar pela sala cirúrgica. Eliza sentiu seu corpo relaxar e um forte cansaço. Tinha vontade de dormir, mas manteve os olhos abertos, queria ver seu bebê.

O médico cortou o cordão umbilical e anunciou:

— É uma linda menina!

A enfermeira levou para banhar, pesar e examinar. Eliza estava ansiosa para ter a filha consigo.

Logo a bebê estava em cima da mãe, embrulhada numa manta rosa. Arthur e Eliza olhavam encantados para ela. As lágrimas rolaram dos olhos da mãe, que nunca imaginou ser possível sentir um amor tão grande.

Arthur beijou a testa da esposa e disse:

— Muito obrigado, meu amor! Ela é linda! Ela é o fruto do nosso amor!

— Também te agradeço, meu amor! A sua insistência hoje fez de mim a mulher mais feliz do mundo.

Os dois beijaram-se nos lábios.

Pouco tempo depois, Arthur exibia a filha, orgulhoso, pelo vidro do berçário. Gilda, Hugo, Deyse, Carlinhos, Germano, Lili, Fabinho, Cassandra, Débora (grávida), Charles, Jojô e André admiravam a pequena do outro lado do vidro.

Mais tarde, aos poucos, todos visitaram Eliza e a pequena no quarto. Cassandra soltou a pérola:

— Já sei como a menina vai se chamar.

— Como? – quis saber Eliza.

— Arliza!

Eliza e Arthur riram. Ele respondeu:

— Apesar da sua sugestão ser muito boa, prefiro outro nome.

— Qual? – questionou a ruiva.

— Elizabeth.

— Tem a metade do meu nome.

— Por isso mesmo. Ela é um pedaço de você, do meu amor.

— E de você também.

— Concordo, mas não gostei de Arliza.

Todos riram, com exceção de Cassandra, que ainda achava Arliza um ótimo nome.

Alguns meses depois, Elizabeth brincava com Hector, o Bulldog inglês que era o mais novo membro da família. Foi aquisição da Jojô, que, querendo muito um cachorro, com ajuda de Eliza, convenceu Arthur a aceitá-lo em casa, já que Natasha nunca permitiu.

Eliza pegou a filha no colo, dizendo:

— Hoje é domingo, Beth! Dia de passear na praia com o papai!

Arthur, que preparava um lanche na cozinha, ouviu:

— Ainda está cedo, amor. O papai precisa se alimentar primeiro.

Ele pegou o sanduíche e foi até elas:

— Quer um pedaço? – ofereceu para a esposa.

— Não, quero um inteiro.

— Fica com o meu que faço outro – entregando para ela.

Logo ele voltou com mais um sanduíche. Ela comentou:

— A Beth está cada dia mais parecida com você.

— Você acha? Ela é ruiva igual a você.

— Só puxou isso de mim. Tem seus olhos, sua cor, seus traços. É a sua versão feminina.

— Que coisa, vamos ter que fazer outro então, para nascer loiro como eu, mas com a sua cara – beijando o pescoço dela.

— Não começa! Beth não tem nem um ano e não estamos com tempo pra isso agora, temos que levar ela pra tomar sol, o dia está lindo!

— Está bem, podemos fazer isso na volta – disse ele com um sorriso malicioso, que ela retribuiu.

Andavam na praia quando quase esbarraram em Carolina com seu filho adotivo, Gabriel, de 11 anos.

Carolina observou atentamente Beth no colo de Arthur, fazendo Elisa tomar a filha do marido e se afastar rapidamente, como querendo protegê-la. Ele ia seguir a esposa quando Carolina o segurou pelo braço:

— Comigo você nunca quis um filho, não é mesmo? Com ela sim! A menina é a sua cara! Todo orgulhoso com ela no colo, mas vivia bradando aos quatro ventos que não queria mais ser pai! A que ponto você chegou por uma obsessão, tudo para satisfazer a ruiva que tem a metade da sua idade! Virou um velho babão!

— Nunca foi obsessão, sempre foi amor. Já passou da hora de você entender isso, afinal, nos separamos há 4 anos! Siga em frente e seja feliz, como eu sou, é o que te desejo de coração.

— Hipócrita! Foram anos da minha vida dedicados a você!

— Olha, Carol, se te magoei, peço perdão. Mas, não é nem saudável você jogar toda a culpa em cima de mim. A mágoa e o rancor estão te impedindo de ser feliz. Nós dois compactuamos com esse jogo, que era desejo, paixão, luxúria, aventura, mas, não amor. Que possamos nos perdoar e seguir nossos caminhos, cada um consciente de seus próprios erros e buscando ser um ser humano melhor. Adeus, Carol!

Arthur correu e alcançou Eliza com Beth. Ela perguntou:

— O que tanto você falava com aquela lá?

— Que eu te amo e que já passou da hora dela ser feliz, como nós somos!

Perto dali, algumas lágrimas incontidas rolaram dos olhos de Carol e Gabriel falou:

— Mãe, não chora! Esse babaca não te merece.

— Eu sei, meu filho. Ele tem razão numa coisa: já passou da hora de esquecê-lo.

— Faz isso, quero te ver feliz.

— Eu já sou feliz por ter você. Prometo que farei tudo o que estiver ao meu alcance para que você seja um homem de bem, muito melhor que eu.

— Eu admiro a senhora e ficaria contente de ser como você.

— Então, acho que eu que tenho que melhorar, para continuar sendo um bom exemplo pra você.

Os dois se abraçaram e continuaram caminhando na praia.

Arthur avistou um ponto mais alto da praia e apontou para Eliza:

— Lembra-se daquele lugar?

— Como vou me esquecer? Foi lá que demos o nosso primeiro beijo pra valer.

— O sol está se pondo e lá é um belo ponto de observação.

Os dois subiram juntos, Arthur carregando Beth. Sentaram-se no mesmo lugar do primeiro beijo. Ele falou:

— É muito bom estar aqui de novo com você e com a nossa filha. Por vezes imaginei que o que está acontecendo agora, a nossa família, fosse apenas um sonho distante para mim.

— É a mais pura realidade, amor. Quer que eu te belisque? – provocou ela, beliscando ele.

— Ai! Espertinha! – puxando ela para mais perto – Não quero que me belisque, quero que me beije com todo o seu amor, só assim vou acreditar que tudo isso é de verdade.

Os dois se beijaram apaixonadamente sob os olhares atentos de Beth e o testemunho do sol, que já se punha.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.