O destino

Capítulo 9


No dia seguinte acordamos 12:30. Esfreguei os olhos com as mãos e me espreguicei lentamente, até ver as horas no celular, dei um pulo da cama.

– Caralho! 12:30 - Bati a perna no guarda-roupa - Porra! - Gritei.

Até então Karla estava dormindo e provavelmente sonhando com unicórnios fofinhos.

Acordou sem entender o que estava acontecendo.

– Que foi Alexia? - Falou forçando para abrir completamente os olhos.

– Já são 12:30 daqui a pouco minha mãe está aqui, e Adam com certeza ainda está dormindo - Falei tocando de roupa.

Descemos rapidamente para sala, e como imaginei Adam ainda estava num sono profundo.

– Que bonitinho dormindo! - Comentou Karla admirando-o.

– Cala a boca.

– Nossa Alexia como você é bruta, coitado do seu namorado se é que um dia vai ter um!

– Ah me deixa - Resmunguei - Disse enquanto me ajoelhava ao seu lado para acordá-lo.

– Acorda Adam - Gritei sacudindo-o com força.

– Só mais 5 minutos mãe! - Resmungou ainda dormindo e virou para o outro lado.

– Que mãe o que?! Karla dá um jeito no seu namorado aqui! - Falei enquanto me levantava.

Ela ajoelhou ao seu lado no colchão. E o chamou com uma voz suave:

– Amor, acorda!

Revirei os olhos ao ver aquela cena, nem eu que estava acordada estava ouvindo o que ela estava falando, imagine ele...

– Vou dar um jeito! - Afirmei.

Fui até a cozinha e voltei com um copo d'água e joguei em seu rosto, ele acordou imediatamente, assustado.

– Alexia você está louca? - Perguntou passando a mão no rosto para secá-lo.

– Só assim para você acordar né querido!

– Você precisa se tratar, tem problemas sérios! - Disse irritado.

– Tadinho do meu amor - Disse Karla beijando-o.

Não estava com um pingo de paciência de ver aquela ceda logo de manhã. Fui até a cozinha e coloquei dois pães na torradeira.

Alguns minutos depois Karla apareceu lá.

– Ele já foi? - Perguntei.

– Sim.

– Temos que arrumar isso antes que minha mãe chegue.

A pia estava cheia de louça, o chão e o sofá cheios de pipoca.

– Estou morrendo de fome! - Disse Karla abrindo a geladeira.

– Os pães estão prontos, tem pasta de amendoim, geleia de uva, de morango e suco. Pega aí! - Disse colocando dois pratos na mesa.

Sentamos à mesa, Karla ainda estava de pijama com estampas de desenho animado.

– Sonhei com você... - Disse passando geleia de morango no pão.

– Sonhou o que?

O sol estava começando a surgir, alguns raios passavam pela cortina da cozinha e batia diretamente na mesa.

– Que você e Brandon estavam namorando e Cameron ficava bolado com isso, depois disso você me acordou.

– O que? - Disse gargalhando cuspindo todo o suca para fora.

– Calma foi só um sonho... respira - Disse me dando uns tapinhas nas costas.

– Vamos limpar isso aqui logo! - Falei me levantando.

– Você ficou incomodada com isso? - Perguntou desconfiada comprimindo os olhos.

– Não! Por que ficaria? - Disse lavando a louça. (Deixando claro que eu odeio lavar louça, só estou fazendo isso para minha mãe não desconfiar)

– Nada não... - Falou enquanto pegava a vassoura na lavanderia.

– Não vai voar agora amiga, me ajuda primeiro!

– Otária! - Gargalhou em seguida.

Minha mãe chegou mais ou menos uma hora depois, estávamos jogadas no sofá, cada uma com seu celular.

– Olá meninas - Disse minha mãe animada, com sua bolsa e algumas sacolas nas mãos.

– Oi mãe.

– Oi tia.

Falamos sem nem olhar para ela.

– Essa juventude está perdida... Parem de mexer nesses celulares um pouco.

Mais uma vez não demos atenção.

– Trouxe comida japonesa, mas acho que o celular está mais interessante! - Disse enquanto caminhava para cozinha.

– Comida japonesa?!! - Gritei.

Joguei o celular no sofá e corri para cozinha, Karla veio logo atrás de mim.

– Vocês só trocam o celular por comida né? - Brincou colocando as sacolas de papelão sobre a mesa.

– Tia você é tão nova, mas parece uma velha falando.

Dei risada e concordei com a cabeça.

– Obrigada pelo nova! Disse sorrindo.

A noite fomos levar Karla em sua casa. Assim que chegamos em casa, dormi rapidamente.

Segunda-feira, 12:30 AM

Já havia chegado da escola e estava almoçando, quando Carmem sentou-se ao meu lado para me fazer companhia. Me encarou por alguns longos segundos, odeio quando fazem isso.

– O que está acontecendo? Estou te achando tão quietinha ultimamente.

"Porra, por que todo mundo sisma comigo? Me deixem". Pensei.

– Impressão sua Carmem, estou super normal! - Disse dando um gole no suco.

– Se você está dizendo... - Disse levantando-se - Tenho muitas coisas para fazer, vê se não se atrasa! Vou ligar para o táxi.

Carmem sempre foi super protetora comigo, desde que eu era criança.

– Pode deixar! - Disse colocando a louça na pia.

Subi rapidamente, fiz um coque frouxo no cabelo para escovar os dente, coloquei a camiseta do consultório e um shorts jeans, minha mãe odeia quando vou de shorts, mas estava calor. Ouvi a buzina do táxi e desci correndo.

– Alexia! O táxi chegou - Gritou Carmem da sala.

– Estou descendo.

Quando cheguei no consultório ouvi minha mãe conversando com um paciente. Coloquei minha bolsa em cima da minha mesa e entrei na sala para avisar que havia chegado.

– Mãe já che...

Assim que entrei na sala me deparei com Cameron conversando com ela, ele estava vestido com a camiseta do consultório. Arregalei os olhos e meu coração foi a mil.

– Oi filha. Cameron vai começar a trabalhar aqui com a gente! - Disse sorridente, parecia animada.

Eu não conseguia falar nada, minhas pernas estavam trêmulas.

Acho que ele também estava surpreso, pois me olhou assustado.

– C-como assim? - Gaguejei.

– Hannah havia comentado comigo que ele quer seguir essa profissão, e pensei por que não aprender um pouco disso na prática?! - Disse sentada ao seu lado.

Não disse nada e simplesmente me retirei da sala.

"Puta que pariu, por que minha mãe faz essas coisas comigo?! Não mereço isso". Eu estava com muita raiva.

Depois de uns dez minutos eles foram até a recepção.

– Cameron, você vai ficar nessa mesa em frente a da Alexia, e essa moça da mesa ao lado é Carina, recepcionista do doutor do segundo andar. Qualquer dúvida pergunte à elas - Disse enquanto ele se sentava e ajeitava os papéis em cima da mesa.

– Tá bom dona Ana, te agradeço muito.

Falso, olhei para ele com uma cara do tipo: "O Cameron que eu conheço não é nem um pouco educado."

Carina, a outra garota que trabalhava lá é aquela que havia dito que achava que ela não gostava de mim, hoje tive certeza.

Ela se jogava para cima dele o dia inteiro e ele dava bola. "Ai Cameron qualquer coisa pode me perguntar", "Cameron quer ajuda?", " Cameron vou pegar água para mim, você quer?"

Aquela putinha já estava me irritando, eu não estava conseguindo me concentrar em nada, estava marcando tudo errado.

Era 16:30 quando minha mãe avisou que ia sair mais cedo.

– Alexia, lembra do curso que te falei que ia fazer...?

– Não - Falei sem olhar para ela, estava fazendo algumas anotações nos papéis.

– Você nunca lembra de nada que eu te falo. É do outro lado da cidade, vou ter que sair agora. Fecha o consultório para mim?! - Disse me entregado as chaves.

– Tá bom... - Falei revirando os olhos.

– Carina e Cameron podem ir mais cedo hoje. Tchau! - Disse saindo do consultório.

– Eu já vou, você vem Cameron? - Carina perguntou enquanto arrumava sua bolsa.

– Não, vou terminar algumas coisas aqui ainda...

– Tá bom, tchau! - Disse dando um beijo demorado em sua bochecha.

Assim que ela saiu Cameron comentou:

– Parece que só restou nós...

Ignorei e continuei escrevendo algumas coisas no computador.

– Sério mesmo que você vai me ignorar?

– Por que não posso te ignorar Cameron? Você já me ignorou por tantos anos. Você já esqueceu né...?!

Sim, eu era bem apaixonadinha por Cameron até meus 13 anos, mas ele era malvado comigo, me deixava constrangida com brincadeiras em frente toda a classe, como por exemplo colocar o pé para que eu caísse... Mas eu já falei sobre isso.

Ele ficou quieto.

– Se quiser pode ir embora - Falei alguns minutos depois.

– Não vou deixar você ir embora sozinha! Vou te levar para casa, daqui a pouco começa a escurecer.

Meu Deus, não sabia o que pensar, muito menos o que falar, fiquei nervosa.

– Não precisa, eu sei o caminho, aliás ainda está claro.

– Eu te levo! - Afirmou.

Era 5:00 PM quando já havia terminado tudo e estava trancando as portas enquanto ele me observava na calçada.

– Que foi?- Perguntei de forma seca.

Odeio quando as pessoas me encaram, fico tímida, sem saber o que fazer.

– Nada não - Disse dando um sorriso filho da puta e mordendo os lábios em seguida - Aliás não sabia que podia trabalhar de shorts...

Ignorei seu comentário.

– Vamos? - Perguntou.

– Vamos.

– Não sabia que você trabalhava aqui!

– Minha mãe me obriga a trabalhar, venho três vezes por semana.

– Você podia trabalhar todos os dias... - Comentou baixinho.

– O que? - Perguntei.

– Nada não.

Durante o restante do caminho não falamos muito.

Assim que chegamos na calçada da minha casa, agradeci.

– Obrigada - Falei tentando entrar rapidamente.

Mas ele foi mais rápido, me puxou pelo braço e me encostou na parede, segurando minha nuca. Me encarou nos olhos, o sol já estava desaparecendo, estava alaranjado e batia em seu rosto de forma suave.

– Hoje você não vai escapar - Disse dando um sorriso malicioso, me beijando lentamente em seguida.

E realmente não escapei e nem tive vontade de sair correndo.

Depois ele acariciou meu rosto com a mão e disse sorrindo:

– Até amanhã - Me deu um selinho em seguida.

– Até! - Disse sorridente.

Entrei sorridente em casa, eu estava feliz, ainda bem que não havia ninguém em casa porque não estava a fim de ter que ouvir perguntas idiotas.