O destino

Capítulo 20


Fiquei com a cabeça fervendo de pensamentos enquanto Karla foi até a farmácia na esquina de casa. Assim que voltou, tirou o teste do bolso de dentro do casaco para que ninguém visse, colocou-o em cima da cama. Nos encaramos por longos minutos.

— Vai lá! - Disse colocando-o em minha mão.

Levantei lentamente, estava apreensiva, mas sentei novamente.

— Não, eu não consigo! - Anunciei.

Karla bufou e revirou os olhos ao mesmo tempo.

— Vai logo Lexi!

— Tá bom! - Respirei fundo, a fim de buscar coragem, não sei onde...

Assim que levantei meu celular vibrou, era minha mãe preocupada.

"Filha, você está melhor? Teve febre novamente? Tomou remédio?" — Mãe

"Calma mãe, estou bem! Não tive mais febre" -Alexia

"Graças a Deus! Cameron perguntou de você hoje, me parecida preocupado. Estava estranho...Aconteceu algo entre vocês?" - Mãe

"É mesmo? Não aconteceu nada. Está tudo bem!" — Alexia

"Ok. Te amo Alexia" - Mãe

"Também te amo mãe!" - Alexia

— Por que as mães sentem quando não estamos bem? E nos fazem milhares de perguntas...

— Sei lá! É tipo um sensor - Karla deu de ombros enquanto procurava um livro da minha coleção na estante.

— Não bagunce meu livros! - Esbravejei.

— Quero alguns emprestados.

— Me devolvendo todos inteiros...

— Estava pensando aqui... você não acha estranho toda essa preocupação que Brandon está tendo com você? Tipo como se ele tivesse mudado e que agora está realmente gostando de ti.

— Também notei isso, mas eu quero que todo mundo se foda! - Falei jogada na cama encarando o teto.

— Para de me enrolar sua vaca e vai fazer a porra do teste! - Gritou Karla andando de um lado pro outro do quarto sentada na minha cadeira de escritório.

Levantei relutante e entrei no banheiro. Saí sem esboçar nenhuma reação.

— E aí?? - Estava estampada a ansiedade no rosto de Karla.

Apenas me joguei de bruços na cama e coloquei o teste em sua mão.

— P-O-S-I-T-I-V-O! - Disse boquiaberta, surpresa, em pânico e todas as reações possíveis juntas, assim como eu estava.

Eu estava em transe, já podia escutar os milhares de julgamentos, e broncas da minha mãe. O fim da minha vida acadêmica.

— Acho que vou me matar, e não estou brincando!

— Você está louca garota?! - Perguntou acariciando meus cabelos.

— Não...

— Agora resta saber de quem né!

— Como assim de quem? Está me chamando de puta? - Esbravejei.

— Cameron ou Brandon.

— Karla, nunca transei com Brandon. Você só pode estar louca - Bufei.

— Bom...no dia da festa, sabe...vi Brandon saindo do quarto.

— Não, eu não estava agantando ficar em pé, Brandon me levou para o se quarto, colocou alguns travesseiros ao meu redor, disse que era pra eu não me arrebentar no chão. E saiu, acho que foi a hora em que el foi embora.

— Desculpa amiga, não sei onde estava com a cabeça para desconfiar de você... Bom, vi Cameron e Carina saindo do banheiro também, ficaram um bom tempo lá.

— Eu também vi, talvez seja só um engano também, ou não - Voltei a chorar igual uma criança.

— E agora, o que vai fazer? Vai contar primeiro para sua mãe ou para Cameron?

— Eu não sei se vou contar pra ele, não sei se vou contar pra ela. Na verdade não sei nem se vou ter essa criança.

— Você não está pensando em...abortar né? Não pode fazer isso, eu serei a madrinha dela ou dele.

— Eu realmente não sei.

Um silêncio absurdo tomou conta do meu quarto.

Já passava das 05:00 PM, em pouco tempo minha mãe estaria em casa.

- Já está tarde - Disse olhando no celular - Vou para casa, e sabe que estarei aqui para o que você precisar. Não tome nenhuma decisão precipitada, por favor!

Me deu um abraço longo e apertado, me senti protegida ali, e por um minuto esqueci de todos os meus problemas.

— Tchau, se cuida viu! - Disse com uma voz doce, ao abrir a porta.

10:00 PM

Escondi o teste no fundo do meu guarda roupa e joguei algumas peças de roupas por cima.

Minha mãe entrou no quarto no mesmo instante, com sua mania chata de não bater na porta.

— O que está procurando aí?

— Nada, na verdade estava procurando aquela minha blusa de frio do colégio, a senhora viu? - Falei fechando a porta do guarda roupa imediatamente.

— Vi sim... Você colocou para lavar ontem... - Falou desconfiada.

— Ah é verdade, como sou esquecida! - Menti.

— Acho que já está bem melhor né! Bom... vim e avisar que vou dormir na casa do Henry hoje, e amanhã não vou abrir o consultório, preciso resolver umas coisas... - Explicou desviando o olhar.

— Que coisas são essas?

— Nada de mais filha, só umas papeladas. Tenho que colocá-las em dia.

— Tudo bem... - Concordei desconfiada, ela me parecia um pouco nervosa, mas acho que era apenas impressão minha.

— Boa noite! Se cuida.

— Pode deixar.

Me deu um beijo na testa e saiu em seguida.

Fiquei pensando por horas, quando finalmente peguei no sono. O despertador tocou anunciando mais um dia de colégio!