O destino

Capítulo 17


Quinta-feira

A festa seria nesse fim de semana, sábado a noite. Os pais da Karla iriam viajar na sexta-feira a tarde. Sua irmã iria chegar na sexta às 06:00 PM.

Minha mãe me deixou na porta da escola como de costume, Karla já estava lá sentada no banco do jardim, viajando com seus fones de ouvido.

— Oi - Falei ainda sonolenta.

— Oi, não vamos para aula hoje - Afirmou levantando bruscamente do banco me puxando pela mão.

— Como assim? Do que você está falando? - Perguntei sem entender o que ela estava dizendo.

— Vamos cabular. Como você é lerda! Precisamos comprar as coisas para a festa.

— Mas e o Cameron e o Adam? - Perguntei.

— Já falei com eles. Adam vai passar aqui de carro e Cameron disse que vai vir de moto.

— Moto? Como assim moto? Ele nunca me disse que tinha uma moto - Falei em pânico.

— Cala a boca Alexia, depois você resolve isso com seu namorado.

Andamos alguns metros do colégio para que ninguém nos visse, e lá estavam eles.

Cameron estava montado em uma moto preta, aquelas com as rodas gigantes que alcançam velocidades absurdas. Usava uma jaqueta grossa de couro própria para quem pilota esse tipo de moto, pois tem proteções especiais e em seu braço segurava outra parecida, acredito que era para mim.

— Oi meu amor! - Disse tirando o capacete.

— Oi meu amor? Como nunca me disse que tinha uma moto?

— Calma, essa moto é do meu pai. Peguei depois que ele foi trabalhar, ou seja ninguém sabe que estou com ela - Explicou, em seguida me ajudou a colocar o capacete.

Enquanto isso Karla já havia entrado no carro, acenei para Adam e ele acenou de volta pelo retrovisor.

Aceleramos rumo ao shopping, já havia um tempo que não andava de moto e tinha até me esquecido da sensação maravilhosa.

Agarrei com força a cintura do Cameron e senti o vento forte batendo em meu cabelo, era uma sensação de liberdade incrível.

Deixamos as mochilas no carro do Adam, e mesmo assim ao entrarmos no shopping percebi que algumas pessoas nos olhavam desconfiadas. A maioria delas eram executivos que andavam engravatados, com suas malas e celulares em mãos. Mas havia também algumas mães com seus filhos, casais... Me pergunto o que essas pessoas vão fazer no shopping uma hora dessa?! Era cerca de 09:00 AM.

Fomos ao mercado e compramos muitas besteiras, entre elas sacos de salgadinho, amendoim, chocolate, refrigerante, suco... As bebidas ficariam por conta da irmã da Karla.

— Acho que já está bom! - Falei empurrando o carrinho de compras - A gente pede pizza para completar, afinal convidamos poucas pessoas.

— Boa ideia - Comentou Karla com uma pequena lista na mão.

Ela é a pessoa mais esquecida que eu conheço, não lembra nem o que comeu em sua última refeição, calma, estou exagerando.

— Estou com fome! - Comentou Cameron assim que saímos de lá com as sacolas nas mãos.

— Também estou - Comentei.

Fomos até a praça de alimentação e pedimos lanches. Nosso nível de "idiotice" era tão alto, que resolvemos apostar.

— Calma aí. Ninguém come ainda! - Anunciou Adam.

— Que foi? Perguntei - Estou com fome.

— Vamos ver quem come o lanche mais rápido.

— Tá bom - Todos nós concordamos.

Começamos a comer e beber refrigerante para tentar empurrar, nossas bochechas ficaram enormes.

— Ganhei - Gritou Cameron.

Logo depois Adam, e eu em terceiro lugar. Enquanto Karla ainda estava com metade do lanche na mão.

— Não vale gente, sou a mais magrinha daqui! - Falou com a boca cheia.

— Você perdeu Karla admite... Comi demais não aguento nem levantar daqui, acho que o botão da minha calça vai estourar - Resmunguei.

— E agora aonde deixamos essas coisas? Para que ninguém desconfie - Perguntou Karla olhando para as sacolas.

— Posso deixar em casa, provavelmente minha mãe não vai estar lá amanhã.

Aprontamos muito, parecíamos crianças, tentamos correr na direção oposta da escada rolante, provamos roupas nas lojas para tirar fotos.

Mas a melhor parte foi quando estávamos indo embora, no estacionamento gigante do shopping, resolvemos apostar corrida. Karla e eu entramos em carrinhos de compras enquanto Adam e Cameron empurravam.

— Vai Cameron, corre!! - Gritava.

— Adam não deixa eles ganharem! - Gritava Karla.

Assim que chegamos do outro lado eles se jogaram no chão ofegantes e super cansados. Não era pra menos...

— Ganhamos amor! - Falei beijando-o - Trouxas! - Gritei para provocar Karla e Adam.

No caminho de volta para o colégio, paramos na pista de skate pois ainda iria demorar para dar o horário de saída do colégio.

Havia muitos jovens lá, praticamente todos aqueles que estavam ali cabulavam aula. Muitos deles bebiam e fumavam cigarro, era um clima ruim, mas ficamos no canto perto da pista.

Tinha umas garotas que não paravam de olhar para Cameron e Adam. Eu e Karla já estávamos nos irritando.

— Que foi? - Gritou Karla.

— Estão olhando o que? Não tem o que fazer? - Gritei em seguida.

— O que você não tem de tamanho tem de brava! - Comentou Cameron.

— Até você?! - Disse sorrindo.

— É o que eu sempre digo - Comentou Adam.

Na hora da saída do colégio, fomos todos para minha casa, para deixar as compras que estavam no carro.

Coloquei tudo no meu guarda-roupa e joguei algumas roupas por cima.

Quando minha mãe chegou do consultório eu estava jogada no sofá com o celular na mão.

— Oi filha.

— Oi.

— Como foi o colégio hoje?

Qual é o problema das mães? Elas tem algum sensor? Não é possível... ela nunca, definitivamente nunca me faz esses tipos de pergunta, até porque ela não faz a linha de mãe preocupada.

— Foi...normal, não teve nada demais - Gaguejei.

— Hum! - Senti uma pontinha de desconfiança em sua voz.

— Vou dormir, acordar cedo não é fácil.... - Desviei o assunto.

— Boa noite!

Subi e tomei um banho, fiquei até tarde ouvindo música e conversando com Cameron e Karla por mensagem.

Sexta-feira, 08:00 AM

— Bom dia meu amor! Enfim sexta... - Disse animada.

— Que saco! - Reclamei e cobri o rosto com a coberta.

— Credo Alexia, como pode reclamar tanto?

— É claro que você está feliz, afinal hoje é sexta vai para casa do seu namorado!

— Já conversamos sobre isso.

— Sinceramente, eu não ligo mais para isso. Se você esta feliz assim... Só não quero que venha contagiar meu quarto com essa alegria toda logo cedo. Você sabe muito bem que fico mal humorada até tomar meu café da manhã.

— Que bom que não se importa mais com isso. Temos que curtir a vida Alexia, eu ainda sou nova, acho que mereço ter uma pessoa em minha vida. Assim como você tem o Cameron agora.

- Tá bom mãe, tá bom! Será que dá para sair do meu quarto agora? Por favor.

— Ok, te espero lá em baixo.

Tomei um banho e desci para tomar café. Sentei à mesa, já estava tudo preparado. Comi pão com pasta de amendoim e café com leite.

No colégio, Adam, Karla e Cameron estavam sentados no banco do refeitório.

— Bom dia amor! - Disse Cameron.

— Bom dia!

— Bom dia anã - Provou Adam.

— Cala a boca!

— Estávamos combinando o horário da festa, antes de você chegar - Disse Karla.

— Por que sempre sou a última a saber das coisas? Não estou gostando disso.

— Porque até a informação chegar aí embaixo demora um tempo - Pirraçou Adam.

— Idiota - Não consegui conter a risada.

— Para de ser chato Adam - Karla me defendeu, mas não parava de gargalhar - Então... vai ser 08:00 PM, não se atrasem.

O sinal tocou em seguida.

***

08:00 PM

Já estava no meu quarto tirando um cochilo quando minha mãe entrou no meu quarto. Como sempre bem arrumada, de salto, vestido preto e um perfume marcante.

— Filha estou indo, talvez eu só volte domingo. Henry quer ir para casa da mãe dele amanhã.

— Tudo bem! - Disse.

— Cuidado, juízo.

— Pode deixar - Voltei a cochilar imediatamente.

Era cerca de 09:00 PM quando acordei, desci para comer alguma coisa. Era estranho a casa vazia a noite, mas já estava acostumada.

Sentei no sofá com um pote de sorvete e liguei a TV, não estava passando nada interessante, tinha certeza que a noite seria longa, pois estava sem sono nenhum.

Escutei um barulho de moto se aproximando, por alguns instantes passou pela minha cabeça que poderia ser Cameron. Mas não acreditei nisso até ouvir a campainha.

Abri a porta e lá estava ele, segurando o capacete com uma das mãos.

— O que veio fazer aqui? - Perguntei.

— Você sempre anda assim em casa? - Perguntou olhando para minha roupa.

Eu estava com um shorts de malha bem curto e uma camiseta regata, estava calor.

— Qual o problema?

— Nenhum, muito pelo contrário - Comentou malicioso.

— Entra logo...

Pendurei sua jaqueta e coloquei seu capacete sobre a mesinha da sala.

— Minha mãe não está em casa, não era para você estar aqui

— Eu sei! - Sorriu torto.

— Como saiu de moto sem seu pai ver?

— Eu pedi para ele e por algum milagre ele me emprestou. Disse que vai me dar uma do mesmo modelo que a dele. Nem preciso falar que minha mãe reprova totalmente essa ideia, ela morre de medo.

— Ai que legal, você sabe que vou ficar no seu pé por causa dessa moto né?! É muito perigoso e você sabe disso.

— Eu sei minha linda... - Falou me dando um selinho.

— Quer? - Perguntei segurando o pote de sorvete.

— Que pergunta... é claro que eu quero.

Sim, nós acabamos com um pote de sorvete rapidamente.

— Como sabe que minha mãe não estava aqui hoje?

— Você falou ontem...

— Ah é...

O silêncio tomava conta, os olhares se cruzavam, os rostos se aproximavam. Começamos a nos beijar e fomos subindo as escadas derrubando alguns quadros que estavam pendurados na parede.

— Você quer mesmo fazer isso? - Perguntou Cameron olhando em meus olhos.

— Sim - Afirmei.

Entramos em meu quarto e... E o resto? Bom, isso fica por conta da imaginação de vocês. Só posso dizer que tive ainda mais certeza que realmente amo Cameron.