21 de outubro de 2015 Dia 126 21h30min

Sofremos um ataque ontem de saqueadores. Isso é algo bem incomum, já que a região que escolhemos é bem afastada e deserta. Eram cerca de 20, vieram quinze pela frente causando uma distração e, enquanto lutávamos contra eles, outros cinco vieram pela retaguarda e saquearam o nosso depósito. Deram uma grande baixa no estoque, perdemos quatro amigos, mas eliminamos a linha de frente por completo e conseguimos encontrar três dos cinco homens que nos saquearam. Interrogamos e descobrimos que a carga já foi transportada e, nos últimos minutos dele, um deles contou que alguém de dentro deu a localização do acampamento. Agora, a desconfiança mora bem perto de nós. Quem será que é o espião? Vou me concentrar nisso mais tarde, agora é hora de continuar o relato. Bom...

26 de junho de 2015 Dia 8 20h24min POV Toni

Estávamos indo em direção ao hospital, precisávamos de sangue para poder salvar a Viviane. Vínhamos em silêncio, acho que era melhor assim, me ajudava a me concentrar no objetivo. Depois de alguns minutos, ficou muito chato aquele silêncio todo e resolvi puxar assunto.

Então, o que você e sua irmã estavam conversando lá em cima?

Não é da sua conta. Ela respondeu sem nem olhar pra mim.

Nossa, eu só queria conversar. Voltei a prestar atenção na estrada. Pouco tempo depois ela me pergunta:

O que você e a japinha conversavam?

Não sei se fico calado ou te dou uma tirada, acho que fico com a primeira opção. Olhei pra ela e pensei melhor. Mas eu só conto se você me falar o que as duas fofocavam.

Fofocava o seu cú. Olha, se você quer saber não to nem aí se você tá ficando com aquela coisa Made in China, problema é seu.

Ciúme agora é? Ela ficou corada na hora.

N-Não... Não te interessa. Ela voltou a olhar pelo vidro do carro procurando algo interessante pra se ver, mas só tinha zumbis e destruição.

Pro seu governo, eu não to ficando com ela conversava sobre como íamos guardar a porta e quais armas a gente ia usar. Vi ela abrir um pequeno sorriso. Depois disso não falamos mais nada.

26 de junho de 2015 Dia 8 20h31min POV Maria Clara

Chegamos ao hospital. Tinha centenas de zumbis na porta, não teria como entrar por ali. Demos a volta e entramos pelos fundos. Os aparelhos para a retirada e a transfusão estavam no segundo andar.

Olha vamos ter que levar os aparelhos para uma caminhonete.

E que tal uma ambulância? Ele falou isso como se fosse fácil.

E como vai conseguir uma?

Deixa isso comigo. Consegue chegar até o depósito e pegar alguns medicamentos?

Claro.

Pega e vai até a porta dos fundos e espere.

Ele saiu em direção à porta principal. Depois escutei a sirene da ambulância e os zumbis começaram a se afastar da entrada. Fui até a ala de medicamentos, não tinha muitos zumbis. Peguei o que pude e levei para os fundos. Deixei os sacos lá e resolvi voltar e pegar mais. Depois de três viagens até o depósito, fiquei vigiando a saída e esperei. Ele chegou com uma ambulância, ela tava sem a sirene e as luzes. Me ajudou a colocar os medicamentos dentro do carro e fomos em direção ao segundo andar.

Entramos, tinha cerca de dez zumbis no corredor. Um deles notou a nossa presença e veio em nossa direção chamando a atenção dos outros também. Ele ficou com uma faca em cada mão e as arremessou, matando os dois mais próximos. Depois pegou a última faca e saiu em direção aos zumbis, derrubando um ou outro, matando os que ficam de pé. Fui ajudá-lo, matei três deles. Um médico zumbi veio se arrastando e agarrou a minha mão esquerda. As unhas dele penetraram na pele e rasgaram a minha mão, Toni arremessou a faca dele na cabeça do médico zumbi. Outros dois saíram de uma sala, ele sacou sua colt e atirou. Entramos para a sala onde íamos retirar o sangue.

Que droga! O Toni andava de um lado para o outro, parecia que o arranhado foi nele. Vamos esterilizar a faca e amputar a sua mão.

Não temos tempo pra isso. Apontei para a porta, já era possível escutar os gemidos dos zumbis aumentavam cada vez mais. Logo eles vão entrar aqui dentro. Já era pra gente.

Não sou de desistir fácil. Retirou o cutelo da bolsa junto com um isqueiro. Começou a fazer uma pequena fogueira no canto da sala. Depois de esquentar bem o cutelo, colocou os itens sobre a mesa. Eu já tinha injetado uma anestesia local no braço e esperava fazer efeito.

Por que trouxe o cutelo? Perguntei pra ele, já sentindo o efeito da anestesia no braço. A dor insuportável já não existia. Coloquei o braço reto e fechei os olhos. Ouvi o barulho do cutelo acertando a mesa. Quando abri, já estava sem a mão, ele cortou, cauterizou o local e já estancando o pequeno sangramento.

Trouxe o kit de primeiros-socorros porque nunca se sabe quando precisa. Já o cutelo, bom, achei que seria uma boa arma reserva. Ele disse indo para o outro canto da sala pra apagar a fogueira, à cerca de quatro metros de distância. Terminei de enfaixar o braço, quando vi a porta ceder e os zumbis começarem a entrar. Procurei por minha pistola, mas esqueci que a coloquei na mesa do lado esquerdo, incomodava na hora de sentar na cadeira. Estava a um metro e meio dos zumbis e ele a quatro metros de mim.

Esperei que ele gritasse um nãããããão como nos filmes. Esperei eles me devorarem. Só não esperava que ele tivesse essa reação. Ele sacou as duas pistolas e começou atirar nos zumbis, correndo em minha direção.

Não. Vou. Deixar. Você. Morrer. Ele falava isso enquanto atirava nos zumbis. Um a um todos iam caindo e, o mais incrível, era que ele não errou um tiro. Quando as balas acabaram, ele pegou o cutelo e matou os zumbis restantes.

Você está bem? Eles te morderam? Te arranharam? Ele disparou as perguntas, ele estava realmente preocupado comigo. Até que ele ficava bonitinho assim.

N-Não se preocupa, e-eu to bem. Eu ia me levantar, quando senti seus braços me envolverem.

Fiquei com tanto medo de te perder. Apesar da vergonha, eu o abracei de volta. Ficamos assim um tempo até que ele me soltou e começou a pegar os equipamentos necessários. Não eram muitos, mas pra um só carregar ia ser difícil.

Enquanto ele levava os itens, eu ia à frente, com a pistola na mão, pronta pra atirar em qualquer zumbi que aparecesse. Tive que matar apenas sete, o resto deu pra enganar. Parece que a visão deles não é muito boa, acho que veem apenas vultos e luzes fortes. Já a audição deles é muito boa, bem melhor que a de um humano, podendo também sentir cheiro do nosso sangue e da nossa carne.

Chegamos seguros até a ambulância, colocamos tudo lá dentro e já íamos sair quando escutamos gritos de socorro vindos de lá de dentro.

Vou ir lá dar uma olhada. Fica dentro da ambulância e me espera voltar. Ele me disse, já indo em direção ao hospital. Tentei argumentar, mas no final ele foi assim mesmo. Entrei dentro da ambulância, tranquei as portas e esperei.

26 de junho de 2015 Dia 8 20h45min POV Toni

Entrei no hospital e me escondi no quarto/depósito do almocharifado. Enquanto recarregava as pistolas, repassava mentalmente o caminho até o terceiro andar, acho que foi de lá que vieram os gritos. Saí e cheguei sem problemas ao segundo andar. Acho que a Clara estava certa, eles não enxergam muito bem, mas tem a audição e olfato melhorados. Então, me desviei deles e fui em direção ao terceiro andar, mas logo na escada tinha cerca de trinta deles. Peguei uma das macas e a joguei em direção a parede, enquanto fui no sentido oposto e esperei. Eles seguiram a maca e nem me notaram atrás da pilastra. Assim que eles saíram, subi e fui em direção ao final do corredor. Surgiram três zumbis, matei os dois primeiros arremessando minhas facas, derrubei o último e, enquanto ele se debatia, tentando levantar, peguei a faca no crânio de um dos mortos e o matei.

Recolhi minhas facas e entrei no primeiro quarto, vazio. Entrei no segundo, também vazio. No último, tinha apenas um zumbi encarando um armário, fui sorrateiramente até ele e o matei, segurando o seu corpo e o colocando bem devagar no chão. Depois, fui até o armário e abri bem devagar a porta. Tomei um susto quando ela abriu de uma vez, tropecei no corpo do zumbi e caí, deixando a minha faca perto do armário. Saquei rápido uma pistola e apontei pro vazio do armário, mas ninguém saiu de lá de dentro.

Me levantei e fui em direção a porta, minha garganta estava seca, meu corpo tremia, acho que pela primeira vez eu estava com medo. Olhei dentro do armário e... nada. Estava completamente vazio. Não fazia idéia do que tinha acontecido quando eu senti uma pancada na cabeça. Caí no chão e vi alguém se aproximando, quando eu gritei e depois, bom, eu apaguei.

26 de junho de 2015 Dia 8 20h45min POV Tainá

Depois que eles saíram, fiquei de vigia no terceiro andar do sobrado. Era uma espécie de varanda enorme com duas suítes e uma hidro. Enquanto vigiava, eles levaram a Vivi para o quarto, arrumaram os suprimentos e agora tomaram um banho e curtiam a hidro. Não tinha jatos de água, mas pelo menos era quente, a água vinha de um aquecedor solar.

Depois de alguns minutos, parou um jipe militar na porta do sobrado e um cara loiro veio mancando na nossa direção, com um rifle de assalto na mão. Alertei os outros e desci com o Bernardo, ele de facão e eu com o meu revólver. Paramos em um ponto estratégico do corredor e esperamos ele subir. Assim que ele subiu, Apontei a arma pra sua cabeça e falei:

Coloca a sua arma no chão, e se vira devagar.

Ele colocou o rifle no chão e se virou.

Qual o seu nome, soldado?

Maicon, Maicon Júnior. Ele me encarava de uma forma estranha, como se analisasse a melhor forma de me matar.

Anteriormente estava com algum outro oficial?

Sim.

Nomes.

Tenente Rodriguez e Soldado Roberto.

Não precisa se preocupar, somos aliados agora. Disse, abaixando a arma. Seus amigos estão em um lugar seguro, o Toni foi ao encontro deles.

Eles não estão aqui? Num movimento rápido, ele me desarmou e usou meu próprio revólver contra mim. Onde eles estão? O que o Toni fez com eles? Por que somos aliados?

O Bernardo saiu do seu local, pegou o rifle e colou o cano na cabeça dele.

Não sabemos onde eles estão. A Clara e o Toni salvaram a vida da tenente. Ambos concordaram que se unir seria melhor. E se você não abaixar a arma, você morre.

Ele travou e me entregou o revólver. Foi quando ouvimos os gemidos dos zumbis, eles estavam chegando ao casarão. A Brenda desceu vestida com um short jeans, uma bota, sua regata azul e com a foice em mãos.

Os zumbis estão invadindo o casarão.

Bernardo, que estava só de short, vestiu uma blusa de frio e trocou de arma com a Brenda e devolveu o rifle ao soldado. Enquanto o Bernardo e a Brenda desceram, eu e o soldado subimos para o terceiro andar, para matar os zumbis na entrada da casa. A Rita pegou uma faca e foi pro quarto da Vivi, pra evitar que qualquer zumbi se aproximasse.

Já vi que a noite vai ser longa.