12 de outubro de 2015 – dia 117 – 20h30min POV Toni

Ontem tivemos alguns problemas, mas já tá tudo resolvido. Hoje foi dia das crianças e deu pra organizar uma pequena festinha. Nem imaginava que podia ver elas tão alegres. Conversei com alguns amigos e decidi escrever não só a minha, mas a história do grupo.

Onde é que eu parei mesmo...

25 de junho de 2015 – Dia 7 – 14h55min POV Toni

Já estava a dois dias naquela maldita mata e ainda não achei o ponto de encontro. Tinha sobrado apenas duas latas e ainda por cima de ervilha (odeio ervilha) e uma garrafa d’água. O plano era simples: Ache o riacho e siga até a nascente. Mas onde fica o maldito riacho?

Vou explicar o que aconteceu, é o seguinte: Do lado de fora do casebre tinha apenas quatro zumbis e bem longe um do outro, então foi fácil matá-los. Desde então venho procurando o riacho e, quando chega a noite, faço uma espécie de cabana com galhos e cubro com roupas e sangue dos zumbis. Pode até ser nojento, mas pelo menos os mantém longe.

Enquanto pensava como eu ia me virar pra conseguir comida, Ouvi tiros e logo depois um grito, algo parecido com “que caralho!”. Pensei um pouco e decidi dar uma olhada. Já tava cansado de procurar o riacho sozinho, eles poderiam saber o caminho, ou melhor, poderia ser eles. Cheguei perto e me escondi atrás de uma árvore e vi duas mulheres, uma embaixo, parecia ser a mais velha, era branca com os olhos e cabelos pretos e um corpo bem definido, estava esfaqueando os zumbis e uma em cima da árvore, muito parecida com a outra, só que com os cabelos loiros e era mais nova, tacando galhos neles, acho que pra chamar a atenção.

Era uma boa hora pra aprender usar o rifle. Fiz igual vi fazerem no clube de tiro: apoiei a coronha no ombro, mirei com o olho direito, encontrei uma posição confortável, destravei e atirei. Passou muito longe, na verdade precisei de quatro tiros pra acertar um, mas eu melhorei por que depois disso errei só um dos outros seis. Os outros quatro derrubamos na faca. Quando acabamos, a morena recarregou a pistola e mirou em mim, mas a outra garota desceu da árvore e entrou na frente dela.

– De gente morta já basta os zumbis tá bom?

– Ele pode ser perigoso, tentar matar a gente ou coisa pior.

– Acha que ele já não poderia ter feito? Porque mataria os zumbis primeiro? Ele simplesmente poderia...

– Desculpa intrometer... – já sabia que aquela discussão ia longe, então resolvi encurtar o papo. – não vou matar ninguém, só quero saber onde fica o riacho?

– Qual deles? – respondeu a loira. Ótimo já tinha mais de um e não achei nenhum deles.

– O que passa mais perto de uma fazenda.

– Aquela que tava tendo uma festa?

– Isso.

– Pega essa trilha – me apontou um pequeno caminho que cortava o descampado. – e seque a direita e você vai chegar à nascente, só que é um pouco longe.

– Valeu.

Saí andando e as duas começaram a discutir de novo. Peguei a tal trilha e segui-a durante um tempo, até que alguém me chamou. Me virei e vi a loira vindo em minha direção e a outra escorada na árvore, fuzilando a loira com o olhar.

– Me chamo Maria Rita – disse ela um pouco ofegante. – e ela é Maria Clara. Sabia que a direita é pro outro lado?

Sério? – a verdade é que eu nunca entendi qual que é a direita e qual que é a esquerda, quase sempre eu pegava o caminho errado. – Valeu por me avisar. O meu nome é Antônio, mas todos me chamam de Toni.

– Posso ir com você?

A pergunta me pegou de surpresa e pelo jeito a Clara também. Respondi algo parecido com um sim e fomos andando na direção correta. No caminho elas me contaram, ou melhor, a Rita me contava, porque a Clara raramente falava alguma coisa, que elas ficaram trancadas na casa dos pais até a água ser cortada. Quando a reserva acabou, elas vieram até a mata pegar mais, mas foram surpreendidas pelos zumbis e saíram correndo até chegar ali. Contei minha história até ali e conversamos mais um pouco sobre futilidades. Fizemos um pequeno acampamento, fiquei responsável pela barraca e elas pela fogueira, bom pelo menos não ia cobrir com sangue zumbi. Elas dividiram o lanche comigo e fiquei de vigia naquela noite.

22 de junho de 2015 – Dia 4 – 9h19min POV Bernardo

Não acreditei que o Toni iria assim, tão fácil. Pensei que ele fosse discutir, brigar, mas ele simplesmente pegou as coisas e saiu. Ficou um tempo trancado no quarto com a Brenda e depois saiu e disse pra ela “cuidado com a Aline”. Tá certo, ela tá doente desde, desde... desde que chegamos aqui, mas é só coincidência. Agora a Danila, Ronaldo, Stefany e Lilian não saem de perto dela.

Tirando a expulsão, a liderança de Lucas ia bem. Dividiu os trabalhos dos homens entre a vigilância e a construção de uma “muralha”, uma paliçada de madeira em torno da base. As garotas só iam cuidar da casa e da fazenda, nem mesmo a Tainá, a única entre nós que sabia atirar ficou de fora.

Eu fiquei no segundo turno de vigia junto com o Luka e a única arma que tínhamos era uma faca (eu) e um facão (ele). Quando foi por volta das quatro horas da tarde, ouvimos gritos vindos da casa. “Cuidado com a Aline”, a frase ecoou dentro da mente e o pior de tudo é que ele estava certo. Os gritos vieram do quarto dela e, quando abrimos a porta, Ela tinha morrido e voltado como uma mordedora, já havia matado dois e mordido o Ronaldo na perna e a Lilian no pescoço. Fiquei sem saber o que fazer, ou melhor, sabia mas não queria fazer, eles eram meus colegas e o Ronaldo era meu amigo.

Luka, com um golpe seco, decapitou sem dó a Aline. Os outros dois se levantaram e vieram pra cima dele. Ele matou um, mas o facão grudou na cabeça dele e o que um dia foi a Danila o derrubou. Ele estava quase mordendo ele quando reagi, ninguém mais ia morrer hoje. Corri e cravei minha faca na cabeça daquela mordedora.

Lucas chegou e logo entendeu o que aconteceu. Matou a Lilian e o Ronaldo friamente e depois mandou limpar tudo. E parece que ele gostou de fazer isso, por que ele saiu com um sorriso no rosto.Isso foi apenas o começo. Exigiu um quarto só pra ele, o mais afastado da casa. No dia seguinte a Vivi, que sempre era tão alegre, Apareceu no café muito triste calada e extremamente irritada. Nó dia seguinte foi a vez da Renata.

26 de Junho de 2015 – dia 8 – 01h23min

Acordei com alguém gritando de dor. Logo depois a Brenda apareceu nua no meu quarto e com seu canivete cheio de sangue.

– Vamos sair daqui! Agora!

– Você não manda em mim! – retruquei, brincando.

– Fodas! Olha, que saber, eu vou com ou sem você. – Disse vestindo uma roupa e colocando o resto na mochila.

– Dá pra me explicar o que aconteceu?

– Não dá tempo! Ele vai me matar e vai matar você também.

– Ele quem?

– Só... só confia em mim.

Se tem algo que a Brenda não sabia fazer era mentir, então resolvi dar um voto de confiança pra ela. Arrumei minhas coisas e saímos pelos fundos da casa em direção a mata.

– E a água? E a comida? Como você sabe o caminho certo?

Ela ia me dar uma tirada, mas respirou fundo e respondeu:

– É tão difícil confiar em mim?

Andamos umas duas horas na mata até uma pequena clareira, onde a terra tinha sido recém cavada. Tava muito escuro, ela foi até um ponto e começou a cavar com as mãos. Tirou uma lanterna, limpou na roupa, ligou e colocou na roupa. Ela murmurou alguma coisa umas três vezes, depois tirou a lanterna da boca e disse:

– Vai ficar só olhando ou vai ajudar?

– Não, to de boa só olhando. – disse, rindo da cara que ela fez. Quando terminamos de cavar, tinha duas mochilas, um facão, uma foice, um lampião e uma maleta. Pegamos tudo e saímos dali.

– Na maleta tem um pequeno kit de primeiros-socorros, nas mochilas tem água e comida para 5 dias, corda, pilhas extras, um cobertor, um pedaço de lona, óleo pro lampião e uma caixa de fósforos. Ela ficou com o facão e eu com a foice.

O dia já amanhecia quando chegamos na nascente de um riacho. Escolhemos duas mudas de roupas e descartamos o resto ali. Decidimos descansar um pouco e íamos se não fosse alguém vindo da mata. Nos escondemos em uma árvore e esperamos até ouvir uma sequência de assovios. Brenda retribuiu e desceu com o sorriso no rosto, o primeiro desde a fuga. Logo depois escutamos uma voz familiar.

– Ora, ora ora...