4 de novembro de 2015 – Dia140 – 23h56min

Tive um pesadelo, vem se tornando cada vez mais recorrente. Já que não vou dormir, vou escrever mais um pouco.

11 de julho de 2015 – Dia 23 – 18h01min – POV Toni

Ele pareceu mais surpreso que eu. Não era nervosismo, ou medo, só surpreso.

– Você, viva? Caralho, pensei que tivesse morrido.

– Pro seu azar não. Pega suas coisas e some daqui antes que eu atire.

– Com a arma travada?

Não dava paravam de discutir, mas a muito custo convenci-a a largar a arma, mas ela falou que ia embora se ele ficasse aqui, ele zoou dela e começaram a discutir de novo. Até que comecei a escutar um chiado do rádio da Carmem, alguém estava tentando falar com ela.

– Dá para as mocinhas ficarem em silêncio por um instante?

Carmem conversou durante uns cinco minutos com o rádio. Quando ela desligou, se dirigiu a mim e falou que queria falar em particular. Subimos até o terceiro andar, puxou duas cadeiras e apontou uma para mim.

– Era o meu superior, o comandante na verdade. Ele perguntou o porquê de não ter voltado para a base. Expliquei a situação e ele falou para levar vocês até BH. Eles montaram uma base no centro, com o 12° BI funcionando como uma base de operações, montaram uma resistência lá, cobrindo alguns quarteirões. Vocês podem ficar no quartel ou em um dos prédios residenciais que eles limparam, além de poderem escolher seguir uma “profissão” no local.

– Parece tentador. Mas podemos ficar com as nossas armas e andar com elas? E quais seriam as opções de “profissões”?

– Ele não me deu esses detalhes, mas se forem para lá, farei o possível para conseguir isso. Vocês me salvaram então é o mínimo que posso fazer.

– Vou falar com os outros, não posso tomar essa decisão por eles, te passo a resposta amanhã. Tô com fome e imundo.

Tomei um banho demorado era tão bom poder retirar o sangue dos zumbis do corpo e se sentir limpo e vivo. Vesti uma bermuda e uma camisa, desci para o jantar. Foi alegre, exceto pelo olhar da Rita para o Carlos. Fui para a minha pequena oficina e terminei a prótese improvisada. Cobri o fundo com uma chapa de ferro e soldei a uma espécie de lata, revestida por dentro com espuma. Levei até a Vivi e coloquei nela. Cobri o local com uma meia e prendi a prótese com as correias na panturrilha. Ela deu alguns passos, com um sorriso bobo no rosto e caiu, mas riu ainda mais. Falou que ainda doía um pouco, mas ia se acostumar. Às nove horas, reuni todos e falei com eles tudo o que a Carmem me disse sobre a resistência.

– Mas no centro de BH? – A Brenda levantou essa questão. – Não podia ser em outro lugar?

– Podia, mas a capital tem mais suprimentos e armas, além de ter o batalhão como um possível refúgio. Mas tem muito mais zumbis do que aqui. – O Bernardo falava de um modo com se já conhecesse o local. – Eu me ariscaria lá, mas só se pudermos ficar com nossas armas, e tivesse um local para treinar, comecei a aprender mas não sou tão bom assim.

– Pode até ser uma boa, mas também não quero ficar desarmada. – A Kim falou decidida. No final, todos concordaram, mas só se pudéssemos ficar com as armas. Toparam também ir para Juatuba primeiro, ver se tinha algum parente vivo ainda.

Depois fui pro meu quarto dormir. De manhã dei a resposta para a Tenente. Aprontamos as nossas coisas e partimos. Ficou tudo um pouco apertado, mas conseguimos sair da cidade sem problemas. Espero que esse seja um novo futuro pra nós.