Do lado de fora da barracão ouvia-se uma discussão nada saudável entre pai e filha. Ouvia-se todo tipo
de grito vindo de Elianora e seu pai Zoricus, coisas como: 'você não manda em mim!','Eu não vou sair com o gordão!', 'Você vai e ponto final', 'Não ligo com o que você acha!' e, 'Já esta mais do que na sua hora!' Flipbob Ficara dentro dá barraca esperando os dois que discutiam do lado de fora, junto com o
filho mais novo do velho ferreiro, Que brincava no chão com o que pareciam pequenas caixas. Flipbob prometera ao velho que o levaria como escudeiro e o transformaria em cavaleiro, então por que não falar um pouco com o garoto e se acostumar um pouco com ele.
–E ai garoto. O que você..
–Sssshhhhhhiiiiiiiiiii! fez o garoto pondo o indicador em paralelo com os labios em sinal de silencio.
–Mas é q..Flipbob tentou se explicar
–Shhii!Fez de novo o garoto, -Não ta vendo Sir Bolinho. Estou ocupado. Flipbob olhava o garoto curioso, que parecia só brincar com pequenas caixas no chão.
–O que está fazendo? Perguntou Flipbob ao garoto.
–Praticando.Respondeu ele.Bolinho o olhava intrigado.
–Quando crescer, serei corretor de imoveis. Revelou o garoto. -Não quero ser interrompido enquanto estudo vendas em justa posição ao bairro e os elementos naturais que podem atuar nele. Flipbob achava aquilo esquisito.
–Você não prefere fazer algo mais.. bem, legal quando você crescer?Perguntou Flipbob.
–Tipo? Perguntou o garoto, sem tirar os olhos do que fazia.
–Tipo ser cavaleiro, ué? Para Flipbob a resposta era obvia.
–Não. obrigado. Disse o garoto. O cavaleiro achou aquilo estranho, o sonho de todo mundo devia ser viver incríveis aventuras, explorar lugares, andar, conhecer e ver tudo que OOO tinha para oferecer.
–E por que não? Você não acha cavaleiros legais? Perguntou flipbob se apoiando nos joelhos para se aproximar um pouco mais do garoto.
–Não gosto de violência. Disse o menino. -Você e minha irmã são iguaizinhos, acham violência divertida e legal, tentando me convencer que é o certo mais eu sei que não é! Aquilo assustou um pouco Flipbob, que se ergueu de novo em sinal de que pretendia deixar o garoto em paz.

Aquilo tudo parecia uma piada de péssimo gosto, ele tinha um encontro com uma garota que não gostava dele e tinha um escudeiro que não queria lutar. Finalmente, pai e filha retornaram da pequena discussão.
–Olha cara.disse Elianora pra ele. -Eu vou sair com você mas sem gracinhas ouviu?!
–Bem tem certeza de que..
–Tem mais! Disse ela o interrompendo. -Eu quero que tire essa armadura estranha, não vou andar com um cara parecendo um palhaço de latão.
–Bem, ok, mas é que eu..
–Você ouviu a garota, não foi fácil faze-la mudar de ideia, Pode por sua armadura lá atrás. Então lá foi Flipbob para trás da barraca se desfazer de cada parte de metal que protegia seu corpo, a
armadura redonda fazia com que parecer obeso, quando na verdade Flipbob era bem magro, tinha cabelos castanhos que se enrolavam nas pontas a medida que elas se aproximassem das orelhas, ele usava uma camisa branca encardida por baixo do aço que o protegia.Quando terminou, Deixou a armadura
lá, flipbob se preparava para sair com a filha do ferreiro, ele não se lembrava de nenhum poema, ou de 'coisas bonitas' pra se falar, como disse Zoricus,mas o que dava pra se fazer, era isso ou ir pra casa do velho Charles e lhe devolver a armadura.

Flipbob já entrava na barraca quando Zoricus disse: -Bem vindo a forja de Zoricus o barba..
–Zoricus, sou eu. Disse flipbob o interrompendo.
–O que?! O ferreiro estava de olhos arregalados.
–Pai eu to pronta.Disse Elianora. -cade o Bobolinho?E quem é esse cara?
–Aparentemente, 'esse cara' aqui é o Sir bolinho. Disse o pai dela meio boquiaberto.
–O que?!Ela parecia tão surpreendida quanto o pai, Flipbob já estava com as orelhas vermelhas e começava a suar.
–Bom, pelo menos você não é tão feio quanto eu pensei que fosse. Aquela frase nostálgica na vida de Flipbob o fez dar um sorriso bobo.
–Como é menina?!Disse o ferreiro já assustado com fala da filha.
–Espero que você não se importe.Disse Bolinho -Mas a minha camisa ta bem..
–Não se preocupe, caras legais não ligam pro visual, eles se vestem com roupas velhas ou rasgadas.
–Por quê? Quis saber o cavaleiro.
–Eu sei lá Bobolinho.Enfim, estamos indo pai.
–Espera mais o que.. Zoricus ainda tentou falar alguma coisa mas Elionora pegou Flipbob pela mão e o arrastou do barracão do pai o mais rápido possível.

Estavam os dois andando tempo, Já tinham visto a loja de livros de varinhas e roupas, e se divertiam, estavam se afastando da comitiva, a tarde ia se despedindo deixando o céu alaranjado.
–Hey, bobolinho. Disse ela.
–O que foi Elionora. Nesse momento, a garota deu um tapão por trás da cabeça dele.
–AAI!
–Ai cara, me chama de Eli
–Eli?
–Eh cara, Elionora é muito minha avó, me chame de Eli.Disse ela enfezada.-Mas uma coisa, eu sei o que meu pai pediu pra você fazer, vai ficar declamando poemas toscos me dar flores, cara, eu não quero nada disso, falou?
–Ok, ok falou!
–Cara, 'Sir Bolinho',que nome mais idiota, não me diga que seu nome é esse mesmo?
–Não, meu nome é.. bem..
–Ah cara, fala logo, não pode ser pior do que isso. O nome Flipbob era ridiculo, mas ele tinha a impressão que ela já o achava ridículo.
–Flipbob. Disse ele baixinho
–O que? Ele falou tão baixo que nem ele mesmo o poderia ter ouvido.
–Flipbob!
–hahahaahahhahahahahahahhahhhahahahhahahahahahahahahahhahahahah!Ela já lacrimejava de tanto rir, uma risada que durou quase três minutos, Flipbob já estava quase a deixando lá e voltando pra casa de Sir Charles.
–Cara, haahahahahahahahhaahaha, como seu ahhahahahhahaahahhaaha, por que? hahahahahhahahahahaha.
–Longa história.. A expressão do rapaz mudara drasticamente, e Eli tinha percebido.
–Uoou, cara fica assim não relaxa, eu vou de chamar de Flip. Disse ela tentando anima-lo
–Flip?
–É Flip, Flip é legal, e é um nome fofo também. Melhor que bolinho.
–Bom,Flip é legal, obrigado mesmo assim. Eli não teve sucesso o animando.
–Cara! Disse ela irritada. -Pare de ficar assim!Eu não queria te deixar assim, mas seu nome é hilário.
–Tudo bem, escuta não foi só por causa dos risos. Explicou Flippbob
–Não foi?
–Como eu disse, Longa história.
–Cara! escuta. disse ela mais irritada ainda.-Eu não quero te ver assim, eu gosto de você. Quando percebeu o que tinha dito, Eli colocou as mão na boca como que para evitar o que tinha dito.
–O que? Perguntou ele.
–Não do jeito que você esta pensando!! Disse ela nervosa é com as bochechas vermelhas. -Estou falando do fato de você ser livre. De arriscar a sua vida nessa aventura de cavaleiro, de poder ir para onde quiser, conhecer pessoas e lutar contra quem quiser, sem ninguém te mandando fazer o que você não quer.. Sabe, isso é meu sonho.
–Seu sonho é ser cavaleiro? Perguntou Flipbob boquiaberto. Não que garotas não pudessem ser cavaleiro, mas lutas e armaduras não era uma coisa que as atraíssem muito para esse mundo.
–Por que? Você acha que eu não aguentaria?! perguntou ela bem irritada e com o rosto ainda vermelho.
–Não é isso..
–Eu vou te mostrar que eu do conta! Vem!

Ela o puxou até a Barraca mais isolada, o levou para a parte de traz onde tinha dois bastões de madeira, que por 'coincidência' tinha tamanho de espadas.
–E aqui que você 'pratica'?Perguntou ele.
–Calaboca! Disse ela furiosa. -Eu vou te mostra que eu sei lutar e você vai me levar como escudeiro no lugar do meu irmão!
–Aah, é por isso que você aceitou sair comigo, não é? Ela pegou os dois bastões e jogou um para Flipbob que o aparou no ar.
–Meu irmão Fraden nem sabe lutar. Ele fica só brincando com as suas caixas dizendo que quando crescer quer ser dentista.
–Na verdade, ele quer ser corretor de..
–Em guarda!! Antes que ele pudesse terminar o que dizia Eli segurou o bastão com as duas mãos e já investia contra Flipbob, ela erguendo o bastão sobre a cabeça e tentando acerta-lo de cima para baixo. Flip desviou o golpe, dando um toque com o seu bastão no bastão dela antes que ele o alcança-se, o fazendo mudar de
direção. 'Se fosse uma espada de verdade, ela poderia me cortar no meio!', ele pensou. Mas para a sua surpresa, ela continuou na ofensiva e e deu um golpe lateral na altura de seu tronco, Flipbob não tinha como bloquear aquilo, ele desviara dando um pulo para trás, mas o bastão raspou em sua camisa desbotada.
–Está convencido agora? Perguntou ela com um sorriso no rosto.'Lutar não é tudo!'Lembrava-se Flip do que Sir Charles sempre o dizia. Se você reparou na história, Flipbob não é tão heroico, nobre ou galante como ele se imagina, mas uma coisa que era verdade, ele lutava bem, mas sabia que só isso não bastava para derrotar alguém.
–Você luta bem.Disse ele. -Mas lutar não é tudo. Ela ignorou o que Flip Disse e continuou o ataque, mais uma vez com o golpe alto de cima para baixo, mas dessa vez, Flip sabia o que fazer. Com a mão que segurava o bastão,
aparou o golpe dela, próximo a altura de sua própria cabeça, e com a outra mão agarrou o pulso de Eli e a jogou no chão, subiu sobre ela, se sentando em seus quadris e colocando o seu bastão sobre o pescoço dela.
–Você luta bem, eu admito. Disse ele. -Mas não tem estratégia, como eu sou mais forte que você, uso isso ao meu favor e..
–CARA, SAI DE CIMA DE MIM! Gritou ela que parecia um tomate de tão vermelha, que em seguida o empurrou, o fazendo cair de costas no chão. Flip se deixou levar leva luta e esqueceu o quanto aquilo era embaraçoso para os dois.
–Me desculpa eu não tinha..
–Tudo bem cara. Disse ela ainda vermelha. -Só não faça mais isso, ok?
–Ok.
–Bom, você me viu lutando, o resto você pode me ensinar,e ai?O que me diz? 'Realmente, ela é bem talentosa, e seria bem mais útil do que um escudeiro que não gostava de lutar.'Pensou Flip. Mas tinha um problema sobre a
sua mais nova candidata a escudeira, seu conservador e rígido pai ferreiro.
–Bem, eu acho que seu pai não..
–Quem liga pra o que ele acha, você nem precisa avisa-lo, a gente vai embora hoje a noite.
–Ahn?
–É, eu arrumo minhas coisas, você pega aquela espada e a gente vai embora, ouvi dizer que tem um lugar chamado Templo Misterioso, não é tão longe, é cheio de tesouros e aventuras, que tal, ou a gente pode ir no reino dos Goblins, tem um rei tirano lá e..
–E o torneio? Nada daquilo era o que Flipbob pensava para ele, ele queria ir ao topo, o que ele queria era dinheiro, fama, castelos, e a Princesa Café da Manhã. Mas na verdade, tudo que Eli falou parecia um sonho divertido.

–Esquece o torneio, todos sabem que é uma farsa! -Ahn?!? Aquilo surpreendeu Flipbob.

–Você é muito bobo mesmo, olha, Existe um esquema de apostas no torneio..

–Mas como, isso não pode..

–Eu sempre ouvi dizer pelo meu pai que os grandes cavaleiros como Sir Slicer contrata cavaleiros pra passar da primeira fase. Nas quartas eles davam um dinheiro para que eles perdessem, assim ele conseguia uma vitoria fácil e ganhava muito dinheiro das apostas, afinal, ele já sabia os resultados. Aquilo acertava em cheio o coração de flip que antes batia animado para o torneio e tudo mais, agora batia pesadamente.

–Eu estou te contando isso pelo mesmo motivo que meu pai te fez essas propostas a um estranho, você não é uma pessoa ruim, você é diferente dos outros, não é cruel e nem se acha superior a nós só por que tem uma armadura e uma espada.

–N-não, isso tá errado. Disse Flipbob, -Olha, eu preciso lutar no torneio, para isso preciso da espada. Seu pai não aprovaria nada disso, e não me daria a espada, o que eu vou fazer sem a espada, como eu vou lutar no torneio.

Eli não conseguiu esconder a expressão triste do seu rosto.

–Tudo bem então, meu pai achava que você era diferente, eu achava que você era diferente..

–Você não intende, eu..

–A espada sera sua pela manhã. Adeus. Ela o deu as costas e o deixou lá, Flip pensou em segui-la e falar com ela, mas o que ele iria dizer, era melhor deixar por isso mesmo. Passou sem ser percebido por trás do barracão de Zoricus e vestiu sua armadura e foi de encontro aos outros cavaleiros que serviam a Slicer.

Quando encontrou o seu grupo de novo, Já era de noite. Eles estavam sentados em cadeiras de madeira, numa mesa cumprida coberta por um pano marrom, todos tomavam canecas de suco de uva forte, e riam e se
divertiam como se não fosse acontecer nada de especial amanhã. Flip se aproximou e todos no limite que seus reflexos lhe permitiam, erguiam as canecas e Gritavam. -Sir Bolinho!

Flip se sentou ao lado de Abran.
–Cara. Disse Abran. -E ai conseguiu a espada?
–Consegui sim. Respondeu Flip que em compensação, tinha perdido uma amiga.
–Muito bom cara, muito bom, amanhã cedo nos partiremos, lutaremos e ganharemos o torneio! Todos gritavam junto em incentivo e batiam as canecas repetidamente na mesa, enquanto gritavam.
–Eu preciso Falar com Sir Slicer. Disse Bolinho.-Onde eu o encontro?
–Ele não está cara, provavelmente voltara a mais tarde, mas não se preocupe eu já o avisei que você está no nosso grupo. Flipbob tinha um grande desafio amanhã, não parecia o momento de questionar os boatos de Eli e seu pai para Slicer, e não valia a pena, se ele achasse um desrespeito podia chuta-lo do grupo e amanhã ele teria de lutar sozinho. '-As eliminatórias do torneiro eram em grupo, e os grupos pequenos sempre eram o alvos dos grupos maiores, imagine um grupo de um homem só.' Ele pensava. -Cara, eu andei a manhã toda pra chegar aqui. Disse Flip para Abran. Eu vou dormir um pouco, me acorda na hora de partir, ok. -Ok cara, vai lá. Disse Abran enquanto tomava uma caneca do suco.

Flipbob se despiu da armadura e se sentou na frente da barraca de estoque de comida, onde era um pouco mais afastado dos rapazes e suas farras e cantorias. Ele estava cansado, mas como dormir, sabendo que no dia seguinte, era o dia dele provar a que veio, o dia em que ele entraria no torneio, derrubaria
todos os inimigos e cairia nas graças da torcida. Procuraria com os olhos nos camarotes dos nobres pela princesa Café da manhã, faria uma reverencia só para ela, ele não sabia quando poderia chegar para ela e pedir seu favor, mas ele o faria, mas primeiro, devia passar pelas eliminatórias,e não passaria despercebido.
Para aliviar um pouco o stress ele pensava na Princesa Café da Manhã, na sua pele levemente amarelada, em seus cabelos brancos que desciam até seus lindos e delicados ombros, em seu vestido fofo em formato de uma torrada, até que adormeceu. Mas em seus sonhos, ele não sonhou com o torneio, nem com a Princesa, sonhou com Eli, sonhou com um calabouço com um magos necromante e esqueletos com espadas, ele e ela derrubavam todos os esqueletos com suas espadas, até que Eli, pulava para trás do necromante e deu um chute no traseiro dele, que saia voando de lá pela força do chute. Eles foram a sala do tesouro que estava repleta de moedas, ao ver aquilo, eles se abraçaram e ele se abaixou um pouco para beija-la.
–Ei Bolinho!Disse Abran dando um chute em sua canela enquanto colocava o elmo.
–Ahn?Flip acordou do sonho sem saber aonde estava, o céu ainda estava escuro, mas uma luz tímida surgia no horizonte. Então ele se lembrou: -Ah é, o torneio.
–Vamos cara, é hora da gente ir.
–Sim.. SIM! vamos e vamos ganhar daqueles otários.
–Esse é o espirito.