— Eu só queria ser feliz com vocês todos em paz!

— Você vai ser, mas sem ele! - disse certa de suas palavras. - Vai ser a mulher mais feliz e eu vou me encarregar disso, minha filha! - beijou seus cabeços. - Agora fique calma porque não te quero passando mal!

Maria se agarrou mais nela e fechou os olhos como se aquilo fosse fazer aquela dor passar, mas sempre que fazia aquilo as imagens do acidente vinham em sua mente e ela chorou mais agarrada a Victória que segurou suas lágrimas querendo que Heriberto estivesse ali para apoiá-las, mas ele estava em cirurgia e não sabia de nada que se passava, mas ela sabia que quando ele descobrisse iria ficar uma fera e se ela tinha reagido daquele modo, ele iria ser duas vezes pior já que nunca tinha gostado de João. As duas ficaram ali dando força uma para a outra e logo Maria adormeceu em meio a suas lágrimas e Victória ficou ali velando o sono de sua menina enquanto a acariciava cheia de amor.

(...)

O tempo pode não curar tudo mais faz com que a dor possa ser menor, nos ensina a conviver melhor com a falta de algumas pessoas mesmo que elas sejam um perigo para nos mesmos e era o caso de João que foi julgado rapidamente e condenado a três anos de prisão inafiançável. Bernarda enlouqueceu ainda mais de ódio por Victória e mais uma vez a condenou pelos erros de seu filho e praguejou sua família, mas Victória a ignorou como sempre fez e tratou de cuidar de Maria, era ela quem mais precisava dela naquele momento e ela deixou tudo de lado para dar a atenção que sua menina merecia.

Maria foi mimada por Victória, Heriberto e Max que nunca saia de perto de seu amor, se recuperou satisfatoriamente da cirurgia e depois de três meses de acompanhamento severo ela teve alta para voltar a fazer suas atividades e o que mais amava que era estar na passarela desfilando os modelos de sua mãe. Aos poucos tudo se encaixa no lugar e os sorrisos voltavam a aparecer na face de cada um deles, se realizavam e se amparavam como a família que eram.

(...)

E O TEMPO SE FOI...

Era quinta-feira por volta das três da tarde, Victória estava andando para baixo e para cima em sua empresa, teria um importante desfile em poucas horas e queria deixar tudo preparado para o momento de triunfo, sorria mesmo quando queria perder a paciência e todos notavam que ela estava diferente em seu modo de agir e não tinha gritado nem mesmo quando eles mereciam. Ela sabia que naquele momento todos corriam como ela e não adiantava gritar e ao agir daquele modo as coisas iam se encaixando em seus devidos lugares a medida que as horas também iam diminuindo.

Ela estava na passarela com algumas modelos e mostrava como queria que cada uma deslizasse, já tinha falado mais um trilhão de vezes mais ali estava ela falando mais uma vez para que não esquecesse e as modelos riram do jeito dela concordando mais uma vez com seu pedido de atenção. Victória caminhou entre elas para sair da passarela mais se enroscou em um dos tecidos do vestido de Romena e foi direto de bunda no chão, ela sentiu um choque percorrer por todo seu corpo e as modelos ficaram de olhos arregalados com Maria indo até ela.

— Mãe, você está bem? - também tinha se assustado.

Victória a olhou e respirou fundo não conseguia acreditar que tinha caído daquele modo e tocou seu braço sentindo a pressão no ventre.

— Está tudo bem só foi o susto! - arrumou as pernas para fora da passarela. - Não se preocupem e vão fazer o que é necessário!

— Eu vou chamar Heriberto! - Maria não sentiu firmeza na voz dela e muito menos quando a viu segurar a mão que também tinha sido forçada na queda.

— Não incomode seu pai! - falou autoritária e ficou de pé respirando fundo. - Vá se arrumar que estamos com tempo curto! - tocou o rosto dela e a beijou. - Eu vou me arrumar e te encontro no desfile.

Maria sabia bem que ela era teimosa mais mesmo assim a abraçou e se foi, mas ligou para o pai e pediu que ficasse de olho nela pelo tombo e que não dissesse nada a ela que tinha sido ela a contar, Victória foi pra casa e não contou de fato a Heriberto que estava sentindo a dor da queda. Ele a observou e apenas esperou que ela terminasse de se arrumar e eles seguiram para o evento, ela tinha muita adrenalina no corpo e logo a dor sumiu quando se colocou a trabalhar mais percebia os olhares de Heriberto sobre ela.

— Você contou ao seu pai? - falou assim que se aproximou da filha para arrumar o ultimo detalhe de seu vestido.

— A senhora caiu feio! - confirmou que tinha sim contado.

— Eu estou bem! - a beijou com amor. - Boa sorte!

— Obrigada! - sorriu e se posicionou.

Victória virou em seus saltos e caminhou para pegar uma garrafa com água e ao virar-se deu de cara com Heriberto.

— Meu Deus, amor, você me assustou! - levou a mão ao peito.

— Me desculpe! - tocou o rosto dela e beijou sua boca. - Você está mesmo bem? - não aguentava mais segurar aquela pergunta.

Ela sorriu e as mãos que estavam em suas costas o acariciaram.

— Eu estou bem! - o beijou novamente acariciando seus cabelos. - Depois quero ser recompensada por meu triunfo.

Eles riram juntos e ele a beijou mais uma vez confirmando que faria tudo que ela quisesse e eles voltaram ao desfile que seguiu por mais uns quarenta minutos, tudo lindo, maravilhoso. Depois que a ultima modelo desfilou, Victória foi chamada para subir na passarela, mas ela não apareceu e eles esperaram por alguns segundos até que disseram que ela não estava mais ali, Heriberto no mesmo momento correu até os bastidores e buscou por sua mulher, mas somente encontrou próximo ao bebedouro uma foto de uma cruz...