— Eu tenho sim orgulho! - sorriu e olhou para ela. - Não chore e vamos terminar nosso almoço!

— Me desculpem por isso, mas eu perdi até a fome! - suspirou limpando o rosto.

— Não vai deixar uma mulher grávida comer sozinha né? - falou com calma. - Essa velhinha também sabe conversar! - zombou eles tiveram que rir.

— De velha não tem nada! - Heriberto a trouxe mais para ele e beijou seu pescoço e por fim tocou sua barriga a fazendo rir. - Vamos almoçar que logo temos a consulta de nossa pequena.

Os três voltaram a mesa e Heriberto pediu que esquentasse a comida dele e de Miranda, conversaram outras coisas que não fosse aquele tema chato e riram juntos. Quando terminaram eles se despediram e foram para a consulta de sua pequena e logo Heriberto as levou para casa deixando que aquele dia terminasse sem maiores estresses.

(...)

NO OUTRO DIA...

O dia tinha amanhecido cinzento assim como os sentimentos de Maria, ela estava ali pronta para entrar no presídio onde o pai estava preso, respirou fundo e depois de olhar mais uma vez para Max, entrou. Ela caminhou com o coração acelerado e depois de ser revistada foi autorizada a entrar, Victória não sabia que ela estava ali ou não teria permitido de maneira alguma mais ela precisava olhar novamente nos olhos do pai, sentou e esperou que ele fosse trazido até ela.

João estranhou ter visita já que o único que te visitava era seu advogado mais foi até lá e quando a avistou sentada sentiu seu coração estremecer sem saber como olharia nos olhos de sua menina depois do que tinha feito, olhou para o guarda como quem pedia para que ele o tirasse dali antes que ela o visse mais não teve jeito e o barulho da fechadura foi ouvido por ela que levantou a cabeça fazendo seus olhos se encontrarem. Os sentimentos se afloraram para os dois e ele encheu os olhos de lágrimas, sentou e suas mãos foram algemadas sobre a mesa, Maria tentava se fazer de forte mais tinha tantos sentimentos dentro de si e muitas perguntas também, ele tentou tocar a mão dela mais ela tirou de imediato se afastando da mesa.

— O que veio fazer aqui? - perguntou por fim.

— Te olhar por uma ultima vez e entender o que te fez quase me matar!

João respirou fundo e abaixou a cabeça por um momento deixando que as lágrimas rolassem por seu rosto, estava mais que condenado ao inferno e sabia disso, voltou seus olhos a ela. Ela era tão linda quanto Victória era quando jovem as duas era o reflexo uma da outra e ele não sabia quais palavras usar para não ser ainda pior.

— Diga logo! - não queria aquele silencio queria palavras e justificativas se as tivesse. - Foi homem pra tentar matar a sua própria filha e agora não consegue se quer falar olhando em meus olhos?

— Eu sou um doente! - falou com os lábios tremendo. - Eu não tenho perdão e você não deveria estar aqui!

— Como pode? Como? - se alterou.

— Eu simplesmente fiz! Me perdoe, mas eu estava bêbado e tinha discutido com minha mãe mais uma vez e ela mais uma vez conseguiu me enlouquecer ao ponto de querer te fazer mal! - chorou mais. - Eu não tenho perdão minha filha e você deveria ir embora porque eu não mereço se quer olhar em seus olhos, ouvir sua voz. Eu sou um monstro e mereço ficar sozinho!

— E acha que isso resolve alguma coisa? Acha que essas palavras me deixam confortável? Sabe quantas noites tive pesadelo com você e aquele maldito dia? Que tipo de homem você se tornou? - por fim as lágrimas rolaram em meio a tantas perguntas. - Você foi a primeira pessoa a me estender a mão sem eu se quer saber que era o meu pai e depois foi o melhor pai pra mim e mesmo assim você deixou que Bernarda entrasse na sua cabeça ao ponto de querer me matar?! - falou com desespero e ficou de pé.

— Me perdoe! - foi o único que conseguiu dizer.

Maria o olhava sem conseguir acreditar que o homem que tinha lhe dado um teto, amor e afeto estava ali em sua frente sem ter o que dizer por um ato imperdoável, tinha mesmo sido um erro ir até ali.

— Não volte mais aqui Maria, você tem tudo em casa e Heriberto certamente é melhor pai que eu! - passou a mão no rosto. - Honre sua mãe porque ela sim sofreu sem você e merece todo seu amor, eu mereço o desprezo... Melhor, não mereço se quer um sentimento seu! Me esqueça como pai e viva feliz com sua família! - chamou o guarda para que o tirasse dali. - Me perdoe minha filha, eu sou um desgraçado!

O guarda entrou na sala e o levou dali sem que ela dissesse mais nada, Maria sentou novamente e deixou que as lágrimas rolassem por seu rosto pela ultima vez, nunca mais iria voltar ali e muito menos se lembrar que um dia ele foi seu pai. Ela ficou ali o tempo que precisou e logo se foi, pegou suas coisas e saiu, agarrou Max e pediu que ele a tirasse dali e ele o fez, Maria quase não falou o caminho todo e quando ele parou frente ao hospital eles se olharam.

— Pode ir que depois eu vou de táxi pra casa! - o beijou na boca e o abraçou forte. - Obrigada por ir até lá comigo!

— Eu te amo e quero que fique bem! - se olharam nos olhos. - Me ligue se precisar!

Ela confirmou com a cabeça e depois de mais um beijo ela desceu, caminhou para dentro do hospital e buscou por Heriberto, ela foi avisada que ele estava em sua sala e ela agradeceu e caminhou até lá. Maria queria estar com ele antes de ir para a empresa e encarar a mãe, bateu na porta e quando recebeu a permissão entrou e Heriberto sorriu ao vê-la.

— Oi filha, algum problema? - ficou de pé a olhando. - Você chorou?

Maria se lançou nos braços dele e o abraçou forte e mais uma vez deixou que as lágrimas rolassem por seu rosto e ele a apertou em seus braços entendendo que ela não queria palavras e sim afago dele e foi o que ele fez até que ela se sentiu tranquila em seus braços e o choro cessou. Ela então se soltou e fungou o olhando nos olhos e ele secou o rosto dela com um lenço e a trouxe para sentar ao seu lado no pequeno sofá, eles se olhavam e ela deitou a cabeça em seu peito ouvindo seu coração bater.

— O que foi meu amor? Quer conversar ou só quer amor? - brincou para ver se ela se acalmava.

Maria suspirou mais não saiu da posição.

— Eu quero os dois! - o sentiu apertar um pouco mais o abraço. - Eu fui vê-lo... - soltou.

— Ele quem... Maria... - de imediato veio João em sua mente e então ela se afastou.

— Eu precisava!

— E foi somente pra se machucar mais? - foi direto como sempre. - Sabe muito bem que esse homem não tem nada para lhe oferecer!

— Mas eu precisava! - falou com pesar.

Heriberto respirou fundo porque somente em pensar nele seu sangue fervia e ele queria acabar com a raça dele.

— E como foi? - sabia que se ela estava ali era porque queria ser ouvida e sabia bem que Victória não o faria e ainda ficaria muito nervosa.

— Foi horrível! - olhou para o teto para evitas as lágrimas mais era quase impossível. - Ele não parece o homem que eu conheci!

— Meu amor, fique calma hum! - segurou a mão dela. - Não quero falar mal de seu pai... Mas João não deve mais estar em sua vida, ele fez algo horrível que não quero nem lembrar e espero que com essa visita você tenha entendido!

Heriberto não queria falar o que não deveria, não queria falar o que pensava para não machucar a sua menina, mas João era um desgraçado e não merecia a filha que tinha, não merecia nada além de desprezo de todos.

— Eu entendi! - falou com tristeza. - Eu nunca mais voltarei lá e é por isso que estou aqui! - ele ficou sem entender o que ela queria dizer com aquilo e ela seguiu. - Quero que seja o seu nome a estar na minha certidão de nascimento!

Heriberto se surpreendeu e se emocionou ao mesmo tempo deixando que seus olhos se enchessem de lágrimas.

— Você tem certeza disso? - a voz saiu embargada pela emoção.

— Com toda certeza do mundo, você é o pai que eu sempre quis e que eu preciso! - sorriu deixando uma lágrima escapar. - O pai que sabe amar e que sabe brigar também! - riram juntos. - Eu sei que mamãe ainda esta no meio do processo e quero que seja o seu nome a ficar nela!

Ele a puxou para si e a abraçou forte beijando seus cabelos, com toda certeza era o homem mais feliz do mundo naquele momento, soltou-a novamente e tocou seu rosto.

— Será um prazer ser seu pai no papel, eu já sou no meu coração e isso só me mostra o quanto você me quer e me aceita em sua vida!

— Você é o melhor pai que eu poderia ter! - sorriu. - Eu te amo papai!

Ele gargalhou feliz por ouvir aquela palavra que tanto desejava e a puxou novamente para seus braços e a beijou muito com todo seu amor de pai e ela só fez sorrir, ele era o homem certo e ela fechava ali um ciclo para que outro maravilhoso recomeçasse!