Heriberto a envolveu com cuidado e suas línguas se tocaram com tanto amor que vibraram junto um nos braços do outro deixando que a saudade fosse "matada" com aquele beijo. Era tão divino poder beijar seu amor que ele aprofundou mais ainda o beijo e ela o correspondeu por algum tempo, mas o ar faltou e ela o empurrou de leve tossindo um pouco.

— Me desculpe... - falou todo atencioso. - Descansa e depois conversamos mais! - sorriu para ela que de leve o puxou para junto de seu corpo e ele deitou a prendendo em seus braços.

Ali era seu mundo e depois ele conversaria com os médicos, ali queria apenas deixar que seu amor tomasse conta dela e o dela tomasse conta dele porque era disso que eles precisavam no momento. Os olhos se fecharam e ela rapidamente adormeceu deixando que o primeiro dia do resto de suas vidas terminasse...

(...)

MANHÃ...

Victória abriu os olhos com calma sentindo todo o peso de seu corpo, tudo estava doendo e ela tentou se mover, mas não conseguiu e gemeu de dor. Heriberto saiu do banheiro no mesmo momento e foi a ela quase que correndo.

— O que está sentindo? - apertou logo o botão para chamar os médicos. - O que foi amor?

Ela respirou pesado e fixou seu olhar no dele e quase não o reconheceu com aquela barba e os cabelos grandes, respirou pesado segurando a mão dele e disse:

— O que aconteceu com meu marido? - brincou mesmo sentindo dor. - Eu dormi por uma semana e você ficou assim? - falou achando que tinha somente aquilo de tempo. - Traga meu marido de volta!!!

Heriberto vivia sob tensão todos aqueles meses que nem se quer conseguiu sorrir para a brincadeira dela, apenas queria que ela dissesse onde estava doendo para que ele pudesse ajudá-la.

— Meu amor, me diz o que está sentindo? - estava preocupado e ela achar que somente tinha ficado desacordada por uma semana poderia ser um problema.

— Meu corpo todo dói e eu não consigo me mexer... - respirou pesado novamente e a porta se abriu.

— Bom dia!!! - Laerte falou.

— Ela não está conseguindo se mexer e precisa de uma bateria nova de exames! - falou afoito e Laerte sorriu dele.

— Tratar parentes de médicos é a pior coisa!!! - quis tirar a tensão do momento. - Como está Victória?

— Ele sempre foi assim, Laerte... - Vick sorriu de leve e ele se aproximou segurando sua mão. - Eu estou bem, apenas com um pouco de dor.

— É muito bom te ver de volta!! - sorriu. - Não aguentávamos mais ele assim. - o olhou. - Você faz toda a diferença.

— Laerte, não é hora... - ele falou logo querendo cortar o papo e que ele a levasse logo para os exames. - Ela está com dor.

— Eu vou te levar para os exames ou eu posso ser demitido ainda hoje! - falou com calma e chamou a equipe.

Heriberto suspirou e olhou para seu amor que mesmo sentindo dor ainda conseguia sorrir e ele beijou a testa dela todo preocupado e ela disse com os olhos nos dele.

— Quando voltar não quero esse homem e sim o meu marido que é lindo e cheira a perfume e não a hospital!!! - fez bico para que ele a beijasse.

Heriberto deu um meio sorriso deixando o corpo um pouco menos rígido e beijou em sua boca com amor e os enfermeiros entraram e a levaram dali o deixando apenas com Laerte.

— Ela acha que dormiu por uma semana... - falou preocupado.

— É normal a confusão e você precisa contar a ela que não foi apenas uma semana e sim meses, vai ser um choque, mas ela precisa entender as coisas devagar para não sobrecarregar o emocional dela e ela entrar em surto. - se aproximou dele. - Vá tirar essa cara de meses enquanto eu cuido de sua esposa!!! - bateu em seu ombro e se retirou.

Heriberto suspirou e se olhou no espelho do banheiro que estava em sua direção e realmente não podia se reconhecer e tratou logo de sair dali para se arrumar por seu amor. O coração estava em alta e ele sorriu pelos corredores pela primeira vez, ela estava de volta e fazia toda a diferença em sua vida...

(...)

LONGE DALI...

Maria estava deitada na cama e chorava muito, Bernarda também estava ali deitada em suas costas e acariciava seus cabelos. Era sua neta e seu dever era consolá-la mesmo que fosse por uma pecado dos infernos que estava naquele mundo somente para fazer os seus sofrerem.

— Você tem que deixar de chorar... - falou com calma. - Ela não merece suas lágrimas.

Maria respirou fundo sentindo o peso do mundo em suas costas, era a confirmação de todos os lado que de fato Victória Sandoval era sua verdadeira mãe e depois de tudo que tinha ouvido de Bernarda, sabia que Victória nunca a quis e que a tinha jogado naquele convento como um saco de lixo para crescer a própria sorte.

— Minha menina, vamos levantar e você come um pouco... - não a queria daquele modo.

— Você sabia que ela era minha mãe e não me disse nada!!! - por fim levantou da cama e a olhou. - Sabia que aquela senhora era a minha... - nem conseguiu dizer novamente.

— Foi para o seu bem, aquela mulher não presta e só está no mundo para desvirtuar os homens!!! - levou a mão a testa. - Tudo que ela toca, ela destrói.

João entrou no quarto e antes que Bernarda pudesse dizer algo mais ele falou.

— Vamos Maria!!! - a voz era grossa e seu rosto estava marcado ainda pelo soco.

— O que aconteceu com seu rosto? - Bernarda levantou no mesmo momento.

— Um acidente!!! - não deixou que ela o tocasse. - Vamos Maria...

— Não pode sair assim! - Bernarda estranhou o comportamento do filho. - Aonde vai com minha neta?

— Mamãe, depois conversamos!!! - e sem mais se retirou para esperar por Maria.

Maria olhou para Bernarda e pegou os sapatos na mão e a beijou no rosto saindo dali para encontrar com seu pai. João estava sério e nada disse apenas entrou no táxi e ela entrou atrás dele, não tinha se quer feito sua higiene, mas se ele estava ali algo muito sério estava acontecendo e ela nada disse apenas o acompanhou...

(...)

NO HOSPITAL...

Victória estava medicada e esperava no quarto por Heriberto que já tinha sido avisado de seu retorno, não sentia mais dor e já podia mover os braços com calma. Ela não sabia que tinha passado tanto tempo desacordada e que se mover com tamanha brutalidade no dia anterior acarretaria em dores naquela manhã, respirava com calma enquanto pensava em sua menina e em seu amor.

Lola tocou a porta e entrou com um meio sorriso de maldade no rosto que Victória sentiu seu corpo arrepiar por completo com a negatividade que ela transmitia apenas em um olhar. Victória não disse nada apenas a observou e esperou que ela dissesse algo.

— Bom dia, senhora Victória. - se aproximou mais da cama. - Aqui está sua medicação.

— Outra medicação? - perguntou logo.

— Sim, doutor Laerte quer que a senhora tome essa medicação já que ficou quatro meses desacordada e que provavelmente não volte a andar como já disse a senhora...

Victória no mesmo momento arregalou os olhos e negou com a cabeça sem acreditar no que estava ouvindo.

— O que? - berrou com ela...