Paulina chegou em casa, e subiu direto pro seu quarto.

– Ai meu Deus o que eu faço? Toda a sala vai me zuar... se a Patrícia que é minha amiga o fez, porque os outros não o fariam? Ahh, deixa pra lá. Não escolhi tirar aquele idiota! – bufou e em seguida, pôs-se a olhar uma foto dos dois em cima da sua cabeceira – porque justo você, estúpido? Porque eu tenho que te amar mesmo depois de tudo?

===== Flashback =====

Os dois estavam no jardim da faculdade, era intervalo. Estavam de baixo de uma árvore, sentados no chão e abraçados. Trocando beijos e carícias.

– Sabia que você é a única que amei e que amo em toda a minha vida? – ele sussurrou no ouvido dela

– Mentiroso! Você já teve muitas namoradas, que eu sei! – ela disse, dando um leve tapinha no braço dele

– Isso é verdade. Mas amar de verdade, só a você. Você é tudo pra mim, Paulina! Minha namorada, futura esposa e mãe dos meus filhos. Vai ser a Sra. Bracho. A Mais linda de todas! – disse, beijando o rosto dela

– Isso é um pedido de casamento, Sr. Bracho? – ela perguntou, ficando de frente pra ele

– Mas é claro que sim, aliás, um pedido não. Um aviso pra você ir se preparando pro nosso casamento! – pegou uma florzinha que havia caído da árvore e colocou no cabelo dela

Ela sorriu.

– Você não existe!

– Te amo, Paulina. Te amo mais que tudo! – a beijou

– Eu também te amo muito, Carlos Daniel! Você é o homem da minha vida! – o beijou de volta

===== Fim do Flashback =====

Em silêncio, ela se lembrava de tudo. E se perguntava como tudo pode acabar da forma que acabou.

===== Flashback =====

Carlos Daniel havia viajado com o pai por duas semanas e deixou Paulina sem notícias. Apesar de ligar sempre na casa dele e todos falassem que ele estava bem, ela não se contentava. Afinal, se estava tudo bem, porque ele não podia pelo menos mandar uma única mensagem pra ela? Todos na faculdade diziam que provavelmente ele deveria estar com outra. Mas apesar da fama de mulherengo dele, ela não acreditava. Após essas duas semanas, Paulina foi á faculdade normalmente, e lá encontrou Douglas, um dos muitos ficantes de Paola e seu velho amigo.

– Paulina, tudo bom? – perguntou

– Indo, Douglas... e você? – ela perguntou, com os olhos visivelmente inchados

– Bem... escuta, viu a Paola por ai? Ela combinou de me encontrar, mas até agora não chegou!

– Ah, ela viajou no final de semana pro litoral e até agora não voltou. Deve matar a aula de hoje e chegar no final da tarde!

– Que tratante! – bufou – ei, e o Carlos Daniel? Faz duas semanas que não aparece aqui!

– Ele viajou!

– Volta quando?

– Eu não sei. Desde que saiu que não falei mais com ele!

– Entendi! Bom, obrigado de qualquer forma! – disse, e beijou a mão dela

Nesse instante, Carlos Daniel chega e vê a cena.

– ENTÃO QUER DIZER QUE ERA VERDADE? – ele quase grita, de braços cruzados

– Carlos Daniel? Verdade o que? – Paulina pergunta, confusa

– Eu cheguei de viagem e a Leda me disse que o Douglas ficou indo na sua casa enquanto eu viajei. Pensei que fosse mais uma intriga dela, mas era verdade. Vocês dois estão juntos! Vagabunda!

– Ficou louco? Eu não tenho nada com o Douglas! Ela ia pra minha casa ver a Paola e não a mim! Está cansado de saber que são ficantes. Você é quem me deve satisfações. Ficou duas semanas fora e não me deu notícia nenhuma. Desligou o celular, e nem se deu ao trabalho de mandar uma mensagem se quer!

– Não liguei porque lá não pega telefone. E não duvidaria nada se você tivesse se aproveitado da presença dele na sua casa. Pelo que sei a Paola viajou. Porque ele iria a sua casa se ela está fora da cidade?

E nisso, ia se aglomerando mais pessoas para ver a briga.

– Pra sua informação ela viajou no sábado e volta hoje. Douglas estava para vê-la durante a semana. Mas quer saber? Não te devo satisfações. Se você não se dá ao trabalho de me ligar ao menos pra dizer se está vivo, também não te devo falar nada. E não me venha com essa história de que lá não pega celular. Eu liguei pra sua casa e de lá me diziam que você ligava do hotel todos os dias. Se não me ligou é porque não quis, deveria estar com outra se divertindo demais pra pensar em mim! – esbravejou

– É! Você está certa. Eu fiquei com outra. Aliás, dormi com ela e me diverti como a muito tempo não fazia porque estava com você. Você que sempre se negava a se deitar comigo com essa sua pose de mulher digna que deseja subir ao altar virgem, mas que já deve ter ido pra cama com todos aqui, assim como a sua irmã! Não é idêntica á ela só na aparência, mas também na safadeza! – falou alto para que todos pudessem ouvir

Paulina deixou uma lágrima escorrer de seus olhos, e num impulso deu um tapa nele.

– É, todos estavam certos, você não passa de um galinha que não quer nada sério com ninguém, e só estava comigo pra fazer pose. Queria se divertir comigo assim como faz com todas. Não me ama. Como eu pude ser cega! Mas agora acabou... está tudo terminado entre nós. E saiba que só vou suportar a sua presença, porque preciso estudar e não vou trocar de faculdade só por sua causa. Mas nunca mais me dirija a palavra. Esqueça que eu existo! – disse, e saiu correndo, chorando.

===== Fim do Flashback =====

Depois daquele dia, nunca mais se falaram a não ser para uma troca de insultos. Apesar de saber que havia sido traída e ter ouvido tudo aquilo dele, ela ainda o amava. E se repreendia por isso. Pegou seu celular, e puxou uma antiga mensagem de voz que ele havia deixado pra ela:

Ei amor, sou eu

Só queria ligar para dizer que

Eu te amo muito, muito, muito, muito

Só queria que você soubesse que você é minha princesa

E que você é digna de todo o amor do mundo

Você é o amor da minha vida

Uma lágrima escorreu dos seus olhos ao ouvir novamente aquilo. Não entendia como tudo poderia ter terminado daquela forma. Os planos de se casar, as juras de amor eterno, os filhos que falavam que teriam... tudo parece que havia sido em vão. Em meio a tantas lembranças ela acabou adormecendo ali mesmo.