No reino das deusas, acima das nuvens nas ilhas flutuantes, uma dupla de anjos treinava seus feitiços de cura. Uma jovem anja de cabelos longos albina, olhos azuis e quatro belas asas, Elizabeth, junto a ela um garoto de cabelos prateados, olhos azuis como os dela e seis asas relativamente grandes demais para seu tamanho miúdo.

El – Gray. Não se esforce demais – pediu vendo como o garoto se forçava a curar um peixe voador com a asa machucada. A cara de dor do garoto era clara.

G – Não Elizabeth. Eu consigo – retrucou fazendo força para se manter de pé. O suor escoria por seu rosto, contudo seus olhos, apesar de mostrarem os símbolos das deusas na cor dourada, como todos os demais anjos, os seus tinham um brilho extremamente fraco. Esse esforço durou mais alguns minutos antes do mesmo cair exausto.

El – GRAY – gritou ao vê-lo desabar, indo ate ele conseguindo apoia-lo em si mesma antes que atingisse o chão – irmão você esta bem? – perguntou observando-o recostado em seu colo.

G – Por que eu não consigo? Por que eu tenho que ser tão fraco? – perguntava com as mãos no rosto tentando conter inutilmente suas lagrimas que começaram a brotar sem sessar.

El – Calma. Você só tem que descansar um pouco, não se esforce tanto. Tudo tem seu tempo certo irmãozinho – explicou abraçando tentando acalmar o garoto que chorava silenciosamente no peito da mais velha.

*QUEBRA TEMPO*

Mesmo exausto e ferido, Gray se mantinha de pé. Ludociel, Sariel e Tarmiel resolveram de pegar mais pesado com o treinamento do jovem príncipe, que mesmo em situação critica, recusava-se a desistir. Embora não soubesse a razão de seu treino tão repentino e violento. Elizabeth observava tudo da distancia com apreensão, vendo como o irmão mais novo sangrava. A albina queria ir ate o de cabelos prateados e abraça-lo, acolhe-lo, protege-lo exatamente com fizera em muitas ocasiões semelhantes. Chorava sabendo que se tentasse chegar perto dos outros sem permissão, seria Gray que pagaria durante seu interminável e torturante treinamento.

O príncipe dos céus por outro lado, se encontrava farto. Farto das obrigações que lhe faziam assumir, farto da pressão que constantemente recaia sobre seus ombros, farto de ser torturado pelas falhas e mortes de companheiros próximos que eram enviados para o campo de batalha. Sentia que tudo ao seu redor era por sua culpa, por ser fraco demais para proteger seu povo. Não se sentia apto para seu papel nos céus. Queria, mais do que tudo, desaparecer, deixar para trás essas obrigações que detestava, queria deixar de lado essa guerra inútil que havia sido responsável por muitas perdas.

Era fim de tarde quando finalmente seu duro treinamento terminou. Gray se entrava acabado, ferido e extremamente cansado. Com uma asa quebrada em um ângulo bem estranho, não conseguiria voar, mesmo tendo outras cinco asas boas. Caminhava pela borda de uma das ilhas flutuantes, ligadas por pontes suspensas. Observando os peixes voadores passando por cima de sua cabeça e por baixo da ilha, pensava se aquela queda seria o suficiente para mata-lo. Por um instante, sua mente ficou em branco, sentindo o vento das alturas, se imaginou caindo. Aproximou-se da borda bem divagar. Cenas começaram a passar por sua cabeça, amigos que perdeu companheiros massacrados, tudo graças a uma guerra a qual estava fardado a assistir em silencio.

Não pensou mais, sua cabeça se focou apenas em sua querida irmã mais velha, enquanto deixava de sentir o chão, o vento sobrava forte em seus ouvidos enquanto caia, a dor em seus ferimentos e sua asa quebrada se debatia com a velocidade que estava não sentiu nada. A adrenalina o deixou insensível, se sentiu vivo pela primeira vez em muito tempo. O impacto foi alto, seco e duro. Finalmente após uma queda de aproximadamente cinco minutos sentiu as dores da queda. Estava no chão, em uma cratera enorme.

Olhou ao redor, mas não teve muito tempo para pensar, apenas sentiu como alguem pulava em cima de si e o puxava para fora do lugar. Uma mão desconhecida tapava sua boca evitando que gritasse, sentiu como algo o cubría, três presenças desconhecidas, uma era a que o segurava e outras duas mais distantes e hostis. Não demorou muito, mas sentiu-as se afastar e quando finalmente pode ver, estava em uma caverna em um chão húmido e sujo, olhou para quem o havia salvado se podemos dizer assim. Surpreendeu-se ao ver um garoto demônio, a julgar por sua aparência tinham a mesma idade, o outro tinha cabelos castanhos e pele clara, com marcas demoníacas pelo braço direito.

G - Porque você me ajudou? – perguntou estranhado, vendo o jovem demônio prender o braço entre duas pedras.

? – Segura ali pra mim – disse sem responder apontando com a mão livre para uma das pedras que segurava seu braço, o anjo não questionou apenas obedeceu sem entender, mas em uma fração de segundos arrependeu-se amargamente. Com toda a força que tinha o garoto se virou rapidamente para o lado contrario de seu braço preso, causando um ruído seco de algo se quebrando seguido de um grito estridente de dor.

G – POR QUE FEZ ISSO? – perguntou apavorado pela tamanha coragem, ou burrice, do demônio.

? – Você vai ficar aqui ate sua asa melhorar, uso essa caverna pra me esconder dos meus irmãos quando quero ficar sozinho. Tem um feitiço que esconde qualquer poder magico. Depois que se recuperar chispa, seu sangue na minha roupa, as penas que você perdeu e o meu braço quebrado vão despistar sua presença. Além de me darem um credito a mais com meu pai e meus irmãos. Te trago um pouco de comida amanhã assim que eu puder – explicou antes de retirar-se da caverna sem dar chance do anjo responder.

Sem muito que fazer Gray apenas se deitou o mais confortavelmente que pode, estava assustado, surpreso e finalmente sentiu as dores de seus ferimentos, demorou um tempo, mas conseguiu dormir com os pensamentos em sua irmã, sua casa e esse demônio misterioso.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.