Pov Roberta

Assim que os homens da clinica levam a Marina pra lá, corro pro quarto onde estou dormindo e começo a fazer minhas malas. Jogo todas as minhas roupas de qualquer jeito dentro das malas e saio desajeitadamente do apartamento, lágrimas escorrem meu rosto e meu coração batendo cada vez mais forte. Paro na porta do apartamento do Diego e deixo minhas malas em um canto. Toco a campainha e quando o Diego abre a porta, o abraço fortemente aos prantos.

- O que aconteceu? - Ele pergunta preocupado.

- Antes de tudo, eu posso ficar aqui até o meu apartamento ficar pronto?

- Oh. - Ele fala surpreso. - Claro mas.. - Ele se senta no sofá ao meu lado e olha atentamente pra mim. - Por que?

- Eu já te explico, só deixa eu trazer as minhas malas pra dentro, me ajuda?

- Claro. - Andamos até a porta e levamos as malas pro quarto dele. Me sento no sofá e o Diego me da um copo de água. - Primeiro, a Marina já esta na clinica.

- Foi muito difícil ver ela ir pra clinica, assim?

- Perto do que eu vou te contar agora, foi a coisa mais fácil do mundo.

- Ok, to ficando preocupado.

- Lembra que eu te falei que eu estava desconfiando que a Marina esta namorando alguém envolvido com drogas? - Ele assente com a cabeça. - Eu olhei os registros de chamadas do celular do Jason e lá tinha o número da Marina.

- Ta mas isso não prova que ele é o namorado dela.

- Eu sei, mas eu fui nas mensagens enviadas e tinha uma mensagem cheia de intimidade, é a mesma coisa que eu pegar e mandar uma mensagem pra você. - Ele me olha assustado. - Como eu não descobri? Me diz como?

- Calma Roberta. - Ele me abraça. - Isso não ta bem explicado..

- Vai me chamar de cega?

- Não, claro que não.

- É o que então?

- Pode ser o celular de um amigo.

- É o mesmo celular que ele tinha quando nós dois eramos noivos.

- Oh.. - Ele me abraça. - Ele ja sabe que você descobriu?

- Não, ainda não.

- E o que você pretende fazer?

- Eu não to com cabeça pra pensar em dez coisas ao mesmo tempo. - Falo estressada.

- Tudo bem, desculpa. - Deito minha cabeça em seu peito e ele acaricia meus cabelos. Sem dizer nada. Apenas me consolando com sua presença e com seu carinho.

Pov Diego

Ficamos na sala por duas horas. A Roberta deitada em meu colo e eu acariciando seus cabelos. A tiro lentamente de meu colo, a pego no colo e a levo pra minha cama. Tiro seus saltos pretos e sua jaqueta jeans a deixando somente com seu vestido com estampas de flores de malha confortável. Pego uma manta cinza dentro do meu guarda roupa e a tapo até seus ombros. Dou um beijo em seu rosto e saio passo por passo fechando lentamente a porta. Vou até a sala e observo um caderno grosso, me aproximo do sofá e leio atentamente as letras miúdas na capa desse caderno Meu Diário.

Será que é o diário da Roberta? Tipo, da Roberta? Wow Abro o diário na primeira página, não dá pra entender direito mas o diário é de 2007 quando eu e a Roberta eramos namorados. Vou pra ultima página e procuro a data, 2012. Então quer dizer que ela escreveu nesse diário até esse ano? Por que ela deixou o diário no sofá? Volto pro começo do diário e leio a segunda página.

22/07/2007 – Conheçi a família do Diego

Me arrumei o máximo possível e esperei o Diego vir me buscar pra mim conhecer a família dele. São todos muito gente boa, a mãe, o pai e o irmão mais novo dele, todos me trataram muito bem. Menos a Carla, quer dizer, ela até me tratou bem mas quando eu fiquei sozinha na sala com ela, a louca me enfrentou dizendo que sabia toda a verdade sobre mim, mas é claro que ela jamais soube e nem vai saber que eu estou grávida.

Ao ler isso meu coração pareceu sair pela boca. A Roberta estava grávida de mim?

- Diego? - A voz da Roberta me assusta. Escondo o diário em uma almofada e me levanto rapidamente. - Que cara é essa?

- C-cara? Q-que cara? - Pergunto nervoso.

- Que foi? O que aconteceu?

- A-aconteceu? Não, não aconteceu nada. V-você quem ta falando que aconteceu algo.

- Ta eu sei, calma, relaxa. Eu só perguntei. - Ela fala indo na direção da cozinha e eu solto um suspiro aliviado. Meus olhos vão na direção da cozinha, a Roberta esta olhando fixamente para a geladeira então aproveito, pego o diário dela em baixo das almofadas e corro na direção do meu quarto, abro meu guarda roupa e coloco o diário bem la no fundo. Fecho a porta do guarda roupa e volto pra sala, a Roberta está sentada no sofá com os olhos fixos na televisão. - Amor você viu um caderno grosso aqui no sofá? - Ela pergunta e meu coração dispara. Conto até três e tento soar com a voz calma.

- Não, por que?

- Tem certeza? - Ela me encara e eu gelo na mesma hora. Será que ela já sabe que eu peguei? Não isso não seria possível. Ela não é vidente nem coisa do tipo. Concordo com a cabeça como resposta e ela volta os olhos pra televisão.

(...)

Pov Roberta

Fecho a porta do apartamento do Diego, ajeito minha bolsa Prada em meu ombro direito e ajeito meu vestido preto com comprimento até o joelho. Entro no elevador e quando a porta vai se fechar, uma mão a para. Me viro pro espelho do elevador e verifico se os fios do meu cabelo estão no lugar. Volto meus olhos para a pessoa plantada ali, me encarando, meus olhos quase saltam, minha vontade é sair correndo, olho suplicante para a numeração torcendo pra que esteja prestes a chegar no quarto andar mas ainda está no segundo. Meus olhos voltam para a figura encostada em uma das paredes do elevador, me encarando com um leve sorriso no rosto. Olho diretamente em seus olhos verdes, os cabelos louros meio bagunçados, ele abre a boca pra falar algo mas na hora meu celular da um toque arrancando um grito assustado de minha boca. Olho atentamente pra tela do meu celular torcendo pra ser uma ligação mas é só uma mensagem, da operadora. Devolvo meu celular pra bolsa, meus olhos vão na direção da porta que na mesma hora abre arrancando um suspiro aliviado de mim. Dou um passo a fora do elevador mas a pessoa segura um de meus pulsos, me impedindo de ir em frente.

- Por que você saiu do meu apartamento? - Jason pergunta e eu olho pra baixo pesquisando uma resposta em minha mente. Uma mentira. Mas parece que a minha mente só me da respostas tipo “Nada não” ou então “Não te interessa”. Eu até usaria a resposta “Não te interessa” mas quero que ele pense que está tudo bem entre a gente. Revisto mais um pouco uma outra resposta e continuo sem encontra-la. Volto meus olhos pra ele que me encara com uma expressão curiosa. Mentalmente conto até 30, respiro profundamente e respondo.

- O Diego estava com ciúmes. - Foi a única mentira que consegui dizer. Não é bem uma mentira, o Diego estava com ciúmes, mas não foi esse o motivo de eu ter saído de lá. Encaro mais uma vez seus olhos, ele resmunga algo do tipo “Esta tudo bem entre nós?”, concordo com a cabeça, me viro e ando na direção do apartamento ainda em reformas.