O Teatro

Depois de uma Certa Idade


XVI

DEPOIS DE UMA CERTA IDADE

A chegada iminente do inverno era anunciada pelos finos flocos de neve que começavam a cair sobre a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts... cobrindo tudo com um manto branco.

Aquele lugar sempre combinou com o inverno – Linda pensou, observando os jardins brancos, enquanto tentava caminhar pela neve. Encoberta por gelo, Hogwarts ficava muito mais bonita. Quem olhasse aquele cenário, certamente não desconfiaria das atrocidades que se passavam dentro dos muros do castelo.

Os Carrow estavam cada vez piores. As detenções dadas aos alunos eram mais severas e absurdas – especialmente aos Grifinórios, depois que flagraram uma reunião da Armada Dumbledore. Um dia, alguns Sonserinos estavam discutindo sobre a guerra com outros alunos – Longbottom e Draco estavam no meio, é claro. Draco foi o primeiro a desferir uma maldição imperdoável, logo seguido dos amigos. Os demais apenas se defenderam. Linda viu esse espetáculo de camarote, sentada à mesa dos professores ao lado de Severo que, como esperado por Linda, apenas observou inerte à cena; quem interferiu foi McGonagall. Calado, Severo não se manifestou nem mesmo quando dois Grifinórios e uma Lufa-Lufa eram levados à Ala Hospitalar e Aleto levantava-se, batia palmas e dava cinqüenta pontos para a Sonserina, por ter vencido o duelo.

Linda riu-se. Ficar parado, aparentemente, se tornara o esporte predileto de Severo.

A mulher abraçou-se numa tentativa vã de proteger-se do frio, enquanto balançava a cabeça e tentava expulsar os seus pensamentos. Não era pelos erros do seu marido que ela estava ali; era para consertar um erro seu. Para tanto, encaminhou-se com passos rápidos até a Floresta Proibida, onde a garota loira e de olhar distante parecia alisar um animal invisível.

Linda sabia que Luna Lovegood era estranha... mas não fazia idéia que ela era louca.

- Oi.

A menina, com o seu olhar sonhador, virou-se – mas não tirou as mãos do seu animal invisível.

- Você é a mulher do diretor.

Linda tentou sorrir.

- Sim.

- Gina disse que você era estranha. – Linda ergueu uma sobrancelha. – Mas não tem problemas... Também dizem que eu sou estranha e, no entanto, eu sou perfeitamente normal.

- Claro. Srta. Lovegood, eu gostaria de falar com você.

A menina deu duas tapinhas do ar e ficou olhando o nada por um tempo, antes de dizer.

- Esse é o Wolsey. É um nome sério demais para um testrálio, eu sei... mas foi o único que ele gostou!

- Você vê testrálios?

- Você não? Estranho... sempre pensei que, a partir de uma certa idade, as pessoas tivessem que enfrentar a morte... – Linda ficou calada por um tempo, considerando o que a garota dissera. E, antes que pudesse responder, Luna continuou. – Mas o que a senhora quer falar comigo?

Linda respirou fundo, lembrando o que dissera ao Lorde das Trevas na noite em que se encontrou a sós com ele.

- Eu não quero que você entre no Expresso Hogwarts. Passe o natal na escola.

A garota lhe sorriu francamente.

- Por quê?

- Eu não posso dizer.

- Então existe algum plano de Você-Sabe-Quem que me envolve – ela disse calmamente, como se a idéia não a assustasse nem um pouco. – Eu sei disso porque você é esposa do Diretor, que todos sabem que é um Comensal da Morte. O que eu não sei é se você me diz isso para que eu fique, e me salve; ou para que eu fique, e seja pega. Ou para que eu perceba isso, vá e seja pega... São tantas possibilidades.

Linda franziu o cenho.

- Não há conspiração nenhuma, Srta. Lovegood.

- Sempre há uma conspiração. Gina disse que acha que você não tem uma Marca Negra...

Normalmente, Linda diria que realmente não a tinha; no entanto, aquela garota parecia ser tão franca e inocente que a mulher não sentiu a mínima vontade de mentir – lentamente ergueu a grossa manga do seu casaco, revelando a Luna a sua Marca Negra.

- Eu a ganhei há algumas semanas.

- Você é confiável – a garota disse, depois de olhar para a Marca por algum tempo. – Papai disse que sempre existirá uma ou duas pessoas lutando pelas Trevas apenas por conveniência... Você sabe, pelos motivos errados.

- No meu caso, Lovegood, eu nunca tive escolha. Por favor, apenas faça o que eu disse e passe esse natal na escola. Por favor.

A garota sorriu candidamente e olhou, aparentemente, para o testrálio.

- Eu não tenho medo, Sra. Snape.

- Você deveria ter.

- Mas não tenho – Lovegood voltou a olhar para Linda. A menina ainda estava plácida... era impressionante. – Minha mãe morreu quando eu tinha nove anos. Se isso não tivesse acontecido, talvez meu pai e eu não fôssemos tão unidos. Talvez eu não fosse a pessoa que eu sou hoje. Coisas boas acontecem para as pessoas boas, Sra. Snape. E, se algo ruim acontece, é com um propósito. Então eu tento ser boa com todo o mundo e não tenho medo do que possa me acontecer.

- É uma guerra, Srta. Lovegood. Coisas muito ruins podem acontecer... Por que você não tenta ver esse encontro como uma coisa boa?

- Porque eu quero voltar para casa.

Linda suspirou resignada.

- Muito bem. Mas pense. E não conte a ninguém sobre essa conversa.

Ela ainda viu o sorriso da garota antes de, angustiada, virar-se e começar o seu caminho de volta ao castelo. Ainda não tinha perdido as esperanças. Ela ainda podia fazer o que viera evitando veementemente nas últimas semanas: pedir que Severo fizesse algo.

Eles não estavam exatamente brigados. Linda gostava de pensar que a frieza que se impusera entre os dois se devia exclusivamente aos últimos acontecimentos: tanto à noite em que ela ganhou a Marca, quanto à noite na qual ela conversou com o Lorde das Trevas... e, claro, aos segredos que ele vinha guardado e às decepções que esses segredos traziam. Tudo aquilo tinha que desgastar a relação deles, era natural! E ela estava tentando melhorar a situação.

Finalmente chegou à sala da direção, mas Severo não estava lá. Seguiu para a pequena sala de estar, que também se encontrava vazia.

- Severo?

Ela suspirou e olhou ao seu redor. O seu marido com certeza passara pela sala depois que Linda havia saído: havia uma xícara de chá meio vazia sobre a mesa de centro, acompanhada de alguns saches usados e os sapatos negros estavam jogados ao sofá, assim como a veste negra encardida que ele tanto gostava. Rolando os olhos, Linda ocupou-se primeiro da bagunça da mesa de centro. E, em seguida, pegou os sapatos negros e as vestes e encaminhou-se para o quarto.

Guardou os sapatos. No entanto, foi quando dobrava as vestes que ela ouviu o breve barulho: era apenas um farfalhar baixinho, como papel sendo amassado. Franzindo o cenho, ela apalpou as vestes de Severo, apenas para encontrar um bolso interno escondido. E, dentro dele, a fonte do barulho. Curiosa, Linda imediatamente a puxou.

Era uma foto muito antiga e rasgada. Nela, uma ruiva sorria alegre, evidenciando os seus traços inocentes e enfeitados pelas sardas... sorriso fácil, traços inocentes e sardas: três coisas que Linda jamais tivera. Os olhos verdes brilharam cheios de vida – diferente dos frios olhos acinzentados.

Linda sentiu o seu coração dar um solavanco: era ela! Aquela era Lílian! Severo carregava consigo uma foto daquela mulher todos os dias.

Ela não soube o que sentir... o seu coração era uma mistura bizarra de dor, ciúmes, choque, ódio e, talvez, um pouco de piedade. Seus olhos – cinzas e frios, ela lembrou – encheram-se de lágrimas e ela se sentiu genuinamente tentada a queimar aquela foto... Mas, ao invés disso, apenas a olhou. Olhou para a sua rival, para sempre congelada jovem e sorridente.

Não se sabe quanto tempo Linda passou daquela maneira. Mas ela despertou do seu transe quando ouviu um barulho na porta. Rapidamente colocou a foto de volta o bolso escondido e enxugou as lágrimas com as suas mãos trêmulas.

Severo abriu a porta.

- O que você está fazendo?

Ela respirou fundo algumas vezes antes de responder.

- Apenas guardando as suas roupas – virou-se, tentado sorrir. – Você deixou uma bagunça na sala de estar... Não sei como se virava nos anos passados, sem mim!

Severo apenas continuou a olhá-la, muito sério.

- O que houve?

- Apenas o que eu disse.

- Você está com os olhos vermelhos.

Linda assentiu, sentando-se na cama. O que mais queria era pedir explicações... mas não o faria. Ela não tinha direito de sentir ciúmes de um cadáver! Especialmente um que Severo parecia estar traindo todos os dias, ao se aliar fielmente ao Lorde das Trevas. Assim, apenas controlou-se o suficiente para desviar o assunto para um que era do seu interesse.

- Eu estou chateada... me sentindo culpada, na verdade. No dia em que eu fui ver o Lorde das Trevas, eu acabei dando a ele a idéia de seqüestrar Luna Lovegood para calar Xenófilo. E agora eu sei que o que vai acontecer com a menina será minha culpa.

- E isso lhe incomoda tanto assim?

- Bem, eu não acho que estou muito incomodada---

- Suas mãos estão trêmulas e você estava chorando.

- Você me conhece, Severo. Você sabe o que eu acho de tudo isso. Ela é uma criança! – Levantou-se, aproximando-se do marido... mas não o tocou. – Será que você não pode, por favor, fazer com que o seqüestro dê errado?

- Desculpe-me Linda. Não há nada que eu possa fazer.

- Mas eu---

- E eu não vou mudar de idéia.

Linda respirou fundo e, mais uma vez, calou-se.

XxXxXxX

Ao passar lento dos dias, o frio aumentava intensamente no Castelo de Hogwarts – assim como crescia a distância entre Linda e Severo. Às vezes, ela se via pensando no divórcio; pensando que a vida ao lado de Severo simplesmente não valia à pena. Mas ela sabia que nunca teria força para transformar aquele pensamento num plano. “Casamentos são eternos” – a sua mãe um dia lhe dissera, tentando convencer Linda a não formar aquele tipo de laço com Severo. Linda aceitara o risco; agora ela tinha que enfrentar as conseqüências.

Ela suspirou e tomou mais um gole do seu chá, olhando distraidamente para os flocos de neve que caíam na janela.

- O Lorde das Trevas dará uma festa hoje à noite – Severo anunciou, quebrando o silêncio da sala. – Será na mansão da sua família.

Linda não o olhou.

- O que eu devo vestir?

- Algo elegante.

- Estarei pronta às nove.

Tomou mais um gole do seu chá, esperando que a conversa fosse dada por encerrada. Pelo canto do olho, Linda viu Severo se levantar e se aproximar lentamente. Sentou-se ao seu lado.

- Você está agindo assim por causa de Lovegood?

Finalmente o olhou.

- Eu estou cuidando muito bem dessa sala e do nosso quarto, cozinho para você sempre que você me pede e também não faltaria com os meus deveres conjugais, se você se mostrasse interessado. Eu parei de lhe contestar e acato a cada um dos seus pedidos. Até onde eu sei, Severo, estou sendo uma esposa perfeita. Você não tem do que se queixar.

Ele rolou os olhos, começando a se sentir irritado.

- Você está se tornando a sua mãe.

Linda sorriu amargamente – um dos poucos sorrisos que ela dera ultimamente.

- Bem, então Cécile Boyer finalmente poderá sentir orgulho da filha! Com licença, Severo.

Dizendo isso ela se levantou, pensando em ir para o seu quarto e começar a se arrumar para a festa. Foi, no entanto, impedida pela voz cansada do seu marido:

- Ela está bem. Lovegood está presa na casa do seu tio, mas não está sendo mal-tratada. Se você não acreditar, eu posso te levar para vê-la durante a festa.

- Por que você está me dizendo isso?

Severo fechou os olhos e massageou lentamente a têmpora. Com a voz arrastada, confessou:

- Porque eu quero a minha esposa de volta, Linda.

- Eu estou fazendo o meu melhor. Se nós continuássemos a brigar, eu diria algumas coisas que não devo, e nós dois acabaríamos muito machucados. Eu também estou infeliz, Severo. Eu também quero o meu marido de volta – ele abriu a boca para responder, mas Linda não o deixou. – Eu vou me arrumar.

E entrou no quarto. Lá respirou fundo algumas vezes e procurou ignorar o pequeno diálogo – era melhor para a sua sanidade concentrar-se em encontrar uma roupa bonita.

Enquanto se arrumava, tentou não pensar no último encontro que tivera com o Lorde das Trevas. Linda sabia que a situação era outra: ela estaria numa festa e em momento algum Severo deixaria que ela ficasse só com o seu Mestre. Além disso, se até Linda fora convidada certamente Bellatrix estaria lá – todos sabiam que ela era amante do Lorde e que era ciumenta suficiente para matar qualquer mulher que se aproximasse dele em sua frente. Linda estava segura.

Faltavam dez minutos para as nove quanto Linda saiu do quarto. Severo ainda estava sentado no sofá, na exata posição em que estivera há duas horas, quando Linda começou a se arrumar. Pela expressão ligeiramente aflita em seu rosto, ele queria continuar a conversa... Mas Linda não deixaria.

- Vamos?

- Linda---

- Pare. Eu vou me esforçar mais, ok? – Tentou sorrir e se aproximou de Severo. – Quando esse inferno passar, nós voltaremos a ser as pessoas de antes.

E beijou-lhe os lábios pela primeira vez em dias, engolindo a cólera de anos de ressentimentos, anos de palavras não ditas, anos de mágoas mal-resolvidas.

Linda não sabia se Severo não percebeu aquilo, ou se simplesmente mudara de idéia sobre ter uma longa e dolorosa discussão sobre o relacionamento deles; mas ele pareceu acreditar em Linda, e logo os dois rumavam juntos para a Mansão Malfoy.

Fazia muitos anos desde a última vez em que Linda esteve numa festa da mansão da sua família. Ela já havia esquecido como o local ficava bonito.

Os jardins estavam maravilhosamente iluminados, mostrando como Narcissa cuidava bem deles – com mágica, pois aquelas flores não deveriam resistir ao frio do Reino Unido. Ygor – um vampiro romeno que sempre guardava a porta nas festas da mansão – estava em seu posto. Assim que avistou Severo e Linda sorriu-lhes com as suas presas pontiagudas e abriu a porta para o hall de entrada da mansão.

E o interior da mansão estava ainda mais bonito que o exterior. A luz dourada vinda dos candelabros adornados com cristais iluminava maravilhosamente o ambiente onde bruxos elegantes bebiam o caríssimo champanhe produzido pelas veelas. Nos cantos do grande salão, era possível ver mulheres muito bonitas que, embora estivessem elegantes, não trajavam roupas adequadas para o frio rigoroso – Linda imediatamente imaginou que fossem trouxas sob a influência do Império.

Narcissa logo foi recepcionar o casal. Falou primeiro com Severo – naturalmente, sob o olhar ciumento de Linda, que sabia muito bem que aquela mulher não era confiável.

- Linda Marie! – Ela disse, em seguida. – Como estão os preparativos para a festa de natal de Hogwarts?

Linda suspirou, vendo, pelo canto do seu olho, o marido pedir licença e ausentar-se.

- Ainda não estou pensando muito nisso. O Natal na escola é uma festa muito pequena, já que a maior parte dos alunos volta para as suas casas.

- Mas não podemos deixar isso acontecer esse ano! Principalmente com você lá! Eu soube que a festa de Halloween teria sido a melhor que a escola já teve, caso, naturalmente, aquele infeliz incidente não tivesse acontecido! Essa é a sua chance de fazer uma festa totalmente bem-sucedida!

- Talvez... Mas eu não sei se quero organizar algo grande depois do fiasco do Halloween.

Ela sorriu.

- Posso oferecer a minha ajuda?

- As mulheres Malfoy organizando uma festa juntas? – Linda contraiu o rosto, sentindo-se repelida pela idéia. – Seria um prato cheio para Rita Skeeter!

- Sim, de fato! Fico feliz que você tenha concordado! – Linda abriu a boca para dizer a Narcissa que ela não concordara; mas ela não deixou. – Odiei o seu colar. Vamos comigo, procurar alguma jóia da família que fique melhor com a sua roupa.

Linda franziu o cenho, começando a procurar desesperadamente por seu marido com o olhar.

- Não é necessário.

- Claro que é! Tem muita gente importante aqui, Linda Marie, e você é uma Malfoy. Quero que esteja com a melhor aparência possível!

Sem conseguir encontrar alguma desculpa para fugir daquela situação, Linda deixou-se levar por Narcissa.

Do outro lado do salão, Severo viu as duas desaparecerem pela escadaria da mansão e deu um sorriso aliviado – graças a futilidade de Narcissa, talvez Linda nunca chegasse a saber o que motivara aquela festa. Com esse pensamento, ele se encaminhou até o centro do salão, onde o Lorde das Trevas conversava com Bellatrix e Rodolphus.

- Milorde – ele disse, com uma breve reverência.

Os lábios quase inexistentes do Lorde das Trevas curvaram-se num sorriso ao ver Severo – justamente a reação contrária dos lábios de Bellatrix.

- Onde está a sua esposa, que não veio me cumprimentar?

- Narcissa, que provavelmente estava entediada, puxou-a imediatamente para o andar de cima.

- Eu quero que ela venha aqui, depois.

- Milorde – Severo disse, com uma humildade que lhe era incomum. – Eu gostaria de pedir para que o senhor aproveitasse que a minha mulher está ausente e terminasse logo o motivo do festejo.

As fendas vermelhas cravaram-se em Severo.

- Por quê?

- Linda tende a ser um pouco... infantil ao lidar com a morte. Ela jamais viu alguém ser executado, e eu não creio que ela reagiria bem à nossa pequena reunião.

- Mesmo? – O lorde aproximou-se um pouco. – Se Linda Marie está do nosso lado, meu amigo, não deveria ser nenhum sacrifício para ela ver a morte daquele que queria tomar o Ministério da Magia das nossas mãos!

Severo baixou a cabeça.

- Esse é outro motivo, Milorde: Linda o conhece. Quando eu espionava a Ordem da Fênix, minha esposa me acompanhou em várias reuniões na casa de Theodore Tonks. Será um tanto traumático vê-lo morrer, apesar das idéias ridículas que Tonks defendia. Como eu disse, Linda é sensível.

Ele viu as narinas em forma de fenda dilatar-se levemente antes dele dizer, com crescente interesse:

- Isso tem que mudar. Ela tem a minha Marca, afinal. Diga-me, Severo, Linda já matou alguém?

Severo parou de respirar por um momento, sentindo o seu coração acelerar. O seu choque deve ter sido facilmente percebido pelo Lorde, já que as suas feições deformaram-se num sorriso maldoso.

- Não, Milorde. E eu não acho que ela seja capaz.

- Oh... não seria interessante, se a maldição da morte de Linda Marie falhasse, e ela fosse obrigada a matá-lo da forma trouxa? Temos muitas facas a disposição.

- Milord---

- Chega, Severo. Está decidido. Será a sua esposa.

Com certa apreensão, ele viu Linda descer as escadas com Narcissa.

- Por favor, Milo---

- Eu gostaria que você fosse chamar a sua esposa, agora.

Severo crispou os lábios e assentiu, dirigindo-se até Linda a passos largos. Em sua mente, milhões de estratagemas para tirar Linda daquela situação eram formados; todos perigosos demais. Quando finalmente chegou à ela, concluíra que não havia outra saída: Linda teria que executar Tonks.

Nervoso, ele não disse nada; apenas segurou Linda pelo braço e a arrastou para longe de Narcissa; de uma maneira quase violenta.

- Você vai ter que fazer uma coisa, e não será fácil.

- O quê? – Ela perguntou, assustada.

- Matar. – Linda engoliu seco e olhou com indignação para o marido. Severo quis dizer que havia outra saída, mas aquilo seria uma mentira. – E eu aconselho que você se concentre na Maldição da Morte, ou terá que usar métodos menos limpos.

Linda puxou o seu braço, forçando Severo a soltá-la.

- Eu não farei isso!

- É necessário, Linda! Se você quer sair daqui viva, você terá que---

- Eu não me importo!

Linda Marie” – eles ouviram a voz do Lorde das Trevas cortar o ar, ao mesmo tempo em que o barulho do salão cessava. Os olhos de Severo e de Linda lentamente se voltaram para ele. No centro de uma grande roda de pessoas, eles viram a vítima: amarrada, amordaçada e mascarada.

Severo olhou-a e disse baixinho:

- É necessário, Linda.

- Venha, Linda Maire. – O Lorde disse suavemente. Severo viu a sua mulher colocar em seu rosto um ar superior e se aproximar de Voldemort. Ela fez uma breve reverência.

- Milorde.

Um sorriso maléfico apoderou-se dos lábios do Lorde das Trevas.

- Faça as honras, minha querida.

Severo viu a sua mulher estremecer ao olhar nos olhos daquele que seria a sua primeira vítima. Com a voz trêmula, ela disse:

- Eu nunca... Eu não sei se conseg---

- É fácil – O Lorde a interrompeu, colocando duas mãos sobre os ombros dela. – Basta você falar duas palavrinhas: “Avada Kedavra”.

XxXxXxX

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