Hiroaki Yoshida. Alto e magro. Tem os cabelos lisos e arrepiados. Mas, não arrepiados por estilo. Apenas não se importa com sua aparência e acha ridículo pessoas que sim. Seu quarto? O reflexo de sua personalidade. Quero dizer... bagunçado? Dependendo do seu ponto de vista. Para ele não. Seu quarto lembra o cenário da Segunda Guerra Mundial. Após entrar em um quarto tão sem vida, seu ânimo é esmagado. Você se pergunta como alguém que vive em um quarto tão morto não comete suicídio.

Mas... espera, só estou apontando os pontos negativos do quarto. É, também, um dormitório inteligente. Inúmeros livros rodeiam a cama, apesar de todos esfolheados e com marcações de caneta. Pôsteres de pessoas como Che Guevara cobrem a parede.

Como eu disse, este é o reflexo da personalidade de Hiroaki. Um garoto desanimado com a vida, e, principalmente, com as pessoas ao seu redor.

O rumo da história começa quando Hiroaki completa seus 17 anos. Mas, antes é preciso compreender alguns fatos.

Aos 13 anos, Hiroaki já mostrava desânimo, e, um pouco de desprezo, principalmente pelas garotas. Mesmo assim, é errado chamá-lo de anti-social. No começo do ano ele tinha um amigo, seu nome era Kiyoto Ogawa. Os dois gostavam das mesmas coisas, os mesmos animes/mangás, as mesmas bandas, os mesmos ídolos. Desprezam o mesmo tipo de pessoas: as pessoas paradigmas. Digamos que os quartos dos dois eram iguais.

Eles não eram maus alunos, mas, sempre dormiam na aula. Eles não se importavam com as matérias, exceto história. Os dois sempre falavam sobre a Primeira Guerra e faziam piadas sobre Hitler. Tinham os mesmos papo, o mesmo pensamento, ideiais, princípios. Kiyoto tinha uma admiração especial por Hiroaki. Dizia que a inteligência de Hiroaki era assustadora.

Na metade do ano, Kiyoto desapareceu. O único amigo de Hiroaki, a pessoa que desprezava as mesmas pessoas que ele, sumiu. Ficou sabendo por seus pais que Kiyoto se mudou para os Estados Unidos. Mas, como assim? Kiyoto considerava os Estados Unidos um país vil, nunca aceitaria se mudar para o mesmo. Sentia seus olhos molhados. Seu único amigo, o único garoto do qual se socializou um dia, foi embora. Depois da ida de seu amigo, Hiroaki se tornou mais distante ainda de todos. Passava os dias na internet, procurando por pessoas com um bom intelecto. Participava de fóruns sobre discussões sociais.

Mas, sempre se perguntava onde estava seu primeiro e único amigo. Passou tempos se perguntando, criou teorias e possibilidades do real paradeiro de Kiyoto. Sempre dormia se perguntando isso, e, um dia, com a mesma pergunta na cabeça, dormiu por 3 dias. Hiroaki sonhou durante todos esses 3 dias. No sonho, via as expressões de pessoas em câmera lenta. Sobrancelhas, lábios, olhos, todos em câmera lenta. Hiroaki, sabia que estava sonhando, e, por ser tão inteligente, no segundo dia se deu conta que seu cérebro estava criando uma técnica capaz de identificar mentiras. Uma pessoa normal provavelmente nunca teria isso em mente, mas, o desejo de Hiroaki de descobrir o paradeiro de seu amigo era tão grande, que, logo inseriu esta possibilidade. No terceiro dia, as expressões de seus pais predominava, percebia o mísero levantar de sobrancelhas. Acordou em uma hospital. Já sabia da sua técnica. Achou normal estar em um hospital, afinal sonhou por muito tempo. Levantou-se e se dirigiu ao banheiro. Na ida avistou uma enfermeira conversando com uma garota, com pouco cabelo, provavelmente com câncer. Hiroaki sentiu seu corpo pesado, não entendia, mas, tinha desejo de ler os lábios da enfermeira. A enfermeira dizia: "você logo sairá deste hospital". Hiroaki analisou toda a expressão da enfermeira ao dizer aquilo. Parecia que o tempo corria devagar quando ele sentia vontade de saber a verdade. Ele percebeu que a enfermeira mentia. A garota ficaria ainda um bom tempo no hospital.

Hiroaki voltou à sua casa no dia seguinte. Finalmente, poderia saber se Kiyoto realmente estava no país no qual tanto desprezava. Abriu a porta de seu quarto e se dirigiu à sala. Seus pais assistiam à uma novela. Respirou e perguntou: "Pai, Kiyoto... ele realmente se mudou para outro país? Ele sempre detestou os Estados Unidos!". Seus pais se olharam, e responderam rapidamente que sim, e não teriam porquê mentir. Hiroaki sentiu seu corpo gelado, mas, ao mesmo tempo sentiu-se aliviado. Percebia a mentira em suas expressões. Sabia que Kiyoto não estava nos Estados Unidos. Sentiu-se um pouco feliz, afinal, Kiyoto não foi contra os seus princípios. Porém, ainda não sabia a verdade.

Agora, Hiroaki tem um novo passatempo: música. Aprendeu inúmeros instrumentos musicais, violão, bateria, piano, flauta. Mesmo agora, não sabia o que aconteceu com seu velho amigo.

E assim que o rumo dessa história começa.


Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.