O Sexta Feira

Capítulo 04 - Um Passarinho Contou


O sol estava quase se pondo, Anne e John tinham terminado há pouco de empacotar tudo que fosse de tecidos finos para Marguerite levar para o platô, os dois estavam na cozinha, a mulher mais velha terminava o bolo que havia começado naquela tarde, enquanto conversa com o caçador.

A - Assim, ela gosta de rosas vermelhas, apenas rosas vermelhas, não gosta muito assim de flores como outras mulheres, de trufas, minha menina adora trufas de chocolate, o Sexta-Feira é o seu companheiro, ela o leva para tudo quanto é lugar, gosta de bonecas de porcelana, mas não tem nenhuma, também o seu automóvel branco, dá até pena dela ter que vendê-lo, o dia que ela o comprou, pulo igual criança, ela poupou o dinheiro durante dois anos.

John ficou um tanto pensativo, assim que atingiu a maioridade, na sua juventude ganhou seu primeiro automóvel, nunca dirigiu, sempre teve mordomos, motoristas particulares, e também sempre trocava de automóvel quando queria, era só o mercado lançar um novo modelo, enquanto a herdeira teve que poupar dinheiro para conseguir o seu e isso só na sua fase adulta.

J - Anne, preciso de um favor e que me responda uma pergunta?

A - Claro, Lord Roxton, o que puder fazer.

J - O automóvel preto Marguerite comprou também ou foi herdado de um de seus maridos?

A - Do Barão, mas ela sempre gostou mesmo do seu automóvel branco, é o favorito dela.

J - Ótimo, era o que eu precisava saber, agora preciso de mais um favor e tem que ser rápida.

A - Lord Roxton o que está planejando?

J - Digamos que assim como Marguerite tem pessoas a quem confiar eu também tenho, quero que vá na minha mansão, mas tem que ser agora, é a duas casas para frente, do outro lado da rua. Procure por Leopold, peça para ele acompanhar você, que é urgente e que é sobre “seu senhor”. Por favor Anne.

A - Não sei o que tem em mente, mas irei fazer. Já estou indo, cuide do meu bolo.

J - Obrigado.

Como combinado Anne o fez, o homem desconfiou da mulher, a princípio ficou receoso sobre o que fazer, se deveria mesmo segui-la, mas por conta de sua insistência, se deu por vencido e a seguiu, em pouco tempo a mulher estava de volta, seguida por Leopold, o homem tinha os mesmos padrões de James em vestimentas, formas de tratativas, comportamentos e outros modo, principalmente pelo fato de também ser mordomo e motorista da casa.

L - Não creio no que vejo. Lord Roxton vivo?! A senhora sua mãe ficará tão feliz em saber disso, quando voltou Milord? Porque não nos avisou? Já havíamos perdido a esperança.

John deu um abraço forte no mordomo e amigo, o conhecia desde jovenzinho, sempre foi seu companheiro, Leopold sabia de todas às artes, isto quando não o ajudava a acobertar muitas delas.

J - Vaso ruim não quebra Leopold. Mas ninguém deve saber que estou de volta, nem mesmo minha mãe, ninguém. Preciso que retire um valor do meu cofre e compre algo pra mim.

L - E o que seria Milord?

J - Um automóvel, aquele branco ali.

L - Desculpe, mas outro automóvel? O senhor mal usa o que temos, acabou de retornar, qual o fundamento disso Milord?

J - Não é pra mim Leopold, é para uma pessoa.

L - Uma pessoa?

J - Sim, para uma mulher, mas que irá vendê-lo, é de um senhor chamado James, compre em seu nome, amanhã mesmo acredito que ele irá levar o automóvel para vender, o siga e compre. Acha que pode fazer isso?

L - Claro Milord, mas me desculpe novamente a intromissão. Que mulher seria está? Que lhe faria cometer tal ato, bem como posso colocar…

J - Ato de amor? Sim Leopold, um ato de amor, essa é a colocação certa. É um presente, para uma mulher que eu amo muito, mas até que eu possa voltar definitivamente ninguém, ninguém pode saber que estive aqui ou sobre essa mulher.

L - Está bem senhor. Tem minha palavra. E se permiti é bom saber que está apaixonado por alguém a esse ponto.

J - Amando Leopold, eu a amo mais do que a minha própria vida, lhe daria meu último ar se necessário.

Vozes se aproximavam da cozinha, era Marguerite e Malone, conversavam animados sobre os planos, John fez um sinal para Leopold, que foi embora o mais rápido que pode, Anne continuou enfeitar o bolo e a conversar sobre coisas banais, como se nada tivesse acontecido, como se ninguém tivesse saído ou entrado na cozinha. Marguerite se aproximou por trás da governanta, o bolo estava dando água na boca, fazia tanto tempo que não comia chocolate, nunca pensou que sentiria tanta falta disso.

M - Anne já terminou?

A - Mas que pressa menina, só estou dando os últimos toques.

M - E quem liga para esses últimos toques, são apenas detalhes, preciso muito de um pedaço e com urgência, até porque está quase escurecendo, precisamos ir, mas não vou sem um pedaço de bolo antes.

Os olhos da herdeira brilhavam para o bolo nas mãos de Anne, como os de uma criança, um sorriso travesso estampado em seu rosto, Malone e John admiravam a brincadeira da herdeira, na verdade nunca tinham lhe visto assim, Marguerite quase nunca demonstrava seus sentimentos ou emoções e desta vez, uma das raras vezes estava fazendo, James já havia saído, provavelmente para marcar o primeiro encontro com um dos credores.

J - Marguerite dispensando detalhes? Sabe está viagem está sendo surpreendente.

M - Não é que estou dispensando detalhes John, só quero um pedaço de bolo de chocolate, faz anos que não saboreio um pedaço sequer de chocolate, que dirá um pedaço de bolo assim. Além disto, em minutos teremos partido novamente.

A - Pronto, pronto aqui está, e para vocês dois também, um pedaço para cada um.

Anne serviu cada um dos exploradores, com um pedaço generoso de bolo, primeiro claro para a herdeira ansiosa, que por sinal devorava o pedaço e já olhando para o recipiente, pensando em um próximo pedaço.

M - Sabe Anne… hummm… está delicioso, faz tanto tempo, sabe acho que poderia comer esse bolo inteiro.

Tal declaração espantou a todos, John e Malone nunca a viram com tanto apetite e nem Anne se recordava de tê-la visto assim.

J - Marguerite não acha que é exagero comer um bolo inteiro?

M - Assim John, mas não falei sério, quer dizer, não comeria um bolo inteiro, talvez mais um ou dois pedaços mais e já basta.

N - Mais dois pedaços?

M - E porque não Ned, você é um dos que mais se alimenta entre nós, duvido que você mesmo não irá devorar mais dois pedaços.

N - É… bem…

M - Não falei, nem você mesmo consegue negar.

A - Quer saber comam o quanto puderem, é de vocês três, parem de brigar feito crianças vocês dois. Afinal faz anos que não há vejo minha menina, ainda mais com um apetite desses.

Marguerite apenas sorriu, já cortando a segunda fatia de bolo, John apenas observava a mulher, após ele mesmo também cortou uma segunda fatia, mas não passou despercebido que a mulher ao seu lado devorou em seguida mais duas fatias, ou seja, quatro fatias de bolo, por um instante lhe passou que algo em Marguerite havia mudado, que talvez havia algo novo, mas quando a viu implicar novamente com Malone, abandonou a ideia, era só a saudade de casa, de tudo que havia deixado para trás quando decidiu partir para platô, talvez era só isso.

Anoiteceu, e logo os exploradores estavam de volta à casa da árvore, Verônica preparava o jantar a ajudava com a mesa quando os outros chegaram com pacotes e mais pacotes todos de roupas, cortinas e tudo mais.

C - Vejo que tiveram sucesso.

J - Assim Challenger, até mais do que esperávamos.

V - Marguerite tudo isso é seu?

M - É sim Verônica, infelizmente logo não será mais, porém por bons motivos.

V - Como vão levar até os Zangas é pesado demais para carregar?

M - Ora pelo mesmo modo que fomos hoje para Londres, pelo Oroboros.

C - Muito bem pensando minha cara.

M - Eu e Verônica iremos, fazemos às trocas e voltamos. Amanhã à tarde já ensino Malone a usar o Oroboros e bem, ele começará a fazer às viagens. Acho que logo voltamos para casa, pode se alegrar Challenger.

C - Eu mal posso esperar, não que eu não goste desse lugar, mas sabe ver vocês todos, agora juntos como casais, me trouxe lembranças da minha Jessie, algumas que não me recordava há anos e agora, bem…

J - Acho que entendemos meu amigo, está com saudades, vamos fazer de tudo para logo você estar com ela.

Todos juntaram-se a mesa, conversaram sobre muitos planos, sobre o futuro que estava por vir, comemoraram, ainda que Malone e Verônica fossem ficar no platô, sabiam que os amigos sempre poderiam estar de volta para uma visita e que dessa forma o platô seria mantido seguro, muitas coisas seriam mantidas em segredo, para que nenhum explorador ou especulador invadisse o platô e bem se isso viesse acontecer, seria difícil sair, mas ainda assim, preferiam prevenir.

C - Bem, me desculpem, mas vou ter que me retirar, já não tenho mais idade para ficar acordado até tarde assim.

J - Ora Challenger, deve ir se acostumando, logo estaremos de volta às festas da alta sociedade e temos muito a que comemorar.

C - Concordo meu amigo, mas até lá é bom nos pouparmos um pouco. Boa noite.

M - Bem, acho que nós também vamos, não é John? Estou exausta.

J - Não acredito, você ir dormir a essa hora?

M - E porque não? Bem, se você não vai e vou. Boa noite Ned, boa noite Veronica e boa noite Lord Roxton.

John viu a figura de Marguerite sumir, descendo as escadas, sabia que o “boa noite” não era sério, na verdade era só mais um dos seus jogos.

V - Ela não muda, não é?

J - Não e nem eu quero Verônica. Boa noite para vocês. Melhor eu me recolher também, antes que ela mude de ideia isso sim, afinal Marguerite é imprevisível.

N - Principalmente depois dos seus segredos revelados.

J - Hahaha e que segredos Nedboy, que segredos.

Verônica olhava para os dois homens, estavam brincando entre si, mas tais segredos da herdeira lhe despertaram interesse.

V - Que segredos?

J - Haha acho que o Ned pode te contar Verônica. Eu não irei sujar minhas mãos. Boa noite.

Marguerite estava no quarto, já com sua camisola, tinha pego uma camisola nova para si, estava precisando, suas camisolas que antes eram brancas, agora de tanto serem lavadas, expostas ao sol, próximas a terra ou às árvores quando estendidas para secarem, tinha ficado amareladas, para evitar isso a herdeira escolheu uma preta de seda francesa, justa ao corpo, longa e com uma fenda na perna direita e decote em V, o cabelo todo preso, como raramente usava em um coque, estava sentada de costas para a porta, escrevendo algo em um dos seus diários. O caçador ao se deparar com tal beleza da mulher, da sua mulher, obrigou-se a parar na entrada do quarto e assobiar, ainda que baixinho, para chamar-lhe a atenção e elogiar o quanto estava linda e deslumbrante vestida daquele jeito.

M - John, não notei você chegando. Não vai se deitar?

J - Depois de um convite assim, feito por uma dama tão bela, impossível não aceitar, estaria louco se eu não o fizesse, embora não sei se conseguirei dormir, mas claro devo tirar a roupa ou posso me deitar assim mesmo ao seu lado.

Marguerite riu diante a brincadeira, embora estivesse de fato cansada, não iria negá-lo, muito menos deixar seus jogos de lado.

M - Bem, acredito eu que um homem tão cavalheiro como você, poderia sim dormir vestido, até porque eu não me preocuparia que durante a noite, se por ventura algo me incomodar, tirar uma peça de roupa aqui, uma ali. Nada demais

John o suficiente próximo a envolve em seus braços, deslizando-o por de trás da herdeira, enquanto uma das mãos brincava com o laço da camisola que prendia às alças, a outra deslizava por seu rosto, depositava beijos suaves, quentes, ardentes fazendo uma trilha entre a bochecha e os lábios de Marguerite, descendo por final até o busto que encontrava-se totalmente exposto.

J - Dormir vestido ao seu lado? Sendo que irá tirar uma peça de roupa minha por vez? Não, não minha Marguerite, eu estou longe de ser tal cavalheiro, assim como você longe de ser tal dama comportada.

Marguerite também não se aguentava mais, seu corpo, seu íntimo clamava pelo corpo do caçador junto ao seu, ela mesmo o puxava pela camisa, com força, com às duas mãos para mais perto de si.

M - Porque será que você não me surpreende, quando diz que não é um cavalheiro, assim como não sou uma dama?!

J - Porque é a verdade, mas uma verdade só nossa e que ninguém mais precisa saber, e quem disse que não lhe surpreendo mais?!

Com essas últimas palavras, soltou o laço que prendia a camisola, deixando Marguerite totalmente à vontade, como havia comentado há pouco entre seus jogos.

M - John que surpresa seria está?

J - Eu te contarei, no seu tempo, Agora tenho que bem, dar um pequeno toque, só pra não dizer que não ajudei, em uma certa camisola que teima a deslizar pelo corpo de uma certa dama.

M - Ah é mesmo, mas não seria justo com essa dama, se o cavalheiro ainda continuar vestido.

J - Mas ele não vai, aliás porque não o ajuda.

Os dois tomavam um o lábio do outro, quanto mais tinham, mais queriam, a herdeira ainda que de olhos fechados, saboreando o gosto daquele beijo ardente e voraz, mantinha suas mãos concentradas em tirar a roupa do caçador, tinha urgência, queria John junto de si, e o queria agora, sem esperar por mais nada. Assim como o caçador, ainda que retribuísse o beijo, e cada vez mais o aprofundava, também queria logo se livrar das roupas, seu desejo pela mulher era tanto, que sentia suas calças apertarem de tal volume que se formava. Quando se viu livre de qualquer peça de roupa sua, ou mesmo quando a camisola da herdeira já estava no chão, ainda que fosse um momento que ambos estavam sedentos por seus desejos, teve o cuidado de pegá-la no colo e deitá-la na cama.

John apoiou-se sobre Marguerite, podia sentir o corpo de sua amada arrepiar-se com um simples toque seu, seu perfume de mulher, o qual o deixava ao ponto de perder o juízo, de tão inebriante e seduzente, seu membro pulsava, chegava a latejar de tamanho desejo, mas antes de penetrá-la, o caçador queria deslumbrar-se um pouco com o corpo da herdeira, podendo ver que o desejo que ele sentia, era o mesmo dela por ele.

Marguerite retribuía cada beijo, cada toque do caçador, sabia quão tamanho era o seu desejo, ele estava entre às suas pernas, ainda não havia a tomado por completo, mas ela sentia, deslizava suas pernas, próximo ao membro do caçador e sabia ainda o quanto isto contribuía para deixa-lo excitado, os beijos desciam dos lábios até o tórax, no pescoço ela o mordiscava levemente, lhe causando tremores pelo corpo todo. Não demorou muito para o caçador abaixar-se um pouco mais sobre as suas partes intimas, cada vez mais próximos, o membro ereto de John, prestes a penetra-la.

Os dois olhavam-se profundamente, John com uma das mãos brincava, deslizava para cima e para baixo nas partes da herdeira, a deixando cada vez mais excitada, ele queria que ela pedisse para que a penetrasse, que por sua vez desceu uma das mãos até o membro de John, acariciando-o, movimentos sequências, descendo e subindo, não muito rápido, mas também não muito devagar, quando o caçador introduziu um de seus dedos e começou a fazer movimentos semelhantes, viu a mulher, mordiscar o próprios lábios, até aperta-lo mais forte de uma forma prazerosa.

M - John, pare com isso.

J - Parar agora?

M - Sim, eu quero John, quero agora, já não estou aguentando mais.

Ouvir o pedido foi de extremo prazer para o caçador, ele se posicionou, ambos molhados o suficiente, não demorou e a penetrou, arrancando um gemido, que lhe dizia o quanto ela o desejava, o quanto o queria como homem e marido. John de início fez movimentos leves, até que ela pudesse se sentir totalmente à vontade, que ambos pudessem e o seu ritmo logo acelerou, enquanto suas mãos apertavam uma das pernas da herdeira ao seu lado, já o entrelaçando, para puxá-lo ainda mais para si, os seus lábios não resistiam e beijavam um dos seios de Marguerite, enquanto além de entrelaça-lo com as pernas, lhe acariciava o corpo, segurava um dos próprios seios para ele melhor beijá-lo, suga-lo.

J - Marguerite, você me faz perder o juízo, o pouco que ainda tenho. Quanto mais a tenho, mais a quero.

M - Pois é o mesmo que sinto por você John, posso jurar que antes nunca senti isso por nenhum outro homem.

Cada vez que ouvia essa admissão de Marguerite, não importava o tempo que passasse, nunca deixava de sorrir e de sentir-se extremamente feliz. Ele tomou-lhe os lábios calorosamente, seus movimentos, agora de ambos intensificaram, até que chegassem ao êxtase do momento, ambos ofegantes, os corpos suados, um ao lado do outro, apenas enrolados aos lençóis.

M - Sabe John, você sempre me surpreende.

J - Mas não era sobre está surpresa que queria falar.

M - Não, e qual outra seria?

John levantou-se um pouco, sentado ao seu lado, admirando a beleza de Marguerite, bem como aqueles olhos que jurava que era capaz de se perder em sua imensidão, acariciava seu rosto, a pele macia e também delicada.

J - O que fez hoje, nunca pensei que um dia seria capaz de fazer, nem nos meus sonhos. E sei que ainda que você negue, que fale mil vezes que não se preocupa com nenhum de nós, sei muito bem que fez isso por mim e pelo Challenger também, se não, não haveria outra forma de voltarmos, bom eu não iria sem você. Mas existe algo que um passarinho me contou que você lutou bastante para conseguir, não achei certo que o vendesse, pedi para uma pessoa de confiança comprar para mim, na verdade para lhe dar.

M - Um passarinho chamado Anne, você quer dizer? Deveria ter imaginado que vocês dois juntos estavam tramando algo, estava bom demais para ser verdade. Mas me diga, agora fiquei curiosa, o que é que comprou para me dar?

J - Anne, é realmente uma senhora espirituosa, não poderia ter escolhido melhor Marguerite. O que eu pedi, bem o seu carro branco, ela me contou que o preto foi “herdado” do Barão e me contou também que teve que dar duro para comprar o branco, não achei certo que se desfizesse dele, amanhã mesmo James receberá o dinheiro a vista de um senhor chamado Leopold, meu empregado. E claro seu carro ficará na minha casa te esperando voltar para Londres, para eu colocar um laço vermelho, mandar lustra-lo e você fingir surpresa para entregar pessoalmente.

A herdeira havia levado uma das mãos a boca, olhava o caçador, ainda assimilando o que acabará de ouvir, seus olhos fixos nos dele.

M - John você… o carro… Não deveria ter feito, ele vale muito, quer dizer é totalmente original, peças, tudo, quando eu o comprei paguei uma fortuna, agora deve valer ainda mais, pode ser considerado como um carro de colecionador.

J - Ele pode ser considerado o que for e quanto for, não vale mais do que vê-la feliz como está, sei o quanto o dinheiro é importante para você, mas também sei, aliás pela sua expressão, percebi o quanto gosta daquele carro. Me deixe ajudá-la Marguerite, tenho condições financeiras para isso, não é justo que se livre de tudo que é seu. Por favor.

Marguerite ainda sem saber como agir, não esperava tal surpresa, não esperava uma atitude desse jeito, mas sabia que podia ser considerada como uma prova, de que seja lá o que o futuro lhes reservava ele sempre estaria ao seu lado, independente das pessoas, da sua condição financeira, John estava realmente disposto a manter-se ao seu lado.

M - Eu não sei o que dizer… Na verdade nem o que pensar, eu não esperava.

O caçador pegou nas mãos de Marguerite, depositando um beijo em cada uma delas, a olhando mais profundamente nos olhos.

J - Não precisa dizer nada, nem pensar em nada, só aceite minha ajuda, seria a melhor retribuição que poderia me dar.

M - Está bem... Está bem, digamos que eu aceite a sua ajuda, me prometa que os meus últimos credores você irá com o Malone e a Verônica, mas irá se cuidar e evitar se intrometer o máximo que puder. Não sei do que são capazes e ainda temos o Xan, terá que me deixar ir, ou ele irá matar vocês ou pior torturá-los até saber onde estou. Por favor John tem que me prometer isso.

J - Eu prometo Marguerite, só o fato de saber que pela primeira vez está aceitando minha ajuda, não tem ideia do quanto isso me faz bem.

M - Bom de uma vez que quando voltarmos, iremos oficializar que sou sua esposa, Lady Marguerite Roxton, acho melhor eu me acostumar e você também, principalmente a dividir sua fortuna comigo Milord.

Marguerite não falava sério, não quanto a fortuna de John, de todos os homens, maridos que teve, ele era o único que ela nunca quis depender de seu dinheiro, nunca quis nada além de seu amor verdadeiro.

J - Eu já lhe disse que você vale mais do que a minha fortuna ou qualquer do mundo, não disse?! Então não me importaria em dividir tudo o que tenho com você.

M - Não mesmo? Tudo?

J - Marguerite, não gosta quando usa tom de voz o que quer dizer?

M - Bem, porque um certo passarinho há muito tempo me contou que você tem uma casa no sul da França, sabe o quanto amo o sul da França não sabe?

J – Hahaha um passarinho muito bem informado, devo dizer minha Marguerite. Mas sei sim e como sei o quanto gosta do sul da França, bem podemos passar nossa lua de mel por lá, quando tudo já estiver resolvido.

M – Bom, minhas dividas logo estarão quitadas, não vejo o porquê não, desde que seja no inverno claro.

J - Como quiser vossa alteza, seu pedido é uma ordem.

A herdeira depositou um beijo nos lábios do homem diante de si, um beijo carinhoso, puro, doce e de amor.

M - Eu estou brincando John, não quero dar ordem nenhuma, pela primeira vez na minha vida, você é o único marido que já tive que nunca me preocupou a fortuna, os bens e posses, eu tendo o seu amor e sabendo que estará sempre ao meu lado, é a única coisa que quero para o resto da minha vida.

John a abraçou, envolveu seus braços no corpo esguio de Marguerite, o semblante que a pouco estava com ar de brincadeira, agora estava mais sério, mais concentrado nas palavras que a herdeira havia acabado de pronunciar e que ecoavam em sua mente.

J - O meu amor você terá para o resto da vida, para todo o sempre. E nunca irei permitir que nada lhe aconteça, portanto, “minha menina”, como diz Anne, não há com o que se preocupar, tem a minha palavra.

A herdeira abriu um último sorriso, deitou-se ao lado de John, assim como ele mesmo se ajeitou, de modo que pudessem ficar um de frente para o outro, sem pronunciar palavras, não havia necessidade, o silêncio e as trocas de olhares falavam por si, até adormecerem.