O Senhor de Gondor

Capítulo 7 - Filhos de Karick


Após sairmos de Minas Tirith, tentávamos voltar para Rohan o mais rápido possível, pois deveríamos avisar ao rei Théogard sobre os orcs que chegariam a suas terras sem aviso.

Conseguimos chegar a Rohan em quatro dias sem descanso. Corremos até o salão principal e os guardas nos pararam, então dissemos a eles que tínhamos uma notícia muito ruim e para eles prepararem suas espadas, pois a guerra bateria em suas portas.

Abriram então a grande porta do palácio, e o Rei Théogard estava lá, olhando para os quadros dos antigos reis e suas famílias com suas mãos voltadas para trás, vestindo um casaco de pele marrom.

— Senhor Théogard. - disse Aratus enquanto corria até ele.

Então ele se virou.

— O que os trás aqui novamente? – perguntou o rei.

— Prepare seus homens. Eithor mandara seus exércitos até aqui para atacá-lo.

Então o rei arregalou seus olhos, e como um lobo atacando sua presa foi até Aratus.

— O que disse? O que vocês fizeram? – perguntou o rei, colocando as mãos em Aratus e o empurrando.

Então Barad se aproximou do rei e o forçou a tirar as mãos de Aratus, retirando sua espada e apontando para ele.

— Deixe-o em paz! – gritou Barad. Então os guardas rapidamente entraram no local e apontaram suas lanças para Barad.

— Nós deveríamos ter seguido nossos caminhos, e deixado esse covarde engolir formigas após o ataque de Eithor. – disse Barad.

Aratus ficou preocupado, e pensou que o rei iria ordenar seus homens a matarem Barad.

Então o rei se aproximou de Barad, quase colando seu rosto ao dele e olhando em seus olhos com muita fúria.

— Muito corajoso é você, Barad, filho de Karick. – disse ele.

Os guardas apontaram suas lanças quase ao pescoço de Barad. Então Hildwyn se desesperou.

— Não! – gritou ela.

O rei ordenou que seus homens abaixassem as lanças, e se aproximou de Hildwyn.

— Você é tão... – disse o rei, tocando os cabelos de Hildwyn – Parecida com sua mãe. – concluiu ele.

Então Hildwyn olhou aos olhos do Rei, e viu que eles estavam brilhantes, quase a derrubar uma lágrima.

— O que você sabe sobre minha mãe? – perguntou ela.

— Théowyn? – disse ele. – Ela era minha filha.

Barad mudou totalmente sua expressão. E até mesmo eu fiquei espantado, e Aratus não menos.

Então uma lágrima desceu dos olhos do rei.

— Minha filha, Théowyn – disse ele. – Como eu fui tolo, há muito tempo ela havia se apaixonado por um ferreiro, porém era um amor que eu não conseguia aceitar. – dizia ele indo em direção as escadas e sentando-se ali. – Então, ela partiu para viver com esse homem, Karick era o seu nome. Eu tentei impedir que ela fosse; então ela me disse que estava esperando um filho de Karick. Hildwyn se sentou e o pediu que contasse mais enquanto o rei chorava.

— Eu amava minha filha. – disse ele. – Eu a amava muito, mas quando ela me deu essa notícia eu a expulsei de meu reino. Então anos se passaram, e minha saudade só aumentava. Eu queria muito vê-la novamente, mas então um dia Karick veio até mim, e disse que ela estava morta.

Então o rei começou a chorar quase desesperadamente.

— Eu pedi a Karick que deixasse-me conhecer o meu neto. – continuou o rei. – E ele respondeu que eu jamais veria o menino, que eu nunca o chamaria de neto. Mas ele veio até mim.

Então o rei olhou para Barad com os olhos cheios de lágrimas. E Barad correu de lá, saindo do palácio e indo até a cidade, então eu fui atrás dele enquanto Hildwyn consolava o rei.

— Eu sabia! – disse Barad para mim com o rosto vermelho de raiva.

— O que? – eu perguntei.

— Atrás do trono do Rei, havia dois quadros, de duas mulheres, uma delas eu suspeitei que fosse de minha mãe, pois a semelhança era imensa. – disse Barad.

— Isso deve ter sido um choque. – eu disse a ele.

Barad se sentou em uma fonte de água que ficava ao meio de uma praça.

— Isso é uma notícia e tanto, Óh Rei de Rohan – eu disse a ele fazendo uma reverencia irônica, como ele fez para mim uma vez a algum tempo.

Então Barad riu de mim.

— Que irônico não acha? - disse Barad. - Dois herdeiros de grandes nações foram criados juntos pelo mesmo homem na mesma casa, sem saber que éramos herdeiros dos tronos. Destino curioso nós dois tivemos.

— Pois bem, isso pelo menos é algo bom. – eu disse a ele.

— Porque isso seria? – perguntou Barad.

— Pense comigo, você Barad, é um herdeiro do trono assim como eu. – eu dizia a ele. – Então suas chances de convencer o rei a nos ajudar nessa guerra, são bem grandes. Você apenas terá que agradar o seu velho avozinho.

Ele entendeu que eu queria dizer, e voltamos até o Palácio. Quando entramos lá, o Rei ainda estava sentado sob as escadas, e Hildwyn estava ao seu lado com a mão em suas costas enquanto ele se lamentava de cabeça baixa, e Aratus apenas observava.

— Théogard. – disse Barad. – Levante-se, isso não é hora para chorar. Há um exército de orcs que chegará a suas portas em poucos dias. Levante-se e aja como um rei de verdade.

Então o rei se levantou, e Barad o abraçou.

— Que assim seja, meu neto. – disse Théogard.

Os próximos dias foram de preparos, todos os homens que conseguiam segurar espadas foram convocados, armaduras e novas espadas foram forjadas e melhoradas, enquanto o rei nos cedia aposentos em seu palácio.

Rohan era conhecida como a cidade dos cavaleiros, e muitos cavalos foram tratados e também preparados para a batalha que viria. O povo temia Eithor, porém acreditava em uma vitória, pois estavam em cerca de dez mil homens. E Rohan era uma cidade muito grande, suas províncias eram enormes que iam além das Terras Pardas, com várias pessoas dispostas a defender suas terras. Ao andar pela cidade, era comum ver homens com armaduras e escudos desenhados com o símbolo de Rohan.

Quando olhávamos para o horizonte, conseguíamos ver o céu escurecer ao meio dia sob Gondor, como assim foi em Mordor há muito tempo, e relâmpagos avermelhados desciam daquele céu. Gondor era o nosso inimigo.

Eu sempre subia até o topo do palácio e observava Gondor, e tentava imaginar o que acontecia lá, e como deveria estar Dyut e os outros.

Ora, Eithor havia concluído seu objetivo, Sauron o Senhor do Escuro havia retornado do outro mundo, onde era aprisionado pelos Valas¹.

Porém a força de Sauron dessa vez era diferente, suas forças não eram mais limitadas e ele não era apenas um espírito como antes, ele havia retornado com um corpo, que há muitas eras havia sido tomado dele.

Eithor teve que conceder seu trono principal a Sauron, e desse modo ele se tornou o novo rei de Minas Tirith e de Gondor, porém ele desprezava esse lugar. Ora, Sauron perguntou a Eithor qual era seus objetivos, e Eithor disse que havia mandado orcs para Rohan há algum tempo, e que estes chegariam lá em menos de três dias.

Sauron desejava testar seus poderes, pois por muito estava preso nos abismos profundos do vazio. E agora que voltou, ele também sentia que estava renovado, e que sua juventude havia retornado junto a ele.

Assim, ele junto a Eithor e alguns de seus orcs, seguiram até o abismo de Mordor.

— Apenas Orcs não serão o suficiente para alimentar o meu ódio. – disse Sauron.

Ele ergueu os seus braços em frente o abismo, e disse palavras que soavam como uma maldição. Então as pedras começaram a tremer, e o chão balançar como um terremoto.

Eithor não acreditava no que estava vendo. Asas negras subiram do abismo lentamente, e uma fera alada apareceu das profundezas. Enorme ela era, então ele pousou em frente a Sauron, com suas garras afiadas como laminas sobre as rochas. Mas Eithor percebeu que seus olhos eram brancos em sem pupilas, e que ele era cego, devido a escuridão em que viveu ao longo de eras.

O dragão inclinou a sua cabeça para Sauron, e ele montou na grande fera negra. Sauron assim deixou Eithor, e partiu em direção a Rohan, onde a batalha se aproximava.