O Senhor de Gondor

Capítulo 5 - Chuva


Desde a morte de Karick, não tivemos tempo para lamentar a sua morte. Aratus sempre esteve ao nosso lado para nos levantar quando caíamos, e se tornou o nosso protetor. Ele sempre tentava nos ensinar a importância de nossa jornada e a todo o momento demonstrava o seu amor por Gondor e seu povo.

Aratus morreu protegendo sua causa, para me proteger. Eu ainda não conseguia acreditar que ele havia nos deixado, e que quando tudo terminasse, não o teria ao meu lado para vê-lo sorrir e sentir que sua missão estava cumprida.

O céu estava cinzento, uma chuva começou a cair sobre nós enquanto retornávamos para Rohan com os anões. Eu usava o capuz cinzento que havia recebido de Aratus, e ia à frente com a cabeça baixa.

O corpo de Aratus estava sendo levado por dois homens, enquanto o céu chorava por nossa perda. O corpo estava enrolado em um pano branco, e os outros mortos haviam sido enterrado em uma grande colina próxima a Sinya Caras, que após passou a ser chamada de "Colina dos Valentes."

Após alguns dias, finalmente chegamos em Rohan, a chuva ainda não havia cessado todo esse tempo, chovia muito, como não chovia há muito tempo na Terra-Média, com relâmpagos que cortavam o céu frequentemente. Os guardas nos avistaram e logo abriram o portão de madeira. Entramos na fortaleza de Rohan, junto com o exército de anões.

Barad logo soube que carregávamos um corpo junto a nós, então ao meio da chuva, ele se aproximou de mim, e pode observar um corpo coberto e enrolando por um pano branco. Ao lado de Barad estava Olórin, e mesmo com grande chuva, uma multidão se formou a nossa volta.

Quando Barad observou o corpo, pode perceber que Aratus não estava entre nós, então ele se ajoelhou ao chão, e gritou ao perceber o que havia acontecido. Seu grito podia ser escutado por várias pessoas distantes, pois a dor de Barad era a mesma que eu e Hildwyn sentíamos. Eu me aproximei de Olórin, e para ele perguntei se algo poderia ser feito, se havia alguma forma de salvá-lo.

— Eu não tenho tal poder. - disse Olórin. - Eu não posso trazer de volta aqueles que já adentraram aos salões de Mandos¹.

Então abaixei minha cabeça e me retirei.

Aratus foi enterrado entre os grandes de Rohan, e em sua lápide foi colocada uma pedra com o símbolo de Gondor, onde foi escrito:

“Aratus, Herói de Gondor”

Ora, Barad me contou que alguém familiar havia chego em Rohan. Era Dyut, e com ela os sobreviventes da Batalha dos Portões, e a notícia sobre a morte de Huor.

Os próximos dias foram de luto, não só por Aratus, mas também por Karick, Bore, Huor e todos os que morreram até agora entre nós. Foi como Aratus me disse uma vez. Eu me lembrava desse momento enquanto olhava sua lápide molhada pela chuva.

“– Se você seguir em frente, você será o rei de Gondor, e encontrará a guerra. Muitas pessoas vão morrer em seu nome, e muitas pessoas irão se sacrificar por sua causa em batalha.”

— Eu não esperava que você seria um dos que morreriam em meu nome, Aratus. – eu disse para ele.

Me ajoelhei ao chão e abaixei meu rosto, enquanto a chuva se misturava com minhas lágrimas.

Ora, estavam todos os líderes sentados em uma mesa, o que seria uma reunião. Em uma mesa dentro do palácio central estava o Rei Barad, Hildwyn, os Hobbits Tom e Paladim, Olórin, Glorick e Grodrick dos anões, Dyut, Eremon e Tuandil dos Guardiões e Lemlie dos Elfos.

— Então os reféns de Gondor escaparam. – disse Glorick. – Podemos aatacar Eithor sem hesitar. Temos o exército de Grodrick agora conosco.

— Não. – disse Dyut. – Ainda há reféns em Gondor, não foram todos que conseguiram escapar, muitos foram mortos, mas muitos se renderam.

Grodrick estava sentado ao lado de Glorick, algo que mostrava claramente a diferença entre seus tamanhos. Ele estava com apenas uma parte do seu rosto aparecendo por cima da mesa.

— Eles tentaram usar reféns para nos deter em nossa primeira batalha, mas não sabíamos que eram reféns de Gondor. – disse o Barba Vermelha.

— E também confrontá-los de frente poderia ser catastrófico. – disse Olórin. – Sauron está dentro daquela fortaleza, antes de atacá-los, temos que descobrir o seu ponto fraco. Com certeza ele está tramando algo, e tem uma carta em sua manga. Não é a toa que ele já foi chamado de inteligente.

— Mas até quando vamos esperar? – perguntou Tom.

— Primeiramente, Wallor deveria dominar o presente que eu lhe entreguei de Manwë. – respondeu Olórin. – Ela será uma grande arma se for usada corretamente.

— Mas como farei isso? Não há instruções de uso na espada. – eu perguntei, mas em seguida lembrei-me de Tom Bombadil. – Mas, conheci um homem que pode me ajudar. Ele mora na Floresta Velha, próximo ao Condado.

— Tom Bombadil não irá nos ajudar, ele não se mete nos assuntos de fora. – respondeu Olórin, antes mesmo que eu dissesse seu nome.

— Como sabe seu nome? – eu perguntei.

— Digamos que somos conhecidos. – respondeu o mago. E os Hobbits riam como se soubessem de algo.

— E o Dragão? – perguntou Tuandil. – Talvez pudéssemos usá-lo.

— Impossível. – disse Eremon. – Dragões são criaturas feitas pelo próprio Morgoth. Não acredito que elas possam ser domadas.

— Mas, Bombadil dizia algo a respeito dele ser amigável. – eu disse a eles.

Olórin logo mudou sua expressão. E disse que se fosse possível, eu tentasse me aproximar do Dragão, pois Tom Bombadil sempre acerta seus palpites.

— E as Águias, Mithrandir? – perguntou Tuandil novamente. – Elas podem nos ajudar?

— As Águias aparecem apenas quando desejam. – respondeu Olórin. – Talvez no último momento elas apareçam em nosso auxílio. Por enquanto temos que pensar no que o inimigo está pensando. Sauron não está mais limitado pelo poder do Um Anel, ele trará das profundezas as criaturas antigas que já foram esquecidas. Se ele atacar Rohan novamente, teremos que estar mais fortes que aantes. Todos devem estar preparados para o próximo ataque, se não encontrarmos um modo de detê-lo antes disso.

— Agora nosso exército consiste de todas as raças. – disse Lemlie. – Mais uma vez Homens, Elfos e Anões lutarão juntos pela nossa liberdade. Como nas histórias que meu pai contava. Será uma honra lutar ao lado dos anões e dos homens, como meu pai fez uma vez.

E logo depois a reunião terminou, e decidimos que deveria aprender a manusear a Espada dos Ventos, e me aproximar do Dragão, pois essas coisas seriam chaves para a nossa vitória, e enquanto isso, todos deveríamos nos preparar para um segundo ataque.

Ora, eu estava conversando com Barad no palácio central, quando um dos meio-elfos de Lemlie entrou às pressas dentro do grande salão.

— Lemlie foi raptado! – disse ele.

— O que disse? – perguntei.

— Alguém entrou em seus aposentos e o raptou. – respondeu o meio-elfo em desespero.