Marie estava na sala de jantar de sua casa na fazenda. O jantar estava pronto, e ela aguardava Adam impaciente. Então, ouviu a porta da entrada batendo. Ela observou Adam entrar furioso em casa. Com um sorriso de escárnio na face, disse:

- Ora, querido, o que houve?! Por que tanto mau humor?

Adam possesso pela raiva pegou Marie pelo braço e forçou-a acompanhá-lo até a sala de estar, então a jogou no chão. Marie caiu de joelhos e gritou à plenos pulmões:

- VOCÊ ENLOUQUECEU?! QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA ME ARRASTAR ATÉ AQUI DESSA MANEIRA RIDÍCULA?!

- Ridícula é você. Levante essa sua cabeça e olhe pro retrato na sua frente.

Marie levantou e então viu que era Mary.

- O que tem esse maldito retrato?

- Essa moça, minha falecida esposa, tinha uma estátua na Rose Square. E VOCÊ TIROU A ESTÁTUA DE LÁ! POR QUÊ?

Marie gargalhou. Mesmo com o braço e os joelhos doendo, gargalhou doentiamente. Então, cuspiu no retrato. E então se voltou pra Adam dizendo:

- Você está casado comigo. Não com ela. Mas se você quiser, pode ir pra debaixo da terra junto dela.

Adam deu uma tapa em Marie. Esta caiu pra trás com o impacto da tapa. Adam furioso começou a gritar:

- VOCÊ NÃO É NINGUÉM PRA FAZER O QUE FEZ! EU SEI QUE, INFELIZMENTE, ESTOU CASADO COM VOCÊ! VOCÊ NÃO ERA NADA DO QUE EU IMAGINAVA. VOCÊ É UMA MONSTRA. E EU IREI ME SEPARAR DE VOCÊ AMANHÃ MESMO.

- Tente. Você vai estar junto da sua maldita esposa antes disso.

- O que isso significa?! É uma ameaça?

- Entenda como quiser. O caso é que você vai permanecer casado comigo, e vai pagar.

- Pagar? Pagar pelo que?

- Você é tão idiota assim?! Deve ser, pra ter casado comigo. Eu vou destruir TODA esta maldita vila. Você e esses caipiras malditos vão cair na miséria.

- Você é doente. Anna estava certa. Você é falsa, você é manipuladora, e louca. Sinto asco de você.

Adam subiu e trancou-se em seu quarto. Marie permaneceu estirada no chão, gargalhando alto. A chuva começou a cair, quando Adam finalmente caiu no sono. Marie, sorrateiramente, subiu as escadas, pegou do bolso o molho da casa, e trancou a porta do quarto de Adam. Em seguida saiu da casa, e foi até o celeiro. Lá, pegou feno, e um galão de álcool. Espalhou o feno ao redor da casa, e então jogou álcool por todo o feno. Ela tirou do bolso um isqueiro prateado, acendeu-o, e jogou por cima do feno. Pouco a pouco, o fogo tomou conta da casa, e foi atingindo o segundo andar. Por dentro, o fogo ia se espalhando lentamente. O segundo andar por dentro não havia sido tomado pelo fogo ainda. Louca, Marie afastou-se da casa, e se jogou e rolou no chão. Queria fingir que havia conseguido escapar do incêndio quando alguém chegasse pra socorrê-los. Era a parte final do seu plano.

Adam despertou com calor, e então, foi recobrando a consciência e percebeu que chamas devoravam a janela por fora. Correu para porta, porém, estava trancada. Então, chutou-a e saiu correndo pelo corredor até as escadas, porém, estas já haviam sido devoradas pelo fogo. Marie. Adam pulou para o térreo e foi procurá-la. Ela devia estar dormindo em algum lugar na sala. Ele procurou-a, mas não encontrou. Desceu as escadas que levavam ao porão. Lá, conseguiu achar uma saída que dava para um corredor até o galinheiro. Seguiu a passagem, e chegou ao galinheiro. Ao sair, viu Marie ao longe, do lado de fora. Correu até ela, e viu que ela estava suja. Ela, rindo loucamente, não percebeu que Adam estava próximo.

- Vagabunda. Você quem tocou fogo na casa! E eu ainda te procurei lá dentro! Eu sou um verdadeiro idiota. Você vai pagar por esse incêndio, você vai pagar. Sua assassina!

Surpresa, Marie começou a olhar em volta, desesperada. Ela estava perplexa por ele ter escapado, e então começou a balbuciar insana:

- Como? Você... Você... Era pra você estar lá dentro! Lá dentro! Queimando! Ardendo no fogo, e pagando por... Ah você! Você não devia ter saído!

Adam aproximou-se furioso, e puxou o cabelo de Marie. Sua vontade era arrastá-la até a casa em chamas e jogá-la lá dentro. Mas, para sua surpresa, ao puxar seu cabelo, ele saiu da cabeça dela. E revelou longos cabelos negros, que Adam pensou que nunca mais veria.

- Impossível... Mas... Você... Eu não acredito. Ah, meu Deus. Você... Você está morta! Você quem deveria estar morta queimada!

Marie voltou a gargalhar. E então, com um olhar insano e um sorriso maléfico na face, disse friamente:

- Você achou que o fogo iria me abater? Eu mesma provoquei aquele incêndio. Como provoquei esse. Como provocarei mais se for necessário. Você parece que virou um caipira burro que nem os outros depois que se mudou para cá, Ad. Querido, eu estava tão perto de destruir sua vida. Literalmente. Mas, agora não ligo. Queimei sua casa. Livrei-me da estátua de sua maldita esposa. E também daquele retrato dentro da sua casa. Sua vida já está destruída.

- Você é um monstro. Eu fiz bem de ter terminado meu noivado com você. E deveria ter feito isso de novo. Agora, estou aqui, sem casa, sem lembranças de Mary. Tudo por sua culpa... Alice.

Adam caiu de joelhos. Chorou como uma criança. Alice ouviu o barulho de sirenes. Os bombeiros. Ela correu para a outra saída da fazenda, em direção ao bosque. Quando Adam deu por si, ela já havia ido. E ele se odiou por ter a deixado escapar. Os bombeiros chegaram tarde demais. O fogo havia consumido toda a casa de Adam. A polícia veio em seguida, e Adam contou tudo. Desde as mudanças que Alice planejava na cidade, até o fato dela na verdade ser Alice, uma assassina condenada a prisão perpétua e também assassina do marido em Gold City. A polícia informou, uma hora depois, que Alice conseguira escapar. Após ir ao bosque, ela foi até o porto e embarcou com Popuri e Kai, como ela mesma, e não foi reconhecida. Mas, assim que o navio atracasse na costa eles iriam mandar uma equipe para prendê-la.

O tempo passou, e Alice não fora capturada. Todo o dinheiro de sua conta como Marie Gomez fora sacado, e no porto, ninguém soube dizer onde estava ela.

Dez meses depois

A nova casa de Adam, finalmente, ficará pronta o suficiente para ele morar na mesma. Obrigado a morar em sua casa na cidade por dez meses, ele ficou sem ir até a fazenda por todo esse tempo. Ao chegar, pagou a Gotz o preço do serviço, e a Zack o preço da mobília. Após que ambos foram embora, Adam ia entrando em casa, com as sacolas do supermercado, quando reparou que havia uma carta na caixa de correio, que por obra divina não fora destruída pelo fogo. A carta já estava empoeirada, provavelmente fora enviada há muito tempo. Adam entrou, e levou consigo a carta. Deixou as compras sobre a mesa, e foi até o escritório ler a carta.

A carta possuía diversos selos, e não tinha remetente, apenas as inicias “M. G.”. Ele abriu o envelope, curioso, e leu:

“ Querido, Ad

Escrevo esta carta para você com muito amor e carinho. Com as estimas sinceras de que você fique muito bem.

Mentiras. O primeiro parágrafo é composto de mentiras. Estou extremamente feliz por tudo que fiz a você, e para mim, quanto pior você ficar, melhor. Espero que eu tenha conseguido quebrar seu coração o suficiente, pelo menos metade do que você quebrou o meu.

Não me arrependo do que fiz, e faria tudo de novo, porém pior, se fosse necessário. O caso, é que eu tenho algo para lhe contar.

Estou grávida. Fugi grávida de você. E não retornarei nem por um decreto. Não tente me procurar. Estou no 6º mês de gestão, e não terei pena de abortar essa criança caso você me ache. Você nunca, NUNCA, irá ver essa criança. E irei levá-la para o lugar onde fui criada. Um lugar horrível, que com certeza irá transformá-la em algo pior do que eu. E tudo isso será culpa sua.

Realmente, espero que sua vida piore a partir de agora, e a culpa lhe consuma ao extremo. Você mesmo levou sua filha aonde ela deverá estar dentro de alguns meses.

Com muito ódio,

Marie Gomez (Alice) ”

Adam leu, por fim, horrorizado. Alice grávida, e o filho era dele. Ele havia destruído a vida de sua filha.

O que mais poderia acontecer pra destruir a vida de Adam?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.