Marie acordara cedo naquele dia. Mas havia um motivo para aquilo: era o primeiro dia dela como Bibliotecária de Mineral Town. Ela tomou um banho rápido, e colocou um vestido de algodão num tom meio verde e meio azul, e então após arrumar os cabelos, desceu para o café da manhã na casa de Basil e Anna, que concordaram em hospedá-la enquanto trabalhasse na Biblioteca. Ao chegar encontrou Basil sentado lendo o jornal do dia e Anna terminando de por à mesa o café da manhã. Ela disse com um sorriso no rosto:

- Bom Dia Sr. Basil e Sra. Anna.

- Ora, bom dia, Marie. Pronta para o serviço?

- Oh sim, Sr. Basil.

Anna sentou-se a mesa, e serviu-se com um pouco de ovos e bacon, e um xícara de café forte, e salientou friamente:

- Por que uma moça tão rica como você vai dar-se ao trabalho de cuidar da velha biblioteca de Mary, Sra. Gomez?

- Ora, não será trabalho nenhum Sra. Anna. Cresci entre os livros, eles são minha paixão! Dinheiro não me traz ocupação alguma! Eu trabalho porque gosto. Eu vim de família simples, por sorte, casei-me com meu falecido marido, por quem alem de ser apaixonada, também tinha uma boa condição financeira. Mas o que conta é o amor, sempre.

- Você está certíssima, Marie! Ah, minha Mary, era tão dedicada, e apaixonada pelo trabalho. É bom ter alguém como ela em casa novamente.

- Ora, obrigada.

- Bom, vou ter de sair mais cedo, mas deixo a chave da biblioteca com você, Marie. Vou indo, até mais Anna.

- Até, querido.

Anna tomou o restante do café, e observou Basil sair. Após um silêncio mórbido, levantou seu olhar e direcionou-o à Marie.

- Então, pensa que eu sou néscia?

- Perdão?

- Eu sei muito bem à que você veio Marie.

- Eu não sei do que a Senhora está falando.

- Você é uma viúva negra. Conheço muito bem o seu tipinho. Casa-se com homens ricos, e então se livra deles, e fica com toda a fortuna. Eu li sobre você e seu marido, uma pequena nota no jornal do Nosso País. Você foi acusada de ter o matado, e quase foi presa.

- Ora, eu não entendo o que você quer dizer Anna. Foi provado que eu sou inocente, e se isso fosse mesmo verdade, porque eu viria atrás de algum outro homem rico, se como você mesma mencionou mais cedo, eu sou rica?

- Porque você é ambiciosa. Eu vejo isso em você. E eu vi você e Adam ontem, se beijando. Você o seduziu e o levou àquilo. Ele não tem olhos pra outra senão minha filha falecida. E chega você e faz a cabeça dele. Sua festa irá acabar antes mesmo de começar.

- Eu não sou esse tipo de mulher. O que aconteceu entre mim e Adam ontem foi real, e você tem de aceitar o fato de que sua filha está morta, e ele tem o direito de se envolver novamente.

- Com qualquer uma na face da terra, menos você. Ora, já tentei fazê-lo casar-se com pretendentes melhores que você, e mesmo assim ele recusou-se.

- Entre Adam e eu há sentimento. Você não pode simplesmente impor a ele uma mulher como deve ter feito com sua filha. Aliás, você não deveria falar de mim quando seu teto é de vidro. Eu simplesmente não irei desistir de nenhum sentimento para satisfazer os caprichos da senhora.

Anna cheia de fúria com as insinuações de Marie deu-lhe uma tapa no rosto com toda força que pode. Marie cambaleou levemente para trás e a marca da mão de Anna permaneceu em seu rosto. Marie abaixou a cabeça, e Anna sorriu de volta secamente. Marie disse:

- Você me bate, porque sabe que eu falei a verdade. Seu marido também só deve estar vivo porque não é rico.

- Como OUSA mencionar minha filha de tal maneira?! Você é mais dissimulada do que pensei. Encantou a todos com sua face angelical, mas a mim, mostrou a que veio. Eu não lhe darei descanso. Apronte algo e você se arrependerá.

Marie ajoelhou-se, desconsolada, e chorou. Com os olhos vermelhos, e a face molhada pelas lágrimas disse:

- Eu não queria insultar a memória de sua filha, Anna. Desculpe-me. Prometo não procurar Adam, o que você viu ontem foi apenas um beijo. Eu não quero problemas, e não quero ser sua inimiga. Eu devo me desculpar pelas monstruosidades que disse agora.

- Cínica. Você mostrou quem você realmente era agora, não irei acreditar em nada que você diga garota. Agora fora daqui.

Marie chorou por mais alguns minutos, e ainda ajoelhada aproximou-se de Anna, se recompondo e dizendo:

- Prometo não desonrar sua hospitalidade. E o que disse há pouco, foram idiotices. Perdoe-me, mais uma vez.

- Eu tenho asco de você. Já mandei você sair, fora!

Marie, ainda triste por tudo que disse de horrível, levantou-se e saiu. Caminhou triste até a Biblioteca. Ao entrar, deparou-se com a infinidade de livros, livros que tanto amava. Ela começou a limpa-los e arrumá-los. Foi organizar os documentos e fichas, e então após algumas horas alguém entrou. Era Adam. Ela tentou manter-se calma, não queria problemas com Anna. Ele a viu e disse com um sorriso:

- Bom dia, Marie!

- Oh, bom dia, Sr. Tyler.

- Como está sendo o primeiro dia de trabalho?

- Encantador.

- Por que tão poucas palavras, Marie?

- Não é nada.

- Ora, vamos, pode confiar em mim, aconteceu algo?

- Nada para você se preocupar, apenas...

Marie tentou segurar a emoção, mas desabou. Chorou e chorou e Adam a acolheu em seus braços. Enquanto ela soluçava, Adam perguntou:

- Por favor, estou preocupado, me conte o que aconteceu.

- Foi uma discussão. Horrível. Anna. E-e-ela... Eu... Por favor, não me odeie! Estávamos a sós em casa, e ela disse coisas grosseiras, e eu me senti ofendida, e tentei me manter calma, mas disse coisas horríveis também. Foi tão triste. Ela... me bateu.

- Como? Mas Anna não faria isso à toa. Ela é sempre tão composta e fria. Eu vou falar com ela agora para saber o que foi. Não pode ficar assim!

- Não, por favor! Ela me bateu porque ontem, quando nos beijamos, ela viu. A discussão começou por isso. Ela não quer nos ver juntos.

- Ora que absurdo! Você não vai ser maltratada dessa forma, foi apenas um beijo.

- Eu prometi a ela que não íamos mais nos envolver. Mas, eu acho que não deveria ter feito isso.

- Por quê?

- Porque estou apaixonada por você.

E então, eles se beijaram.