Quatro

Não consigo entender nada que esse tal de Adam fala para mim, noto que Henry também não confia nele. Bernie já se acalmou depois de algum tempo, depois que cheirou a mão do mogadoriano ele se deu por satisfeito e voltou a se enroscar no meu cobertor e começou a dormir, ele só disse algo estranho na minha cabeça que ainda não entendi “ele é um de nós, John”.

Adam nos fez segui-lo até uma sala de estar que era gigante, embora fosse de aço também, era mais confortável que estar no quarto em que me encontrava antes. A sala tinha pelo menos dois sofás de três lugares uma televisão de 42 polegadas e um videogame de última geração instalado nela, estava passando um jogo de futebol feminino na televisão e noto que Seis está estira em um dos sofá vendo o jogo com Sam, Mark James e o tal de Conrad no outro assistindo com ela. Pelo que vi ela tem ferimentos na sua perna e assim que olha pra mim sorri.

— Olha só! Eles acordaram. – Conrard fala levantando.

Me impressiono com a fisionomia desse homem. Embora ele parece já ter uns 46 anos, com a barba ruiva e seu porte físico parece um tipo de lenhador parrudo ou um caminhoneiro da pesada que consegue quebrara qualquer numa briga de estrada e ao julgar pelo que ele fez com aqueles mogadorianos para me salvar ele realmente consegue fazer isso. Comparar ele com Henry é engraçado.

— Por favor, peguem uma cadeira para se sentar. – Adam fala nos mostrando uma mesa de estar com dez cadeira.

Vejo que há alguém sentada na cadeira debruçada sobre um livro. Tento ler o título, mas ela está com a mão em cima dele, o que torna a tarefa impossível, mas eu já faço uma ideia de quem seja. É a garota que me salvou ontem.

— Obrigado por me salvar. – digo puxando a cadeira ao seu lado.

Ela tira o rosto do livro e olha pra mim. Posso notar seus traços mais detalhadamente agora. A menina usa óculos, embora ontem ela não estivesse com eles, e seus cabelos ruivos cacheados vão até a altura do braço, seu rosto tem sarda. Ela sorri.

— De nada, Quatro. Você faria o mesmo por mim.

— Por favor, me chame de John. – eu digo. Mostrando minha mão pra cumprimentá-la.

— Eu sou Maggie. – Ela me comprimenta sem jeito.

— Qual seu número? – eu pergunto.

— Dois! – Quem me responde para minha surpresa é Henry.

A sala fica toda em silêncio, apenas pelo barulho de gol que algum tipo fez no jogo. Dois? Impossível, ela não pode ser a número Dois. Eu fico tão perplexo que não percebo que ainda estou segurando a mão de Maggie e olhando para ela de um jeito estranho. Noto que ela me olha de um jeito ofendida, como eu a olhasse como se fosse uma aberração.

— Desculpa.... Eu não queria. – eu tento dizer.

— Tudo bem... – ela murmura meio sem jeito.

Vejo que Conrad se levantou e pôs a mão no ombro de Henry. O homem parece não estar ofendido pela grosseria do meu Cêpan.

— Sempre sútil, não é Brandon? Quer sempre ser o cara das regras.

— Você me prometeu respostas, Conrad. – Henry fala em tom acusatório.

Noto a expressão de Conrad se fechar um pouco.

— Sim, eu prometi. – ele fala e se vira na direção de Adam. – Aquele cara ali, vai te falar tu que precisa saber.

Noto que Seis se endireitou no sofá e desligou a televisão, mesmo Mark James tendo protestado por isso. O que diabos esse cara ta fazendo aqui ainda?

Nessa mesma hora Sarah sai do quarto e vem me abraçar.

— O que está acontecendo? – ela me pergunta.

— Eu também queria saber.

— Então. – Seis se manifesta pela primeira vez. – Temos um mogadoriano aliado, que ainda não sei nada sobre ele, e a número dois aparentemente não morreu, o que é demais, quanto mais gente melhor é sério, mas eu quero ter respostas.

Noto que Adam se sente desconfortável com a pressão repentina que todos estão botando nas suas costas, mas de repente ele fica firme.

— Agora não, temos que esperar.

— Esperar quem? – Henry pergunta.

Seis revira os olhos. Noto que eles têm feito as mesmas promessas de respostas demoras para ela, mas Adam sorri. Noto que Maggie e Conrad fazem o mesmo também, não entendo nada, mas algo me diz que teremos mais surpresas.

— Ela vai chegar logo, logo. – Maggie fala abrindo um sorriso travesso. – Você vai adorar ela, Seis.

Um

Quando saio da rota 33 estou correndo à mais de 180 quilômetros por hora num Porshe 991 que não era meu, mas quem liga? Eu ouço o latido de Areal na sua forma de golden retriever me advertindo para ir devagar eu acho que seja isso.

— Sabe, eu acho que você nos matar não vai ajudar em nada na minha missão. – o homem do meu lado protesta nervoso se segurando.

Sandor é o nome dele. O Cêpan do nove, que se veste e se acha a versão paraguaia do James Bond. Eu o encontrei há alguns meses quando estava “stalkeando” o número Quatro em mais uma das minhas missões chatas para saber se tudo-estava-acontecendo-certo-na-linha-do-tempo. Por que não estaria?

Depois que ajudei Sandor a se safar de alguns mogadorianos e descobri que ele era Cêpan do número Nove, soube que ele nessa época iria ser capturado torturado e morto. Pelo próprio Nove, diga-se de passagem. Só que agora eu baguncei mais ainda a bosta da linha do tempo. Tomara que o Nove não tenha virado um bebê chorão por causa disso, acredito que um cara que tenha culhões para tirar a vida do seu Cêpan para que ele pare de sofrer não precise passar por isso a risca para “endurecer” mesmo.

— A Sandor – eu digo dando uma risada sarcástica, mas reduzindo um pouco a velocidade. – Quantas dessas belezinhas você tem na sua garagem na sua cobertura em Chicago?

— Só uma. – ele me responde se ajeitando e posso notar o alívio em seus olhos pelo retrovisor. – Essa é a intenção de colecionar as coisas, boneca, você tem um modelo de cada.

— Não me chame de boneca. – eu digo revirando os olhos.

Noto Sandor dar uma risada debochada e abrir o porta-luvas e pegar as plantas da base de West Virgínia que vamos abrir. Ele começa a estudar cada uma das anotações como se fosse cair numa prova, tenho vontade de perguntar se tem algo errado, mas ele começa a olhar pro paletó do nada.

— Essa Quimera pode mudar para um tipo de animal que não solte tanto pelo assim? – ele pergunta tirando os pelos de cachorro. – Sei lá, um lagarto, uma borboleta, um pássaro.

Areal late com raiva por causa do comentário.

— Eu gosto dele assim, Sandor. – digo. – É tão fofinho e peludo, não é?

Dessa vez quem revira os olhos é ele.

— Que seja, as plantas que você me mandou são extremamente precisas, estou impressionado. Seja quem for que lhe deu, sabe o que está fazendo. – ele me fala, e já sei qual vai ser a pergunta. – Vai me dizer quem é sua fonte? Não é só nosso amigo do futuro, isso eu tenho certeza, temos alguém lá dentro infiltrado.

— Sim. – digo sorrindo. – Está tudo planejado para hoje. – Vai dar tudo certo.

— Eu espero... – Sandor fala.

Sua expressão muda. Ele agora parece um pouco mais velho e cansado, lembro de Sandor como um jovem de uns 19 anos eu acho, quando entramos naquela nave. Era muito jovem, o Cêpan mais jovem de todos, mas nem por isso o pior. Olhando para ele vejo como está acabado e cansado e agora que sei que o feitiço está se quebrando a contagem regressiva está começando e nós podemos ser mortos fora da ordem.

— Confie em mim Sandor, temos um plano. – eu digo mordendo o lábio inferio. Preciso contar. – Eles tem outro Garde preso, Nove, não está sozinho, terá ajuda pra escapar.

Vejo um brilho de esperança surgir em seu olhar. Teremos agora três Gardes, dois inexperientes, uma experiente – eu, claro – uma Quimera, um Cêpan narcisista e um mogadoriano-espião. Podemos tirar essa missão de completo suicídio para loucura total.

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Quando chegamos eu estaciono bem escondido entre as árvores e caminhamos escondidos entre elas seguindo as instruções até chegar onde ficava a entrada da base. Como sempre, ela estava guardada por dois soldados mogadorianos armados por canhões em mãos e vejo as espadas presas as suas costas.

— Que cheiro horrível. – Sandor murmura.

Sinto Areal se encolher no bolso da minha jaqueta sentindo o perigo para ele.

— Olhe bem, Sandor. – aponto para os montes pretos perto da base. – Eles têm gases tóxicos para qualquer tipo de animal que chegue perto, Areal não pode ir conosco até que eles desativem o gás.

Sandor assente e coça a barba preocupado. Assim como eu, ele contava com nossa peça surpresa besta-metamorfa. Parece que chegamos cedo demais ou, nosso plano deu errado, mas se ele desse errado, já teria duas cicatrizes queimando na minha perna.

— O que faremos? – Sandor me pergunta.

— Agora, esperamos. – falo num tom sério. Esperamos... Odeio esperar.

Nove

1296...1297...1298...1299...1300...

A porta se abre enquanto faço abdominais no teto da minha cela. Aprendi a fazer esse tipo de coisas usando meus Legados para manter a forma e evitar a loucura ou eu talvez já tenha ficado louco e ainda não tenha me tocado, estou nessa cela a tanto tempo que não sei mais como estou, sei que eles têm medo de mim.

Hoje deve ser um dos dias que eles lembram que eu existo e resolvem me dar comida. As vezes eles fazem isso, mas eu não morro, por fome ou desidratação, mas estranhamente desde de que acordei – não tenho mais noção de tempo, se é manhã ou noite – me senti faminto.

Fico parado no teto olhando o mog entrar. Geralmente eles entram tão assustados que largam a comida e saem rápido, mas este veio armado, é o dia de tentar me dar tiros com armas de raios? Eles já tentaram isso, mais de uma vez.

— Dessa aqui aberração, o comandante quer te ver. – ele me ordena.

Eu só fico calado lhe olhando. Não falo nada com eles. Não lhes dou esse prazer. Nunca darei o prazer de ouvirem a minha voz, às vezes, eu falo comigo mesmo eu fico surpreso de como ela ficou áspera.

— Dessa! – Ele berra.

Eu quero que ele atire. Só para ter o prazer de ver a cara de espanto quando ele vir ser desintegrado ao perceber que não pode me matar, não até matarem os outros. Ele não pede de novo, vejo o canhão se aquecer uma luz branca começa a aparecer, isso é a luz do disparo atordoante, não para matar... Merda.

O raio voa na minha direção e me acerta. Eu caio do teto e me espatifo no chão, sinto estrelas voarem sobre a minha cabeça e começo a tremer até que perco os movimentos dos músculos, mas continuo consciente. O mogadoriano está rindo de mim enquanto põe no meu braço uma espécie de algemas de energia que se eu me mecho me dão choques. Me sinto um imbecil.

O mog me põe de pé me puxando pelo cabelo e começamos a caminhar pelos corredores. Vejo que o movimento diminuiu aqui, parece que as atividades mogadorianas fora da base estão a todo vapor. Seria uma boa hora para fugir, se eu soubesse, teletransporte, voar, ou qualquer merda que fosse útil.

— Você vai se divertir hoje garoto. O comandante te achou um amiguinho. – ele fala debochando.

Estremeço. Amiguinho? Na mesma hora penso que encontraram Sandor. Não, meu Cêpan me deixou, ele foi inteligente, deve estar procurando a Garde e ajudando um que seja mais inteligente que eu, um que não fique olhando para uma boa bunda e esqueça o que está em jogo. Talvez depois que esse Garde esteja pronto, ele venha me buscar. Alguém que reconheça o gênio que ele é.

Começo a ouvir gritos no corredor paralelo ao meu. Os gritos são de alguém desesperado, depois ouço mais gritos, dessa vez, gritos de um mogadoriano mandando se calar. Quando eles aparecem no corredor principal noto que se trata de outro garoto.

Ele é bem menor que eu, mas parece ter a mesma idade. Está magro e o cabelo é grande e castanho, noto que seus olhos estão injetados de tanto chorar. Seja quem for, ele deve estar completamente desesperado, sinto vontade de berrar para ele ser homem, não dar o prazer de dar a esses mogadorianos o que eles querem.

O garoto percebe que estou olhando e desvia o olhar. Por que diabos estão nos levando juntos? Um fato perturbador surge na minha mente. Não pode ser! Tento olhar para o tornozelo dele, mas o mogadoriano que me escolta dá uma coronhada nas costas. Caio no chão sem emitir nenhum som. Eles caem na gargalhada.

— Eu queria que o meu fosse assim. – o que leva o outro garoto fala sarcástico. – Essa aqui, já implorou tanto pela vida que se mijou.

Eles riem mais ainda. Eu quero mata-los, quero vê-los virarem pó, quero que cheguem logo aonde querem chegar e para tentarem mais uma vez me matar e morrerem fazendo isso.

Eles me levantam e começam a nos escoltar de volta. Para a minha sorte, ou não, os mogadorianos são bem tagarelas.

— Vocês vão adorar o Comandante meninos, desde que ele veio para estamos todos loucos para que eles conheçam vocês. – o que me escolta fala. – Sabe como ele é chamado por nós?

— O Aniquilador da Garde! – o outro fala. – Sabe por que?

Noto que o outro Garde começa a ficar nervoso de novo e toma um choque por se mover demais.

— Ele matou os números Um, Dois e Três.

Os dois riem disso. Eles falam como se estivesse dizendo as melhores jogadas do seu jogador de futebol favorito. Isso me enfurece, meu sangue ferve. Esse maldito, que eles o vangloriam é um maldito matador de crianças, quero conhecer esse Comandante, ele morrerá hoje. Eu serei o Aniquilador de Mogadore. Estou tão distraído nesses pensamentos que não percebi que chegamos.

A porta era imensa. Era feita de aço, e tinha três metros fazendo um arco no topo, não posso me segurar, sinto medo. Seja quem for esse mogadoriano, ele não tem como me matar, mas tem algo estranho. A fome hoje, o modo como tenho me ferido facilmente, desde que olhei esse Garde tenho uma sensação estranha. Algo dentro de mim me diz que o feitiço foi quebrado. Isso explicaria o desespero dele, a menos que ele seja o número Quatro.

As portas se abrem e eu e o Garde somos empurrados para dentro. Caímos de joelhos – pelo menos o efeito da arma já está passando, alguma coisa boa pelo menos. Não sei o que esperava da sala do comandante, mas ela é “comum. Tem uma mesa no centro com uma cadeira preta de escritório. Uma lareira no canto um tapete do que provavelmente seria um piken que deveria ser um alguma coisa semelhante há uma mistura de um urso com um tigre dente-de-sabre, mas o Comandante que me impressionou. Eu esperava mais.

O “homem”, não deveria ter 20 anos direito, ele tinha uma composição magra, mas notei que era forte, o seu cabelo era raspado e tinha tatuagens, ele tinha um sobretudo preto. Estava sentado me olhando com seus olhos negros, ele era um mogadoriano que parecia com um dos homanos, diferentes dos que me trouxeram pra cá que parecem com monstros com dentes de tubarão.

— Senhores. – Ele fala, sua voz soa como a de um garoto ainda. – É um prazer conhece-los finalmente, números Cinco e Nove.

Sinto meu estômago gelar. Como ele sabe meu número, o do chorão é Cinco? Esse cara sabe mais de nós que nós mesmo sabemos, parece que eu o subestimei. As vezes força não é tudo, pelo olhar dele. Ele tem a expressão de uma pessoa que parece sempre estar dois passos à frente dos outros, sinto que de algum modo ele sabe que o Feitiço foi quebrado.

— Vocês sabem por que eu os chamei aqui, certo? – ele fala com tom sombrio.

O Comandante se levanta, os mogadorianos começam a rir que nem histéricos. Eles estão rindo, eu não vou morrer assim sem lutar, eu irei tentar levar alguém comigo. Ouço Cinco voltar a chorar “minha paciência com esse cara está acabando”.

— Nós tínhamos um trato, por favor... – ele arfa sem ar, quando é acertado pelo cabo da adaga do mogadoriano.

— Cale a boca e morra como homem! – o mogadoriano grita para Cinco no chão e chuta o garoto. – Escória loriena.

O Comandante caminha em passos lentos aproveitando o momento, posso ver que ele quer saborear isso. Não sei o que prometeram a Cinco, mas posso ver que ele é um fraco, qualquer um sabe que não se pode confiar em nada que os mogadorianos prometem. O Cêpan desse garoto deve ter sido ridículo para ter deixado um Garde nesse estado deplorável, um covarde, que implora e quer fazer pacto com o inimigo? Eu sinto vontade de manda-lo morrer como homem também.

— Como vocês sabe... – o Comandante começa. – O Feitiço que lhes protegia foi quebrado, cortesia dos seus amigos, Quatro e Seis que estão juntos agora. Quando eles se uniram, quebraram a proteção, ironia? Vocês dois estão aqui juntos aqui tem oito meses e nunca pensaram e por vocês juntos para tentar ver no que dava.

Ele pega a espada que pendia em suas costas. Ela vibra e ganha vida com o chamado da missão, os mogadorianos ficam fascinados com seu brilho, eu sinto a bile subir a minha garganta. Não posso fazer nada por Cinco, minha única chance será tentar matar todos mesmo com a dor das correntes quando o Comandante for mata-lo, me sinto horrível, mas não tenho chance de fugir sem fazer isso.

O mogadoriano que escoltou Cinco o põe de pé. Ele parou de chorar, já aceitou a morte. Os olhos de Cinco encontram os meus e consigo murmurar pra ele “seja forte”, vejo lágrimas escorrerem dos seus olhos. Sinto raiva dos mogadorianos e mesmo que inconscientemente de Quatro e Seis, eles podiam ter tentado se juntar quando tivessem noção que tinham dois presos no mesmo lugar.

Me preparo pro momento derradeiro, mas o guarda que me prende também nota e me golpeia nas costas com a arma. Sinto a dor imediatamente e gemo. Percebo que todos os outros ignoram minha tentativa e eu agora estou sem ar e morto também.

O Comandante levanta arma e desenha um arco no ar. Eu fecho os olhos e desejo que Cinco fique calado, mas ele grita, e em seguida silêncio. Fico esperando o a cicatriz na minha perna queimar, mas nada acontece. Será que agora que o Feitiço já não tem mais cicatriz?

Quando abro os olhos fico tão em choque quanto todos no local. Cinco está vivo! E está de olhos arregalados, percebo que suas calças estão molhadas. Sério? Olho para o rosto do mogadoriano que me segura e ele está completamente em choque e de boca aberta.

— C-Comandante... – ele murmura sem entender nada, nunca termina.

O Comandante arremessa uma adaga que eu mal consegui enxergar ser lançada e acerta o mogadoriano na garganta. Ele leva a mão ao pescoço numa vã tentativa de impedir sua morte, mas começa a desintegrar.

Sem parar para pensar eu pego a adaga do chão e a enfio no fecho das algemas e ignoro qualquer tipo de dor dos choques até quebra-las e finalmente me sentir livre, vejo que meu esforço foi em vão. Por que Cinco está livre também, o Comandante tinha uma chave que tirava nossas algemas.

Não sei o porquê de ele ter nos ajudado, mas eu sei que ele matou Um, Dois e Três. Avanço nele como um leão e o jogo no chão. O Comandante está asfixiando, mas não irei dar esse prazer de morrer assim, estou com a adaga na mão e miro seu coração, só paro quando um objeto metálico envolve meu pescoço e me estrangula. Fico chocado ao perceber que é Cinco quem fez isso, ele está todo revestido de ferro.

— Espere Nove! – ele grita para mim. E para meu espanto sua voz de choro mudou, está mais firme. – Ele nos salvou.

— Ele matou os outros! – eu berro.

— Calados! – o Comandante nos adverte puxando a “careca” dele.

Ele revela cabelos negros que vão até o pescoço que lhe dão um aspecto muito mais humano e muito mais gótico, isso o faz parecer ter uns dois anos a menos.

— Os outros estão vivos, na verdade Nove, a número Um está lá fora com seu Cêpan esperando o sinal para eles invadirem esse lugar e tirarem vocês daqui. – ele fala autoritário. – Meu nome é Adamus Suketh e estou do lado de vocês.